O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

terça-feira, 3 de março de 2015

Renuncia de Dilma, em lugar de impeachment, para permitir a volta do chefe da quadrilha

Parece que o debate, nas hostes petistas, está saindo do terreno da defesa política da soberana para uma pressão por sua renúncia, de maneira a permitir o retorno do demiurgo.
Pelo menos é assim que interpreto o longo artigo, com longas citações, desse aliado fundamental do lulo-petismo no jornal do chamada chefe da quadrilha, mas que é apenas o subchefe, e que eu chamo de Stalin Sem Gulag (ainda bem, do contrário eu não estaria aqui escrevendo para vocês, mas em algum Gulag tropical).
Enfim, tudo isso tem a ver com o pavor dos petralhas de serem conduzidos à Papuda, e de soçobrar no pântano que eles mesmos criaram, por quadrilheiros, mafiosos, ladravazes.
A renúncia abriria a possibilidade de volta triunfal daquele que já foi chamado de Grande Apedeuta, e que é na verdade o capo di tutti i capi.
Assim vamos, de surpresa em surpresa.
Não deixa de ser interessante...
Paulo Roberto de Almeida 

Renúncia de Dilma, melhor que impeachment

Correio do Brasil, 2/3/2015 15:00
Por Celso Lungaretti, de São Paulo

Colunista comenta a hipótese de uma renúncia da presidenta Dilma seguida de novas eleições
Colunista comenta a hipótese de uma renúncia da presidenta Dilma seguida de novas eleições
A situação política brasileira assumiu feições de crise grave, no fim-de-semana, com a denúncia do advogado Modesto Carvalhosa, de que a presidenta Dilma e seu governo tentam proteger as empreiteiras envolvidas na corrupção e delitos revelados pela Operação Lava Jato. Quase ao mesmo tempo, o ex-secretário de imprensa durante a presidência de Lula, o jornalista Ricardo Kotscho no seu blog, num texto virulento pergunta se o governo Dilma está no fundo do poço ou se esse poço é sem fundo, depois de já ter escrito estar o governo Dilma caminhando para a autodestruição. 
Diante desse clima que se deteriora, agravado pela tendência da bancada petista de rejeitar os ajustes fiscais propostos pela presidenta, o sociólogo Demétrio Magnoli se pronuncia contra o impeachment, prejudicial para a imagem do Brasil, e defende uma renúncia da presidenta e do vice-presidente para serem realizadas novas eleições. Seria a oportunidade do retorno de Lula, mesmo porque na atual situação ninguém pode imaginar como se chegará até 2018.
Seguem as apreciações do colunista Celso Lungaretti, do Direto da Redação, o Editor.
Dilma seria levada a renunciar como Jânio?
Dilma seria levada a renunciar como Jânio?
Muito perdem os internautas ditos de esquerda ao desqualificarem, com intolerância extrema, personagens como o jornalista e sociólogo Demétrio Magnoli, que está longe de ser “um dos novos trombones da direita” (como o qualificou a revista IstoÉ), embora defenda posições questionáveis sobre o movimento estudantil e sobre as cotas raciais, por exemplo.
Exigir que todos se verguem a um pensamento único é coisa dos tempos de Stalin e de Hitler. Magnoli também dá estocadas contra a direita, e algumas delas são certeiras. Por que, simplesmente, não refletirmos sobre cada uma de suas posições, aceitando algumas e divergindo das outras?
Seu artigo A hora e a história é um interessante meio-termo entre a pregação direitista do impeachment de Dilma Rousseff e a defesa incondicional de um governo que, salta aos olhos, perdeu o controle da situação e está condenado (condenando-nos) a uma lenta agonia, ou coisa pior.
Ele rechaça o impedimento (“para não transformar o Brasil num imenso Paraguai”, retrocedendo “do estatuto de moderna democracia de massas ao de uma democracia oligárquica latino-americana”, e também porque “na nossa democracia, a hipótese de impeachment só se aplica quando há culpa e dolo”), mas, assim como eu, percebe os perigos que corremos, sendo golpe de estado o maior deles, caso continuemos submetidos ao “dilmismo, essa mistura exótica de arrogância ideológica, incompetência e inoperância”, que “o país não suportará mais quatro anos”.
Como alternativa, Magnoli propõe que, ao invés de pregarem o impeachment, os descontentes lancem a Dilma o repto “Governe para todos — ou renuncie”:
No atual estágio de deterioração de seu governo, a saída realista para Dilma é extrair as consequências do fracasso, desligando-se do lulopetismo e convidando a parcela responsável do Congresso a compor um governo transitório de união nacional. O Brasil precisa enfrentar a crise econômica, definir a moldura de regras para um novo ciclo de investimentos, restaurar a credibilidade da Petrobras, resgatar a administração pública das quadrilhas político-empresariais que a sequestraram. É um programa e tanto, mas também a plataforma de um consenso possível…
…Se a presidente, cega e surda, prefere persistir no erro, resta apontar-lhe, e a seu vice, a alternativa da renúncia, o que abriria as portas à antecipação das eleições.
DILMA-2 ESTÁ SENDO “CENÁRIO DE TERRA ARRASADA”,
AVALIA RICARDO KOTSCHO
Um dos maiores jornalistas brasileiros das últimas décadas, quatro vezes vencedor do Prêmio Esso, Ricardo Kotscho sempre foi identificadíssimo com o PT e com Lula, a quem serviu como secretário de Imprensa e Divulgação da Presidência da República.
O jornalista Ricardo Kotscho é amigo de Lula e conhece os bastidores da política
O jornalista Ricardo Kotscho é amigo de Lula e conhece os bastidores da política
Então, só um quadro político de extrema gravidade o levaria a escrever um artigo tão contundente como o que postou no seu blogue neste sábado, 28, vindo ao encontro dos meus alertas no mesmo sentido: desde a redemocratização, o Brasil nunca esteve tão ameaçado de uma volta ao totalitarismo. Leiam e reflitam.
PARA ONDE VAMOS, DILMA: 
FUNDO DO POÇO OU POÇO SEM FUNDO? 
Um clima de fim de feira varre o país de ponta a ponta apenas dois meses após a posse da presidente Dilma Rousseff para o seu segundo mandato. Feirantes e fregueses estão igualmente insatisfeitos e cabisbaixos, alternando sentimentos de revolta e desesperança.
Esta é a realidade. Não adianta desligar a televisão e deixar de ler jornais nem ficar blasfemando pelas redes sociais. Estamos todos no mesmo barco e temos que continuar remando para pagar nossas contas e botar comida na mesa.
Nunca antes na história da humanidade um governo se desmanchou tão rápido antes mesmo de ter começado. Para onde vamos, Dilma? Cada vez mais gente acha que já chegamos ao fundo do poço, mas tenho minhas dúvidas se este poço tem fundo.
“O que já está ruim sempre pode piorar”, escrevi aqui mesmo no dia 5 de fevereiro, uma quinta-feira, às 10 horas da manhã, na abertura do texto “Governo Dilma-2 caminha para a autodestruição”.
dilma chateada“Pelo ranger da carruagem desgovernada, a oposição nem precisa perder muito tempo com CPIs e pareceres para detonar o impeachment da presidente da República, que continua recolhida e calada em seus palácios, sem mostrar qualquer reação. O governo Dilma-2 está se acabando sozinho num inimaginável processo de autodestruição”.
Pelas bobagens que tem falado nas suas raras aparições públicas, completamente sem noção do que se passa no país, melhor faria a presidente se continuasse em silêncio, já que não tem mais nada para dizer.
Três semanas somente se passaram e os fatos, infelizmente, confirmaram minhas piores previsões. Profetas de boteco ou sabichões acadêmicos, qualquer um poderia prever que a tendência era tudo só piorar ainda mais.
Basta ver algumas manchetes deste último dia de fevereiro para constatar o descalabro econômico em que nos metemos. Cada uma delas já seria preocupante, mas o conjunto da obra chega a ser assustador:
“Dilma sobe tributo em 150% e empresas preveem demissões”.
“País elimina 82 mil empregos em janeiro, pior resultado desde 2009″.
“Conta da Eletropaulo sobe 40% em março”.
“Bloqueio de caminheiros deixa animais sem ração — Na região sul, aves são sacrificadas em granjas, porcos ficam sem alimento e preço do leite deve subir”.
“Indicadores do ano apontam todos para a recessão”.
“Estudo da indústria calcula impacto de racionamento no PIB — Queda de 10% no abastecimento de gás, energia e água levaria à perda de R$ 28,8 bi”.
 As imagens mostram estradas que continuam bloqueadas por caminheiros, depois de mais de uma semana de protestos, agentes da Força Nacional armados até os dentes avançando sobre os manifestantes, produtores despejando nas ruas toneladas de latões de leite que ficaram sem transporte. O que ainda falta?
Enquanto isso, parece que as principais lideranças políticas do país ainda não se deram conta da gravidade do momento que vivemos, com a ameaça de uma ruptura institucional.
De um lado, o ex-presidente Lula, convoca o “exército do Stédile” e é atacado pelo Clube Militar por “incitar o confronto”; de outro, os principais caciques tucanos, FHC à frente, fazem gracinhas e se divertem no Facebook. Estão todos brincando com fogo sentados sobre um barril de pólvora. É difícil saber o que é pior: o governo ou a oposição. Não temos para onde correr.
A esta altura, só os mais celerados oposicionistas defendem o impeachment de Dilma e pregam abertamente o golpe paraguaio, ainda defendido por alguns dos seus aliados na mídia, que teria um final imprevisível.
O governo Dilma-2 está cavando a sua própria cova desde que resolveu esnobar o PMDB, e não adianta Lula ficar pensando em 2018 porque, do jeito que vamos, o país não aguenta até 2018.
Nem Dilma, em seus piores pesadelos, poderia imaginar este cenário de terra arrasada — ou não teria se candidatado à reeleição, da qual já deve estar profundamente arrependida.
DILMA PROTETORA DAS EMPREITEIRAS?
O advogado Modesto Carvalhosa, 82 anos, esteve sempre ao lado das boas causas, a ponto de haver sido preso três vezes pela ditadura no período 1969/71, como “membro auxiliar” da ALN e VPR.
O advogado Modesto Carvalhosa, 82 anos, militou contra a ditadura militar e foi preso como mem bro da resistência
O advogado Modesto Carvalhosa, 82 anos, militou contra a ditadura militar e foi preso como membro da resistência
Também se destacava por suas posturas e atitudes constestatórias, na linha da contracultura; liderou a primeira greve de professores e funcionários do ensino superior contra o regime militar, em 1977; teve participação destacada nas lutas pela anistia e pela preservação da natureza; e foi o organizador e coordenador d’O livro negro da corrupção (Paz e Terra, 1995 – leia o e-book aqui).
Então, é chocante a acusação frontal que, como especialista em Direito Econômico e mercado de capitais, faz à presidenta Dilma Rousseff, de estar querendo “proteger as empreiteiras” corruptoras cujos delitos vêm sendo devassados pela Operação Lava-Jato.
Quando leio coisas deste tipo, lembro-me da campanha simplista que outrora era feita contra brinquedos inspirados em filmes de bangue-bangue: “Hoje mocinho, amanhã bandido”. Pior ainda, na minha opinião, seria “hoje guerrilheira, amanhã amiguinha das empreiteiras”.
Celso Lungaretti, jornalista e escritor, foi resistente à ditadura militar ainda secundarista e participou da Vanguarda Popular Revolucionária. Preso e processado, escreveu o livro Náufrago da Utopia. Tem um ativo blog com esse mesmo título.
Direto da Redação é um fórum de debates editado pelo jornalista Rui Martins.
 

Os comentários às matérias e artigos aqui publicados não são de responsabilidade do Correio do Brasil nem refletem a opinião do jornal.

segunda-feira, 2 de março de 2015

Retratos Sul-Americanos: Perspectivas Brasileiras sobre História e Política Externa - livro coletivo

Novo livro prestes a ser publicado, não meu, mas coletivo, organizado por

Camilo Negri (UnB) e
Elisa de Sousa Ribeiro (coordenadores):



Retratos Sul-Americanos: Perspectivas Brasileiras sobre História e Política Externa
 
ÍNDICE

 A AMÉRICA LATINA NA ORDEM ECONÔMICA MUNDIAL, DE 1914 A 2014
Paulo Roberto de Almeida

“CLÁUSULAS DEMOCRÁTICAS” E TRANSCONSTITUCIONALISMO NA AMÉRICA DO SUL: UMA ANÁLISE BASEADA NA RUPTURA INSTITUCIONAL NO PARAGUAI
Carina Rodrigues de Araújo Calabria e Felipe Neves Caetano Ribeiro

O DESAFIO ESTÁ LANÇADO: O BRASIL EM BUSCA DA INTEGRAÇÃO ENERGÉTICA SUL-AMERICANA (2000-2010)
Helen Miranda Nunes

PARADIGMAS DA ATUAÇÃO BRASILEIRA NO MERCOSUL
Elisa de Sousa Ribeiro e Felipe Pinchemel Cotrim dos Santos

RECOMPENSA, HONRA, SUBMISSÃO:  VERSÕES DA ENTRADA DO BRASIL NA SOCIEDADE DAS NAÇÕES
Mariana Yokoya Simoni

DA HESITAÇÃO À AFIRMAÇÃO: A POLÍTICA EXTERNA BRASILEIRA PARA A REGIÃO PLATINA NA 2ª CHANCELARIA DE PAULINO JOSÉ SOARES DE SOUZA (1849-1853)
Hugo Freitas Peres

A INTERVENÇÃO BRASILEIRA DE 1851 NO URUGUAI: CONDICIONANTES, OBJETIVOS E RESULTADOS
Rafael Braga Veloso Pacheco

INTEGRAÇÃO E DIREITO AO DESENVOLVIMENTO NA AMÉRICA DO SUL
Alex Ian Psarski Cabral e Cristiane Helena de Paula Lima Cabral

LISTA DE AUTORES

Alex Ian Psarski Cabral
Doutorando em Direito Público Internacional pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Mestre em Ciências Jurídico-Internacionais pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, Portugal. Especialista em Direito do Estado e professor universitário.

Carina Rodrigues de Araújo Calabria
Doutoranda pela Universidade de Manchester, integrando o projeto “A Sociology of The Transnational Constitution”, financiado pelo European Research Council. Mestre em Direito, Estado e Constituição pela Universidade de Brasília. Graduada em Relações Internacionais (FIR) e em Comunicação Social - Publicidade e Propaganda (UFPE).

Cristiane Helena de Paula Lima Cabral
Doutoranda em Direito Público Internacional pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Mestre em Ciências Jurídico-Internacionais pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, Portugal. Especialista em Direito Público e professora universitária.

Elisa de Sousa Ribeiro
Doutoranda e Mestre em Ciências Sociais com especialidade em Análise Comparativa das Américas pelo Centro de Pesquisa e Pós-Graduação Sobre as Américas (CEPPAC) da Universidade de Brasília (UnB). Bacharel em Direito pelo UniCEUB. Vice-Líder do Grupo de Estudos do MERCOSUL, vinculado ao UniCEUB, e professora universitária.

Felipe Neves Caetano Ribeiro
 Diplomata. Mestre em Direito, Estado e Constituição pela Universidade de Brasília (2014). Graduado em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás (2010). Tem experiência na área de Direito Público, com pesquisa voltada para os mecanismos de diálogo entre o Direito Internacional Público e o Direito Constitucional, especialmente na América Latina e em seus processos de integração regional.

Felipe Pinchemel Cotrim dos Santos
Diplomata. Mestre em Direito Internacional pela Université Paris 1 Panthéon-Sorbonne e bolsista do governo francês Bourse d’excellence Eiffel no período de 2010-2011. Bacharel em Direito pela Universidade Federal da Bahia (UFBa).

Helen Miranda Nunes
Mestre em Relações Internacionais pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro e Graduada em Relações Internacionais pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.

Hugo Freitas Peres
Diplomata. Mestrando em Relações Internacionais na Universidade de Brasília e graduado em Relações Internacionais no Centro Universitário Curitiba.

Mariana Yokoya Simoni
Diplomata. Doutoranda em Relações Internacionais pela Universidade de Brasília, Mestre em Ciências Sociais pelo Centro de Pesquisa e Pós-Graduação sobre as Américas (CEPPAC/UnB), e bacharel em Relações Internacionais pelo Instituto de Relações Internacionais (IREL/UnB). Tem experiência nas seguintes áreas de pesquisa: História da Política Externa do Brasil, Proteção Internacional dos Direitos Humanos, Justiça de Transição na América Latina.

Paulo Roberto de Almeida
Diplomata. Doutor em Ciências Sociais, Mestre em Planejamento Econômico Foi professor no Instituto Rio Branco e na Universidade de Brasília, diretor do Instituto Brasileiro de Relações Internacionais (IBRI) e, desde 2004, é professor de Economia Política no Programa de Pós-Graduação (Mestrado e Doutorado) em Direito do Centro Universitário de Brasília (Uniceub). É editor adjunto da Revista Brasileira de Política Internacional e autor de vários livros de relações internacionais e de diplomacia brasileira.

Rafael Braga Veloso Pacheco
Diplomata. Graduado em Direito pela Faculdade de Direito Milton Campos, em Belo Horizonte.  Entre 2010 e 2013, em Brasília, foi servidor do quadro permanente do Ministério da Justiça, havendo, dentre outras atribuições, chefiado a Divisão de Medidas Compulsórias e ocupado o cargo de Assistente Técnico do Departamento de Estrangeiros da Secretaria Nacional de Justiça.

Desigualdade na América Latina: paper de Jeffrey Williamson (NBER)

Concordo com o Professor Jeffrey Williamson, um dos mais prestigiosos historiadores econômicos, ou melhor, economistas historiadores da atualidade. Estou lendo agora o seu livro de 2013:

Trade and Poverty: When the Third World Fell Behind


que é uma tentativa de explicar nosso atraso pelo fechamento de oportunidades de inserção na industrialização durante a segunda revolução industrial. Pode ser que tenha funcionado para a Índia, mas não estou muito convencido quanto à América Latina justamente, que me parece ter perdido oportunidades por erros próprios, que alguns países vem tentando corrigir agora (mas o Brasil ainda não entrou nessa). Se fosse por proteção, como explicam para o caso americano, deveríamos ser uma potência industrial, o que está longe de ser o caso.
Vamos ver este paper agora...
Paulo Roberto de Almeida

NBER
Latin American Inequality: Colonial Origins, Commodity Booms, or a Missed 20th Century Leveling?
Jeffrey G. Williamson
NBER Working Paper No. 20915
Issued in January 2015

Most analysts of the modern Latin American economy have held the pessimistic belief in historical persistence -- they believe that Latin America has always had very high levels of inequality, and that it’s the Iberian colonists’ fault. Thus, modern analysts see today a more unequal Latin America compared with Asia and most rich post-industrial nations and assume that this must always have been true. Indeed, some have argued that high inequality appeared very early in the post-conquest Americas, and that this fact supported rent-seeking and anti-growth institutions which help explain the disappointing growth performance we observe there even today. The recent leveling of inequality in the region since the 1990s seems to have done little to erode that pessimism. It is important, therefore, to stress that this alleged persistence is based on an historical literature which has made little or no effort to be comparative, and it matters. Compared with the rest of the world, inequality was not high in the century following 1492, and it was not even high in the post-independence decades just prior Latin America’s belle époque and start with industrialization. It only became high during the commodity boom 1870-1913, by the end of which it had joined the rich country unequal club that included the US and the UK. Latin America only became relatively high between 1913 and the 1970s when it missed the Great Egalitarian Leveling which took place almost everywhere else. That Latin American inequality has its roots in its colonial past is a myth.

Para ler na íntegra o ensaio :  http://www.nber.org/papers/w20915.pdf

Os nazistas islamicos: destruindo a civilizacao, simplesmente - Veja

Eu ia justamente falar da destruição dos budas gigantes de Bamian, perpetrada pelos talibans durante o seu governo no Afeganistã (antes de 2001), e o fato de que a comunidade internacional não pode fazer nada a esse respeito, a despeito de alguns protestos de praxe.
Como existe a tal de responsabilidade de proteger, que deveria aplicar-se igualmente a objetos da cultura, e não apenas a seres humanos, as potências que poderiam impedir isso deveriam talvez se mobilizar, tanto quanto para impedir genocídios.
Matar a cultura também é uma forma de genocídio.
Existe um Pacto Roerich, assinado ainda antes do funcionamento da ONU, em 1935, que visa proteger obras de arte em caso de conflitos armadas e conflagrações em geral, elaborado por este artista russo justamente depois de contemplar as imensas destruições causadas pela primeira guerra mundial, pela guerra civil na Rússia e por genocidas culturais como os nazistas dos anos 1930: a queima de livros pelos trogloditas hitleristas ocorreu logo após a tomada do poder pelo maluco nazista, em 1933.
Seria o caso de consultar esse Pacto e elaborar uma "Responsabilidade de Proteger" extensiva às obras culturais da humanidade.
Paulo Roberto de Almeida

A morte da civilização
Revista Veja, 4/03/2015

Os terroristas do Isis atacaram um museu no Iraque. Para eles, assassinar pessoas e destruir culturas serve ao mesmo propósito

Ao conquistarem a França e a Bélgica durante a II Guerra, os nazistas saquearam as obras de arte de famílias ricas, museus, palácios e igrejas. Quadros e objetos variados foram fotografados, catalogados e depois guardados em minas de sal com desumidificadores para que não sofressem com os bombardeios. As obras-primas preferidas por Adolf Hitler seriam expostas após a guerra em um museu na Áustria, seu país natal. Os terroristas do Estado Islâmico, grupo que desde o ano passado ocupa vastas áreas da Síria e do Iraque, são de uma linha diferente de genocidas. Na semana passada, quebraram a marretadas inúmeras peças do Museu de Mosul, no Iraque. Em um sítio arqueológico nos arredores da cidade, destruíram com furadeira estátuas de touros alados e com cabeça humana que guardavam as portas da cidade de Nínive, na antiga Assíria, entre o século IX a.C e o VII a.C. O touro alado de Mosul, era uma divindade que, na crença dos povos babilônicos, protegia as cidades de forças demoníacas. Enquanto os nazistas queriam substituir uma civilização por outra, o Estado Islâmico almeja expurgar qualquer vestígio civilizatório.
Na ideologia desse grupo, que tem um inegável aspecto religioso, devem-se seguir à risca os passos e as palavras de Maomé, que viveu nos séculos VI e VII. Na alucinante justificativa do militante que aparece no vídeo da destruição divulgado na internet, na quinta-feira passada, "o profeta nos ordenou que nos livrássemos de todas as estátuas e relíquias, e seus companheiros fizeram o mesmo quando conquistaram países depois dele". Segundo os fundamentalistas, não deve haver nenhum objeto que sirva de culto, mesmo sendo esse de uma sociedade extinta há milênios. O raciocínio é o mesmo usado peio Talibã, que em 2001 destruiu com dinamite e mísseis duas estátuas de Buda em Bamiyan, no Afeganistão. O que vem a seguir, de acordo com os membros do Estado Islâmico, é uma guerra contra "Roma". Na falta de um papa com um exército, a palavra poderia ser interpretada como sendo a Turquia, os Estados Unidos ou a Europa. A vitória islamista nessa guerra, que, segundo propaganda religiosa feita pelo Isis na internet, acontecerá em uma cidade perto de Aleppo, na Síria, dará início à contagem regressiva para o fim do mundo. Dar início ao apocalipse — esse é o objetivo do Estado Islâmico, e não a construção de uma nova sociedade. Daí a investida sem tréguas contra qualquer civilização, antiga ou moderna.
O vídeo da destruição no museu tem apenas cinco minutos, mas parece durar mais. Ao vê-lo, a reação mais comum é de aflição, incômodo. "Em muitas pessoas, as cenas de destruição no museu provocaram uma sensação parecida com aquela gerada pelos filmes de decapitação. Isso é a prova do simbolismo forte que a cultura tem para todos nós", diz o pesquisador de antiguidades americano Charles Jones, da Universidade Penn State. Ele completa: "Para os habitantes que tiveram de fugir de Mosul, a sensação de desamparo é ainda maior".
Um alento para quem se chocou com as cenas em Mosul está na ignorância dos terroristas. As primeiras estátuas jogadas ao chão pela turba do museu não eram originais, mas réplicas de gesso. Leves, caíram vagarosamente no chão. Algumas até acabaram expondo as barras de metal que lhes davam estrutura. Depois da invasão americana do Iraque em 2003, organizações internacionais decidiram levar os originais para lugares seguros, entre eles o Museu Britânico, em Londres. Infelizmente, não foi isso que aconteceu com os touros alados de Nínive, pesados demais. Outras peças haviam sido saqueadas previamente para ser vendidas no mercado negro de arte.
O que espanta ainda mais é que ações desse tipo não são perpetradas por uma tribo distante que só agora tomou conhecimento do que é uma sociedade desenvolvida. Mais de 20 000 estrangeiros (que não são sírios ou iraquianos) já se juntaram às fileiras do Estado Islâmico. Os que foram criados em nações ricas são os que mais carregam consigo o ímpeto de destruir qualquer referência à modernidade e a outras culturas. Entre os terroristas vindos da Europa está um homem que foi apelidado de John Jihadista. Com roupas negras e balaclava cobrindo o rosto, ele aparecia com frequência falando com sotaque inglês nos vídeos do Estado Islâmico. Neles, John Jihadista cortou a cabeça de jornalistas e agentes humanitários. Na semana passada, sua identidade foi revelada. Seu nome é Mohammed Emwazi. Nascido no Kuwait, ele cresceu em Londres. Formou-se em ciências da computação pela Universidade Westminster e sonhava em integrar a milícia islâmica Al Shabab, na Somália, filiada à Al Qaeda. Em uma viagem à Tanzânia, foi detido e deportado para a Inglaterra. Em 2012, viajou para a Síria e se juntou ao Estado Islâmico. Com mais dois ingleses, tomava conta dos reféns do grupo. O trio era chamado de "The Beatles" pelos próprios terroristas.

Com reportagem de Paula Pauli

Ciencia Politica na UFMG: professores desempregados, ou aspirantes a se-lo (professores, nao desempregados...)

Aos que podem, aos que querem, aos que acham interessante ser professor, uma profissão que já foi nobre, e hoje eu não sei bem o que é...
Paulo Roberto de Almeida

Concurso para Professor Adjunto na área de POLÍTICA INTERNACIONAL E COMPARADA
Departamento de Ciência Política - Universidade Federal de Minas Gerais

Número de vaga(s): 01 (uma).
Área de conhecimento: Política Internacional e Comparada.
Regime de trabalho: Dedicação Exclusiva.

Ti t u l a ç ã o: Doutorado em Ciência Política ou áreas afins.

Perfil desejado do candidato: Doutorado em Ciência Política ou áreas afins.
Período de inscrição: até 20 de abril de 2015 [60 (sessenta) dias a partir da publicação do Edital].
Endereço: Secretaria Geral da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas
Av. Antônio Carlos, 6627 - Pampulha - Belo Horizonte - MG - CEP 31270-901.
Horário: Das 09:00 às 11:00 e das 14:00 às 16:00, nos dias úteis.
Contato Telefone(s): (31) 3409-5016.
Correio eletrônico: secgeral@fafich.ufmg.br.

Tipos de prova: 
Prova de Títulos, Prova Escrita com caráter eliminatório e Apresentação de Seminário.
Escopo do Seminário: Apresentação de um projeto de pesquisa, incluindo sua base teórica e desenho metodológico.
Período de realização do Concurso/Datas prováveis para realização das provas: De 30 (trinta) a 90 (noventa) dias, contados a partir da data de encerramento das inscrições.
PROGRAMA
1) Método comparativo: controvérsias recentes
2) Regimes políticos domésticos e internacionais em perspectiva comparada
3) Instituições democráticas, governos e estabilidade em perspectiva comparada
4) Conflitos, contestação pública e atores políticos em perspectiva comparada
5) Política internacional e análise comparativa de políticas externas
6) Economia política internacional, globalização e regionalismos
7) Democracias e redistribuição no contexto latino-americano
Edital publicado no Diário Oficial da União:http://www.cienciapoliticaufmg.com.br/…/Edital_145_-_Profes…
Mais informações: http://www.cienciapoliticaufmg.com.br

domingo, 1 de março de 2015

O Petrolao, os crimes do PT, e a indignidade academica: reflexos de um debate

Participo de algumas listas acadêmicas, e de grupos de estudos de pessoas devidamente formadas, tituladas, algumas até ostentando altos cargos na iniciativa privada e na burocracia pública, ou seja, todos plenamente alfabetizados e dispondo, ao que se supõe, de acesso a todas as fontes de informação, desde os jornalões conservadores e revistas de direita da "mídia golpista", até os mais vis pasquins mercenários do partido no poder, que eu também recebo, e leio, uma vez que não descarto nenhuma fonte de informação (em alguns casos de deformação), que me sejam úteis para formar minha opinião, sobre o que vai pelo Brasil e pelo mundo, e a partir daí eventualmente formular comentários críticos em artigos que versam sobre o mundo como ele é, e sobre o Brasil, no estado em que o colocaram.
Pois bem, sabemos que desde o ano passado se desenvolve o mais clamoroso caso de corrupção já visto na história dessa república tão conspurcada por líderes políticos que não merecem esse nome, aliados a bandidos de alto coturno, saídos das esferas partidárias ou de empresas e corporações interessadas unicamente em ganhar dinheiro (por todos os meios cabíveis).
Tudo corria nos cenários habituais, quando agigantou-se o espectro da falência da empresa estatal de petróleo, conduzida a uma situação inacreditável por aqueles que comandam o país desde 2003.
Todas as pessoas bem informadas souberam da confecção e circulação de um manifesto em defesa da Petrobras, assinado pelos suspeitos de sempre.
Eu li, e o transcrevi integralmente aqui, no dia 24 de fevereiro, assim que foi liberado:
Petrolão e Petralhabras: intelequitualoides vêem complô estrangeiro na roubalheira dos petralhas
destacando este trecho inacreditável:
"Está à vista de todos a voracidade com que interesses geopolíticos dominantes buscam o controle do petróleo no mundo, inclusive através de intervenções militares. Entre nós, esses interesses parecem encontrar eco em uma certa mídia a eles subserviente e em parlamentares com eles alinhados."
Petrolao e Petralhabras: intelequitualoides veem complo estrangeiro na roubalheira dos petralhas - See more at: http://diplomatizzando.blogspot.com/2015/02/petrolao-e-petralhabras.html#sthash.2Yyuh9EM.dpuf

Está à vista de todos a voracidade com que interesses geopolíticos dominantes buscam o controle do petróleo no mundo, inclusive através de intervenções militares. Entre nós, esses interesses parecem encontrar eco em uma certa mídia a eles subserviente e em parlamentares com eles alinhados - See more at: http://diplomatizzando.blogspot.com/2015/02/petrolao-e-petralhabras.html#sthash.2Yyuh9EM.dpuf
Eu nunca tive nenhum problema em transcrever as coisas mais escabrosas, inclusive um lixo como esse manifesto, desde que isto sirva à informação de todas as pessoas inteligentes, e possa contribuir para um bom debate em torno de políticas públicas, como sempre foi o objetivo deste blog.

Tudo ficaria por isso mesmo, quando não mais que de repente recebo, de um desses acadêmicos transformados em servidor público, e presumivelmente comprometido com o partido no poder, e apoiando suas causas, um convite para assinar tal manifesto que seria encaminhado à presidência da república:

On Feb 28, 2015, at 22:03, Fulano de tal <fulanodetal@gmail.com> wrote:
Olá,
Eu acabei de assinar esta petição -- você não quer se juntar a mim?
Presidencia da República: Defesa da Petrobras e da Democracia
Para: Presidencia da República

Esta petição é muito importante e poderá fazer uso de nossa ajuda. Clique aqui para saber mais e assinar:
https://secure.avaaz.org/po/petition/Presidencia_da_Republica_Defesa_da_Petrobras_e_da_Democracia_1/?kjGOJhb
Muito obrigado,
{SENDER_NAME}


Em primeiro lugar, eu fiquei surpreendido, para não dizer estarrecido, de que pessoas com doutorado, supostamente leitoras da imprensa, e portanto sabendo exatamente o que está ocorrendo na Petrobras, tenham a coragem de enviar a colegas de lista uma demanda desse tipo, supostamente em nome da Presidência da República, que aparentemente valeu-se de uma ferramenta (a Avaaz) presidida por um companheiro notório para induzir milhares de "aliados" a assinar um apoio em causa própria.
Não tenho nenhuma dúvida de que eles recolherão dezenas de milhares de assinaturas de gente a favor, mas não a minha obviamente.
Contentei-me em mandar a seguinte mensagem ao meu interlocutor, e a todos os demais membros da lista:
[PRA:]
Acho que quem assina uma coisa dessas ou é cego, ou não quer ver o que está acontecendo na Petrobras.
    Por acaso foram interesses estrangeiros que obrigaram os companheiros a assaltar a companhia, dilapidando-a em centenas de milhões de dólares?
    Desculpe, mas não sou estúpido a esse ponto.
    E acho patético que pessoas bem informadas se submetam a uma manipulação grotesca desse tipo.
-----------------------------------
Paulo Roberto de Almeida


Recebi então, dois comentários, que reproduzo abaixo, não identificados:
[1ro. comentário:]
Caro Paulo, considero este manifesto uma coisa extraordinária. Os mesmos que construíram um projeto de exploração do pré-sal inconsistente, que esticou a empresa além do suportável  (onde se objetivava explorar uma área nova, em curtíssimo espaço de tempo, com a melhor tecnologia, em enormes volumes, com a obrigação de conteúdo nacional, que naturalmente encarece o investimento, e com controle de preços que tirou 60 bilhões do caixa da companhia, tornando-a mais endividada do mundo do petróleo) e excessivamente ambicioso, e que permitiram um assalto sem precedentes na empresa, agora querem defendê-la de solertes inimigos!
Quem arrebentou a Petrobras?

[Membro da lista]
Enviada do meu iPad

[2do. comentário:]
Prezado [Membro da lista]:
Prefiro seu manifesto, de um único, verídico e contundente parágrafo.
Assino em baixo.
Abs.
XX

 No intervalo, um true believer nas virtudes companheiras, confirmou que apoiava:
Já assinei e divulguei.
Abraços
Xxxxxx


Em face de um comentário irônico, de um quarto membro, que afirmou apenas, diplomaticamente (mas não se trata de um diplomata, e sim de um sociólogo econômico, como eu), que "Vai dar tudo certo. O Brasil está apenas atravessando um século difícil", resolvi escrever e mandar a nota seguinte, dando por encerrada minha participação no "debate":
[Resposta PRA]:
Caros [1ro, 2do e 3ro membros da Lista] (e aos que mais possuirem certo discernimentos das coisas),
    Eu pensei que já tinha assistido a várias demonstrações de indignidade acadêmica e política, ou simplesmente cidadã, quando me vi confrontado com esse manifesto, que circulou amplamente, mas que agora acaba de se converter numa petição que pretende recolher os apoios daqueles que concordam com os seus termos.
    Acho que nunca vou deixar de me surpreender com a atitude de pessoas notoriamente bem informadas, mas que ainda assim pretendem deformar os dados factuais, objetivos, materiais, para não dizer criminosos, que estão envolvidos no desmantelamento da Petrobras, e converter tudo isso num solerte ataque de interesses estrangeiros contra uma companhia que foi literalmente assaltada pelos companheiros.
    Que isso seja feito pelo partido no poder, pode até se admitir, conforme sua natureza já desvendada em diversos outros casos escabrosos.
    Que isso seja solicitado a pessoas pensantes — é o termo que me ocorre agora — me parece uma demonstração insofismável de que certa categoria de acadêmicos, e até de profissionais do setor privado e do Estado, prefere viver de mistificações em lugar de enfrentar a realidade.
    Sinto muito dizer, mas não compartilho dessa indignidade e ouso denunciar quem a sustenta.
    Realmente, há um limite para aqueles que pretendem construir um Brasil decente, que deveria ser bem diferente de um regime mafioso.
    Esse limite é a simples diferença entre a conduta legítima e o crime.
    Simples assim.
    As pessoas precisam escolher de que lado pretendem ficar.
-----------------------------------
Paulo Roberto de Almeida


Não pretendo mais retrucar a ninguém, e é muito possível que, depois desta última manifestação de minha parte, resolvam, democraticamente, me retirar da lista, o que não me afetaria sobremaneira, a não ser pelo fato de perder, por essa via, uma outra fonte de informações.
Como já disse, eu leio absolutamente de tudo, de todas as tendências políticas, preferencialmente coisas que sejam inteligentes, mas até algumas estúpidas, também (inclusive porque permite saber o que vai pela cabeça das pessoas), e não me eximo de expressar minha opinião, quando julgo pertinente. Tem gente, porém, que não gosta de ser confrontada em suas adesões políticas.
Eu não me importo, o que vale é o debate de ideias, não é mesmo?
Paulo Roberto de Almeida
Hartford, 1. de março de 2015.
Petrolao e Petralhabras: intelequitualoides veem complo estrangeiro na roubalheira dos petralhas - See more at: http://diplomatizzando.blogspot.com/2015/02/petrolao-e-petralhabras.html#sthash.2Yyuh9EM.dpuf

Percival Farquhar: um barao ladrao, mas que investia no Brasil, diferente dos ladroes atuais

Percorrendo velhos papeis de trabalho, numa pesquisa para buscar referências de livros que já li, anotei, resenhei e que agora estou usando para mais um trabalho de história econômica, encontrei esta antiga resenha de um livro publicado no Brasil quase dez anos atrás, e que eu já tinha lido na edição original americana.

Percival Farquhar, para quem não sabe, foi o "investidor imperialista" que construiu a Madeira-Mamoré -- e está retratado num romance semi-histórico de Márcio de Souza, Mad Maria, que também serviu de base para uma famosa telehistória da Globo, que nunca vi -- e também dezenas de outras obras que ainda estão por ai. Quem acha, por exemplo, que a Vale do Rio Doce era uma empresa genuinamente nacional até ser privatizada por FHC (sempre ele, mas no caso o processo começou com Collor e continuou sob Itamar), não deve saber que ela era do Percival Farquhar, sob o nome de Itabira Iron Ore Company, até ser expropriada por Vargas em 1942.
Pois é, nacionalistas, vocês precisam estudar mais a história do Brasil.
Em todo caso, fiquem com a resenha...
Paulo Roberto de Almeida


O imperador americano das PPPs
Charles A. Gauld:
Farquhar, o último titã: um empreendedor americano na América Latina
São Paulo: Editora de Cultura, 2006, 520 p.; tradução de Eliana Nogueira do Vale.

Quem imagina que as PPPs sejam uma moderna contribuição do governo petista para reagir a uma suposta “privataria da era neoliberal”, faria bem em revisar sua lição de história. Elas começaram mais de um século atrás, em pleno império, como solução à crônica falta de capitais, no Brasil, para obras de grande porte. A monarquia e a velha república viveram de PPPs por décadas, em modalidades não muito diversas das que hoje são mobilizadas para assegurar um retorno adequado ao investimento privado: à época, os investidores estrangeiros (na maior parte ingleses) tinham direito à famosa “garantia de juros”, tipicamente de 6% ao ano.
Percival Farquhar foi, segundo Gauld, o “maior vulto americano da história do Brasil”, demonizado pelos nacionalistas, incompreendido pelos políticos, hostilizado pelos xenófobos e nada conhecido pelos atuais promotores das PPPs “republicanas”. Nos países vizinhos ele seria chamado de gringo explorador, o típico ianque imperialista que todos adorariam odiar. No Brasil, foi respeitado no início de seus muitos investimentos em obras públicas e empreendimentos extrativistas, passou a ser temido quando adquiriu as dimensões de um Mauá estrangeiro e foi impiedosamente expropriado ao longo da era Vargas. Poucos sabem que a Vale do Rio Doce começou pelas suas mãos: a Itabira Iron Ore Company, que, aliás, já existia antes dele adquiri-la, em 1919. A Vale, a Acesita, a Ports of Pará – construída para exportar a borracha da Amazônia e que começou a funcionar no momento mesmo da crise trazida pela concorrência da Malásia, em 1913 – e várias outras companhias fundadas por Farquhar foram nacionalizadas no decorrer da dura batalha que ele travou contra os demolidores do formidável império econômico que foi construindo a partir de 1904.
A despeito do tom encomiástico, Gauld reconstrói, além do itinerário desse imperialista exemplar, vários capítulos de nossa história econômica: quase não há setores – que os militares chamariam de “estratégicos” – em que ele não tenha colocado os capitais de seus associados estrangeiros: bondes, ferrovias, navegação, portos, hidrelétricas, pecuária, processamento de carne, agricultura e silvicultura, extração mineral, indústrias de papel e siderurgia. Como Mauá, ele enfrentou inúmeros problemas, a maior parte vinda do próprio Estado brasileiro, mesmo se ele praticou a arte (não inusitada) de “comprar” deputados e jornalistas para defender os seus interesses. Imperialista bizarro, Farquhar apreciava mais o risco do investimento do que a cor do dinheiro; foi um verdadeiro pioneiro, como seus ancestrais quackers, podendo até ser equiparado, sem nenhum exagero, aos nossos bandeirantes.
“Os brasileiros”, disse uma vez Farquhar, “chamaram minha atenção pela rapidez de raciocínio, embora estejam igualmente prontos a chegar a conclusões apressadas”. Em 1906 ele já se queixava da “constante flutuação da taxa de câmbio” e, no final da vida, em 1952, registrava a “vã manifestação de esperança”, mantida durante meio século, de que algum dirigente corrigisse a “instável economia do Brasil, em perpétua inflação”. A obra reflete o momento em que foi escrita (1962), quando os EUA consideravam que o Brasil corria o risco de tornar-se uma “grande Cuba”. Gauld não esconde uma incontida admiração pelo seu herói e certa impaciência com os nacionalistas brasileiros. Os editores e a tradutora estão de parabéns pela corajosa iniciativa de publicar esta obra esquecida sobre o mais poderoso capitalista estrangeiro da história do Brasil, cujos historiadores parecem querer continuar mantendo no anonimato.
Candidatos a uma boa dissertação doutoral estão convidados a reescrever, de maneira não apologética, sua fabulosa história de vida, que se confunde com meio século de história econômica brasileira, mas os próprios editores brasileiros desconhecem que os papéis de Farquhar e os manuscritos de Gauld estão depositados na biblioteca da universidade de Yale. Ao garimpo, historiadores...

Paulo Roberto de Almeida
[Brasília, 20 setembro 2006, 2 p.]
Publicada em formato resumido e revisto na
revista Desafios do Desenvolvimento
(ano 3, nº 27, outubro 2006)

Petrolao: a mais enrolada das delacoes premiadas, dono da UTC complica a vida do PT

O Partido Totalitário, dos Trambiqueiros, e dos Traficantes, só escapa dessa com a conivência da Justisssa, e a pusilanimidade do Congresso.
Paulo Roberto de Almeida

Blog de Felipe Moura Brasil, 21/02/2015

 às 11:52 \ BrasilCultura

Que se feche o PT: revelações de empreiteiro demolem Lula, Dilma, Dirceu, Cardozo, Wagner, Delúbio, Gabrielli…

Capa Veja PessoaO engenheiro baiano Ricardo Pessoa, dono da construtora UTC e coordenador do cartel de empreiteiras no esquema de corrupção da Petrobras, fez chegar à VEJA um resumo do que está pronto a revelar à Justiça caso seu pedido de delação premiada seja aceito:

1) O esquema organizado de cobrança de propina na Petrobras foi montado em 2003, no governo de Luiz Inácio Lula da Silva, então amigo do empreiteiro. O operador era o tesoureiro do PT Delúbio Soares, réu do mensalão.

2) A UTC financiou clandestinamente as campanhas do hoje ministro da Defesa, Jaques Wagner, ao governo da Bahia em 2006 e 2010. A campanha de Rui Costa, em 2014, também foi financiada com dinheiro desviado da Petrobras.

3) A empreiteira ajudou o ex-ministro e mensaleiro petista José Dirceu a pagar despesas pessoais a partir de simulação de contratos de consultoria. Dirceu recebeu 2,3 milhões de reais da UTC somente porque o PT mandou.

4) O presidente petista da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, sempre soube de tudo.

5) Em 2014, a campanha de Dilma Rousseff e o PT receberam da empreiteira 30 milhões de reais desviados da Petrobras.

Ricardo Pessoa pode demonstrar que esse dinheiro saiu ilegalmente da estatal, através de contratos superfaturados, e testemunhar que o partido conhecia a origem ilícita. Também pode contar que o esquema de propinas foi montado pelo PT com o objetivo declarado de financiar suas campanhas eleitorais.

O presidente do BNDES (mantido no cargo), Luciano Coutinho, avisou Pessoa que o tesoureiro de Dilma, Edinho Silva, o procuraria para pedir dinheiro, conforme VEJA revelou três semanas atrás. Pessoa confirma que deu mais 3,5 milhões de reais à campanha presidencial petista após ser procurado por Edinho e a revista acrescenta agora que a conversa entre eles teve duas testemunhas.

6) O suposto ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, ciente de que Pessoa estava prestes a denunciar Lula, Dilma e Dirceu, procurou os advogados do empreiteiro, e o acordo de delação premiada que ele negociava com os procuradores da Operação Lava Jato foi suspenso.

Ao contrário do que pregam OAB, Kennedy Alencar, Ricardo Noblat e o próprio ministro, as reuniões secretas não partiram dos advogados, mas sim de Cardozo, disposto a cometer qualquer tipo de abuso para obstruir o inquérito.

Não duvido que o pacote de acenos do governo tenha incluído ainda a possibilidade de remodelar a pena do dono da UTC nos tribunais superiores para colocá-lo em prisão domiciliar o mais cedo possível.

Em suma: se Ricardo Pessoa, em vez de ceder à pressão petista, denunciar à Lava Jato toda essa máfia infiltrada na máquina pública, e se os investigadores conseguirem demonstrar item por item, então o impeachment de Dilma na base legal do artigo 85, inciso 5, ou a cassação de seu mandato na da lei federal nº 9.504 são muito pouco para o bem do Brasil: o PT tem de ser extinto e os mandantes do esquema têm de apodrecer atrás das grades.

Lula-tchau

Tchau, hein!

* Lista de textos recentes do blog: AQUI.

Felipe Moura Brasil ⎯ http://www.veja.com/felipemourabrasil

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Politica brasileira: o apagao precoce do poste - Editorial Estadao

Cruel, mas verdadeiro...
PRA
O isolamento da presidente chega a ser constrangedor. Fala apenas a seus eleitores, que encolheram, já que mais da metade da população a vê como "desonesta" e "falsa" (vide recente pesquisa da FSP). Tudo por culpa sua, resume editorial do Estadão. Difícil acreditar que chegue ao fim do mandato:

A presidente Dilma Rousseff chega ao fim do segundo mês de seu novo mandato enfraquecida, desacreditada e, pior, criticada até mesmo por seus companheiros de partido, em razão do isolamento que se impôs ao se afastar das lideranças do PT e do principal partido de sua base de sustentação no Congresso, o PMDB. Ela, exclusivamente, é responsável por tudo isso. Incapaz, desde a confirmação de sua vitória eleitoral no ano passado, de qualquer gesto que apontasse na direção de um entendimento ou aproximação com os diferentes setores da sociedade, inclusive os que a ela se opuseram nas eleições - afinal, ela não é a presidente só de seus eleitores -, desperdiçou inteiramente o período de confiança de que costumam desfrutar governantes em início de mandato.
Por ação ou inação, fez seu prestígio popular despencar para níveis sem precedentes. Mais da metade da população entende que a chefe do governo é "desonesta" e "falsa", de acordo com recente pesquisa do Datafolha. A vertiginosa queda de popularidade da presidente tornou-se assunto internacional. Publicações conceituadas como Time, Financial Times e The Economist estendem-se em críticas acerbas à situação econômica do País e à maneira como ela é conduzida por Dilma. Em sua última edição para a América Latina, The Economist traz na capa a irônica imagem de uma passista de escola de samba que se afunda num lodaçal verde, sob o título Atoleiro do Brasil.
A crise em que o País está mergulhado revela ao mundo o furo n'água que resultou da decisão solitária de Luiz Inácio Lula da Silva de inventar uma sucessora que apresentou aos brasileiros em 2010 como gestora pública eficientíssima, a prodigiosa "mãe do PAC". É o que se observa também na São Paulo administrada por outro "poste" inventado por Lula.
Segundo o discurso orquestrado por Lula, o PT e Dilma são apenas "vítimas" de uma conspiração de direita por meio da qual "eles" se dedicam a "criminalizar" - é o termo da moda no lulopetismo - as conquistas sociais que tiraram a população brasileira da miséria.
Na vida real, porém, Dilma passou os quatro anos do primeiro mandato acumulando erros que compõem o amplo e bizarro panorama do que se pode chamar de "estilo Dilma de governar", caracterizado pela soberba de uma militante sectária que, por acreditar que sabe tudo, não ouve ninguém.
Dilma assumiu a chefia do governo em 2011 sentindo-se toda poderosa e disposta a corrigir as distorções liberais admitidas por seu antecessor. Mas escolheu o pior momento para isso, quando a economia globalizada enfrentava as consequências da crise de 2009 e já não oferecia as mesmas perspectivas favoráveis nas quais Lula surfara tranquilamente. Partindo do princípio de que o governo pode tudo, inclusive gastar o que não tem, Dilma se dedicou a desconstruir os fundamentos da estabilidade econômica herdados do governo Fernando Henrique e mantidos por seu antecessor, para obter importantes conquistas nas áreas social e econômica.
No campo político, Dilma se dispôs à elogiável iniciativa de deixar sua marca de austeridade: promoveu "faxina" no governo, com a demissão de ministros envolvidos em malfeitos de toda natureza. Foi com sede demais ao pote. Lula, que indicara quase todos os demitidos, teve de explicar à pupila que a coisa "não é bem assim" e os "danos políticos", provocados pela incapacidade política da presidente de aliar meios adequados a fins meritórios, foram logo reparados.
Os indícios mais ostensivos da insatisfação popular, não necessariamente com Dilma, mas com a situação do País, surgiram nas manifestações de rua de junho de 2013, que rapidamente se tornaram uma ampla pauta de reivindicações. Assustada, como todos, Dilma reagiu fazendo o mais fácil: promessas. Prometeu de tudo, até um improvável plebiscito para tratar de reformas políticas.
Em 2014, deixou em segundo plano a deteriorada situação econômica para se dedicar ao projeto reeleitoral. E, como de hábito, prometeu o que podia e não podia, inclusive que jamais tocaria nos "direitos dos trabalhadores". Mentiu, como teve de admitir depois, não por palavras, mas por atos.
Poucos meses depois de reeleita com a ajuda de um marketing eleitoral competente, mas inescrupuloso, Dilma corre o risco de transformar-se em um fantasma político. Por sua culpa.

sábado, 28 de fevereiro de 2015

Mises Institute: The Free Market tornou-se agora The Austrian, publicacao mensal

The Austrian
In the January–February issue of The Austrian:

For more than thirty years The Free Market has been the Mises Institute’s flagship monthly publication for our members. Recently we introduced The Austrian, a bolder and more robust version of what you’ve known for decades.

It’s enlightening these days to hear everyone from Obama and Krugman to Putin and Hollande proclaim their belief in the superiority of free markets (invariably adding several qualifying provisos, of course). Even Bono from U2 has had a change of heart. Only Mr. Piketty appears to be clinging (tenuously) to his support for outright central planning.

So it appears we’ve made great strides in the rhetorical battle when it comes to the beauty and power of markets to vastly improve the human condition. We are all free-marketers now, and some of us actually mean it.

Thirty years ago, however, our outspoken support for free markets was radical. And since our beginning the Mises Institute has advocated a free market in everything. But today the term has been diluted through overuse and misuse, as demonstrated by Messrs. Obama and Krugman. It no longer captures the radical and uncompromising nature of the Institute and its members.

Our new moniker, The Austrian, goes to the heart and soul of what we are: an organization dedicated to the brilliant scholarship of Austrian economics. Mises is our touchstone, Rothbard our animating spirit, and the classical liberal tradition our north star.

Inside this inaugural issue of The Austrian, you’ll find lots of new, original content from our writers. Lew Rockwell makes the libertarian case for secession, James Bovard reports on the latest antics from Washington, DC, and David Gordon reviews Judge Napolitano’s new book. You’ll also find the latest news on Mises Institute scholars and alumni, plus new analysis of pop culture from Ryan McMaken, and a Q and A with one of our alums who’s making a real difference as a high school economics teacher.

The Austrian has analysis, news, and the same radical, uncompromising Austrian free-market analysis you’ve come to expect from the Mises Institute. We hope you enjoy it.

A subscription to physical copies of The Austrian is available to all who request it. Simply send your name and mailing address to membership@mises.org.

Brasil: governo incompetente, mandataria fraca, ministro liberal, tudo no atoleiro

Bem, eu acho que existem razões ainda mais imperiosas para ser bem mais severo em relação à atual situação do Brasil, e os jornais só refletem o que aparece como notícia objetiva.
Se formos destapar a bagunça, o retrato é ainda mais horrível, talvez até escandaloso, pelos crimes econômicos cometidos contra o país e a sua população.
E não estou falando de crimes comuns, que já deveriam ter sido objeto de processos criminais contra os responsáveis por eles.
Até nisso o Brasil é falho: criminosos continuam circulando, alguns até mandando...
Paulo Roberto de Almeida

‘Brasil atolado’ é a capa da ‘The Economist’
 Fernando Nakagawa - CORRESPONDENTE / LONDRES
O Estado de S. Paulo, 27/02/2015

Blog do ‘Financial Times’ e a revista ‘Time’ também destacam problemas econômicos do País

Do foguete que levava a um futuro brilhante ao atoleiro de um pântano. Para parte da mídia internacional, esse foi o caminho do Brasil nos últimos anos. Nesta semana, a revista The Economist diz na capa que o Brasil está atolado em problemas e vive a maior bagunça desde os anos 90. Enquanto isso, um blog do jornal Financial Times listou dez motivos que podem levar a presidente Dilma Rousseff a não terminar o segundo mandato e a revista Time enumerou cinco fatos que podem levar o Brasil ao precipício. O Brasil parece a bola da vez.
Acada dia a imprensa estrangeira parece mais frustrada com os rumos recentes do Brasil. O melhor exemplo dessa frustração é visto na revista britânica The Economist. Na edição latino-americana que chega às bancas, a capa é ilustrada por uma passista de escola de samba em um pântano coberta de gosma verde com o título “O atoleiro do Brasil”. As edições vendidas no resto do mundo têm outra capa, sobre o avanço da telefonia celular.
Em editorial, a Economist diz que o País pode ter “problemas muito maiores do que o governo admite ou investidores parecem perceber”. Além da ameaça de recessão e da inflação, o texto cita o fraco investimento, a corrupção na Petrobrás e a desvalorização cambial que eleva dívida externa em real das empresas brasileiras.
“Escapar desse atoleiro seria difícil mesmo para uma grande liderança política. Dilma, no entanto, é fraca. Ela ganhou a eleição por pequena margem e sua base política está se desintegrando”, diz a revista conhecida por ser politicamente liberal. Esse tom não lembra em nada o clima de festa e comemoração visto no fim da década passada, quando o País era o queridinho da vez e recebia elogios rasgados nos espaços mais nobres da imprensa estrangeira.
A fraqueza política do governo também é destacada no blog sobremercados emergentes do jornal Financial Times. O Beyondbrics afirma que a onda de problemas parece tomar direção “catastrófica”. “Tanto assim que há boas razões para acreditar que a presidente Dilma Rousseff, que iniciou o segundo mandato de quatro anos em 1.º de janeiro, pode não durar muito tempo.”
O blog diz que uma cassação de presidente exige “algo flagrantemente errado”. “Mas muitos fazem isso e sobrevivem. O que realmente conta é perder apoio no Congresso. A maioria de Dilma no Congresso diminuiu nas eleições com uma coalizão mais fragmentada e difícil de controlar”, cita ao lembrar que a insatisfação é vista até dentro do PT. Além disso, o texto diz que, se o Congresso cogitar um processo de impeachment, a Petrobrás poderia fornecer um argumento. “Dilma foi a presidente do conselho de administração quando a maior parte da suposta corrupção aconteceu”, diz o texto.
Nos Estados Unidos, a revista Time publicou na internet uma lista de “cinco motivos que poderiam levar o Brasil ao precipício”. Ao afirmar que o País parece viver uma “tempestade perfeita”, a publicação cita que não há sinais de que a corrupção esteja diminuindo e as notícias econômicas podem demorar a melhorar, já que o País não deve crescer em 2015 e aumentos de preços devem continuar a ocorrer diante da seca e do aumento de tarifas públicas.
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Para 'The Economist', Brasil está em um atoleiro
Por Suzi Katzumata e Ligia Guimarães

Valor Econômico, 27/02/2015

SÃO PAULO  -  O Brasil está em um atoleiro, preso a uma estagnação que começou em 2013 e que pode se tornar uma prolongada recessão; a um ambiente de inflação elevada que consome salários e eleva os pagamentos da dívida dos consumidores; e a um cenário de queda no investimento, que soma 8% no ano e pode cair ainda mais, segundo avalia a revista britânica "The Economist". A revista dedicou a capa da edição desta semana aos problemas que atingem o país, que sofre ainda com o escândalo de corrupção na Petrobras, que atinge as maiores construtoras nacionais e que paralisou os gastos de capital em vários segmentos da economia. Para completar, o real acumula uma queda de 30% frente ao dólar desde maio de 2013, uma mudança necessária, segundo a revista, mas que aumenta o impacto cambial da dívida de US$ 40 bilhões em moeda estrangeira que as empresas brasileiras têm de pagar este ano.
Segundo texto do editorial da "Economist", sair de um atoleiro desse já seria difícil até mesmo para uma forte liderança política, portanto, a fraqueza atual da presidente Dilma Rousseff é um complicador a mais para o Brasil. A revista observa que, após uma vitória apertada na eleição de 2014, a presidente viu sua taxa de aprovação cair de 42% em dezembro para 23% este mês, menos de dois meses depois de tomar posse de seu segundo mandato, abatida pela deterioração da economia e o escândalo da Petrobras. Ademais, há denúncias de que o Partido dos Trabalhadores (PT) e parceiros da coligação do governo teriam recebido pelo menos US$ 1 bilhão em propina. Para piorar, durante o período relevante das investigações da Polícia Federal e do Ministério Público Federal, a presidência do conselho da estatal era ocupada por Dilma.
Se a presidente quiser usar seu segundo mandato para salvar o Brasil, Dilma terá de conduzir o país em uma direção totalmente nova, diz "The Economist". O problema é que ela passou toda a campanha eleitoral exaltando um cenário econômico róseo e demonizando os planos neoliberais de seus oponentes. O lado positivo, segundo a revista, é que Dilma pelo menos reconhece que o Brasil precisa de "políticas mais amigáveis aos negócios, se quiser manter seu rating de grau de investimento e voltar a crescer". E esse reconhecimento é personificado pelo novo ministro da Fazenda, Joaquim Levy - "um economista treinado em Chicago, banqueiro e um dos raros liberais econômicos do país". O lado negativo, segundo a revista, é que o fracasso passado do Brasil em enfrentar as distorções econômicas deixaram Levy diante da armadilha da recessão.
Apesar de tudo, "The Economist" diz que o Brasil não é o único membro dos BRICs com problemas. "A economia da Rússia, em particular, tem sido castigada pela guerra, sanções e dependência do petróleo. Apesar de seus problemas, o Brasil não está em uma grande confusão como a Rússia", segundo a revista, acrescentando que o País tem um setor privado grande e diversificado e instituições democráticas robustas. "Mas as desgraças são mais profundas do que muitos reconhecem. A hora de dar um jeito é agora", sentencia a revista.

‘Indispensável’
A edição destaca ainda que a economia brasileira, guiada pelo ministro Joaquim Levy, definido como “um dos raros liberais econômicos do Brasil”,  enfrenta seu maior teste desde os anos 1990. E descreve Levy como “indispensável” no momento atual da economia, diante da fraqueza política da presidente. “Os riscos são claros. Recessão e redução das receitas fiscais podem comprometer o ajuste de Levy”, afirma a publicação.
A revista lembra que o ministro prometeu um enorme aperto fiscal para este ano, de quase dois pontos percentuais, que em parte será alcançado pela remoção de subsídios e restituição da Cide sobre os combustíveis, bem como pela redução de subsídios dos bancos públicos.
Uma dificuldade ao ajuste destacada pela revista é que Levy não poderá compensar o aperto fiscal com uma política monetária mais frouxa, porque “o Banco Central se curvou à vontade da presidente, ignorou sua meta de inflação”, deixando a margem de atuação limitada para o ministro.
O texto destaca ainda o perigo da fragilidade política de Dilma, e a rejeição do PT às medidas fiscais de Levy, que não foram negociadas durante a campanha. Cita também a derrota de Dilma com a vitória de Eduardo Cunha no Congresso.
Tal cenário de fraqueza política torna Levy “indispensável”, de acordo com a revista. “Ele deve construir pontes com Cunha, enquanto deixam claro que se o Congresso tenta extrair um preço orçamental para o seu apoio, levará a cortes em outros lugares”.

Debate: os liberais precisam ser religiosos? Pergunta nao faz nenhum sentido - Paulo Roberto de Almeida

Depois que eu coloquei uma pequena nota de opinião neste espaço...


Quem são os liberais, e oque eles têm a dizer?
 http://diplomatizzando.blogspot.com/2015/02/quem-sao-os-liberais-e-o-que-eles-tem.html

... alguns leitores me escreveram para comentar meu argumento de que os liberais não precisam ser religiosos, indicando o "fato" de que vários liberais são religiosos.

O que eu escrevi exatamente? Apenas isto:

"Eles não são religiosos, ou não é isso que os distingue no plano doutrinal, pois aceitam que as pessoas possam ter fé em doutrinas ou crenças religiosas."

O que me escreveram? Reproduzo aqui:

"Apesar de obviamente não ser um ponto central do texto, será que se pode afirmar que liberais não são religiosos (3º paragrafo)? Baseado no rol de grandes personagens feito pelo Acton Institute, me parece que não.
http://pt.acton.org/personnages-historique
Atualmente o pessoal, por ex., do Mises americano, com uma exceção ou outra, é bem religioso também."

Informo (PRA): O Acton Institue se proclama uma entidade para o estudo da religião e da liberdade.
Que seja, o instituto é livre para escolher seus temas preferenciais. A liberdade é universal, a religião não é, e nunca foi.

Meu comentário a este respeito:

Ser religioso, e ser liberal são paralelas infinitas, uma não tem nada a ver com a outra.
Um liberal, ou seja, alguém que prega o livre arbítrio individual e a suprema liberdade de cada indivíduo aceita que cada um pode ter a crença que desejar (mas isso é geralmente, não uma escolha, mas uma herança familiar), e isso não tem nada a ver com a defesa de suas liberdades básicas, que devem ser feitas mesmo quando o indivíduo não tem nenhuma religião ou quando ele é contra todas e qualquer religião, e se torna militante do ateísmo, por exemplo.
Não vejo como provar qualquer coisa com respeito ao liberalismo pelo fato de que liberais americanos sejam religiosos. Eles são o quê?: budistas, confucionistas, muçulmanos, hinduístas? Não, trata-se obviamente de cristãos.
Mas o que isso tem a ver com o liberalismo? Nada.
Um muçulmano pode ser um liberal tão consequente quanto um cristão, desde que ele não queira usar a sua religião para impedir, por exemplo, qualquer pessoa de cobrar quanto quiser de juros pelo emprego de sua poupança por um terceiro.
Mas isso existe também na Bíblia, ou seja, um preconceito contra a usura.
Ora, isso é o que existe de mais autoritário e um liberal jamais poderia concordar com esse tipo de argumento.

Insisto em dizer: um liberal não tem religião.
Ou melhor: essa questão é totalmente indiferente para um verdadeiro liberal.
São duas galáxias diferentes, e elas não deveriam se tocar.
Quem quiser me provar o contrário, pode argumentar.
Respeito a lógica elementar, e a história humana, apenas isto.
Paulo Roberto de Almeida