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domingo, 7 de junho de 2020

George Duby na Pléiade, por um editor brasileiro, Felipe Brandi - entrevista a Ary Quintella (Estado da Arte)

Um editor brasileiro na Pléiade: Ary Quintella entrevista Felipe Brandi

A coleção literária Bibliothèque de la Pléiade, editada pela Gallimard, é a mais prestigiosa do mundo. Nenhuma outra se compara a ela, em razão da qualidade do aparato crítico que acompanha cada volume. Poucos escritores entram ainda em vida na coleção. Até o momento, apenas dezoito receberam essa consagração. O mais recente foi Philip Roth, em outubro de 2017, alguns meses antes de morrer em maio de 2018. Em setembro de 2018, houve notícias de que António Lobo Antunes seria incluído. Isso foi celebrado pelo escritor e gerou felicitações oficiais a ele do Presidente de Portugal, o que dá a dimensão do prestígio da coleção. Por enquanto, a publicação não se concretizou.
Nenhum escritor brasileiro, vivo ou morto, integra até hoje esse panteão.
Em setembro de 2019, Georges Duby (1919-1996) entrou para a Pléiade, com um volume denso — 1.972 páginas — que reúne parte de sua obra. É o primeiro historiador contemporâneo a ser publicado na coleção. Antes dele, o historiador mais recente incluído no catálogo era Jules Michelet (1798-1874).
O editor do volume com obras de Duby é o brasileiro Felipe Brandi, que obteve na França, em 2017, pela École des Hautes Études en Sciences Sociales, seu doutorado em História e Civilização, com uma tese sobre o reverenciado historiador francês.
Para o Estado da Arte, Ary Quintella entrevistou Felipe Brandi sobre seu trabalho de edição do volume da Pléiade.
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(Reprodução: Foto de Ary Quintella)
Essa foi certamente a primeira vez que um brasileiro editou um volume da Pléiade. É significativo um estrangeiro preparar, na França, a edição da obra de um monstro sagrado como Georges Duby. A escolha de seu nome o consagra como um dos maiores especialistas da obra do historiador. Como aconteceu de você ser escolhido? Qual foi sua reação diante da responsabilidade? 
Gostaria primeiramente de agradecer a você, Ary, pelo convite e pela oportunidade de conversar com você e de poder falar um pouco sobre o meu trabalho e sobre a preparação do volume Œuvres de Georges Duby, editado pela Bibliothèque de la Pléiade em setembro de 2019.
O convite para preparar a edição das obras de Georges Duby na Pléiade foi, para mim, uma grande surpresa. Fui contatado por Hugues Pradier, Diretor literário da coleção, no momento em que havia entregado a minha tese de doutorado e antes mesmo de defendê-la em junho de 2017. Eu estava bem situado. Estava na École des Hautes Études en Sciences Sociales (EHESS), que oferece uma projeção importante, e já pesquisava há muitos anos o trabalho de Georges Duby. A minha pesquisa, antes mesmo de encerrada, já era conhecida, não apenas por parte dos professores da EHESS, mas também por outros pesquisadores e editores na França graças a alguns artigos que eu havia publicado. Creio que uma expectativa havia se formado em torno do meu trabalho de tese, como costuma acontecer com teses elaboradas pacientemente ao longo de muitos anos. Pelos contatos que são feitos durante a preparação, e também pelos artigos publicados, as pessoas acabam ouvindo falar de sua pesquisa e se interessam por ela muito antes que ela esteja concluída.
Pierre Nora havia descoberto há muito a minha pesquisa através de um artigo que eu publicara, e desde então acompanhava o seu desenvolvimento. É possível que Hugues Pradier tenha tomado conhecimento do meu trabalho através de Nora. O projeto de uma edição de Georges Duby na Pléiade é uma ideia antiga. Desde a acolhida de Claude Lévi-Strauss na coleção, em 2008, falou-se de uma eventual edição de Duby. Rumores circularam, mas nada de concreto. Considerado autor “de la maison” pela Gallimard, ele já havia sido homenageado com dois volumes da coleção Quarto, em 1996 e 2002. No entanto, Hugues Pradier estava convencido, parece-me com razão, da relevância da entrada de Duby na Pléiade, pela incontestável qualidade literária de seus escritos, que fez de sua obra uma das grandes expressões do mundo das letras francesas do final do século XX. Sou infinitamente grato a Hugues Pradier pela confiança que ele depositou em mim, ao me escolher. Outros pesquisadores tinham nomes muito mais conhecidos do que o meu, ademais de terem o francês como língua materna. Durante os primeiros meses (eu ainda não havia defendido a minha tese), ia visitá-lo regularmente no belíssimo Pavilhão da Pléiade para falar do projeto e pensar o perfil do volume, discutindo a seleção dos textos e revendo inúmeros detalhes. Conversávamos durante horas até tarde da noite, quando as edições Gallimard já estavam fechadas. Acho que rapidamente se instaurou uma cumplicidade, uma boa relação entre nós. Creio que a minha visão do volume o agradou, indo na direção do projeto que ele havia inicialmente idealizado. Para mim, o desafio foi considerável. Desde jovem, admiro as edições da Pléiade e me senti honrado de poder participar delas.
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Das 1.972 páginas do volume, cerca de 340 são suas: introdução de 56 páginas, notas e comentários sobre cada uma das obras de Georges Duby incluídas no volume. O resultado é um trabalho de extrema erudição, como aliás é usual na Pléiade. Isso é notável, considerando que francês não é a sua língua materna. Por quanto tempo você trabalhou na edição? Entre surgir a ideia de inclusão de Duby na coleção e o livro ficar pronto, quanto tempo se passou? 
O tempo total de preparação do volume foi de dois anos e alguns meses. Fui contatado na primavera de 2017 (abril/maio) e já em nosso primeiro encontro, Hugues Pradier me disse que o lançamento do livro seria em finais de setembro de 2019, para celebrar o centenário do nascimento de Georges Duby. A data de lançamento não era, portanto, negociável. Dito isto, o prazo de dois anos representa um tempo curto de preparação para um volume desse tamanho e com essa densidade — é o que todos me dizem na Pléiade. Trabalhei com dedicação total. Durante esses dois anos. De outro modo, não teria sido possível respeitar o prazo estabelecido.
Se reconstituo a cronologia da preparação, distingo três grandes etapas: primeiramente, a da construção do projeto e da seleção das obras, nos primeiros meses entre maio e setembro de 2017; em seguida, o início da leitura (ou releitura) de todos os textos e a elaboração do aparelho crítico, com a preparação das notas e a redação das notícias que acompanham cada obra. Enfim, de janeiro de 2019 até julho do mesmo ano, o trabalho de acabamento e de revisão de todo o volume — dessa vez, acompanhado de Henrianne Rousselle, da Pléiade, que me ajudou imensamente. Que contraste com a etapa precedente, extremamente solitária, e que alegria ter um interlocutor com quem discutir cada detalhe do trabalho! Fiquei muito impressionado com a sua generosidade, a sua experiência e o seu profissionalismo, relendo cada nota, cada citação, cada linha que escrevi com uma extraordinária atenção. Foi um prazer conhecer e ter tido a oportunidade de trabalhar com Henrianne Rousselle. Ela sempre me encorajando a ir ainda mais adiante, a buscar alguma nova informação, a enriquecer ainda mais a edição. Insisto que o seu trabalho por detrás dessa edição e das demais que ela supervisiona seja amplamente reconhecido.
O desafio da língua é imenso. A língua francesa, tão rica e saborosa, é repleta de sutilezas, de nuances e também de armadilhas. E os leitores franceses são particularmente atentos à qualidade da expressão, zelosos do emprego dessa língua que consideram o tesouro nacional. No caso de uma edição da Pléiade, eu tinha consciência de que precisaria preparar, tanto na introdução quanto nas notícias que acompanham cada uma das obras do volume, um texto capaz de interessar a uma audiência bastante heterogênea, composta pelo grande público culto dos leitores da Pléiade, mas também por historiadores de profissão, assim como pelos medievalistas mais severos e os estudiosos especialistas da obra de Duby, que a conhecem bem e estão atentos aos mínimos detalhes. São exigências e expectativas muito diversas, e foi um desafio preparar todos esses textos em uma edição que deveria conciliar interesses e leituras, não apenas muito distintos, mas muitas vezes também incompatíveis.
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Qual é o grau de orientação que os editores de volumes da Pléiaderecebem? Você teve, por exemplo, liberdade para escolher as obras de Duby que seriam incluídas? Qual foi o critério usado na seleção de obras? Houve algum livro ou texto de Duby que você lamentou ter de descartar, por falta de espaço? 
Eu sinto ter trabalhado com grande liberdade, e sou mais uma vez muito grato à confiança de Hugues Pradier. Ele, a Pléiade e a Gallimard apostaram em mim, deixando-me único responsável pela edição científica de todo o volume. Imensa responsabilidade. Intimidante. Nos primeiros meses, quando ainda precisavamos “montar” a edição, Hugues Pradier e eu discutíamos vários detalhes em longas sessões de trabalho que eram muito prazerosas. Mas uma vez decidida a seleção das obras, me senti com carta branca para elaborar os meus próprios textos e preparar as notas de erudição à minha guisa. A seleção das obras nunca é fácil. Sobretudo no interior de uma produção tão rica e prolífica. A seleção, sim, foi feita junto com Hugues Pradier. Ele estava muito atento a essa etapa do processo. Há necessariamente sempre algo de subjetivo na seleção dos textos. O nosso critério foi o de privilegiar os textos que nos pareciam os mais representativos do Georges Duby escritor e que haviam sido também os seus maiores sucessos editoriais, como Le Temps des CathédralesLe Dimanche de Bouvines ou Guillaume le Maréchal. Outros importantes livros, todos admiráveis, como a sua tese sobre a região de Mâcon nos séculos XI e XII ou os seus estudos sobre a economia rural na Idade Média nos pareceram não se ajustar tão bem à ambição do volume. São obras mais austeras, que interessam a um público mais reduzido de especialistas da civilização medieval. Lembro de longas discussões sobre a inclusão do livro Les Trois Ordres ou l’imaginaire du féodalisme, de difícil leitura. No interior do volume, este é claramente o título mais austero. Nem Hugues Pradier nem Pierre Nora estavam convencidos da pertinência desse título. Denso, complexo, poderia desencorajar o leitor e se diferenciar do resto da edição. Eu defendi a sua causa e intervim a favor da sua inclusão no volume, pois estou convencido de que esse livro, admiravelmente escrito ainda que muito exigente, ocupa uma posição central dentro da produção de Georges Duby, como uma espécie de chave de abóbada do seu modelo de explicação da sociedade feudal dos séculos XI e XII.
Como leitor e admirador da obra de Duby, eu teria gostado de incluir ainda mais textos, mas não era possível. O volume atingiu o seu limite. Qualquer nova inclusão nos obrigaria a uma edição em dois volumes. O que significaria uma modificação importante do projeto inicial.
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Georges Duby
Georges Duby costumava publicar seus livros sem notas ou indicação de fontes. Para a edição na Pléiade, você preparou notas extensas, recuperou as fontes para cada um dos textos. Como se desenvolveu esse trabalho? 
Essa foi, para mim, uma parte decisiva da edição da Pléiade. Sou leitor de Georges Duby há vinte e cinco anos e minha admiração aumenta a cada nova leitura. Lembro-me bem de minha primeira leitura do Tempo das Catedrais, aos 19 anos, ou do Domingo de Bouvines, ainda quando estudante de graduação na PUC-Rio. Desde então, sonhava ter algum dia em mãos uma edição especial, uma edição mágica, que contivesse as notas desaparecidas que me dessem acesso ao conjunto de autores medievais citados em suas páginas, assim como a todo o arcabouço invisível que preside à construção de seus livros. Sempre acreditei ser este um trabalho quase impossível de ser realizado. No entanto, quando recebi o convite de Hugues Pradier, decidi me aventurar nessa longa empreitada. A tarefa é singularmente árdua. Significa penetrar em algumas das literaturas mais difíceis da história ocidental, desde as referências bíblicas e da patrologia até os escritos de cléricos, monges, teólogos e trovadores dos séculos XI-XIII. Estão incluídos aí crônicas, sermões, homilias, tratados teológicos, epístolas, poemas, canções. Tudo em latim medieval ou em francês antigo. Isso se complica ainda mais por Georges Duby não dar, muitas vezes, qualquer indicação do autor ou da obra de onde extrai a passagem citada, geralmente por ele traduzida para o francês contemporâneo com muita liberdade — o que torna muito trabalhoso, às vezes extenuante, o esforço de reconstituição.
Apesar das dificuldades enfrentadas, motivava-me a ideia de poder oferecer aos novos leitores e à comunidade científica essa edição anotada, essa edição única com a qual eu havia tanto sonhado. Outra motivação foi, para mim, o conjunto de críticas e ataques ferozes dos quais Duby foi objeto ao longo dos anos por causa dessa sua decisão de não revelar a referência de suas fontes. Encontrar essas referências e colocá-las agora à disposição dos leitores significa pôr em evidência a impressionante construção erudita por detrás de seus textos e, assim, refutar, de uma vez por todas, essas acusações que lhe foram feitas, alegando que a sua obra teria sacrificado a erudição da história em proveito do efeito literário. A dúvida consistia, então, em saber se essas notas, laboriosamente preparadas, não acabariam se opondo à intenção do próprio Duby, desrespeitando o projeto de escrita, o projeto formal, literário de seus textos. Certamente, exibir todas essas longas notas no pé de página acabaria por desfigurar a própria forma de seus escritos, tal como ele os havia concebido. Mas a Pléiade oferece a oportunidade de colocar as notas no final do volume, dando ao leitor a opção de consultá-las sem com isso comprometer o projeto narrativo, formal de Georges Duby. Dessa oportunidade, me servi.
Você dedica a Introdução à memória da viúva do historiador, Andrée Duby, que faleceu em 2016. Nos agradecimentos, você relata que ela acompanhou suas pesquisas “durante anos”. Seu convívio com ela foi determinante em algumas decisões que você terá precisado tomar na preparação do volume?
Serei sempre grato à senhora Andrée Duby pelo apoio, o encorajamento, a atenção e a ajuda que recebi durante muitos anos enquanto preparava a minha pesquisa de tese. A dedicatória é um testemunho do meu reconhecimento, mas também uma lembrança do papel primordial que Andrée Duby exerceu ao longo da carreira de seu marido e na construção dessa obra que, de acordo com muitos amigos do casal, parecia em vários aspectos feita a quatro mãos. Andrée Duby teria gostado muito de ver a entrada de Duby na Pléiade. Em muitos aspectos, essa edição também é sua.
Pessoalmente, o convívio com ela foi determinante no desenvolvimento de minha abordagem e no amadurecimento do meu olhar, me permitindo adquirir uma maior proximidade com a obra e o seu autor. E acredito que essa proximidade e a abordagem mais pessoal transparecem do começo ao fim da edição. Em todo o caso, essa foi a minha intenção.
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O Prefácio do volume que você editou é do historiador Pierre Nora, e começa com a afirmação de que a entrada de Georges Duby na coleção confere a ele uma “majestade solitária” entre os historiadores seus contemporâneos. Pierre Nora no Prefácio, e você na Introdução, ambos destacam que isso se justifica pela qualidade estilística, literária da obra de Duby. Tanto você quanto Nora, porém, apontam o seu domínio do grande instrumento midiático da época, a televisão. Ele era entrevistado, preparava emissões e presidiu um canal cultural. Isso fez dele, a partir da década de 1970, um intelectual famoso e muito presente e ativo na vida cultural francesa. Isso ainda é possível para um historiador hoje, mesmo na França?
De fato, você tem razão de chamar a atenção, ao mesmo tempo, para a qualidade literária dos livros de Georges Duby e para a sua extraordinária projeção social, muito além dos muros da universidade. Ambos os fenômenos estão ligados. Com efeito, uma das singularidades do trabalho de Duby reside no seu desejo de oferecer uma história de qualidade, uma história científica e, pode-se dizer, de vanguarda em sua época para uma audiência cada vez mais ampla. Um trabalho de divulgação, no sentido mais nobre da expressão. Georges Duby sempre concebeu a história como um “métier de communication”; a história devendo ser, do seu ponto de vista, simultaneamente um meio de formação, de evasão e de diversão. Portanto, trabalhou incansavelmente para ampliar o seu público, servindo-se dos mais diferentes meios de comunicação (rádio, televisão e cinema). Nos anos 1980, assumiu funções importantes em grandes empreendimentos culturais na França, presidindo o comitê do Grand Louvre e a rede de televisão cultural francesa, La Sept, ancestral da atual ARTE. Esse engajamento, sacrificando parte do tempo que poderia dedicar ao seu trabalho de historiador, se justifica pela sua convicção quanto à importância de oferecer ao maior número de cidadãos franceses o acesso à criação cultural de excelência (não apenas a história, mas também as letras, artes plásticas, música, espetáculos).
O seu trabalho junto à televisão — por exemplo, na série O Tempo das Catedrais, inspirada em seu livro, e, mais tarde, na presidência da Sept — lhe conferiu uma celebridade comparável à de um grande nome da literatura. Seus livros eram disputados pelos grandes editores. Suas aulas no Collège de Franceeram um acontecimento. Duas horas antes de seu curso, filas imensas, repletas de estudantes, intelectuais e membros da alta sociedade já se formavam, todas as quintas, na entrada da prestigiosa instituição no Quartier latin. Uma das grandes singularidades da geração de intelectuais franceses da segunda metade do século XX reside nessa extraordinária projeção social de trabalhos rigorosos e austeros, na vanguarda das ciências humanas e do pensamento filosófico. Esse é o caso, para citar apenas alguns nomes, de Claude Lévi-Strauss, de Georges Dumézil, de Michel Foucault, de Roland Barthes, de Pierre Bourdieu… Os franceses permanecem muito interessados pela produção de conhecimento. Os historiadores da geração de Duby viveram uma espécie de era de ouro. A comunidade historiadora não desfruta, na França de hoje, da mesma voga que conheceu nos anos 1970 e 1980. Mas a figura do intelectual continua ocupando um espaço importante, respeitado e admirado, no interior do debate social francês e também dentro da representação que a sociedade francesa faz de si mesma. Isso é invejável, quando vemos o descaso do qual são objeto, em boa parte do mundo, os professores, a ciência, as ideias, a educação e a cultura letrada. Creio que ainda hoje alguns intelectuais franceses, inspirados por essa geração feliz que os precedeu e se servindo de meios de comunicação cada vez mais desenvolvidos, logram exercer um papel ativo junto ao grande público. A sociedade francesa continua grande consumidora de exposições artísticas, de eventos l
iterários e de emissões culturais, como as que oferecem o canal de televisão ARTE e, sobretudo, France Culture, que é a meu ver um verdadeiro patrimônio do qual todos os franceses têm o direito de se orgulhar.
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Pierre Nora
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A sua Introdução revela uma profunda admiração por Duby. Qual sua avaliação sobre ele, como ser humano, figura pública e historiador?
É verdade, deixo rapidamente transparecer a minha admiração por Georges Duby. Acredito no valor da sua obra. Admiro o modo com que a sua prática de historiador sempre esteve combinada a uma reflexão audaz acerca da própria história, da natureza do conhecimento que ela produz, do seu lugar em meio às nossas práticas culturais. Os grandes mestres, parece-me, são aqueles que conseguem desenvolver, em suas respectivas áreas, uma visão de conjunto, integrada, da própria atividade que exercem. Isso vale para escritores, cientistas, músicos, artistas e artesãos, grandes chefes de cozinha… Não apenas são grandes executantes, dominando plenamente a sua arte, mas ainda expressam, em cada trabalho que realizam, a maturidade de uma reflexão sobre a natureza de sua prática, o lugar social da mesma, o passado de suas tradições, assim como suas imperfeições, desvios e ciladas. O que admiro em Duby é um pensamento da história que é total, e que se preocupa tanto com os métodos mais modernos de leitura das fontes quanto com as condições de possibilidade do conhecimento histórico, tanto com o diálogo com as demais ciências sociais quanto com o ensino da história para as crianças do primário, tanto com o uso da memória social por parte dos poderes políticos quanto com a função cívica que o historiador, o professor de história deve exercer junto a uma sociedade democrática e emancipada.
A própria qualidade estilística de seus escritos, sobre a qual falamos aqui algumas vezes, não era, por exemplo, puro lirismo ou coqueteria. Mas sim o fruto de uma reflexão sobre a natureza (subjetiva) do conhecimento histórico, sobre as forças e as fraquezas do discurso que constrói o historiador e sobre a distância que o separa do ideal de objetividade científica. A história, para Duby, surge do ato criador do historiador e ela será tanto mais fértil quanto mais o historiador, apaixonado por seu labor, se entregar e der de si mesmo. A historiografia atual coloca hoje questões e enfrenta desafios que já não são os mesmos enfrentados pela geração de Duby, nos anos 1960 e 1970. O nosso conhecimento do passado não cessa de se renovar. No entanto, as questões a que Duby submeteu a história, a sua forma de pensar as armadilhas ideológicas que ameaçam o olhar que o historiador lança sobre o passado, a sua recusa de dogmatismos e de qualquer ferramenta teórica passe-partout continuam sendo, a meu ver, estímulos para se pensar a história de hoje e abrir os caminhos da pesquisa de amanhã. Georges Duby sempre defendeu — cada um de seus ecritos o prova — os valores positivos do homem que desabrocham graças à cultura, à democracia e à liberdade. Valores humanistas que nos são tão caros. Sobretudo nos dias atuais.
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Duby (Reprodução: Cia. das Letras)
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Quais são seus próximos projetos ou estudos como historiador?  A publicação do volume da Pléiade encerra um ciclo ou a obra de Georges Duby seguirá sendo sua área principal de interesse? 
Eu mesmo me pergunto muitas vezes se, após a conclusão da minha tese, esta edição da Pléiade encerra, para mim, o ciclo Duby. De certa forma, sim, mas não completamente. Durante a longa preparação de minha tese, sempre esperei conseguir construir um trabalho com uma profundidade que me abrisse um campo de estudo, um campo de especialização e que também fosse uma base sólida na qual eu pudesse me apoiar ao longo da minha carreira. Reuni ao longo dos anos muito material que eu gostaria de poder utilizar, na forma de artigos e de livros. Não abandonarei, portanto, Georges Duby tão cedo, pois acho que não seria correto deixar de me servir de todo esse material coletado. No entanto há um ciclo que se encerra. Depois de duas longas pesquisas, que se sucederam cronologicamente mas que foram tão distintas uma da outra — a de minha tese de doutorado e a da preparação da edição da Pléiade — tenho a sensação de ter concluído a minha pesquisa sobre Georges Duby. Continuarei interessado por tudo a seu respeito, mas o que espero poder publicar sobre ele será feito a partir da pesquisa que já empreendi. A minha tese, que o teve por protagonista, não se limitou à sua obra, mas pretendeu ser também uma tese mais ampla sobre a história da escola histórica francesa ao longo do século XX, com o propósito de definir o meu campo de especialização. Desejo, então, poder inaugurar novas pesquisas, assentadas sobre parte do material de que já disponho, voltadas desta vez para outros aspectos (autores, grupos, tendências) da escola histórica francesa e para algumas questões teóricas do campo da Historiografia, inclusive para poder voltar a pesquisar também a historiografia brasileira, a produção histórica nacional, que eu tanto admiro. A Historiografia é o meu campo de estudo, e a produção intelectual francesa, a minha área de especialização. Neste momento, estou relendo muitas coisas, procurando construir um novo questionário. Há uma infinidade de caminhos e de temas a serem explorados. Na origem de qualquer pesquisa, acho que todo o pesquisador sente uma excitação e uma dose de medo. É muito excitante e desafiador iniciar uma pesquisa, se lançar numa aventura intelectual. Nunca se sabe aonde ela vai nos levar.
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Felipe Brandi (Reprodução)
Ary Quintella publica seus ensaios e crônicas na página aryquintella.com.
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Colaboradores ou colaboracionistas? - Ensaio de Anne Applebaum

History Will Judge the Complicit - Anne Applebaum
The AtlanticJuly/August 2020 print edition with the headline “The Collaborators.”

O artigo da reputada historiadora americana Anne Applebaum – autora de muitos livros sobre o mundo comunista, entre eles sobre o Gulag, a Europa central sob dominação soviética, o Holodomor stalinista na Ucrânia e vários outros – trata de uma questão que me interessa particularmente, não tanto da perspectiva prática, mas do ponto de vista da história das ideias, e da postura que pessoas com envolvimento político podem ou devem adotar no caso de mudanças relevantes de orientação política, ou até de regime. Ela começa pela história do comunismo na Europa dominada pela União Soviética, mas também trata da situação dos EUA atualmente, sob um presidente "heterodoxo", digamos assim. Seu julgamento está resumido no título: a História julgará os cúmplices (mas que poderíamos talvez minimizar para “complacentes”).
Meu interesse se centra justamente nessa questão: por que alguns escolhem colaborar com um governo, ou um regime qualquer, e como essas pessoas são levadas a isso, e por que outros decidem se afastar, ou até a se opor à nova situação? Não se pode afastar a realidade objetiva que aproxima a situação do Brasil daquela do comunismo soviético, ou da administração Trump, atualmente.
Estas são as motivações que me levaram a selecionar alguns trechos do longo artigo de Anne Applebaum, que pode ser lido em sua integridade no link acima indicado. 
Convido todos a lê-lo, mas creio que minha seleção de trechos ajuda a apresentar os argumentos mais relevantes.
Ela começa por apresentar a história de dois jovens comunistas alemães, educados na União Soviética durante a “grande guerra patriótica”, e que depois seguiram caminhos diferentes na instalação da RDA: um continuou servindo ao regime, e se tornou o famoso chefe da espionagem da Stasi, o outro fugiu para o Ocidente em 1949. 
A pergunta central de Anne Applebaum é esta: 
One man proved willing to betray ideas and ideals that he had once stood for. The other refused. Why?
Esta é também a pergunta que faço, em relação ao governo atual. Deixo as respostas em aberto, para a consciência de cada um.
Paulo Roberto de Almeida 
Brasília, 7 de junho de 2020


Trechos selecionados

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In English, the word collaborator has a double meaning. A colleague can be described as a collaborator in a neutral or positive sense. But the other definition of collaborator, relevant here, is different: someone who works with the enemy, with the occupying power, with the dictatorial regime. In this negative sense, collaborator is closely related to another set of words: collusioncomplicityconnivance. This negative meaning gained currency during the Second World War, when it was widely used to describe Europeans who cooperated with Nazi occupiers. At base, the ugly meaning of collaborator carries an implication of treason: betrayal of one’s nation, of one’s ideology, of one’s morality, of one’s values.
Since the Second World War, historians and political scientists have tried to explain why some people in extreme circumstances become collaborators and others do not. The late Harvard scholar Stanley Hoffmann had firsthand knowledge of the subject—as a child, he and his mother hid from the Nazis in Lamalou-les-Bains, a village in the south of France. But he was modest about his own conclusions, noting that “a careful historian would have—almost—to write a huge series of case histories; for there seem to have been almost as many collaborationisms as there were proponents or practitioners of collaboration.” Still, Hoffmann made a stab at classification, beginning with a division of collaborators into “voluntary” and “involuntary.” Many people in the latter group had no choice. Forced into a “reluctant recognition of necessity,” they could not avoid dealing with the Nazi occupiers who were running their country.
Hoffmann further sorted the more enthusiastic “voluntary” collaborators into two additional categories. In the first were those who worked with the enemy in the name of “national interest,” rationalizing collaboration as something necessary for the preservation of the French economy, or French culture—though of course many people who made these arguments had other professional or economic motives, too. In the second were the truly active ideological collaborators: people who believed that prewar republican France had been weak or corrupt and hoped that the Nazis would strengthen it, people who admired fascism, and people who admired Hitler.
Hoffmann observed that many of those who became ideological collaborators were landowners and aristocrats, “the cream of the top of the civil service, of the armed forces, of the business community,” people who perceived themselves as part of a natural ruling class that had been unfairly deprived of power under the left-wing governments of France in the 1930s. Equally motivated to collaborate were their polar opposites, the “social misfits and political deviants” who would, in the normal course of events, never have made successful careers of any kind. 
What brought these groups together was a common conclusion that, whatever they had thought about Germany before June 1940, their political and personal futures would now be improved by aligning themselves with the occupiers.
Like Hoffmann, Czesław Miłosz, a Nobel Prize–winning Polish poet, wrote about collaboration from personal experience. An active member of the anti-Nazi resistance during the war, he nevertheless wound up after the war as a cultural attaché at the Polish embassy in Washington, serving his country’s Communist government. Only in 1951 did he defect, denounce the regime, and dissect his experience. In a famous essay, The Captive Mind, he sketched several lightly disguised portraits of real people, all writers and intellectuals, each of whom had come up with different ways of justifying collaboration with the party. Many were careerists, but Miłosz understood that careerism could not provide a complete explanation. To be part of a mass movement was for many a chance to end their alienation, to feel close to the “masses,” to be united in a single community with workers and shopkeepers. 
For tormented intellectuals, collaboration also offered a kind of relief, almost a sense of peace: It meant that they were no longer constantly at war with the state, no longer in turmoil. Once the intellectual has accepted that there is no other way, Miłosz wrote, “he eats with relish, his movements take on vigor, his color returns. He sits down and writes a ‘positive’ article, marveling at the ease with which he writes it.” Miłosz is one of the few writers to acknowledge the pleasure of conformity, the lightness of heart that it grants, the way that it solves so many personal and professional dilemmas.
We all feel the urge to conform; it is the most normal of human desires. 

(…) 
To the American reader, references to Vichy France, East Germany, fascists, and Communists may seem over-the-top, even ludicrous. But dig a little deeper, and the analogy makes sense. The point is not to compare Trump to Hitler or Stalin; the point is to compare the experiences of high-ranking members of the American Republican Party, especially those who work most closely with the White House, to the experiences of Frenchmen in 1940, or of East Germans in 1945, or of Czesław Miłosz in 1947. These are experiences of people who are forced to accept an alien ideology or a set of values that are in sharp conflict with their own.
Not even Trump’s supporters can contest this analogy, because the imposition of an alien ideology is precisely what he was calling for all along. Trump’s first statement as president, his inaugural address, was an unprecedented assault on American democracy and American values. Remember: He described America’s capital city, America’s government, America’s congressmen and senators—all democratically elected and chosen by Americans, according to America’s 227-year-old Constitution—as an “establishment” that had profited at the expense of “the people.” “Their victories have not been your victories,” he said. “Their triumphs have not been your triumphs.” Trump was stating, as clearly as he possibly could, that a new set of values was now replacing the old, though of course the nature of those new values was not yet clear.

Almost as soon as he stopped speaking, Trump launched his first assault on fact-based reality, a long-undervalued component of the American political system. We are not a theocracy or a monarchy that accepts the word of the leader or the priesthood as law. We are a democracy that debates facts, seeks to understand problems, and then legislates solutions, all in accordance with a set of rules. Trump’s insistence—against the evidence of photographs, television footage, and the lived experience of thousands of people—that the attendance at his inauguration was higher than at Barack Obama’s first inauguration represented a sharp break with that American political tradition. 
Like the authoritarian leaders of other times and places, Trump effectively ordered not just his supporters but also apolitical members of the government bureaucracy to adhere to a blatantly false, manipulated reality. American politicians, like politicians everywhere, have always covered up mistakes, held back information, and made promises they could not keep. But until Trump was president, none of them induced the National Park Service to produce doctored photographs or compelled the White House press secretary to lie about the size of a crowd—or encouraged him to do so in front of a press corps that knew he knew he was lying.
The lie was petty, even ridiculous; that was partly why it was so dangerous. In the 1950s, when an insect known as the Colorado potato beetle appeared in Eastern European potato fields, Soviet-backed governments in the region triumphantly claimed that it had been dropped from the sky by American pilots, as a deliberate form of biological sabotage. Posters featuring vicious red-white-and-blue beetles went up all across Poland, East Germany, and Czechoslovakia. No one really believed the charge, including the people making it, as archives have subsequently shown. But that didn’t matter. The point of the posters was not to convince people of a falsehood. The point was to demonstrate the party’s power to proclaim and promulgate a falsehood. Sometimes the point isn’t to make people believe a lie—it’s to make people fear the liar.
These kinds of lies also have a way of building on one another. It takes time to persuade people to abandon their existing value systems. The process usually begins slowly, with small changes. Social scientists who have studied the erosion of values and the growth of corruption inside companies have found, for example, that “people are more likely to accept the unethical behavior of others if the behavior develops gradually (along a slippery slope) rather than occurring abruptly,” according to a 2009 article in the Journal of Experimental Social Psychology. This happens, in part, because most people have a built-in vision of themselves as moral and honest, and that self-image is resistant to change. Once certain behaviors become “normal,” then people stop seeing them as wrong.
This process happens in politics, too. In 1947, the Soviet military administrators in East Germany passed a regulation governing the activity of publishing houses and printers. The decree did not nationalize the printing presses; it merely demanded that their owners apply for licenses, and that they confine their work to books and pamphlets ordered by central planners. Imagine how a law like this—which did not speak of arrests, let alone torture or the Gulag—affected the owner of a printing press in Dresden, a responsible family man with two teenage children and a sickly wife. Following its passage, he had to make a series of seemingly insignificant choices. Would he apply for a license? Of course—he needed it to earn money for his family. Would he agree to confine his business to material ordered by the central planners? Yes, to that too—what else was there to print?
After that, other compromises follow. Though he dislikes the Communists—he just wants to stay out of politics—he agrees to print the collected works of Stalin, because if he doesn’t do it, others will. When he is asked by some disaffected friends to print a pamphlet critical of the regime, however, he refuses. Though he wouldn’t go to jail for printing it, his children might not be admitted to university, and his wife might not get her medication; he has to think about their welfare. Meanwhile, all across East Germany, other owners of other printing presses are making similar decisions. And after a while—without anyone being shot or arrested, without anyone feeling any particular pangs of conscience—the only books left to read are the ones approved by the regime.
The built-in vision of themselves as American patriots, or as competent administrators, or as loyal party members, also created a cognitive distortion that blinded many Republicans and Trump-administration officials to the precise nature of the president’s alternative value system. After all, the early incidents were so trivial. They overlooked the lie about the inauguration because it was silly. They ignored Trump’s appointment of the wealthiest Cabinet in history, and his decision to stuff his administration with former lobbyists, because that’s business as usual. They made excuses for Ivanka Trump’s use of a private email account, and for Jared Kushner’s conflicts of interest, because that’s just family stuff.
One step at a time, Trumpism fooled many of its most enthusiastic adherents. Recall that some of the original intellectual supporters of Trump—people like Steve Bannon, Michael Anton, and the advocates of “national conservatism,” an ideology invented, post hoc, to rationalize the president’s behavior—advertised their movement as a recognizable form of populism: an anti-Wall Street, anti-foreign-wars, anti-immigration alternative to the small-government libertarianism of the establishment Republican Party. Their “Drain the swamp” slogan implied that Trump would clean up the rotten world of lobbyists and campaign finance that distorts American politics, that he would make public debate more honest and legislation more fair. Had this actually been Trump’s ruling philosophy, it might well have posed difficulties for the Republican Party leadership in 2016, given that most of them had quite different values. But it would not necessarily have damaged the Constitution, and it would not necessarily have posed fundamental moral challenges to people in public life.
In practice, Trump has governed according to a set of principles very different from those articulated by his original intellectual supporters. Although some of his speeches have continued to use that populist language, he has built a Cabinet and an administration that serve neither the public nor his voters but rather his own psychological needs and the interests of his own friends on Wall Street and in business and, of course, his own family. His tax cuts disproportionately benefited the wealthy, not the working class. His shallow economic boom, engineered to ensure his reelection, was made possible by a vast budget deficit, on a scale Republicans once claimed to abhor, an enormous burden for future generations. He worked to dismantle the existing health-care system without offering anything better, as he’d promised to do, so that the number of uninsured people rose. All the while he fanned and encouraged xenophobia and racism, both because he found them politically useful and because they are part of his personal worldview.
More important, he has governed in defiance—and in ignorance—of the American Constitution, notably declaring, well into his third year in office, that he had “total” authority over the states. His administration is not merely corrupt, it is also hostile to checks, balances, and the rule of law. 
He has built a proto-authoritarian personality cult, firing or sidelining officials who have contradicted him with facts and evidence—with tragic consequences for public health and the economy. (…) Trump has attacked America’s military, calling his generals “a bunch of dopes and babies,” and America’s intelligence services and law-enforcement officers, whom he has denigrated as the “deep state” and whose advice he has ignored. He has appointed weak and inexperienced “acting” officials to run America’s most important security institutions. He has systematically wrecked America’s alliances.
His foreign policy has never served any U.S. interests of any kind. Although some of Trump’s Cabinet ministers and media followers have tried to portray him as an anti-Chinese nationalist – and although foreign-policy commentators from all points on the political spectrum have, amazingly, accepted this fiction without questioning it – Trump’s true instinct, always, has been to side with foreign dictators, including Chinese President Xi Jinping. 
One former administration official who has seen Trump interact with Xi as well as with Russian President Vladimir Putin told me that it was like watching a lesser celebrity encounter a more famous one. Trump did not speak to them as the representative of the American people; he simply wanted their aura—of absolute power, of cruelty, of fame –to rub off on him and enhance his own image. This, too, has had fatal consequences. In January, Trump took Xi’s word when he said that COVID‑19 was “under control,” just as he had believed North Korea’s Kim Jong Un when he signed a deal on nuclear weapons. Trump’s fawning attitude toward dictators is his ideology at its purest: He meets his own psychological needs first; he thinks about the country last. The true nature of the ideology that Trump brought to Washington was not “America First,” but rather “Trump First.”
Maybe it isn’t surprising that the implications of “Trump First” were not immediately understood. After all, the Communist parties of Eastern Europe – or, if you want a more recent example, the Chavistas in Venezuela – all advertised themselves as advocates of equality and prosperity even though, in practice, they created inequality and poverty. But just as the truth about Hugo Chávez’s Bolivarian Revolution slowly dawned on people, it also became clear, eventually, that Trump did not have the interests of the American public at heart. And as they came to realize that the president was not a patriot, Republican politicians and senior civil servants began to equivocate, just like people living under an alien regime.
In retrospect, this dawning realization explains why the funeral of John McCain, in September 2018, looked, and by all accounts felt, so strange. Two previous presidents, one Republican and one Democrat—representatives of the old, patriotic political class—made speeches; the sitting president’s name was never mentioned. The songs and symbols of the old order were visible too: “The Battle Hymn of the Republic”; American flags; two of McCain’s sons in their officer’s uniforms, so very different from the sons of Trump. Writing in The New Yorker, Susan Glasser described the funeral as “a meeting of the Resistance, under vaulted ceilings and stained-glass windows.” In truth, it bore an uncanny resemblance to the 1956 funeral of László Rajk, a Hungarian Communist and secret-police boss who had been purged and murdered by his comrades in 1949. Rajk’s wife had become an outspoken critic of the regime, and the funeral turned into a de facto political rally, helping to set off Hungary’s anti-Communist revolution a couple of weeks later.
(…) 
Nothing quite so dramatic happened after McCain’s funeral. But it did clarify the situation. A year and a half into the Trump administration, it marked a turning point, the moment at which many Americans in public life began to adopt the strategies, tactics, and self-justifications that the inhabitants of occupied countries have used in the past – doing so even though the personal stakes were, relatively speaking, so low. Poles like Miłosz wound up in exile in the 1950s; dissidents in East Germany lost the right to work and study. In harsher regimes like that of Stalin’s Russia, public protest could lead to many years in a concentration camp; disobedient Wehrmacht officers were executed by slow strangulation.
(…)
Nevertheless, 20 months into the Trump administration, senators and other serious-minded Republicans in public life who should have known better began to tell themselves stories that sound very much like those in Miłosz’s The Captive Mind. Some of these stories overlap with one another; some of them are just thin cloaks to cover self-interest. But all of them are familiar justifications of collaboration, recognizable from the past. (...) 
(…) 
A few months ago, in Venezuela, I spoke with Víctor Álvarez, a minister in one of Hugo Chávez’s governments and a high-ranking official before that. Álvarez explained to me the arguments he had made in favor of protecting some private industry, and his opposition to mass nationalization. Álvarez was in government from the late 1990s through 2006, a time when Chávez was stepping up the use of police against peaceful demonstrators and undermining democratic institutions. Still, Álvarez remained, hoping to curb Chávez’s worst economic instincts. Ultimately, he did quit, after concluding that Chávez had created a loyalty cult around himself—Álvarez called it a “subclimate” of obedience—and was no longer listening to anyone who disagreed.
In authoritarian regimes, many insiders eventually conclude that their presence simply does not matter. Cohn, after publicly agonizing when the president said there had been “fine people on both sides” at the deadly white-supremacist rally in Charlottesville, Virginia, finally quit when the president made the ruinous decision to put tariffs on steel and aluminum, a decision that harmed American businesses. Mattis reached his breaking point when the president abandoned the Kurds, America’s longtime allies in the war against the Islamic State.
But although both resigned, neither Cohn nor Mattis has spoken out in any notable way. Their presence inside the White House helped build Trump’s credibility among traditional Republican voters; their silence now continues to serve the president’s purposes. As for Anonymous, we don’t know whether he or she remains inside the administration. For the record, I note that Álvarez lives in Venezuela, an actual police state, and yet is willing to speak out against the system he helped create. Cohn, Mattis, and Anonymous, all living freely in the United States of America, have not been nearly so brave.
I, personally, will benefit. These, of course, are words that few people ever say out loud. Perhaps some do quietly acknowledge to themselves that they have not resigned or protested because it would cost them money or status. But no one wants a reputation as a careerist or a turncoat. (…) 
Many people in and around the Trump administration are seeking personal benefits. Many of them are doing so with a degree of openness that is startling and unusual in contemporary American politics, at least at this level. As an ideology, “Trump First” suits these people, because it gives them license to put themselves first. (…) 
(…) 
I must remain close to power. Another sort of benefit, harder to measure, has kept many people who object to Trump’s policies or behavior from speaking out: the intoxicating experience of power, and the belief that proximity to a powerful person bestows higher status. (…)
In any organization, private or public, the boss will of course sometimes make decisions that his underlings dislike. But when basic principles are constantly violated, and people constantly defer resignation — “I can always fall on my sword next time” — then misguided policies go fatally unchallenged.
In other countries, the effectiveness trap has other names. In his recent book on Putinism, Between Two Fires, Joshua Yaffa describes the Russian version of this syndrome. The Russian language, he notes, has a word — prisposoblenets — that means “a person skilled in the act of compromise and adaptation, who intuitively understands what is expected of him and adjusts his beliefs and conduct accordingly.” In Putin’s Russia, anyone who wants to stay in the game—to remain close to power, to retain influence, to inspire respect—knows the necessity of making constant small changes to one’s language and behavior, of being careful about what one says and to whom one says it, of understanding what criticism is acceptable and what constitutes a violation of the unwritten rules. Those who violate these rules will not, for the most part, suffer prison—Putin’s Russia is not Stalin’s Russia—but they will experience a painful ejection from the inner circle.
For those who have never experienced it, the mystical pull of that connection to power, that feeling of being an insider, is difficult to explain. Nevertheless, it is real, and strong enough to affect even the highest-ranking, best-known, most influential people in America. 
LOL [Laughing Out Loud] nothing matters. Cynicism, nihilism, relativism, amorality, irony, sarcasm, boredom, amusement—these are all reasons to collaborate, and always have been. Marko Martin, a novelist and travel writer who grew up in East Germany, told me that in the 1980s some of the East German bohemia, influenced by then-fashionable French intellectuals, argued that there was no such thing as morality or immorality, no such thing as good or evil, no such thing as right or wrong—“so you might as well collaborate.”
This instinct has an American variation. Politicians here who have spent their lives following rules and watching their words, calibrating their language, giving pious speeches about morality and governance, may feel a sneaking admiration for someone like Trump, who breaks all the rules and gets away with it. He lies; he cheats; he extorts; he refuses to show compassion, sympathy, or empathy; he does not pretend to believe in anything or to abide by any moral code. He simulates patriotism, with flags and gestures, but he does not behave like a patriot; his campaign scrambled to get help from Russia in 2016 (“If it’s what you say, I love it,” replied Donald Trump Jr., when offered Russian “dirt” on Hillary Clinton), and Trump himself called on Russia to hack his opponent. And for some of those at the top of his administration, and of his party, these character traits might have a deep, unacknowledged appeal: If there is no such thing as moral and immoral, then everyone is implicitly released from the need to obey any rules. If the president doesn’t respect the Constitution, then why should I? If the president can cheat in elections, then why can’t I? If the president can sleep with porn stars, then why shouldn’t I?
This, of course, was the insight of the “alt-right,” which understood the dark allure of amorality, open racism, anti-Semitism, and misogyny long before many others in the Republican Party. Mikhail Bakhtin, the Russian philosopher and literary critic, recognized the lure of the forbidden a century ago, writing about the deep appeal of the carnival, a space where everything banned is suddenly allowed, where eccentricity is permitted, where profanity defeats piety. The Trump administration is like that: Nothing means anything, rules don’t matter, and the president is the carnival king.
My side might be flawed, but the political opposition is much worse. When Marshal Philippe Pétain, the leader of collaborationist France, took over the Vichy government, he did so in the name of the restoration of a France that he believed had been lost. Pétain had been a fierce critic of the French Republic, and once he was in control, he replaced its famous creed—Liberté, égalité, fraternité, or “Liberty, equality, fraternity”—with a different slogan: Travail, famille, patrie, or “Work, family, fatherland.” Instead of the “false idea of the natural equality of man,” he proposed bringing back “social hierarchy”—order, tradition, and religion. Instead of accepting modernity, Pétain sought to turn back the clock.
By Pétain’s reckoning, collaboration with the Germans was not merely an embarrassing necessity. It was crucial, because it gave patriots the ability to fight the real enemy: the French parliamentarians, socialists, anarchists, Jews, and other assorted leftists and democrats who, he believed, were undermining the nation, robbing it of its vitality, destroying its essence. “Rather Hitler than Blum,” the saying went—Blum having been France’s socialist (and Jewish) prime minister in the late 1930s. One Vichy minister, Pierre Laval, famously declared that he hoped Germany would conquer all of Europe. Otherwise, he asserted, “Bolshevism would tomorrow establish itself everywhere.”
(…) 
The three most important members of Trump’s Cabinet—Vice President Mike Pence, Secretary of State Mike Pompeo, and Attorney General William Barr—are all profoundly shaped by Vichyite apocalyptic thinking. All three are clever enough to understand what Trumpism really means, that it has nothing to do with God or faith, that it is self-serving, greedy, and unpatriotic. Nevertheless, a former member of the administration (one of the few who did decide to resign) told me that both Pence and Pompeo “have convinced themselves that they are in a biblical moment.” All of the things they care about—outlawing abortion and same-sex marriage, and (though this is never said out loud) maintaining a white majority in America—are under threat. Time is growing short. They believe that “we are approaching the Rapture, and this is a moment of deep religious significance.” Barr, in a speech at Notre Dame, has also described his belief that “militant secularists” are destroying America, that “irreligion and secular values are being forced on people of faith.” Whatever evil Trump does, whatever he damages or destroys, at least he enables Barr, Pence, and Pompeo to save America from a far worse fate. If you are convinced we are living in the End Times, then anything the president does can be forgiven.
I am afraid to speak out. Fear, of course, is the most important reason any inhabitant of an authoritarian or totalitarian society does not protest or resign, even when the leader commits crimes, violates his official ideology, or forces people to do things that they know to be wrong. In extreme dictatorships like Nazi Germany and Stalin’s Russia, people fear for their lives. In softer dictatorships, like East Germany after 1950 and Putin’s Russia today, people fear losing their jobs or their apartments. Fear works as a motivation even when violence is a memory rather than a reality. When I was a student in Leningrad in the 1980s, some people still stepped back in horror when I asked for directions on the street, in my accented Russian: No one was going to be arrested for speaking to a foreigner in 1984, but 30 years earlier they might have been, and the cultural memory remained. 
In the United States of America, it is hard to imagine how fear could be a motivation for anybody. There are no mass murders of the regime’s political enemies, and there never have been. Political opposition is legal; free press and free speech are guaranteed in the Constitution. And yet even in one of the world’s oldest and most stable democracies, fear is a motive. The same former administration official who observed the importance of apocalyptic Christianity in Trump’s Washington also told me, with grim disgust, that “they are all scared.”
They are scared not of prison, the official said, but of being attacked by Trump on Twitter. They are scared he will make up a nickname for them. They are scared that they will be mocked, or embarrassed, like Mitt Romney has been. They are scared of losing their social circles, of being disinvited to parties. They are scared that their friends and supporters, and especially their donors, will desert them. John Bolton has his own super PAC and a lot of plans for how he wants to use it; no wonder he resisted testifying against Trump. Former Speaker Paul Ryan is among the dozens of House Republicans who have left Congress since the beginning of this administration, in one of the most striking personnel turnovers in congressional history. They left because they hated what Trump was doing to their party—and the country. Yet even after they left, they did not speak out.
They are scared, and yet they don’t seem to know that this fear has precedents, or that it could have consequences. They don’t know that similar waves of fear have helped transform other democracies into dictatorships. They don’t seem to realize that the American Senate really could become the Russian Duma, or the Hungarian Parliament, a group of exalted men and women who sit in an elegant building, with no influence and no power. Indeed, we are already much closer to that reality than many could ever have imagined.
In February, many members of the Republican Party leadership, Republican senators, and people inside the administration used various versions of these rationales to justify their opposition to impeachment. All of them had seen the evidence that Trump had stepped over the line in his dealings with the president of Ukraine. All of them knew that he had tried to use American foreign-policy tools, including military funding, to force a foreign leader into investigating a domestic political opponent. Yet Republican senators, led by Mitch McConnell, never took the charges seriously. They mocked the Democratic House leaders who had presented the charges. They decided against hearing evidence. With the single exception of Romney, they voted in favor of ending the investigation. They did not use the opportunity to rid the country of a president whose operative value system — built around corruption, nascent authoritarianism, self-regard, and his family’s business interests — runs counter to everything that most of them claim to believe in.
(…)
The price of collaboration in America has already turned out to be extraordinarily high. And yet, the movement down the slippery slope continues, just as it did in so many occupied countries in the past. First Trump’s enablers accepted lies about the inauguration; now they accept terrible tragedy and the loss of American leadership in the world. Worse could follow. Come November, will they tolerate—even abet—an assault on the electoral system: open efforts to prevent postal voting, to shut polling stations, to scare people away from voting? Will they countenance violence, as the president’s social-media fans incite demonstrators to launch physical attacks on state and city officials?
Each violation of our Constitution and our civic peace gets absorbed, rationalized, and accepted by people who once upon a time knew better. If, following what is almost certain to be one of the ugliest elections in American history, Trump wins a second term, these people may well accept even worse. Unless, of course, they decide not to.
(…) 
What would it take for Republican senators to admit to themselves that Trump’s loyalty cult is destroying the country they claim to love? What would it take for their aides and subordinates to come to the same conclusion, to resign, and to campaign against the president? (…) 
If, as Stanley Hoffmann wrote, the honest historian would have to speak of “collaborationisms,” because the phenomenon comes in so many variations, the same is true of dissidence, which should probably be described as “dissidences.” People can suddenly change their minds because of spontaneous intellectual revelations (…). They can also be persuaded by outside events: rapid political changes, for example. Awareness that the regime had lost its legitimacy is part of what made Harald Jaeger, an obscure and until that moment completely loyal East German border guard, decide on the night of November 9, 1989, to lift the gates and let his fellow citizens walk through the Berlin Wall – a decision that led, over the next days and months, to the end of East Germany itself. Jaeger’s decision was not planned; it was a spontaneous response to the fearlessness of the crowd. “Their will was so great,” he said years later, of those demanding to cross into West Berlin, “there was no other alternative than to open the border.”
But these things are all intertwined, and not easy to disentangle. The personal, the political, the intellectual, and the historical combine differently within every human brain, and the outcomes can be unpredictable. (…) 
(…) At some point, after all, the calculus of conformism will begin to shift. It will become awkward and uncomfortable to continue supporting “Trump First,” especially as Americans suffer from the worst recession in living memory and die from the coronavirus in numbers higher than in much of the rest of the world.
Or perhaps the only antidote is time. In due course, historians will write the story of our era and draw lessons from it, just as we write the history of the 1930s, or of the 1940s. The Miłoszes and the Hoffmanns of the future will make their judgments with the clarity of hindsight. They will see, more clearly than we can, the path that led the U.S. into a historic loss of international influence, into economic catastrophe, into political chaos of a kind we haven’t experienced since the years leading up to the Civil War. (…) 
In the meantime, I leave anyone who has the bad luck to be in public life at this moment with a final thought from Władysław Bartoszewski, who was a member of the wartime Polish underground, a prisoner of both the Nazis and the Stalinists, and then, finally, the foreign minister in two Polish democratic governments. Late in his life – he lived to be 93 – he summed up the philosophy that had guided him through all of these tumultuous political changes. It was not idealism that drove him, or big ideas, he said. It was this: Warto być przyzwoitym — “Just try to be decent.” Whether you were decent — that’s what will be remembered.

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O Rasputin de subúrbio perdeu as estribeiras - Paulo Roberto de Almeida

Sobre o guru presidencial e “patrono” do chanceler acidental:

Creio que eu deveria ter patenteado, ou copyrighteado, a designação “Rasputin de subúrbio”; estaria rico agora.
Também o chamo de subsofista da Virgínia, pois ele ainda teria de melhorar muito para conseguir se tornar um aprendiz de sofista. Ele consegue distorcer até o que disse Kant.
O seu “Jardim das Aflições” deveria se chamar, na verdade, “Hortinha das Alucinações”.
Ele é um fraudador da filosofia e da lógica elementar.
É só um campeão dos palavrões!
Guiness dos impropérios (como aliás o despreparado, x-rated, presidente).
O problema do Rasputin é um só: $$$$.
Foi por isso, aliás, que o general Santos Cruz foi objeto de mensagens falsas, maldosamente fabricadas, pelos fillhos aloprados do atual Bolsovirus.
Paulo Roberto de Almeida

Olavo tem razão, ou perdeu a razão, e a contenção? - Paulo Roberto de Almeida

Por uma vez (espero que seja a única), vejo-me na mesma oposição ao governo Bolsonaro que tem, fugazmente, o Rasputin de subúrbio (que pode ter se retratado, mas não importa). Mas as minhas razões estão a anos-luz de distância das do guru presidencial (que remetem a um só motivo: $$$$). Adelante, subsofista da Virgínia, ataque novamente os "generais covardes", como você diz, eles vão lhe responder, ou não, apenas ignorar...

"Em vídeo, Olavo de Carvalho ameaça derrubar governo de Bolsonaro."

O que escrevi a esse respeito? Isto:
6 de maio de 2020: O Rasputin de subúrbio acaba de romper com o seu candidato a czar, acusando-o de inoperante (no que estou de acordo), de traidor (a mim ele nunca me traiu) e mandando seu anteriormente adorado presidente enfiar a medalhinha que recebeu naquele lugar de sua predileção. 
Alguém já mandou este vídeo para o seu pupilo preferido, o chanceler acidental? 
Ou para o Encarregado de Negócios em Washington, que foi quem lhe deu aquela medalhinha? 
Onde estão todos aqueles apoiadores que sustentavam a sua vida de subsofista da Virgínia? Onde estão os aluninhos devotados às suas causas? 
Escafederam-se?
Depois de todos esses xingamentos contra seus supostos aliados, o pessoal ainda vai orgulhosamente proclamar: “OC tem razão”?
Ou simplesmente decretar: “OC perdeu a razão”?
Perguntar não ofende: o Conselho da Ordem de Rio Branco cogita por acaso retirar-lhe a comenda depois de tantas ofensas?
Triste fim.
O que vão fazer agora os olavetes?
Procurar outro guru?
Tem vários à solta no Brasil...

Olavo de Carvalho rompe com Bolsonaro e diz que pode derrubar governo - O Globo

Olavo Contra Bolsonaro: o que farão agora seus discípulos no governo? Ficam com Olavo ou com Bolsonaro?

YOUTUBE
Na madrugada, Olavo de Carvalho sinaliza nas redes rompimento com Bolsonaro e diz que pode derrubar governo
07/06/2020 • 09:01
Olavo de Carvalho sinaliza rompimento com Bolsonaro

Olavo de Carvalho sinaliza rompimento com Bolsonaro 
Apontado como uma voz de forte influência na ala ideológica do governo, o escritor Olavo de Carvalho sinalizou nas redes sociais durante a madrugada deste domingo o seu rompimento com o presidente Jair Bolsonaro. Em vídeo, o ideólogo declarou que Bolsonaro nunca foi seu amigo por não defendê-lo contra o que chamou de “gabinete do ódio contra o Olavo”, que, segundo ele, existe há décadas. O escritor ainda disse que Bolsonaro não age contra crimes e que derrubaria esse “governo de merda” se o presidente continuasse “inativo” e “covarde”.
“Milícia, gabinete do ódio, existe há muito tempo, foi inventado contra mim. Não contra o Bolsonaro. E o que ele fez pra me defender? Bosta nenhuma. Chega lá e me dá uma condecoraçãozinha. Enfia a condecoração no cu. Se você não é capaz de me defender contra essa gente toda eu não quero a sua amizade. Porque eu fui seu amigo, mas você nunca foi meu amigo. Você foi tão meu amigo quanto a peppa. Você só tira proveito e devolve o que?”, disse em trecho do vídeo. 
E continua: 
"Há décadas existe esse gabinete do ódio contra Olavo, porra. Ao invés do presidente dizer que é meu amigo, não é meu amigo não, você simplesmente se aproveitou. Ao invés de me dar uma condecoração, enfia a condecoração no cu. Tá certo? Não quero mais saber. Outra coisa, você não está agindo contra os bandidos, você vê o crime, eles cometem os crimes, você presencia em flagrante e não faz nada contra eles. Isso chama-se prevaricação. Quer levar um processo de prevaricação da minha parte? Esse pessoal não consegue derrubar o seu governo? Eu derrubo. Continue inativo, continue covarde, eu derrubo essa merda desse seu governo”, diz em vídeo.
O assunto já está entre os mais comentados do Twitter. As falas de Olavo ocorrem em meio ao avanço do inquérito das fake news no Supremo Tribunal Federal. A Corte vai julgar nesta quarta-feira uma ação em que a Rede Sustentabilidade pede o arquivamento do caso por irregularidades na tramitação. O GLOBO apurou que deve haver maioria nos votos para considerar legítimo o inquérito.
Após uma série de embates, o governo fez sinalizações ao Supremo em uma tentativa de distensionar a relação. Na mais recente, o ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, atravessou a praça dos Três Poderes na quinta-feira para se reunir com a ministra Rosa Weber.
A aproximação do governo com partidos do chamado Centrão através da entrega de cargos em postos-chaves do Executivo também tem gerado um desgaste na gestão do presidente. Conforme o GLOBO mostrou, Desde julho do ano passado, parlamentares já pediram a nomeação para mais de 700 cargos federais — em 325 deles, ou 45% dos casos, o pleito foi atendido.

Alice Cravo