O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2021

História mundial da monocultura: projeto de pesquisa

 O Brasil é um dos campeões mundiais da monocultura, mas ele pratica todas, ao mesmo tempo ou sucessivamente, como nos ciclos de produtos, dos quais o café foi o mais longevo (mas o açúcar ainda está aí, desde 500 anos), e hoje temos todos os tropicais.

ANN: New Research Community: Global Histories of Monoculture

by Jennifer Wunn

Your network editor has reposted this from H-Announce. The byline reflects the original authorship.

Type: 
Online Digital Resources
Date: 
September 30, 2026
Location: 
Georgia, United Kingdom
Subject Fields: 
Environmental History / Studies, World History / Studies, Rural History / Studies, Latin American and Caribbean History / Studies

Announcing a New Research Community: Global Histories of Monoculture


Monocultures are a pillar of the modern world. They provide the lion’s share of food and a significant part of the non-food resources that underpin life in the global twenty-first century. But their triumph did not lack ambiguities. Numerous studies have provided us with a good understanding of the toll that monocultures have taken on landscapes, socioeconomic systems and minds. What is understood less well is the underlying rationale: why did agriculturalists and foresters in otherwise different parts of the world gravitate towards a reliance on one single commodity?

Answering this question is at the heart of the new project “The Making of Monoculture: A Global History” (MaMoGH). Generously funded by an Advanced Grant from the European Research Council, MaMoGH is dedicated to a bottom-up approach. We want to engage with different monocultures all over the world and explore the same set of questions: who were the agents that typically pushed towards monoculture? What were their interests and mindsets, and how did they change over time? And how did people and institutions cope with the manifold problems of monoculture? For all the diversity of farming and forest systems around the world, we contend that there are recurring features in the making of monocultures that this project seeks to identify and analyze in their significance, requirements, and consequences.

MaMoGH extends an invitation to all scholars who are currently working on pertinent historical projects. We plan to organize workshops and other events in due course, and we want to create a greater awareness of ongoing research around the world. We will also offer job opportunities for post-doctoral researchers in the near future, and we are open to conversations about project ideas if you plan to apply.

If you want to become part of our network, please use the following link and provide us with some information about yourself and your project. Please give us your name, your contact email, a project title, a brief, 100-word description, and your institution affiliation (if any), and please specify whether you consent to publishing your information on our website. We also ask confidentially whether you are interested in jobs and fellowships. We will not publish this information or share it with anyone, but we may contact you in advance of calls for applications and make ourselves available for one-on-one discussions.

https://www.birmingham.ac.uk/research/monoculture/contact-form-making-of...
 

Contact Email: 

Aux Pays-Bas et en Belgique, la percée sanglante des mafieux - Thomas Saintourens et Simon Piel (Le Monde)

 As gangues de mafiosos deixaram de ser um simples problema de polícia; elas se tornaram questões de segurança nacional


Aux Pays-Bas et en Belgique, la percée sanglante des mafieux

Par Thomas Saintourens et Simon Piel
Aujourd’hui à 05h57, mis à jour à 06h35.
Article réservé aux abonnés
ENQUÊTE « L’Europe des “narcos” » (1/2). Dans une enquête en deux volets, « Le Monde » revient sur l’essor du crime organisé au Benelux. De puissants groupes de trafiquants de drogue, ayant pour certains des attaches au sein de la communauté marocaine, ont émergé ces dernières années dans un contexte d’extrême violence. 
Le Monde, le 22 décembre 2021

C’est un bâtiment à un étage, aux briques ocre, dans la banlieue ouest d’Amsterdam. Situé au bout de la rue Zuidermolenweg, aux confins de la zone commerciale du quartier d’Osdorp, il se remarque bien moins que le revendeur de Hummer américains situé en face. Rien ne le distingue, en dehors de ses volets fermés et de ses barrières de sécurité. Mais chacun sait, dans les parages, que cet ancien immeuble de bureaux accueille un public bien particulier. « Qui vient aujourd’hui ? »,interrogent deux passantes, apparemment coutumières de l’agitation ambiante.

Ce mercredi 17 novembre, derrière les murs sécurisés du « bunker », ainsi qu’il a été surnommé, un homme est jugé : Jeffrey Slaap, 31 ans. Un tueur réputé, à en croire la police. Tout juste extradé d’Espagne, où il se cachait, le voici qui comparaît devant ses juges, blouson de cuir et catogan ajusté. L’affaire est importante : elle a mis au jour la responsabilité d’une équipe criminelle, à laquelle ce Néerlandais serait lié, dans le cadre d’un conflit entre trafiquants de cocaïne. Les faits remontent au 31 décembre 2015. Ce soir-là, dans un bourg sans histoire du sud du pays, deux frères membres d’une bande rivale sont visés par des tirs d’armes automatiques alors qu’ils se trouvent dans leur voiture. Atteint à la tête, Chahid Yakhlaf, 27 ans, ajoute son nom à la liste des victimes de la « guerre de la coke » qui a fait plus de quatre-vingts morts en moins de dix ans aux Pays-Bas.

Face aux risques d’attaques et d’évasions, le gouvernement a décidé, il y a plusieurs années, d’organiser les comparutions les plus sensibles dans ce bâtiment de la périphérie. Avant Jeffrey Slaap, l’unique salle d’audience, équipée de vitres pare-balles pour séparer la presse, le public et le prétoire, a vu défiler certains des principaux cadres du crime organisé national, des trafiquants dont la puissance et la violence n’ont cessé de croître à mesure que le marché de la cocaïne explosait en Europe. Pareil casting fait du « bunker » un endroit à part, surprotégé et fortement symbolique. A sa façon, c’est un peu l’épicentre judiciaire du phénomène criminel qui frappe au plus profond les Pays-Bas et la Belgique, deux pays devenus, en quelques années, les plus importantes portes d’entrée de la coke en Europe.

Depuis le mois de mars 2020 et l’ouverture du procès Marengo – du nom d’un autre dossier –, les riverains ne s’étonnent plus du ballet presque quotidien des hélicoptères et des voitures de la police fédérale – jusqu’à 700 agents mobilisés par jour –, venues toutes sirènes hurlantes conduire jusqu’à la cour les dix-sept prévenus. La tête d’affiche de ce film sans fin est un Néerlandais de 44 ans, né au Maroc : Ridouan Taghi, alias De Kleine (« le Petit »). Interpellé à Dubaï en décembre 2019, il est considéré comme le chef de l’un des clans les plus redoutés du pays, un gang qu’il a lui-même baptisé « les Anges de la mort ».



terça-feira, 21 de dezembro de 2021

O Chile e o Brasil: consequências políticas da vitória de Boric para o Brasil (matérias de imprensa)

 Bolsonaro perde aliados na América e sofre prejuízos do isolamento


Brasileiro colhe outro revés com a eleição do esquerdista Boric, no Chile, e inicia o último ano de sua gestão mais isolado do que nunca

Raphael Veleda
Metrópoles, 21/12/2021 

A vitória do esquerdista Gabriel Boric nas eleições presidenciais chilenas no último domingo (19/12) foi mais uma na série de más notícias para o presidente Jair Bolsonaro (PL) no cenário internacional.

Por escolha e falta de sorte, o governo brasileiro trilhou um caminho rumo ao isolamento diplomático ao longo dos primeiros três anos de mandato, segundo especialistas e diplomatas ouvidos pelo Metrópoles, e agora colhe os amargos frutos desse ostracismo.

A gestão Bolsonaro teve início em meio a uma conjuntura externa positiva. A diplomacia apostou suas fichas numa aproximação sem precedentes com os Estados Unidos, então governados pelo direitista Donald Trump, e o Brasil ainda contava com aliados ideológicos no poder na maioria dos vizinhos estratégicos: Maurício Macri, na Argentina; Iván Duque, na Colômbia; Martín Vizcarra, no Peru; Enrique Peña Nieto, no México; e Sebastián Piñera, no Chile. Três anos depois, quase todos eles foram tirados do poder pela oposição e, assim como no Brasil, na Colômbia haverá eleição em 2022 e o favorito nas pesquisas é de esquerda: o senador Gustavo Petro.

O crescente isolamento diplomático incomoda Bolsonaro e seu entorno. Enquanto esta reportagem era produzida, o presidente brasileiro era o único líder sul-americano que ainda não havia cumprimentado Boric por sua vitória. Já o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), principal antagonista político de Bolsonaro no Brasil, já havia feito isso no domingo, além de ter previsto uma aliança com o chileno e com o argentino Alberto Fernández, caso também vença a eleição do ano que vem.

A proximidade com a esquerda brasileira também fez com que Bolsonaro ignorasse a vitória de Fernández, em 2019, quando não só não o parabenizou, mas lamentou sua vitória, inaugurando uma relação fria com um dos maiores parceiros históricos do Brasil na região.

Os prejuízos
A escolha por uma política externa de enfrentamento aos organismos multilaterais e o fracasso de aliados nos quais o Brasil apostou estão causando prejuízos reais ao Brasil de acordo com o cientista político Guilherme Casarões, professor da Fundação Getulio Vargas (FGV) e pesquisador da extrema-direita no mundo. “Portas foram fechadas e nossa margem de manobra em temas comerciais ficou bem estreita”, afirmou ele, em entrevista ao Metrópoles.

Um dos exemplos desse prejuízo foi dado pelo próprio Bolsonaro em seu discurso na última reunião de chefes de Estado do Mercosul, na semana passada, quando ele admitiu não ter conseguido avançar no objetivo de reduzir a Tarifa Externa Comum do bloco durante a presidência temporária do Brasil. “Lamentamos que não tenhamos podido lograr acordo neste semestre sobre esse tema, a despeito dos esforços realizados pelo Brasil e de nossa disposição de aceitar redução inferior àquela que planejávamos inicialmente”, disse o brasileiro.

Outros reveses
O insucesso em flexibilizar a tarifa comum no Mercosul se junta a outros problemas recentes que têm relação com o isolamento diplomático. Também na última semana, o país foi surpreendido pela notícia de que cinco redes europeias de supermercados não vão mais vender carne brasileira devido ao problema do desmatamento na cadeia de produção. Esse revés veio logo após o Brasil conseguir reverter outro boicote à sua carne, esse da China, que durou mais de três meses e causou prejuízo próximo a R$ 10 bilhões, segundo a Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA).

Num cenário de longo prazo, o governo Bolsonaro viu supostas vitórias diplomáticas se transformarem em problemas. Em 2019, primeiro ano da atual gestão, o então presidente norte-americano, Donald Trump, anunciou apoio à ambição brasileira de integrar a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que é uma espécie de clube dos países ricos.

Com a derrocada de Trump, porém, o processo pouco andou desde então. O mesmo acontece com o acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia, fechado em junho de 2019, mas que não foi ratificado pelos parlamentos de países do Velho Continente, como a França. As nações que resistem usam o comportamento errático de Bolsonaro como motivo para não fecharem de vez um acordo que pode pressionar suas próprias economias.

Saída de Ernesto Araújo fez pouca diferença
A política externa brasileira tenta voltar a um comportamento mais pragmático desde março deste ano, quando um dos auxiliares mais ideológicos de Bolsonaro, o diplomata Ernesto Araújo, foi trocado pelo discreto Carlos França. Para Guilherme Casarões, no entanto, a mudança foi mais na forma do que no conteúdo.

“Claro que é positivo a gente não ter um chanceler tuitando absurdos o tempo todo, mas França não tem muito espaço para mudanças mais profundas porque é funcionário de Bolsonaro e também precisa lidar com as bravatas e maluquices do presidente”, afirmou ele, lembrando que Bolsonaro usou seu discurso na Assembleia Geral da ONU neste ano para defender a política brasileira para o meio ambiente e insistir em tratamentos ineficazes contra a Covid-19.

Para o cientista político, o prejuízo da política bolsonarista para a diplomacia brasileira ainda deverá durar algum tempo. “Quem assumir o próximo governo vai ter de lidar com um passivo diplomático muito grande e vai precisar arrumar os rumos da política externa. Se Bolsonaro for o vencedor das eleições, a dificuldade será maior ainda, pois ele está carente de aliados e necessitará inventar um jeito de lidar com um isolamento que atrapalha”.

Diplomatas do Itamaraty ouvidos pela reportagem sob a condição de anonimato concordam com essa avaliação e lamentam a perda de influência do Brasil em debates globais nos quais havíamos conquistado relevância, como em relação ao meio ambiente, aos direitos humanos e à saúde pública em nível global.

Para eles, a saída de Ernesto Araújo foi positiva, mas seu legado é forte e pode ser resumido num discurso do ex-chanceler feito em outubro de 2020, quando disse a novos diplomatas que estavam se formando no Instituto Rio Branco: “Se a nova política externa do Brasil faz de nós um pária internacional, então que sejamos esse pária”.

https://www.metropoles.com/brasil/bolsonaro-perde-aliados-na-america-e-sofre-prejuizos-do-isolamento


Bolsonaro silencia, e aliados lamentam vitória de Boric no Chile


Presidente é praticamente o único na América do Sul que ainda não se manifestou

Marianna Holanda
Folha de S. Paulo, 20.dez.2021

Um dia depois de o Chile eleger o esquerdista Gabriel Boric, Jair Bolsonaro (PL) ainda não o havia parabenizado pela vitória até as 18h desta segunda-feira (20). Aliados do presidente, por sua vez, lamentaram o resultado nas redes sociais.

Dentre os principais mandatários da América do Sul, só Bolsonaro não havia se pronunciado. Ele está, desde a sexta-feira passada (17), em Guarujá (SP).

O presidente do Paraguai, Mario Abdo Benitez, por exemplo, felicitou Boric e disse que os países trabalharão juntos para seguir fortalecendo as relações entre os países.

Já Alberto Fernandez, da Argentina, disse: "Devemos assumir o compromisso de fortalecer os laços de irmandade que unem nossos países, e trabalhar unidos na região para pôr fim à desigualdade na América Latina".

Reservadamente, embaixadores relataram mal-estar com a demora do Brasil em se manifestar. O processo deve partir do presidente, em nome do governo, e depois o Itamaraty também costuma divulgar uma nota.

Na época em que Fernández foi eleito na Argentina, em 2019, Bolsonaro não só não o parabenizou como lamentou sua vitória. O líder argentino é próximo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Líder dos protestos estudantis de 2011, Boric foi eleito no domingo (19) ao derrotar o ultradireitista José Antonio Kast. Venceu por 55,8% contra 44,1%.

Com 4,6 milhões de eleitores, o candidato da Frente Ampla se tornou mais votado da história chilena. O voto não é obrigatório no país, mas mais da metade da população compareceu às urnas (55,65%).

Ainda assim, aliados do presidente Bolsonaro ressaltavam a alta abstenção e faziam relação com a disputa em 2022 no Brasil.

"Bater no peito dizendo que não votou em político nenhum só fará a história [no Brasil] se repetir", disse Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), deputado federal e filho do presidente.

"Se não percebermos a estratégia da esquerda acabaremos governados por um deles".

Já o vereador do Rio de Janeiro e filho do presidente, Carlos Bolsonaro, disse que, "enquanto isso no Brasil", cresce o possível voto na "terceira via", que chamou de "LULO", dando a entender que pode beneficiar Lula.

O tom nas redes bolsonaristas, que levantaram a hashtag #JairOuJáEra, foi de alarmismo com a eleição chilena. O ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles disse: "O Chile caiu".

A ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alvesa publicou no Twitter um mapa da América do Sul com o símbolo comunista da foice e do martelo.

"Como ainda tem gente que não entendeu, me pediram para desenhar! Não é de Bolsonaro que falo, é de esperança, é de democracia! Sim, a mais importante eleição do mundo no ano de 2022 acontecerá no Brasil!", afirmou.

A imagem foi compartilhada por apoiadores do presidente.

Ainda que Boric seja diametralmente oposto no espectro ideológico a Bolsonaro, experientes diplomatas no Itamaraty veem-no como diferente de outras lideranças esquerdistas mais tradicionais da região.

A avaliação é de que ele não terá uma postura tão nacionalista na economia como Fernández, por exemplo. O Chile é um importante parceiro comercial do Brasil.

A expectativa é de que ele terá de fazer alianças com demais partidos, de forma a caminhar mais ao centro. Sua agenda à esquerda, apostam, se dará mais quanto à pauta dos "costumes", como questões de gênero.

Para conseguir se eleger, Boric teve de adotar um tom mais moderado em seu discurso e se reconciliou com a Concertação, aliança de centro-esquerda que governou o Chile por 20 anos. Ele representa a nova geração de políticos de esquerda que emergiram das revoltas estudantis de 2011.

O resultado da eleição chilena marca também a derrota de Kast, que sustenta bandeiras consideradas conservadoras do ponto de vista social e é admirador do ditador Augusto Pinochet (cujo regime matou mais de 3.000 pessoas, segundo estimativas oficiais).

https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2021/12/bolsonaro-silencia-e-aliados-lamentam-vitoria-de-boric-no-chile.shtml?utm_source=twitter&origin=folha


Chile mostra que refluxo da direita pode chegar ao Brasil

Vitória de Boric marca virada na América Latina para governos de esquerda voltados ao diálogo e a causas sociais

Guilherme Boulos
Folha de S. Paulo, 20.dez.2021 

Enfim, abriram-se as grandes alamedas chilenas por onde passarão o homem e a mulher livres. Essa foi a previsão de Salvador Allende em seu último e corajoso discurso, antes de ter o Palácio de La Moneda bombardeado e ser morto pelas forças golpistas de Pinochet. Demorou 48 anos, mas as alamedas se abriram neste domingo.

A vitória de Gabriel Boric sobre José Antonio Kast representa uma espécie de segunda morte do pinochetismo, o mais cruel regime latino-americano. Foi a expectativa de presenciar esse acerto de contas histórico que me levou, com a delegação do PSOL, a Santiago para acompanhar as eleições.

O resultado tem dois significados diretos para a América Latina. Simboliza, primeiro, o refluxo da ofensiva direitista. No último período, a esquerda venceu na Bolívia, no Peru, em Honduras e, agora, no Chile. Já havia vencido antes no México e na Argentina. No Brasil, Bolsonaro está enfraquecido, e pesquisas indicam amplo favoritismo de Lula para 2022. Ao que parece, a onda de governos autoritários e antipopulares se desfaz antes do que muitos imaginavam.

E Boric venceu apesar de todo o jogo baixo da extrema direita. Tantas foram as fake news que ele teve que mostrar um exame toxicológico para comprovar que não usava drogas. No dia do pleito, empresas de ônibus reduziram a frota para dificultar a locomoção de eleitores, afetando mais a base de Boric. Ainda assim o comparecimento foi recorde, e a vitória foi por margem maior do que a esperada, 55% a 45%.

O segundo ponto que merece destaque é a chegada de nova geração de esquerda ao poder. Boric tem 35 anos. É produto das grandes mobilizações estudantis de 2011, que também formaram lideranças como Giorgio Jackson e Camila Valejos, com papel de destaque na coalizão vitoriosa e provavelmente no futuro governo. Foram ainda os jovens chilenos que protagonizaram as grandes mobilizações de 2019, sem as quais a vitória de Boric seria impensável.

Pude conversar com várias dessas lideranças e com o próprio Boric nesses dias em Santiago e é muito bom ver como não carregam velhos vícios políticos, têm abertura para novas pautas —com destaque para a ambiental e a feminista— e são capazes de uma comunicação mais direta com a juventude, sem chavões tradicionais.

Mas o governo de Boric terá grandes dificuldades, a começar pelo boicote anunciado de setores econômicos e por não ter maioria parlamentar. Além disso, a contraofensiva da direita se concentrará na Constituinte, formada como resposta à revolta popular. A próxima batalha será o plebiscito sobre as alterações constitucionais progressistas. E não será fácil. Na verdade, nunca foi. Mas os ventos que vem do Chile nos enchem de esperança. O próximo acerto de contas será no Brasil.

https://www1.folha.uol.com.br/colunas/guilhermeboulos/2021/12/chile-mostra-que-refluxo-da-direita-pode-chegar-ao-brasil.shtml

segunda-feira, 20 de dezembro de 2021

Uma entrevista (não concedida) a revista A Granja sobre a política agrícola europeia, em 2001, e a postura brasileira

"Descobri" mais um texto inédito em meus arquivos. Como o assunto permanece de atualidade, permito-me divulgar agora seu teor: 

836. “O Brasil e o Comércio Agrícola Mundial”, Washington, 5 dezembro 2001, 9 p. Elementos de informação para eventual entrevista à revista A Granja (agranja.com), de Porto Alegre, não concedida por motivo de restrições à expressão livre do pensamento por parte do Itamaraty (“lei da mordaça”). 


O Brasil e o Comércio Agrícola Mundial

 

Paulo Roberto de Almeida

Washington, 5/12/2001

 

1.     Primeiramente, gostaria que o Sr. fizesse uma análise do agronegócio brasileiro sob a ótica de seu livro Os Primeiros Anos do Século XXI: Relações Internacionais Contemporâneas. (discorrer sobre esse enfoque) 

No início do século XXI, o agronegócio internacional não tem mais nada a ver com a concepção tradicional das atividades rurais ou agrícolas, tais como descritas pelos economistas fisiocratas do século XVIII e conhecidas durante grande parte do século XIX e XX. O agronegócio hoje representa o que se poderia chamar de “grane indústria” e talvez ele seja ainda mais do que isso, pois se trata de um complexo de atividades que engloba a mobilização de insumos altamente especializados no setor propriamente produtivo, mas que mobiliza também serviços qualificados de organização e distribuição do chamado novo terciário (pesquisa e desenvolvimento, assistência técnica, mercados futuros, marketing), ademais dos serviços mais tradicionais (transportes, comunicações, publicidade), que, tomados em sua totalidade nada ficam a dever às mais sofisticadas atividades produtivas da atualidade (na informática ou na biotecnologia, por exemplo, aos quais ele aliás faz apelo).

O agronegócio brasileiro está seguindo plenamente essas tendências internacionais e, em função de nossa excepcional dotação de fatores e capacidade gerencial e espírito moderno dos agricultores brasileiros, deve converter-se num dos setores de ponta da economia brasileiro, sendo já responsável por uma das principais fontes de geração de renda e inovação tecnológica. 

 

2.     Nesse mundo globalizado, quais as expectativas e desafios do agribusiness nacional nesse ano que se inicia (2002)?  

Continuar incessantemente a marcha da contínua qualificação técnica do aparato produtivo, vincular-se de maneira estreita aos sistemas de informação e comercialização no plano mundial e desenvolver nossos próprios vetores de “poder” no campo do agribusiness internacional, o que significa capacidade de influenciar as tendências do mercado e antecipar-se às suas transformações. Isto significa superar as fronteiras exclusivamente nacionais do agronegócio e continuar no sentido de uma inserção cada vez mais dinâmica na economia internacional. O Brasil tem todas as condições para ser o que se chama de “major player” nos mercados agrícolas internacionais e não devemos renunciar a esse papel 

 

3.     Na sua opinião, o Brasil é competitivo na área agrícola?

Plenamente, ainda que diversos fatores restritivos ainda atuem negativamente em nossa inserção competitiva. Esses fatores podem ser intrínsecos (como a necessidade de continuar fazendo progressos em termos de pesquisa agrícola, biotecnológica, de incorporação de técnicas informatizadas na organização produtiva e de comercialização), mas são também e principalmente de natureza extrínseca à atividade propriamente agrícola. Esses problemas estão em grande medida associados ao chamado “custo Brasil”, estando vinculados a uma estrutura tributária ineficiente ou anticompetitiva, custos elevados nos setores de transportes e armazenagem, e sobretudo no que se refere ao custo do capital, isto é, recursos financeiros para produção e comercialização (que são ainda bastante elevados no Brasil, comparativamente a outros países).

Não devemos, contudo, cair na “facilidade” dos programas subvencionados para a produção ou comercialização externa dos produtos do agronegócio. Trata-se de um custo que a sociedade brasileira claramente não pode suportar e que, ademais, vai no sentido contrário ao das tendências internacionais, que caminham para a eliminação desses fatores distorcivos do comércio internacional e do próprio processo de formação de preços no plano interno.

 

4.     O que nos falta, falando em mercado internacional, é puramente posicionamento político e/ou marketing?

Ambos, mas cada um deve ser apreciado à sua justa medida. O marketing depende apenas de nós, de nosso esforço interno, da capacidade de nossos líderes empresariais e da incorporação de know-how que nossos jovens agricultores podem e devem aprender tanto dentro como fora do País e colocar a serviço do agronegócio nacional.

O posicionamento político no plano externo é bem mais complicado, pois estamos em face de competidores poderosos – como são os Estados Unidos e a União Européia – que mobilizam recursos imensos para proteger de maneira escandalosa, quase obcena, seus setores agrícolas, ao mesmo tempo em que concedem generosos subsídios à produção interna e às exportações.

 

5.     Podemos afirmar que o protecionismo agrícola, dos Estados Unidos e da Europa, é o nosso principal obstáculo em relação ao comércio exterior?

Ele é certamente um obstáculo poderoso, mas devemos considerar igualmente barreiras técnicas (normas e regulações fito e zoosanitárias) que podem ser utilizadas de maneira indevida, bem como o próprio complexo financeiro-mercadológico dos mercados externos de commodities e outros produtos processados de origem agrícola. As medidas de apoio interno são provavelmente ainda mais danosas do que o protecionismo estrito senso. Mas certamente que devemos combater com toda a força o protecionismo dos países mais avançados. 

 

6.     Como podemos nos armar e articular para derrubar estas barreiras impostas pelos ditos países ricos?

Realizando articulações entre grupos de países, construindo alianças com parceiros ostentando interesses similares, mas sendo também extremamente vocais em todo e qualquer encontro internacional: não podemos deixar passar uma ocasião sequer de protestar, reivindicar, reclamar, expor os fatos, mostrar a crueza dos números relativos a subsídios maciços ou denunciar a arbitrariedade de determinadas “normas técnicas”. A toda e qualquer viagem no exterior, a toda e qualquer visita de dirigente estrangeiro neste país devemos mostrar nossa realidade: uma economia agrícola pujante, que se vê injustamente já obstaculizada por barreiras e subsídios ilegais e imorais nos países desenvolvidos.

 

7.     A ALCA e a OMC podem ser um caminho real e concreto para o governo brasileiro abrir novos mercados para o nosso produto?

A Alca no plano regional, a OMC no plano multilateral, certamente podem constituir vias concretas de abertura de mercados para os produtos brasileiros, assim como de criação de novas oportunidades de projeção estratégica internacional. O agronegócio brasileiro não pode mais ser pensado apenas em escala nacional, ele deve projetar-se externamente e constituir marcas e redes de distribuição no plano internacional. Esta é a condição de seu crescimento contínuo.

 

8.     No seu ponto de vista, acordos internacionais realmente serão eficientes para a economia brasileira ou nunca deixaremos de atender totalmente as ‘normas’ dos países ricos?

Os acordos internacionais são basicamente normas reguladoras de acesso a mercados e de imposição de regras de concorrência. Eles são a única garantia de que o comércio exterior não será obstaculizado por regras arbitrárias e protecionistas impostas pelos mais poderosos. Devemos tornar-nos negociadores internacionais mais eficientes, com a incorporação de economistas agrícolas e de representantes dos produtores em todas as delegações de interesse regional e multilateral que comparecem em foros negociadores.

 

9.     Quando se trata de mercado internacional porque toda e qualquer negociação é tão complicada?

Estamos falando de um número muito grande de países, ostentando níveis diversos de desenvolvimento, com estruturas econômicas e produtivas desiguais e sobretudo com instituições políticas e sociais respondendo a diferentes prioridades. No caso da agricultura, ela ainda desperta sentimentos e reações que não são os mesmos dos fatores associados à indústria ou serviços tradicionais, daí o número elevado de disposições especiais que regulam esse setor nos diferentes países que participam do mercado internacional. Devemos, portanto, esforçar-nos para demonstrar que não existe, na atualidade, riscos de ruptura alimentar e que a agricultura deve ser tratada como uma atividade como qualquer outra, submetida às regras sadias da concorrência e aberta aos talentos e competitividade.

 

10.  Qual é o peso, a participação, atual da agricultura brasileira lá fora?

Bastante importante em diversos mercados setoriais, mas ainda pouco relevante em termos de definição do equilíbrio de mercados globais, por falta de condições financeiras, pela ausência de multinacionais brasileiras no setor etc. O panorama está mudando e certamente nossa “hegemonia” setorial (no complexo soja, por exemplo) poderá vir a constituir uma poderosa alavanca de participação brasileira nos mercados agrícolas mundiais.

 

11.  Qual a sua análise sobre os efeitos do custo Brasil nas exportações brasileiras?

Extremamente danoso de forma geral, mas mais importante no setor industrial do que para a área agrícola que, ainda assim, consegue ser competitiva, graças a uma boa dotação de fatores e à capacidade superior de nossos homens de negócios do “campo”. Na verdade, o custo Brasil depende inteiramente de nós mesmos e, portanto, pode ser resolvido com base num consenso político em torno das reformas necessárias.

 

12.  E a crise da Argentina, de que maneira poderá refletir no mercado agrícola brasileiro?

Trata-se de uma influência marginal, já que ambos os países são ofertantes e bons competidores em diversos setores do agribusiness mundial. A Argentina certamente conseguirá superar seus atuais problemas de competitividade e o Brasil, corrigido o custo Brasil, também tem todas as condições de ser, como já é em parte, uma grande potência agrícola internacional.

 

13.  O Mercosul está cada vez mais perdendo espaço e força?

Não, ele atravessa uma crise temporária que não deriva de seus fundamentos ou mecanismos internos. Trata-se de uma crise dos países membros, não do próprio Mercosul. Uma vez superada essa crise, ele voltará a desempenhar um papel importantíssimo na estratégia brasileira de inserção internacional.

 

14.  Existe futuro para o bloco econômico do Sul tendo em vista a crise da Argentina, nosso principal parceiro comercial?

Certamente, estou plenamente confiante em que a crise será superada e que o Mercosul voltará a representar um fator estratégico na capacidade externa de barganha, sobretudo na área do agronegócio. A Argentina continuará sendo um dos principais parceiros comerciais do Brasil qualquer que seja o destino ou evolução ulterior do Mercosul.

 

15.  É recente no Brasil a tomada de decisões que desafiam as grandes potências, como a da quebra de patentes dos remédios do coquetel anti-aids  e  a imposição da inclusão do agronegócio nas negociações da ALCA. Estamos abandonando a cultura da submissão?

Não quebramos nenhuma patente ainda, mas apenas indicamos que estaríamos dispostos a coibir o abuso de poder econômico na área patentária, eventualmente utilizando o mecanismo do licenciamento compulsório. Certamente que na última conferência ministerial da OMC, em Doha, fomos um dos mais ativos participantes, como aliás já tinha sido o caso em ocasiões anteriores. Desta vez, ocorreu uma combinação de fatores favoráveis, entre eles uma coordenação adequada no plano interno e externo, o dinamismo dos nossos negociadores, o que permitiu alcançar resultados altamente satisfatórios… em termos de “promessas”. Não nos iludamos, porém, os grandes combates ainda estão por vir e não será fácil lograrmos alcançar nossos objetivos em termos de resultados negociadores.

Nunca houve submissão na diplomacia econômica brasileira, mas havia a percepção de que podíamos ser mais ativos. Esse ativismo tornou-se mais transparente nos últimos meses e anos. Cabe destacar o papel da diplomacia presidencial, mas igualmente a alta qualidade profissional, intelectual, e a competência técnica de nossos negociadores, tanto do Itamaraty, como dos ministérios setoriais. A mobilização da chamada sociedade civil também foi importante para alcançarmos uma “massa crítica” que nos fez defender de maneira tenaz nossos objetivos negociais.

 

domingo, 19 de dezembro de 2021

Gorbachev: fim da URSS; Putin: a maior tragédia geopolítica do século XX - Isabelle Mandraud (Le Monde)

 NTERNATIONAL

De l’implosion de l’Union soviétique au retour de l’ingérence russe

En 1991, Mikhaïl Gorbatchev avait tiré un trait sur l’intervention de Moscou dans les affaires intérieures des anciennes républiques soviétiques. En menant contre elles une politique agressive, Vladimir Poutine ravive la confrontation avec l’Ouest. 
Par Isabelle Mandraud
Le Monde, 19/12/2021
Capture d’un écran télévisé diffusant l’adresse à la nation du président soviétique Mikhaïl Gorbatchev à Moscou, le 25 décembre 1991.
Capture d’un écran télévisé diffusant l’adresse à la nation du président soviétique Mikhaïl Gorbatchev à Moscou, le 25 décembre 1991. TV GRAB / AFP

Il est 19 h 32, ce 25 décembre 1991, lorsque le drapeau orné de la faucille et du marteau est abaissé pour la dernière fois sur la place Rouge, à Moscou. Dernier dirigeant de l’URSS, Mikhaïl Gorbatchev vient de prononcer un discours à la télévision : douze minutes d’allocution pour entériner, en même temps que sa démission, la disparition d’un géant, l’Union soviétique.

« La ligne du démembrement du pays et de la dislocation de l’Etat a gagné, dit-il sur le ton des regrets. Le destin a voulu qu’au moment où j’accédais aux plus hautes fonctions de l’Etat [en 1985], il était déjà clair que le pays allait mal. Tout ici est en abondance, la terre, le pétrole, le gaz, le charbon, les métaux précieux, sans compter l’intelligence et les talents (…) et pourtant, nous vivons bien plus mal que dans les pays développés, nous prenons toujours plus de retard par rapport à eux. »

Ce constat sans appel, il l’attribue au fait que « la société étouffait dans le carcan du système de commandement administratif, condamné à servir l’idéologie et à porter le terrible fardeau de la militarisation ». Puis il annonce qu’il part, « avec inquiétude, mais aussi espoir »Cette ultime interventionn’intéresse que les étrangers. « Un seul journal de Moscou, la Rabotchaïa Gazeta, osa reproduire dans ses colonnes ce discours d’adieu », note Andreï Gratchev, conseiller et porte-parole de Mikhaïl Gorbatchev, dans son ouvrage Le jour où l’URSS a disparu, paru le 24 novembre aux Editions de l’Observatoire (250 pages, 20 euros).



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sábado, 18 de dezembro de 2021

Deterring Dictatorship: Explaining Democratic Resilience since 1900: a working paper of Democracy Institute, University of Gothenburg

O mundo recua para a DITADURA: uma representação dramática desta evolução, pois mais países estão hoje na tendência da autocratização do que na de democratização. Este quadro figura no Apêndice do estudo abaixo: 

 https://papers.ssrn.com/sol3/Delivery.cfm/SSRN_ID3605368_code2397318.pdf?abstractid=3605368&mirid=1

Deterring Dictatorship: Explaining Democratic Resilience since 1900

40 Pages Posted: 19 May 2020

Vanessa Alexandra Boese

University of Gothenburg - V-Dem Institute

Amanda B. Edgell

University of Gothenburg

Sebastian Hellmeier

affiliation not provided to SSRN

Seraphine F. Maerz

University of Gothenburg

Staffan I. Lindberg

University of Gothenburg - Varieties of Democracy Institute; University of Gothenburg - Department of Political Science

Date Written: May 2020

Abstract

Democracy is under threat globally from democratically elected leaders engaging in erosion of media freedom, civil society, and the rule of law. What distinguishes democracies that prevail against the forces of autocratization? This article breaks new ground by conceptualizing democratic resilience as a two-stage process, whereby democracies first exhibit resilience by avoiding autocratization altogether and second, by avoiding democratic breakdown given that autocratization has occurred. To model this two-stage process, we introduce the Episodes of Regime Transformation (ERT) dataset tracking autocratization since 1900. These data demonstrate the extraordinary nature of the current wave of autocratization: Fifty-nine (61%) episodes of democratic regression in the ERT began after 1992. Since then, autocratization episodes have killed an unprecedented 36 democratic regimes. Using a selection-model, we simultaneously test for factors that make democracies more prone to experience democratic regression and, given this, factors that explain democratic breakdown. Results from the explanatory analysis suggest that constraints on the executive are positively associated with a reduced risk of autocratization. Once autocratization is ongoing, we find that a long history of democratic institutions, durable judicial constraints on the executive, and more democratic neighbours are factors that make democracy more likely to prevail. 

Boese, Vanessa Alexandra and Edgell, Amanda B. and Hellmeier, Sebastian and Maerz, Seraphine F. and Lindberg, Staffan I., Deterring Dictatorship: Explaining Democratic Resilience since 1900 (May 2020). V-Dem Working Paper 101, Available at SSRN: https://ssrn.com/abstract=3605368 or http://dx.doi.org/10.2139/ssrn.3605368