segunda-feira, 23 de maio de 2022

Academia.edu: 430 localidades de acesso a papers de Paulo Roberto de Almeida

 Minha pequena ONU dos países de acesso a papers em Academia.edu

 

Paulo Roberto de Almeida

(www.pralmeida.org; diplomatizzando.blogspot.com)

Levantamento efetuado em 23/05/2022

 

 

Retiro do Analytics da plataforma Academia.edu os “países” de acessos a meus trabalhos disponíveis nessa plataforma de interação social. Registro que, depois do Brasil, obviamente em primeiro lugar, e dos Estados Unidos, o segundo lugar no número de acessos, a menção “Unknown” é uma das mais comuns, motivo pelo qual eu suprimi as entradas sob essa menção, uma vez que elas são provenientes de alguns dos demais países mencionados, apenas que por mecanismos de acesso não identificados.

Registro também que a “minha” ONU é maior do que a ONU política oficialmente existente, pois na lista estão registrados, não os Estados soberanos, mas os territórios a partir dos quais foram realizados os acessos. No total são 430 localidades a partir das quais se fez o acesso. Muito provavelmente são brasileiros ou pesquisadores interessados no Brasil que fizeram esse acesso, mas como meus arquivos em Academia.edu compreendem certo número de papers de interesse geral, o número total deve incluir esses outros “navegadores”. 

 

Countries

30-Day Views

All-Time Views

 

Brazil

1,541

167,316

 

United States

111

18,529

Portugal

92

4,872

 

Mozambique

37

2,562

 

Ecuador

24

369

 

Angola

24

1,890

 

France

18

2,623

 

Paraguay

15

294

 

Germany

15

965

 

Korea, Republic of

13

      352

 

Italy

12

661

 

Chile

10

386

 

Spain

9

1,704

 

United Kingdom

9

1,241

 

Japan

8

409

 

Belgium

8

676

 

Hong Kong

7

90

 

Thailand

5

50

 

Finland

5

792

 

Bolivia

5

161

 

Switzerland

5

446

 

Venezuela

5

287

 

Ireland

5

186

 

Mexico

4

661

 

Argentina

4

1,331

 

Uruguay

4

426

 

Senegal

3

162

 

Trinidad and Tobago

3

29

 

Australia

3

294

 

Sweden

3

130

 

Iraq

3

24

 

El Salvador

3

52

 

Russian Federation

3

513

 

Mali

3

84

 

Morocco

3

249

 

Cameroon

3

52

 

Peru

3

413

 

Algeria

3

87

 

Canada

3

1,717

 

Saudi Arabia

2

23

 

Haiti

2

68

 

Bangladesh

2

25

 

India

2

393

 

Poland

2

136

 

Cape Verde

2

362

 

Colombia

2

396

 

Hungary

1

110

 

Austria

1

123

 

Timor-Leste

1

60

 

New Zealand

1

42

 

China

1

226

 

Dominican Republic

1

87

 

Sao Tome and Principe

1

116

Ethiopia

1

77

 

Guatemala

1

73

 

Côte D'Ivoire

1

148

 

Cuba

1

66

 

Netherlands

1

403

 

Ukraine

1

110

 

Luxembourg

1

59

 

French Guiana

1

10

 

Malaysia

1

90

 

Indonesia

1

178

 

Viet Nam

1

65

 

Kuwait

1

11

 

Zimbabwe

0

10

 

Zambia

0

26

 

South Africa

0

239

 

Yemen

0

2

 

Saint Vincent And The Grenedines

0

2

 

Uzbekistan

0

5

 

Uganda

0

16

 

Tanzania

0

22

 

Taiwan

0

51

 

Turkey

0

224

 

Tunisia

0

38

 

Togo

0

46

 

Chad

0

6

 

Swaziland

0

1

 

Suriname

0

46

 

Somalia

0

3

 

Sierra Leone

0

9

 

Slovakia

0

55

 

Slovenia

0

66

 

Singapore

0

86

 

Sudan

0

6

 

Seychelles

0

1

 

Rwanda

0

36

 

Serbia

0

50

 

Romania

0

221

 

Réunion

0

4

 

Qatar

0

7

 

Palestinian Territory, Occupied

0

7

 

Puerto Rico

0

301

 

Pakistan

0

87

 

Philippines

0

181

 

Papua New Guinea

0

3

 

Panama

0

63

 

Oman

0

24

 

Nepal

0

39

 

Norway

0

45

 

Nicaragua

0

120

Nigeria

0

128

 

Niger

0

11

 

New Caledonia

0

2

Namibia

0

43

 

Malawi

0

6

 

Mauritius

0

10

 

Malta

0

5

 

Mauritania

0

4

 

Martinique

0

13

 

Macao

0

15

 

Mongolia

0

3

 

Myanmar

0

5

 

Macedonia, the Former Yugoslav Republic Of

0

33

Madagascar

0

30

 

Montenegro

0

5

 

Moldova, Republic of

0

16

 

Libyan Arab Jamahiriya

0

1

 

Latvia

0

2

 

Lithuania

0

13

 

Lesotho

0

1

 

Liberia

0

3

 

Sri Lanka

0

41

 

Saint Lucia

0

7

 

Lebanon

0

179

 

Kazakhstan

0

16

 

Comoros

0

1

 

Cambodia

0

7

 

Kyrgyzstan

0

4

 

Kenya

0

49

 

Jordan

0

31

 

Jamaica

0

33

 

Jersey

0

1

 

Iceland

0

3

 

Iran, Islamic Republic Of

0

30

Isle of Man

0

1

 

Israel

0

103

 

Croatia

0

20

 

Honduras

0

43

 

Guyana

0

5

 

Guinea-Bissau

0

111

 

Greece

0

124

 

Equatorial Guinea

0

4

 

Guadeloupe

0

27

 

Guinea

0

28

 

Ghana

0

24

 

Georgia

0

7

 

Grenada

0

2

 

Gabon

0

18

 

Fiji

0

3

 

Egypt

0

124

 

Estonia

0

29

 

Denmark

0

110

 

Djibouti

0

1

 

Czech Republic

0

72

 

Cyprus

0

22

 

Costa Rica

0

67

 

Congo

0

16

 

Congo, The Democratic Republic Of The

0

44

 

Belize

0

10

 

Belarus

0

54

 

Botswana

0

3

 

Bhutan

0

10

 

Bahamas

0

2

 

Benin

0

22

 

Burundi

0

6

 

Bahrain

0

3

 

Bulgaria

0

74

 

Burkina Faso

0

10

 

Barbados

0

3

 

Bosnia and Herzegovina

0

49

Azerbaijan

0

13

 

Aruba

0

4

 

Armenia

0

8

 

Albania

0

9

 

Afghanistan

0

12

 

United Arab Emirates

0

32

 

Andorra

0

1

 

 

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 4161: 23 maio 2022, 5 p.


domingo, 22 de maio de 2022

Papers de Paulo Roberto de Almeida mais vistos na plataforma Academia.edu - amostra seletiva em 30 dias

  Papers de Paulo Roberto de Almeida mais vistos na plataforma Academia.edu

Papers

30 Days views

All-Time Views

A guerra da Ucrânia e as sanções econômicas multilaterais (2022)

161

224

O Brasil e a guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia (2022)

69

70

4144) Política internacional, contexto regional e diplomacia brasileira, acompanhada de listagem seletiva da produção acadêmica em relações internacionais e em política externa do Brasil, de 1985 a 2022

62

63

Marxismo e Socialismo (2019)

43

2,255

Jose Guilherme Merquior: um Intelectual Brasileiro (2021)

42

454

O Itamaraty na Cultura Brasileira (2001)

37

453

16) O Moderno Príncipe: Maquiavel revisitado (2010)

30

4,833

2258) O desenvolvimento do Mercosul: progressos e limitações (2011)

25

1,027

A Constituicao Contra o Brasil: Ensaios de Roberto Campos

23

4,614

043) A globalização e seus benefícios: um contraponto ao pessimismo (2004)

20

382

Jose Guilherme Merquior, Diplomata - Celso Lafer et alii (1993)

18

115

2784) Academia.edu: uma plataforma de informação e colaboração entre acadêmicos (2014)

18

946

039) Enciclopédia de Guerras e Revoluções do Século XX (2004)

18

3,657

026) Une histoire du Brésil: pour comprendre le Brésil contemporain (2002)

18

575

 

 

sábado, 21 de maio de 2022

Guerra na Ucrânia: debate no Mackenzie - Rubens Barbosa, Paulo Roberto de Almeida, Juliano Ferreira

https://www.mackenzie.br/noticias/artigo/n/a/i/guerra-na-ucrania-nao-vejo-perspectivas-de-paz-avaliam-especialistas 

Guerra na Ucrânia: “não vejo perspectivas de paz”, avalia especialista

Em debate na Universidade Mackenzie, autoridades rememoram história e avaliam impactos do conflito

Mackenzie, 16.05.202219h32 


Guerra da Ucrânia e implicações para o Brasil foi o tema da palestra de encerramento, na noite de 13 de maio, promovida pelo Centro de Ciências Sociais e Aplicadas (CCSA) da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM), em parceria com a Empresa Junior Mackenzie de Consultoria, por meio do Centro Mackenzie de Liberdade Econômica (CMLE), para a XX Semana do CCSA. O debate contou com a participação do diplomata e professor, Paulo Roberto Almeida; do economista e antigo mackenzista Juliano Ferreira; do embaixador Rubens Barbosa; e moderação do professor coordenador do CMLE, Vladimir Fernandes Maciel.

Para um auditório Ruy Barbosa lotado, no campus Higienópolis (SP), Maciel destacou que, para além da importância e urgência do tema, a oportunidade de realização do debate com figuras tão importantes tinha muitos significados. “Em primeiro lugar por ser uma sessão comemorativa ao aniversário de seis anos do Centro Mackenzie de Liberdade Econômica, que celebramos no encerramento da XX Semana do CCSA e que ocorre no aniversário de 70 anos da UPM”, afirma.

Sanções

O professor e diplomata Almeida, que participou de forma on-line do evento, de Brasília (DF), tratou a respeito das sanções econômicas que acometem a área do conflito entre Rússia e Ucrânia e a posição do Brasil neste quadro. “Podemos dizer que um dos maiores cerceamentos à liberdade econômica é justamente a guerra. Desde a Liga das Nações, tenta-se interromper o uso da força militar entre os países, utilizando as sanções econômicas, que são outra maneira de cercear a liberdade, uma arma às vezes tida como mais forte que a guerra”, diz.

Para Almeida, a dissolução da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) foi uma das maiores mudanças geopolíticas do século XX, mas foi positiva, “pois era um dos impérios mais opressores da humanidade”, coloca ele.

O diplomata lembra que, apesar da guerra ser uma situação em que todas as nações perdem em vários sentidos, a inflação de combustíveis e de outras commodities, por conta dela beneficiam, em partes, a própria Rússia, pela dominação na área de exportação de combustíveis, em especial petróleo e gás.

“A China ainda tem muitos interesses não declarados e isso pode mudar todo o quadro, este é um país que não fez sanções à Rússia. Num futuro próximo, vejo a Ucrânia talvez como membro da União Europeia (UE), mas não necessariamente da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN)”, reflete ele.

Almeida realça, acima de tudo, que o Brasil de hoje parece “ter se esquecido de tudo que defende dentro do direito internacional. Esquecemos que, além da expansão da OTAN, umas das justificativas da guerra pela Rússia, há a decisão das nações. E o Brasil sempre viu a igualdade soberana dos Estados, ou seja, há liberdade de decisão e responsabilidade por isso”.

Atualmente, de acordo com ele, mais de 35 países declararam sanções à Rússia, mas elas não estão funcionando com a pressão que deveriam porque muitos países ainda dependem do que aquele país produz (leia o artigo na íntegra produzido pelo especialista).

leia o artigo na íntegra produzido pelo especialista


As implicações econômicas

Já o economista Juliano Ferreira, macro estrategista da filial brasileira da corretora inglesa BGC Partners, conta que os impactos, nos modelos econômicos simulados, de guerras de cerca de cinco anos têm consequências fortes mesmo em nações não envolvidas diretamente no conflito. “Para dizer o mínimo, há queda do Produto Interno Bruto (PIB) das nações, queda de consumo e de salário”.

Globalmente falando, Ferreira avalia que por Rússia e Ucrânia corresponderem, juntas, a cerca de 2% do PIB mundial, o impacto direto é baixo, mas os indiretos são mais fortes. “A zona do euro começa a se recuperar mais devagar, em especial depois da covid-19. Há menos exportação para os países da região em conflito e um choque negativo de termos de troca para a Europa, pelo encarecimento dos produtos provenientes da Rússia”, diz.

Dessa forma, avalia o economista, as sanções não afetam tanto a Rússia por conta da exportação de petróleo e gás natural, pois ela segue recebendo em dólares.

“O problema imediato se dá mais na Europa, que precisa gastar mais para comprar energia russa. Só para se ter uma ideia, entre petróleo e gás, a Alemanha, por exemplo, importa algo em torno de 17% de sua matriz energética da Rússia”, avalia ele.

No Brasil, por sermos grande produtores de commodities, não deveremos ter insegurança alimentar, de acordo com Ferreira, mas haverá subida de juros e queda do crédito, inclusive o internacional. “Todo mundo crescerá mais devagar”.

Para o nosso país, os choques são positivos, de início, por conta da subida de preço das exportações. “Apesar disso, a inflação de alimentação e combustível, por mais que traga algum ganho de receita fiscal, traz também a provável necessidade de subsídios, que são riscos para crescimento”, enfatiza o economista.

Ferreira ainda pontua duas consequências de longo prazo de todo esse movimento da guerra: a possibilidade de haver um movimento de desglobalização e regionalização de cadeias de suprimentos; e a possibilidade das commodoties poderem voltar a ser a moeda de troca do mundo no lugar do dólar, o que mexeria bastante no cenário internacional.


Conflito com mais de 30 anos

O embaixador Rubens Barbosa trouxe uma recapitulação histórica para que os presentes entendessem o desencadear do conflito entre Rússia e Ucrânia, demonstrando que são mais de três décadas de movimento que culminam nessa guerra. “A ação da Rússia é uma verdadeira marcha da insensatez que pode desencadear até um confronto nuclear com efeitos extraterritoriais. É algo que não interessa a ninguém e todos seguem persistindo no esforço militar”, assinala.

As narrativas, segundo Barbosa, são as mais diversas, a da Rússia é de defesa de seu interesse, "questão de segurança nacional", pois o país já foi atacado antes por este corredor geográfico, por Hitler e até Napoleão. “Com vistas a deter a expansão da OTAN, a Rússia quer desmilitarizar a Ucrânia”, afirma.

A do lado ocidental, coloca ele, é contrária, dizendo ser uma ação expansionista da Rússia rumo aos países bálticos. “Baseada no autoritarismo do presidente Putin, com vistas à criação do império soviético”, adiciona.

O objetivo declarado é impedir a entrada da Ucrânia na OTAN e a expansão da Organização de forma geral. Segundo Barbosa, Trump (EUA) deixou a OTAN mais fraca, mas o presidente Biden a fortaleceu. “A ação de Putin, na verdade, tem fortalecido a OTAN em vez de diminuir sua expansão, os investimentos nela têm aumentado”, destaca o embaixador, trazendo um ponto de atenção: o forte rearmamento da Alemanha, inclusive fornecendo armas a outros países.

Barbosa lembra que a ação da Rússia é totalmente contrária às declarações de paz da Organização das Nações Unidas (ONU) e que, mesmo com os interesses do país, essa agressão não se justifica com a violência que foi feita.

Recapitulando os fatos, Barbosa lembra que, com a dissolução da URSS, houve conversas em 1991 entre James Baker, secretário de Estado dos EUA na época; representante da Alemanha; e o presidente russo Gorbatchov, garantindo que não haveria expansão da OTAN em direção à Rússia.

Em 1994, na crise dos balcãs, os EUA atacaram a Iugoslávia, que saía da situação de satélite da URSS. Em 1997, há uma virada, quando a Polônia e a Tchecoslováquia pediram para entrar na OTAN. “Na época, os especialistas já diziam que a Rússia não iria permitir essa expansão e que seria um erro de política internacional se os EUA apoiassem esse movimento”, rememora Barbosa.

Em 2002, os EUA publicam a estratégia de segurança nacional onde consta a expansão da OTAN. Em 2007, na conferência de Munique, Putin reage, condenando o unilateralismo dos EUA nas grades decisões globais. A seguir, com anúncio da Geórgia querendo entrar na OTAN, a Rússia invadiu dois territórios de lá e permanece até hoje na região.

Além disso, em fevereiro de 2014, com apoio dos EUA, o presidente ucraniano de origem russa, Viktor Yanukovitch, é deposto, aumentando as tensões. A Rússia anexa, a seguir, a Crimeia, que era da Ucrânia, e decide proteger a população russa que vive naquele país. Em 2021, houve treinamento militar dos EUA à Ucrânia, com pedido formal desta última para entrar na União Europeia e na OTAN.

“Esses fatos mostram essa marcha da insensatez da Rússia e do ocidente, onde ambos caminharam para algo que não é desejado por ninguém, ao custo da morte e da violência. Algo que começa com a expansão da OTAN e segue com as invasões da Rússia de forma ilegal. A guerra, enfim, se torna uma disputa de forças entre Rússia e EUA”, pontua o embaixador.

“A curto prazo, não enxergo perspectiva ou tentativas de acordo de paz entre os países para encerrar o conflito”, finaliza Barbosa.


Para conferir o evento completo, assista aqui

O ataque bolsonarista à democracia - Oscar Vilhena (FSP)

 


Aperfeiçoando o subdesenvolvimento do Brasil: nosso parlamentarismo deformado - Paulo Roberto de Almeida

Aperfeiçoando o subdesenvolvimento do Brasil: nosso parlamentarismo deformado

Paulo Roberto de Almeida

O Brasil vive um parlamentarismo fake: os caciques eleitorais comandam a política e a economia, isto é, o orçamento. Mas não se ocupam do lado da oferta na economia, nem dos investimentos produtivos: eles estão ali apenas para gastar, de preferência com eles mesmos. 

É uma nova modalidade do velho patrimonialismo, uma das características básicas da formação política brasileira: desta vez ele penetra o coração mesmo da governança, o processo de definição do orçamento, sem que os “comandantes” desse parlamentarismo fake tenham qualquer responsabilidade quanto à fase anterior do processo, que seria a base produtiva que deve estar na origem da criação de riquezas sobre as quais devem incidir as receitas estatais. 

O que seria apenas um desvio conjuntural da política brasileira — em vista da total incapacidade do chefe do executivo de administrar qualquer coisa e da decisão de entregar todo o processo decisório aos abutres da política— pode estar se convertendo numa nova característica da “governança” nacional, na qual a estrutura já deformada da proporcionalidade na representação se converte na base decisória essencial da política, transformando o chamado “presidencialismo de coalizão” num semi-presidencialismo de corrupção permanente. A inépcia do atual presidente conseguiu consolidar uma forma perversa de falso parlamentarismo, no qual o comando do orçamento só existe à jusante, na gastança, não à montante, isto é, na definição de bases sustentáveis para a produção de riquezas.

O Brasil pode estar criando uma forma especialmente cruel de subdesenvolvimento: a esterilização do crescimento sustentado pela extração continua das receitas do Estado, como se os abutres da política já tivessem organizado a forma de se refestelarem com o fígado do Prometeu acorrentado que é o próprio país. A nação vai agonizar assim até quando?

Até que o Brasil se converta num sistema parlamentar racional — o que exigiria uma reforma realista dos sistemas eleitoral e partidário — vamos ter de conviver com os piores “ismos” da politica: fisiologismo, nepotismo, prebendalismo, distributivismo sem consistência na produtividade, patrimonialismo extensivo, tributarismo exacerbado, extrativismo gangsterista do estamento político (uma classe em si e para si), enfim, todas as modalidades de aparelhamento corrupto dos mecanismos de governança, para finalidades de enriquecimento pessoal, sem qualquer responsabilidade quanto aos meios de produção de riqueza. 

É a quase perfeição do moto perpétuo de um sistema econômico falido por indução da política corruptora: o coroamento de nosso subdesenvolvimento autoinduzido.

Paulo Roberto de Almeida 

Brasília, 21/05/2022

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