Paulo Roberto de Almeida
Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
O que é este blog?
Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.
quinta-feira, 29 de maio de 2014
Nunca Antes na Diplomacia...: Apresentação Paulo Roberto de Almeida
Paulo Roberto de Almeida
Nunca Antes na Diplomacia: Prefacio do Embaixador Rubens Antonio Barbosa
Nunca Antes na Diplomacia...: a politica externa brasileira em tempos nao convencionais - livro de Paulo Roberto de Almeida (capa)
No momento, o que posso fazer é reproduzir novamente o sumário do livro e o texto que a Editora preparou para sua apresentação.
Em post subsequente, transcreverei o prefácio generosamente preparado pelo Embaixador Rubens Antonio Barbosa, com quem trabalhei em algumas etapas de minha carreira (Brasília, desde o início, e novamente na volta do meu primeiro posto no exterior, em Montevidéu, Brasília, e Washington, finalmente, onde ele se aposentou, e de onde eu voltei a Brasília.
A minha própria apresentação a esse livro, que postarei mais adiante, se coloca numa postura contrária a, provavelmente, 90% dos acadêmicos que se dedicam a escrever, analisar, especular sobre a política externa companheira.
Vamos aguardar as reações.
Paulo Roberto de Almeida
Piketty distorceu dados sobre concentracao de renda - Herbert Grubel
Esta é exatamente a operação mental que levou Piketty a agrupar os dados sobre riqueza ao longo do tempo e decretar, tão equivocadamente quanto Marx, que os ricos estavam ficando mais ricos, e os pobres, ou a classe média, estava bloqueada nas baixas faixas de renda.
Portanto -- e esta é a solução absolutamente ilógica, equivocada, distorcida, mas que corresponde aos desejos difusos dos mais pobres por maior grau de "igualdade" na sociedade -- a solução consiste em taxar pesadamente os muito ricos e redistribuir esse patrimônio, essa riqueza, essa renda extra dos super-ricos entre os mais pobres, assim a sociedade ficará mais "igualitária", todos se sentirão melhor e a felicidade está instalada (pelas mãos do governo, claro). Parece simples, mas é totalmente equivocado, dificilmente implementável na prática e redundaria em menor crescimento econômico (e portanto em menos oportunidades para os mais pobres).
É o que se constata pela leitura desta nota abaixo.
Piketty deixa de considerar a dinâmica dos estratos sociais que ascendem temporariamente à riqueza, e embaralha a todos sob essa roupagem marxista do "capital". Tão equivocado quanto o barbudo alemão do século XIX.
Paulo Roberto de Almeida
What Piketty Misses
Politica energetica continua erratica: governo nao sabe o que faz
Paulo Roberto de Almeida
Por que só agora?
A partir de 1.º de junho essa participação irá de 5% para 6%; e, a partir de 1.º de novembro, de 6% para 7%. O anúncio foi feito como se tratasse de uma decisão de excelência técnica que só trará benefícios: diversificará a matriz energética, reduzirá o consumo de derivados de petróleo, cria mais um mercado cativo para o setor da soja e melhora as condições operacionais da agricultura familiar.
Se é tudo isso - e, de fato é -, por que então esse aumento da adição do biodiesel não foi providenciado antes, uma vez que há anos o setor enfrenta forte capacidade ociosa?
O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, calcula que deixará de ser importado 1,2 bilhão de litros de óleo diesel por ano, o equivalente a uma despesa de US$ 1 bilhão, a preços de hoje, não incluídas aí as despesas com frete e seguros. Lobão também lembrou que mais biodiesel na mistura contribui para a redução de emissões de gás carbônico na atmosfera. Se é assim, por que o governo não reconheceu esses benefícios mais cedo, quando poderia ter reduzido ainda mais as importações de óleo diesel e ter contribuído também mais para preservar o meio ambiente?
Mais interessado, no momento, em quebrar a resistência e a irrigação do agronegócio, que vem tratando a presidente Dilma com vaias e protestos explícitos ou difusos, o governo desconsiderou de repente dois argumentos a que vinha se agarrando para negar esse aumento da participação do biodiesel no coquetel com o óleo diesel: o primeiro deles, o de que encareceria demais os combustíveis, e o segundo, o de que os preços da mistura final ficariam mais vulneráveis aos vaivéns das cotações internacionais da soja, especialmente em períodos sujeitos a drásticas oscilações climáticas.
Ontem, a presidente Dilma preferiu dizer que o impacto da nova mistura sobre a inflação "é insignificante". Se, ao contrário do que vinha sustentando o ministro da Fazenda, Guido Mantega, "é insignificante", especialmente diante dos demais benefícios proporcionados, por que - outra vez - essa autorização veio só agora?
No que diz respeito à vulnerabilidade das cotações da soja a períodos de seca dos grandes produtores mundiais, como Estados Unidos, Brasil e Argentina, ninguém chegou a levá-la em consideração.
Curiosamente, os mesmos argumentos usados pelo governo Dilma para justificar esse aumento de biodiesel na mistura com o diesel impõem-se na defesa das vantagens de outro biocombustível, o etanol. E, no entanto, ao obrigar a Petrobrás a pagar parte da conta do consumidor de gasolina, além de avançar sobre o caixa da Petrobrás, a política do governo prostrou o setor do etanol, sem acenar até agora com nenhuma perspectiva de redenção.