Com resultados duvidosos, diga-se de passagem, em operações maquiadas que aumentam enormemente a dívida interna.
Se houvesse, no Brasil, processos por irresponsabilidade com o dinheiro público ao abrigo da LRF, esse governo todo já estaria na cadeia. Apenas que o governo federal, que cobra responsabilidade dos estados e municípios, continua a ser criminosamente irresponsável com os recursos de todos os brasileiros, comprometendo dívidas durante várias décadas. Uma irresponsabilidade total...
Opinião
O custo dos aportes ao BNDES
Editorial O Estado de S.Paulo, 4 de julho de 2010
Os R$ 180 bilhões emprestados pelo governo federal ao BNDES no ano passado e neste ano, a juros inferiores aos de mercado, representarão um subsídio de R$ 66,6 bilhões concedido pelo Tesouro Nacional até a liquidação das operações, que ocorrerá entre 2039 e 2050. A estimativa é de técnicos do banco, que defenderam os empréstimos como forma de atenuar a recessão de 2009 ? sem considerar os riscos de misturar as contas do governo e as do BNDES.
Em 2009, o Tesouro emprestou R$ 100 bilhões ao BNDES com prazo de 30 anos e 5 anos de carência, a um custo que variou entre a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) seca, hoje de 6% ao ano, e a TJLP mais juros de 2,5% ao ano. Segundo o estudo O papel do BNDES na alocação de recursos: avaliação do custo fiscal do empréstimo de R$ 100 bilhões concedido pela União em 2009, dos economistas Thiago Rabelo Pereira e Adriano Nascimento Simões, chefe e gerente, respectivamente, do Departamento de Renda Fixa do banco, o custo fiscal dessa operação será de R$ 36,6 bilhões. O valor corresponde à diferença entre o que o BNDES pagará ao Tesouro e os juros da Selic, hoje de 10,25% ao ano, que o Tesouro paga aos aplicadores nos títulos públicos entregues ao banco e vendidos no mercado.
Neste ano, o Tesouro emprestou mais R$ 80 bilhões ao BNDES, com prazo de 40 anos, carência parcial de juros por 15 anos e custo igual à TJLP seca. Numa estimativa "simplificada do custo", a perda fiscal da operação ficaria em torno de R$ 30 bilhões. "Numa extrapolação linear muito simples, pode-se calcular que o custo do empréstimo de R$ 80 bilhões é de R$ 800 milhões por ano", disse Pereira.
Mas, nos dois empréstimos, os custos fiscais são obtidos por aproximação, pois dependem da taxa Selic. Outros custos também são difíceis de estimar, pois dependem do resultado da aplicação do dinheiro pelo BNDES e do impacto sobre o financiamento dos investimentos e a receita tributária.
Do ponto de vista econômico, discute-se o mérito dessas operações, defendidas pelos técnicos do BNDES como instrumento de apoio à compra de máquinas e à contratação de obras, com efeitos estimulantes na economia e aceleração da Formação Bruta de Capital Fixo.
Trata-se de um subsídio substancial e "alguém está pagando por essa diferença", afirmou o ex-diretor do Banco Central (BC) Carlos Thadeu de Freitas. Além do mais, segundo Freitas, o subsídio "precisa constar do orçamento fiscal". E, por ora, não se sabe em que item da contabilidade pública ele poderá ser lançado.
Especialistas reconhecem, além disso, que as operações provocaram um aumento do endividamento bruto do Tesouro Nacional, que já superou os 60% do PIB ? um aumento de cerca de 10 pontos porcentuais em relação ao ano passado. Quanto mais elevada é a relação entre a dívida pública e o PIB, maior a demanda dos aplicadores por juros altos nos papéis emitidos pelo Tesouro.
No plano político, com os empréstimos federais o BNDES pode ampliar sua participação na oferta de crédito. "Os R$ 100 bilhões aportados pelo Tesouro ao BNDES para sustentar o investimento em 2009 correspondem a cerca de 25% de todo o estoque de crédito livre disponibilizado pelo sistema bancário às empresas, segundo dados do BC ao fim de 2009", afirmam os economistas do banco. Eles calculam que os desembolsos do BNDES em 2009 "corresponderam a montante equivalente a cerca de 52% do esforço agregado de investimento efetuado na economia, em máquinas e equipamentos", excluída a construção civil.
Além da mistura entre as contas do Tesouro e do BNDES, o governo patrocinou, por intermédio das operações, um aumento do controle do Estado sobre as alocações de investimento. Mesmo que o banco só conceda empréstimos de boa qualidade, o fato é que o Estado passou a ter, por intermédio do BNDES, maior ingerência para definir os grupos empresariais e os setores que quer privilegiar.
Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas. Ver também minha página: www.pralmeida.net (em construção).
domingo, 4 de julho de 2010
Uma Africa para cada projeto: agora em portunhol...
Viagem à África imaginária
Editorial O Estado de S.Paulo, 4 de julho de 2010
Governada há 31 anos por um ditador conhecido por seus métodos brutais, uma ex-colônia espanhola, a Guiné Equatorial, poderá ser o novo membro da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, se isso depender do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O apoio brasileiro foi confirmado pelo porta-voz da Presidência da República, Marcelo Baumbach, um dia antes de o presidente Lula partir para seu 11.º giro pela África. A visita à Guiné Equatorial foi programada como segunda escala. A primeira foi marcada para a Ilha do Sal, no arquipélago de Cabo Verde, para uma reunião com 13 governantes da Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental. A última etapa da viagem será na África do Sul, marcada para os dias 8 a 12, certamente com a esperança de ver o Brasil na final da Copa do Mundo. A seleção da Holanda, no entanto, atrapalhou esse plano. Excluída essa justificativa para o périplo africano, restam os argumentos da diplomacia Sul-Sul e da prioridade atribuída por Lula à relação com os países da África. Os demais argumentos, incluído o econômico, são ainda menos convincentes.
O português não é falado na Guiné Equatorial, mas foi incluído em 2007 entre os idiomas oficiais, ao lado do espanhol e do francês, por decisão do presidente Teodoro Obiang Mbasogo. Acusado de fraudes, torturas e assassinatos por entidades internacionais de direitos humanos, o ditador é, segundo a revista Forbes, o oitavo governante mais rico do mundo.
Segundo Baumbach, o presidente brasileiro "deseja conferir importante impulso político ao processo de conhecimento e aproximação entre o Brasil e a Guiné Equatorial". A descoberta de petróleo em 1996 impulsionou a economia do país, mas não fortaleceu a democracia. Em 2000 a Guiné Equatorial começou a exportar para o Brasil e em 2008 a corrente de comércio chegou a US$ 411,22 milhões, com superávit de US$ 369,39 milhões para o país africano.
Além de falar com seu colega sobre a comunidade lusófona e o comércio bilateral, o presidente Lula poderá pedir a sua ajuda para realizar a ambição de chefiar uma entidade internacional, talvez a Organização das Nações Unidas (ONU). O chefão da Guiné Equatorial, afinal, é prodigioso. Em 2003, a rádio estatal do país o descreveu como "o deus da Guiné Equatorial" e atribuiu-lhe o direito de "matar sem ter de prestar contas a ninguém e sem ter de ir para o Inferno". Nenhum outro ditador ou candidato a ditador escolhido por Lula como amigo ou aliado chegou tão alto.
O roteiro de Lula inclui também o Quênia, a Tanzânia e a Zâmbia. Com as seis escalas programadas para esta viagem, Lula terá passado por 21 países da África em seus 2 mandatos e visitado 8 ditadores africanos - lista completada com Obiang. Também há no continente governantes comprometidos com a democracia, mas Lula não os discrimina. Afinal, nem sempre é possível escolher o interlocutor.
A prioridade atribuída à África pela diplomacia brasileira é parte da ilusão terceiro-mundista dominante no governo a partir de 2003. Somou-se a essa ilusão, depois de algum tempo, a fantasia da liderança política no mundo em desenvolvimento. Lula abriu ou reabriu 17 embaixadas na África. O comércio cresceu - já vinha crescendo nos anos 90 -, mas em 2008, antes da crise, as exportações para os africanos, excluídos os países do Oriente Médio, equivaleram a apenas 5,14% das vendas externas do Brasil. As importações corresponderam a 9,11% das compras totais. Isso se explica pelas compras de petróleo de uns poucos países. A Nigéria é de longe o maior fornecedor.
O comércio tem melhorado, embora de forma desproporcional à enorme importância atribuída à parceria com a África pela diplomacia brasileira. Politicamente o resultado tem sido muito mais pobre. Quando o Brasil apresentou um concorrente à direção-geral da Organização Mundial do Comércio, os africanos votaram em candidato próprio e na rodada seguinte apoiaram o francês Pascal Lamy. Na ONU, os governos da União Africana recusaram apoio, há alguns anos, à reforma defendida por Brasília. Na política de comércio, seus vínculos com as velhas metrópoles europeias continuam mais fortes do que quaisquer afinidades com o Brasil. É mais um caso de parceria estratégica unilateral, uma curiosa invenção da diplomacia lulista.
Editorial O Estado de S.Paulo, 4 de julho de 2010
Governada há 31 anos por um ditador conhecido por seus métodos brutais, uma ex-colônia espanhola, a Guiné Equatorial, poderá ser o novo membro da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, se isso depender do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O apoio brasileiro foi confirmado pelo porta-voz da Presidência da República, Marcelo Baumbach, um dia antes de o presidente Lula partir para seu 11.º giro pela África. A visita à Guiné Equatorial foi programada como segunda escala. A primeira foi marcada para a Ilha do Sal, no arquipélago de Cabo Verde, para uma reunião com 13 governantes da Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental. A última etapa da viagem será na África do Sul, marcada para os dias 8 a 12, certamente com a esperança de ver o Brasil na final da Copa do Mundo. A seleção da Holanda, no entanto, atrapalhou esse plano. Excluída essa justificativa para o périplo africano, restam os argumentos da diplomacia Sul-Sul e da prioridade atribuída por Lula à relação com os países da África. Os demais argumentos, incluído o econômico, são ainda menos convincentes.
O português não é falado na Guiné Equatorial, mas foi incluído em 2007 entre os idiomas oficiais, ao lado do espanhol e do francês, por decisão do presidente Teodoro Obiang Mbasogo. Acusado de fraudes, torturas e assassinatos por entidades internacionais de direitos humanos, o ditador é, segundo a revista Forbes, o oitavo governante mais rico do mundo.
Segundo Baumbach, o presidente brasileiro "deseja conferir importante impulso político ao processo de conhecimento e aproximação entre o Brasil e a Guiné Equatorial". A descoberta de petróleo em 1996 impulsionou a economia do país, mas não fortaleceu a democracia. Em 2000 a Guiné Equatorial começou a exportar para o Brasil e em 2008 a corrente de comércio chegou a US$ 411,22 milhões, com superávit de US$ 369,39 milhões para o país africano.
Além de falar com seu colega sobre a comunidade lusófona e o comércio bilateral, o presidente Lula poderá pedir a sua ajuda para realizar a ambição de chefiar uma entidade internacional, talvez a Organização das Nações Unidas (ONU). O chefão da Guiné Equatorial, afinal, é prodigioso. Em 2003, a rádio estatal do país o descreveu como "o deus da Guiné Equatorial" e atribuiu-lhe o direito de "matar sem ter de prestar contas a ninguém e sem ter de ir para o Inferno". Nenhum outro ditador ou candidato a ditador escolhido por Lula como amigo ou aliado chegou tão alto.
O roteiro de Lula inclui também o Quênia, a Tanzânia e a Zâmbia. Com as seis escalas programadas para esta viagem, Lula terá passado por 21 países da África em seus 2 mandatos e visitado 8 ditadores africanos - lista completada com Obiang. Também há no continente governantes comprometidos com a democracia, mas Lula não os discrimina. Afinal, nem sempre é possível escolher o interlocutor.
A prioridade atribuída à África pela diplomacia brasileira é parte da ilusão terceiro-mundista dominante no governo a partir de 2003. Somou-se a essa ilusão, depois de algum tempo, a fantasia da liderança política no mundo em desenvolvimento. Lula abriu ou reabriu 17 embaixadas na África. O comércio cresceu - já vinha crescendo nos anos 90 -, mas em 2008, antes da crise, as exportações para os africanos, excluídos os países do Oriente Médio, equivaleram a apenas 5,14% das vendas externas do Brasil. As importações corresponderam a 9,11% das compras totais. Isso se explica pelas compras de petróleo de uns poucos países. A Nigéria é de longe o maior fornecedor.
O comércio tem melhorado, embora de forma desproporcional à enorme importância atribuída à parceria com a África pela diplomacia brasileira. Politicamente o resultado tem sido muito mais pobre. Quando o Brasil apresentou um concorrente à direção-geral da Organização Mundial do Comércio, os africanos votaram em candidato próprio e na rodada seguinte apoiaram o francês Pascal Lamy. Na ONU, os governos da União Africana recusaram apoio, há alguns anos, à reforma defendida por Brasília. Na política de comércio, seus vínculos com as velhas metrópoles europeias continuam mais fortes do que quaisquer afinidades com o Brasil. É mais um caso de parceria estratégica unilateral, uma curiosa invenção da diplomacia lulista.
Caminhos da Pos-Graduacao no Brasil: mais Humanidades, menos Ciencias Duras
Humanidades puxam expansão da pós-graduação no Brasil
RICARDO MIOTO
Folha de S.Paulo, 04/07/2010
O doutorando brasileiro está cada vez mais interessado em Machado de Assis e menos em relatividade.
Ao menos é isso o que sugere um novo levantamento do governo. Ele mostra que a expansão da pós-graduação brasileira é puxada, em primeiro lugar, pelo aumento de doutores nas humanidades, e não nas ciências exatas e biológicas.
Em 1996, as ciências exatas e da Terra ocupavam o segundo lugar entre as áreas que mais formavam doutores no país, com 16,1%. Em 2008, caíram para o sexto lugar, com 10,6%.
O tombo das engenharias foi menor. A área se manteve como a quinta que mais forma doutores, mas a sua fatia caiu de 13,7% para 11,4%. Redução similar teve a área de ciências biológicas.

"Se olharmos as áreas que cresceram menos, elas ainda cresceram muito", diz Eduardo Viotti, que coordenou o estudo, realizado pelo Centro de Gestão e Estudos Estratégicos, vinculado ao Ministério da Ciência e Tecnologia.
"É difícil criar doutorados em áreas de ciências exatas, da Terra e engenharias. Eles exigem laboratórios, não são cursos que precisam apenas de cuspe e giz", brinca.
"O custo mais baixo estimula as escolas particulares a abrir cursos nessas áreas. Os novos dados não me surpreendem", diz o especialista em política científica Rogério Meneghini, coordenador de Pesquisas do Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde (Opas-OMS).
Não foi só por causa das particulares que o número de doutores disparou, porém. Nesses 12 anos, as universidades federais aumentaram em mais de cinco vezes o seu número de doutores.
Em 2005, aliás, elas ultrapassaram as estaduais e se tornaram as instituições mais importantes na pós-graduação do Brasil.
Algumas estaduais, porém, como a USP e a Unicamp, ainda concentram grande parte das matrículas no país (veja abaixo). E, apesar do crescimento das federais, o país ainda tem apenas 1,4 doutor por mil habitantes, enquanto os EUA têm 8,4, e a Alemanha, 15,4.
MUDANÇA DE RUMO
Para Carlos Aragão, presidente do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), a queda relativa na formação de quadros em ciências exatas é preocupante.

"Formar cientistas e engenheiros é fundamental para que exista inovação tecnológica nas empresas", afirma.
Além disso, pondera, áreas estratégicas para o país precisam dessas pessoas, como o programa espacial, o programa antártico, a política nuclear, as questões que envolvem clima, energia e agricultura e o pré-sal.
Segundo ele, o CNPq tem procurado apoiar a formação de engenheiros e cientistas lançando editais voltados para essas áreas, assim como facilitando o acesso a bolsas a alunos que se interessarem pelas áreas. "É necessário corrigir essa distorção", diz.
Os especialistas concordam, porém, que pode acontecer um movimento natural de fortalecimento das áreas que envolvem números.
"Nos últimos 20 anos o país não cresceu muito, não havia muito emprego ou interesse nas áreas de engenharia ou ciências da Terra. Direito, economia e administração, por exemplo, eram as áreas onde havia mais possibilidade de os doutores se empregarem", diz Viotti.
Com a economia do país se aquecendo e com empregos sobrando nas áreas de infraestrutura, o próprio mercado de trabalho pode incentivar alunos a buscarem as áreas de exatas, portanto.
RICARDO MIOTO
Folha de S.Paulo, 04/07/2010
O doutorando brasileiro está cada vez mais interessado em Machado de Assis e menos em relatividade.
Ao menos é isso o que sugere um novo levantamento do governo. Ele mostra que a expansão da pós-graduação brasileira é puxada, em primeiro lugar, pelo aumento de doutores nas humanidades, e não nas ciências exatas e biológicas.
Em 1996, as ciências exatas e da Terra ocupavam o segundo lugar entre as áreas que mais formavam doutores no país, com 16,1%. Em 2008, caíram para o sexto lugar, com 10,6%.
O tombo das engenharias foi menor. A área se manteve como a quinta que mais forma doutores, mas a sua fatia caiu de 13,7% para 11,4%. Redução similar teve a área de ciências biológicas.

"Se olharmos as áreas que cresceram menos, elas ainda cresceram muito", diz Eduardo Viotti, que coordenou o estudo, realizado pelo Centro de Gestão e Estudos Estratégicos, vinculado ao Ministério da Ciência e Tecnologia.
"É difícil criar doutorados em áreas de ciências exatas, da Terra e engenharias. Eles exigem laboratórios, não são cursos que precisam apenas de cuspe e giz", brinca.
"O custo mais baixo estimula as escolas particulares a abrir cursos nessas áreas. Os novos dados não me surpreendem", diz o especialista em política científica Rogério Meneghini, coordenador de Pesquisas do Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde (Opas-OMS).
Não foi só por causa das particulares que o número de doutores disparou, porém. Nesses 12 anos, as universidades federais aumentaram em mais de cinco vezes o seu número de doutores.
Em 2005, aliás, elas ultrapassaram as estaduais e se tornaram as instituições mais importantes na pós-graduação do Brasil.
Algumas estaduais, porém, como a USP e a Unicamp, ainda concentram grande parte das matrículas no país (veja abaixo). E, apesar do crescimento das federais, o país ainda tem apenas 1,4 doutor por mil habitantes, enquanto os EUA têm 8,4, e a Alemanha, 15,4.
MUDANÇA DE RUMO
Para Carlos Aragão, presidente do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), a queda relativa na formação de quadros em ciências exatas é preocupante.

"Formar cientistas e engenheiros é fundamental para que exista inovação tecnológica nas empresas", afirma.
Além disso, pondera, áreas estratégicas para o país precisam dessas pessoas, como o programa espacial, o programa antártico, a política nuclear, as questões que envolvem clima, energia e agricultura e o pré-sal.
Segundo ele, o CNPq tem procurado apoiar a formação de engenheiros e cientistas lançando editais voltados para essas áreas, assim como facilitando o acesso a bolsas a alunos que se interessarem pelas áreas. "É necessário corrigir essa distorção", diz.
Os especialistas concordam, porém, que pode acontecer um movimento natural de fortalecimento das áreas que envolvem números.
"Nos últimos 20 anos o país não cresceu muito, não havia muito emprego ou interesse nas áreas de engenharia ou ciências da Terra. Direito, economia e administração, por exemplo, eram as áreas onde havia mais possibilidade de os doutores se empregarem", diz Viotti.
Com a economia do país se aquecendo e com empregos sobrando nas áreas de infraestrutura, o próprio mercado de trabalho pode incentivar alunos a buscarem as áreas de exatas, portanto.
Lula quer que Petrobras faca prospeccao em Cabo Verde
Ué, eu pensei que a Petrobras fosse uma companhia comercial, que só empreende negócios com base numa análise técnica e econômica dos resultados esperados, e que sua tecnologia fosse coisa proprietária, não para sair distribuindo de graça por aí.
Não sabia que o presidente da República fizesse parte de seu Conselho de Administração, e que pudesse sair por aí dando ordens a essa companhia, como se fosse um simples serviçal do seu palácio. Pensei também que havia certo profissionalismo na Petrobras, não que ela fosse um mero instrumentos dos desvarios presidenciais.
Lula quer que Petrobrás faça prospecção em Cabo Verde
Agência Estado, domingo, 4 de julho de 2010
Em visita ao país, presidente diz que atuação da estatal na nação africana deverá ser feita com transferência de tecnologia em exploração em águas ultra profundas
ILHA DO SAL, CABO VERDE - A Petrobrás poderá fazer prospecção de petróleo em Cabo Verde. Em visita ao país, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva informou que pedirá à direção da estatal que inicie as conversas com o governo cabo-verdiano. "Queremos expandir a Petrobrás para que ela possa fazer estudos em outros lugares, sobretudo em águas profundas. Conversei com o primeiro-ministro e Cabo Verde tem interesse em fazer estudos em suas águas", disse Lula em pronunciamento conjunto com o primeiro-ministro de Cabo Verde, José Maria Neves.
O presidente brasileiro afirmou que assim que regressar ao País, após sua viagem por seis nações da África, conversará com a direção da estatal. "Eu assumi compromisso de, regressando ao Brasil, conversar com a direção da Petrobras para que venha gente aqui fazer uma primeira conversa com autoridades de Cabo Verde para ver as possibilidades."
Segundo Lula, a atuação da Petrobrás em Cabo Verde deverá ser feita com transferência de tecnologia em exploração em águas ultra profundas, área em que a Petrobras tem excelência no mercado mundial. "Nós não vamos abdicar da política de solidariedade. Vamos partilhar o conhecimento que nós temos com os outros países", afirmou o presidente brasileiro. "O Brasil está vivendo um momento muito especial, com perspectiva de exploração em águas ultra profundas, na chamada camada pré-sal. Há o compromisso de investir US$ 224 bilhões até 2014 na construção de sondas, navios, pesquisa e expedições", acrescentou.
José Maria Neves, por sua vez, demonstrou entusiasmo com a possibilidade de a estatal de petróleo brasileira atuar em Cabo Verde. "Há indicações de que pode haver petróleo em Cabo Verde em águas ultra profundas, e gás também", disse o primeiro-ministro. Neves afirmou que é estratégico para Cabo Verde ter o domínio do mar e das riquezas provenientes do mar do arquipélago. "Nós queremos cooperar com o Brasil para realizar os estudos técnicos necessários para saber se há recursos petrolíferos ou gás aqui em Cabo Verde. Essa é uma área fundamental de cooperação", disse o primeiro-ministro.
As informações são da Agência Brasil.
Não sabia que o presidente da República fizesse parte de seu Conselho de Administração, e que pudesse sair por aí dando ordens a essa companhia, como se fosse um simples serviçal do seu palácio. Pensei também que havia certo profissionalismo na Petrobras, não que ela fosse um mero instrumentos dos desvarios presidenciais.
Lula quer que Petrobrás faça prospecção em Cabo Verde
Agência Estado, domingo, 4 de julho de 2010
Em visita ao país, presidente diz que atuação da estatal na nação africana deverá ser feita com transferência de tecnologia em exploração em águas ultra profundas
ILHA DO SAL, CABO VERDE - A Petrobrás poderá fazer prospecção de petróleo em Cabo Verde. Em visita ao país, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva informou que pedirá à direção da estatal que inicie as conversas com o governo cabo-verdiano. "Queremos expandir a Petrobrás para que ela possa fazer estudos em outros lugares, sobretudo em águas profundas. Conversei com o primeiro-ministro e Cabo Verde tem interesse em fazer estudos em suas águas", disse Lula em pronunciamento conjunto com o primeiro-ministro de Cabo Verde, José Maria Neves.
O presidente brasileiro afirmou que assim que regressar ao País, após sua viagem por seis nações da África, conversará com a direção da estatal. "Eu assumi compromisso de, regressando ao Brasil, conversar com a direção da Petrobras para que venha gente aqui fazer uma primeira conversa com autoridades de Cabo Verde para ver as possibilidades."
Segundo Lula, a atuação da Petrobrás em Cabo Verde deverá ser feita com transferência de tecnologia em exploração em águas ultra profundas, área em que a Petrobras tem excelência no mercado mundial. "Nós não vamos abdicar da política de solidariedade. Vamos partilhar o conhecimento que nós temos com os outros países", afirmou o presidente brasileiro. "O Brasil está vivendo um momento muito especial, com perspectiva de exploração em águas ultra profundas, na chamada camada pré-sal. Há o compromisso de investir US$ 224 bilhões até 2014 na construção de sondas, navios, pesquisa e expedições", acrescentou.
José Maria Neves, por sua vez, demonstrou entusiasmo com a possibilidade de a estatal de petróleo brasileira atuar em Cabo Verde. "Há indicações de que pode haver petróleo em Cabo Verde em águas ultra profundas, e gás também", disse o primeiro-ministro. Neves afirmou que é estratégico para Cabo Verde ter o domínio do mar e das riquezas provenientes do mar do arquipélago. "Nós queremos cooperar com o Brasil para realizar os estudos técnicos necessários para saber se há recursos petrolíferos ou gás aqui em Cabo Verde. Essa é uma área fundamental de cooperação", disse o primeiro-ministro.
As informações são da Agência Brasil.
Brasil-EUA-Coreia do Sul: trajetórias divergentes
Tem gente que ainda acha que o Brasil vai crescer a 7% e diminuir a distância em relação aos Estados Unidos. Pode até ser, mas sem investir em educação (que não significa mais dinheiro apenas, e sim reformas restruturais), vai ser difícil.
O Brasil é um país totalmente preparado para não crescer...
Paulo Roberto de Almeida
Comparado a EUA, poder de compra retrocede no Brasil
ÉRICA FRAGA
Folha de S.Paulo, 04/07/2010
O Brasil teve crescimento econômico maior que o dos Estados Unidos nos últimos seis anos. Cerca de 19 milhões de pessoas deixaram de viver na pobreza entre 2003 e 2008.
Ainda assim, a enorme diferença de nível de renda que separa brasileiros e norte-americanos é maior agora do que em 1980.
O PIB (Produto Interno Bruto) per capita do Brasil medido em PPC (paridade do poder de compra) era de US$ 10.514 em 2009, equivalente a 22,7% do mesmo indicador para os Estados Unidos.
O percentual módico aumentou em anos recentes, mas segue menor que os 30,5% registrados em 1980, segundo dados do FMI (Fundo Monetário Internacional). Ou seja, em termos relativos, os brasileiros são mais pobres que os norte-americanos hoje do que há 30 anos.
A tendência brasileira e de outras economias latino-americanas grandes, como a argentina e a mexicana, contrasta fortemente com o que ocorre em alguns países asiáticos, onde o nível de renda vem convergindo para padrões de nações desenvolvidas a um ritmo rápido.
SUCESSO COREANO
A Coreia do Sul é um exemplo marcante. Era quase tão pobre em relação aos Estados Unidos em 1980 quanto o Brasil é hoje: o PIB per capita em PPC do país equivalia a 18,8% do norte-americano naquele momento. Mas esse percentual saltou para 60,3% no ano passado.
O país asiático tem passado por um processo chamado convergência econômica, que prevê que o nível de renda de nações pobres deve gradualmente se aproximar do padrão mais alto de rendimentos de países avançados à medida que os primeiros se desenvolvam.
A principal explicação para as diferentes trajetórias entre Brasil e Coreia está ligada à capacidade de sustentar uma taxa relativamente alta de crescimento econômico por um período longo.
O Brasil cresceu fortemente nos anos 60 e 70, depois passou por duas décadas comumente descritas como perdidas em termos de expansão sustentável do PIB e, desde o início dos anos 2000, iniciou nova recuperação.
Já a Coreia do Sul cresceu fortemente e de maneira sustentada nas últimas cinco décadas.
PRODUTIVIDADE
Segundo José Márcio Camargo, economista da Opus Gestão de Recursos e professor da PUC-RJ, a convergência econômica ocorre normalmente depois de um período de forte crescimento de produtividade (medida importante de eficiência de uma economia).
Isso depende de investimentos em capital físico (máquinas e equipamentos) e humano (educação).
Ele ressalta que tem havido no Brasil progressos em termos de investimento em capital físico e avanços regulatórios no mercado de crédito (o que aumenta o acesso de pessoas físicas e jurídicas a financiamentos).
Esses são fatores positivos do ponto de vista de perspectivas de maiores ganhos de produtividade. Mas há outros fatores limitadores do crescimento de longo prazo:
"A principal razão para a convergência mais lenta do Brasil é o investimento ainda baixo em educação, o que limita o crescimento de longo prazo", diz Camargo.
Já a Coreia do Sul, lembra o economista, investiu fortemente tanto em educação quanto em capital físico por muitos anos.
O Brasil é um país totalmente preparado para não crescer...
Paulo Roberto de Almeida
Comparado a EUA, poder de compra retrocede no Brasil
ÉRICA FRAGA
Folha de S.Paulo, 04/07/2010
O Brasil teve crescimento econômico maior que o dos Estados Unidos nos últimos seis anos. Cerca de 19 milhões de pessoas deixaram de viver na pobreza entre 2003 e 2008.
Ainda assim, a enorme diferença de nível de renda que separa brasileiros e norte-americanos é maior agora do que em 1980.
O PIB (Produto Interno Bruto) per capita do Brasil medido em PPC (paridade do poder de compra) era de US$ 10.514 em 2009, equivalente a 22,7% do mesmo indicador para os Estados Unidos.
O percentual módico aumentou em anos recentes, mas segue menor que os 30,5% registrados em 1980, segundo dados do FMI (Fundo Monetário Internacional). Ou seja, em termos relativos, os brasileiros são mais pobres que os norte-americanos hoje do que há 30 anos.
A tendência brasileira e de outras economias latino-americanas grandes, como a argentina e a mexicana, contrasta fortemente com o que ocorre em alguns países asiáticos, onde o nível de renda vem convergindo para padrões de nações desenvolvidas a um ritmo rápido.
SUCESSO COREANO
A Coreia do Sul é um exemplo marcante. Era quase tão pobre em relação aos Estados Unidos em 1980 quanto o Brasil é hoje: o PIB per capita em PPC do país equivalia a 18,8% do norte-americano naquele momento. Mas esse percentual saltou para 60,3% no ano passado.
O país asiático tem passado por um processo chamado convergência econômica, que prevê que o nível de renda de nações pobres deve gradualmente se aproximar do padrão mais alto de rendimentos de países avançados à medida que os primeiros se desenvolvam.
A principal explicação para as diferentes trajetórias entre Brasil e Coreia está ligada à capacidade de sustentar uma taxa relativamente alta de crescimento econômico por um período longo.
O Brasil cresceu fortemente nos anos 60 e 70, depois passou por duas décadas comumente descritas como perdidas em termos de expansão sustentável do PIB e, desde o início dos anos 2000, iniciou nova recuperação.
Já a Coreia do Sul cresceu fortemente e de maneira sustentada nas últimas cinco décadas.
PRODUTIVIDADE
Segundo José Márcio Camargo, economista da Opus Gestão de Recursos e professor da PUC-RJ, a convergência econômica ocorre normalmente depois de um período de forte crescimento de produtividade (medida importante de eficiência de uma economia).
Isso depende de investimentos em capital físico (máquinas e equipamentos) e humano (educação).
Ele ressalta que tem havido no Brasil progressos em termos de investimento em capital físico e avanços regulatórios no mercado de crédito (o que aumenta o acesso de pessoas físicas e jurídicas a financiamentos).
Esses são fatores positivos do ponto de vista de perspectivas de maiores ganhos de produtividade. Mas há outros fatores limitadores do crescimento de longo prazo:
"A principal razão para a convergência mais lenta do Brasil é o investimento ainda baixo em educação, o que limita o crescimento de longo prazo", diz Camargo.
Já a Coreia do Sul, lembra o economista, investiu fortemente tanto em educação quanto em capital físico por muitos anos.
Programa nuclear iraniano: buscando uma boia de salvacao?
E o Brasil será essa bóia?
Irã afirma estar preparando nova reunião com Brasil e Turquia
Nejme Joma
Agencia EFE, 04/07/2010
Teerã - O ministro de Assuntos Exteriores iraniano, Manouchehr Mottaki, afirmou neste domingo que seu país está conversando com o Brasil e a Turquia para a realização de uma reunião para abordar a troca de combustível nuclear.
Conforme a agência de notícias “Isna”, Mottaki fez a declaração no 28º aniversário do desaparecimento de quatro supostos diplomatas iranianos no Líbano.
“Estamos em contato com o Brasil e a Turquia para coordenar a continuação das negociações”, disse Mottaki.
O chefe da diplomacia iraniana acrescentou que levando em conta a acirrada agenda dos ministros de Relações Exteriores do Brasil e da Turquia, o Irã está negociando para uma data adequada para o encontro. Mottaki disse que a reunião deve ocorrer em Teerã.
Irã mantém queda-de-braço com a comunidade internacional ao rejeitar a suspensão da atividade do enriquecimento de urânio que afirma precisar para abastecer as suas futuras usinas nucleares.
Apesar das pressões internacionais e as resoluções da ONU, o Irã conseguiu até agora produzir e armazenar milhares de quilos de urânio enriquecido a 3,5%.
Em março, o Irã apresentou um pedido na Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) para a compra de combustível nuclear para seu reator científico de Teerã.
Sete meses depois, a comunidade internacional propôs em Genebra uma fórmula para o envio do urânio iraniano enriquecido a 3,5% à Rússia, em troca de combustível nuclear a 20% produzido na Rússia e França.
Em um primeiro momento a fórmula foi aceita. Depois, o regime se negou a entregar seu urânio alegando não ter garantias de recebê-lo novamente.
Irã anunciou em seguida ter começado enriquecer urânio em 20% para garantir a necessidade de seu reator de Teerã.
Após vários meses de bloqueio de negociações, os ministros de Relações Exteriores do Irã, Brasil e Turquia assinaram em meados de junho um comunicado em Teerã para solucionar a questão de troca de combustível nuclear entre Irã e o grupo integrado pelos EUA, Rússia, França e a AIEA.
Pelo acordo, o Irã enviaria à Turquia 1,2 mil quilos enriquecidos a 3,5%, para receber em um ano 120 quilos de urânio enriquecido a 20%.
Irã afirma estar preparando nova reunião com Brasil e Turquia
Nejme Joma
Agencia EFE, 04/07/2010
Teerã - O ministro de Assuntos Exteriores iraniano, Manouchehr Mottaki, afirmou neste domingo que seu país está conversando com o Brasil e a Turquia para a realização de uma reunião para abordar a troca de combustível nuclear.
Conforme a agência de notícias “Isna”, Mottaki fez a declaração no 28º aniversário do desaparecimento de quatro supostos diplomatas iranianos no Líbano.
“Estamos em contato com o Brasil e a Turquia para coordenar a continuação das negociações”, disse Mottaki.
O chefe da diplomacia iraniana acrescentou que levando em conta a acirrada agenda dos ministros de Relações Exteriores do Brasil e da Turquia, o Irã está negociando para uma data adequada para o encontro. Mottaki disse que a reunião deve ocorrer em Teerã.
Irã mantém queda-de-braço com a comunidade internacional ao rejeitar a suspensão da atividade do enriquecimento de urânio que afirma precisar para abastecer as suas futuras usinas nucleares.
Apesar das pressões internacionais e as resoluções da ONU, o Irã conseguiu até agora produzir e armazenar milhares de quilos de urânio enriquecido a 3,5%.
Em março, o Irã apresentou um pedido na Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) para a compra de combustível nuclear para seu reator científico de Teerã.
Sete meses depois, a comunidade internacional propôs em Genebra uma fórmula para o envio do urânio iraniano enriquecido a 3,5% à Rússia, em troca de combustível nuclear a 20% produzido na Rússia e França.
Em um primeiro momento a fórmula foi aceita. Depois, o regime se negou a entregar seu urânio alegando não ter garantias de recebê-lo novamente.
Irã anunciou em seguida ter começado enriquecer urânio em 20% para garantir a necessidade de seu reator de Teerã.
Após vários meses de bloqueio de negociações, os ministros de Relações Exteriores do Irã, Brasil e Turquia assinaram em meados de junho um comunicado em Teerã para solucionar a questão de troca de combustível nuclear entre Irã e o grupo integrado pelos EUA, Rússia, França e a AIEA.
Pelo acordo, o Irã enviaria à Turquia 1,2 mil quilos enriquecidos a 3,5%, para receber em um ano 120 quilos de urânio enriquecido a 20%.
Moises Naim virou keynesiano?
Ou é apenas pragmático?
Creio que ele sempre tenta épater, ou seja, surprender os leitores, pois não acredito que pretenda que a Alemanha se comporte de maneira irresponsável com os seus próprios cidadãos e contra o equilíbrio das suas contas públicas.
Por vezes, um pouco de realismo orçamentário, quaisquer que sejam os sofrimentos impostos aos cidadãos no momento, é a melhor maneira de não deixar uma herança pesada para as gerações futuras.
Mas, entendo que Naím esteja querendo apenas assegurar uma transição tranquila para o crescimento da Europa.
Não podemos esquecer que a China apenas seguiu o seu interesse próprio, sem deixar de atentar para sua posição atual na economia mundial, mas entre os dois, não se pode duvidar do que seria mais importante para os líderes chineses...
Paulo Roberto de Almeida
Alemania, 0; China, 1
MOISÉS NAÍM
El País, 04/07/2010
¿Quién se ha comportado mejor durante esta crisis económica: Angela Merkel, la canciller de Alemania, o Hu Jintao, el presidente de China? El chino.
Sé que esta afirmación resultará sorprendente. Nos hemos acostumbrado a oír que, debido a sus bajos sueldos, China presiona a la baja los salarios de sus competidores e incluso contribuye al desempleo en el resto del mundo. China también es acusada de mantener artificialmente bajo el valor de su moneda, lo que abarata aún más sus exportaciones y encarece el costo de los productos que importa. También sabemos de su autoritarismo, sus violaciones a los derechos humanos, sus constantes robos a la propiedad intelectual, su amistad con cualquier tirano dispuesto a darle acceso a materias primas, y que regímenes espantosos como los de Corea del Norte y Myanmar o los genocidas de Darfur cuentan con su apoyo.
¿En qué cabeza cabe, entonces, la defensa del Gobierno chino? He sido un duro y permanente crítico de las prácticas represivas de Pekín. Y lo sigo siendo. Pero debo reconocer que, en esta crisis, la República Popular China ha sido un actor global serio, responsable y competente. Y que Alemania lo ha sido mucho menos. Por eso hoy Hu Jintao merece loas y Angela Merkel reproches.
Millones de personas en el mundo conservan su trabajo gracias a las políticas económicas de China. Y otros varios millones en Europa y otras partes no consiguen trabajo debido a las políticas económicas de Alemania. Mientras China contribuye a generar actividad económica en otras regiones, la inacción alemana irradia presiones que la contraen.
China se ha transformado en el gran motor de la economía mundial. Cuando la segunda economía más grande del mundo crece al 10% anual levanta a muchos otros países. Gracias a China, por ejemplo, la crisis no tuvo peores consecuencias para América Latina y el resto de Asia. La economía mundial crece al 4% y China por sí sola genera el 1% de este crecimiento. En otras palabras, le debemos a China el 25% de la tasa de expansión económica del mundo.
Hu Jintao y su Gobierno reaccionaron ante la crisis con rapidez y efectividad. En 2009 aprobaron un gigantesco estímulo fiscal de 568.000 millones de dólares. Cuando vieron que en 2010 la economía mundial seguía anémica, pisaron el acelerador y aumentaron el crédito. La expansión monetaria creció un extraordinario 30% en solo dos años. Pero Pekín no solo tomó decisiones acertadas; también evitó caer en peligrosas tentaciones. En el peor momento de la crisis, en 2008, Rusia propuso a los chinos que ambos vendieran de manera coordinada y masiva su cartera de bonos de Fannie Mae y Freddie Mac, los dos gigantescos entes financieros estadounidenses. Los chinos se negaron. De haber caído en esa tentación, la crisis para el mundo hubiese sido mucho más grave.
Entretanto, en Berlín... Negación, austeridad, prudencia, confusión, lentitud y obsesión por las encuestas y la política doméstica. Alemania tiene las reservas y la fortaleza económica para ayudar a que sus vecinos salgan de su estancamiento. Pero Angela Merkel no las quiere usar. La audacia y seguridad de Hu contrastan con la cautela de Merkel. Él decide, ella duda. Y mientras, una gran parte de Europa sigue parada.
Sabemos que la conducta de las naciones no está motivada por el altruismo, sino por sus intereses. Las decisiones de Hu Jintao son tan nacionalistas como las de Angela Merkel. Pero mientras que el líder chino entendió que el bienestar de su país depende de lo que le pasa al resto del mundo, la canciller alemana parece creer que es posible aislar a su país de la catástrofe económica de sus vecinos. Es una gran ironía que la salud de la economía capitalista globalizada esté dependiendo tan críticamente de Hu Jintao, quien en 2004 aún exhortaba al Partido Comunista chino a "defender las grandes banderas del marxismo".
Creio que ele sempre tenta épater, ou seja, surprender os leitores, pois não acredito que pretenda que a Alemanha se comporte de maneira irresponsável com os seus próprios cidadãos e contra o equilíbrio das suas contas públicas.
Por vezes, um pouco de realismo orçamentário, quaisquer que sejam os sofrimentos impostos aos cidadãos no momento, é a melhor maneira de não deixar uma herança pesada para as gerações futuras.
Mas, entendo que Naím esteja querendo apenas assegurar uma transição tranquila para o crescimento da Europa.
Não podemos esquecer que a China apenas seguiu o seu interesse próprio, sem deixar de atentar para sua posição atual na economia mundial, mas entre os dois, não se pode duvidar do que seria mais importante para os líderes chineses...
Paulo Roberto de Almeida
Alemania, 0; China, 1
MOISÉS NAÍM
El País, 04/07/2010
¿Quién se ha comportado mejor durante esta crisis económica: Angela Merkel, la canciller de Alemania, o Hu Jintao, el presidente de China? El chino.
Sé que esta afirmación resultará sorprendente. Nos hemos acostumbrado a oír que, debido a sus bajos sueldos, China presiona a la baja los salarios de sus competidores e incluso contribuye al desempleo en el resto del mundo. China también es acusada de mantener artificialmente bajo el valor de su moneda, lo que abarata aún más sus exportaciones y encarece el costo de los productos que importa. También sabemos de su autoritarismo, sus violaciones a los derechos humanos, sus constantes robos a la propiedad intelectual, su amistad con cualquier tirano dispuesto a darle acceso a materias primas, y que regímenes espantosos como los de Corea del Norte y Myanmar o los genocidas de Darfur cuentan con su apoyo.
¿En qué cabeza cabe, entonces, la defensa del Gobierno chino? He sido un duro y permanente crítico de las prácticas represivas de Pekín. Y lo sigo siendo. Pero debo reconocer que, en esta crisis, la República Popular China ha sido un actor global serio, responsable y competente. Y que Alemania lo ha sido mucho menos. Por eso hoy Hu Jintao merece loas y Angela Merkel reproches.
Millones de personas en el mundo conservan su trabajo gracias a las políticas económicas de China. Y otros varios millones en Europa y otras partes no consiguen trabajo debido a las políticas económicas de Alemania. Mientras China contribuye a generar actividad económica en otras regiones, la inacción alemana irradia presiones que la contraen.
China se ha transformado en el gran motor de la economía mundial. Cuando la segunda economía más grande del mundo crece al 10% anual levanta a muchos otros países. Gracias a China, por ejemplo, la crisis no tuvo peores consecuencias para América Latina y el resto de Asia. La economía mundial crece al 4% y China por sí sola genera el 1% de este crecimiento. En otras palabras, le debemos a China el 25% de la tasa de expansión económica del mundo.
Hu Jintao y su Gobierno reaccionaron ante la crisis con rapidez y efectividad. En 2009 aprobaron un gigantesco estímulo fiscal de 568.000 millones de dólares. Cuando vieron que en 2010 la economía mundial seguía anémica, pisaron el acelerador y aumentaron el crédito. La expansión monetaria creció un extraordinario 30% en solo dos años. Pero Pekín no solo tomó decisiones acertadas; también evitó caer en peligrosas tentaciones. En el peor momento de la crisis, en 2008, Rusia propuso a los chinos que ambos vendieran de manera coordinada y masiva su cartera de bonos de Fannie Mae y Freddie Mac, los dos gigantescos entes financieros estadounidenses. Los chinos se negaron. De haber caído en esa tentación, la crisis para el mundo hubiese sido mucho más grave.
Entretanto, en Berlín... Negación, austeridad, prudencia, confusión, lentitud y obsesión por las encuestas y la política doméstica. Alemania tiene las reservas y la fortaleza económica para ayudar a que sus vecinos salgan de su estancamiento. Pero Angela Merkel no las quiere usar. La audacia y seguridad de Hu contrastan con la cautela de Merkel. Él decide, ella duda. Y mientras, una gran parte de Europa sigue parada.
Sabemos que la conducta de las naciones no está motivada por el altruismo, sino por sus intereses. Las decisiones de Hu Jintao son tan nacionalistas como las de Angela Merkel. Pero mientras que el líder chino entendió que el bienestar de su país depende de lo que le pasa al resto del mundo, la canciller alemana parece creer que es posible aislar a su país de la catástrofe económica de sus vecinos. Es una gran ironía que la salud de la economía capitalista globalizada esté dependiendo tan críticamente de Hu Jintao, quien en 2004 aún exhortaba al Partido Comunista chino a "defender las grandes banderas del marxismo".
Assinar:
Comentários (Atom)
Postagem em destaque
Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida
Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...
-
Uma preparação de longo curso e uma vida nômade Paulo Roberto de Almeida A carreira diplomática tem atraído número crescente de jovens, em ...
-
FAQ do Candidato a Diplomata por Renato Domith Godinho TEMAS: Concurso do Instituto Rio Branco, Itamaraty, Carreira Diplomática, MRE, Diplom...
-
Países de Maior Acesso aos textos PRA em Academia.edu (apenas os superiores a 100 acessos) Compilação Paulo Roberto de Almeida (15/12/2025) ...
-
Mercado Comum da Guerra? O Mercosul deveria ser, em princípio, uma zona de livre comércio e também uma zona de paz, entre seus próprios memb...
-
Reproduzo novamente uma postagem minha de 2020, quando foi publicado o livro de Dennys Xavier sobre Thomas Sowell quarta-feira, 4 de março...
-
Itamaraty 'Memórias', do embaixador Marcos Azambuja, é uma aula de diplomacia Embaixador foi um grande contador de histórias, ...
-
Israel Products in India: Check the Complete list of Israeli Brands! Several Israeli companies have established themselves in the Indian m...
-
Pequeno manual prático da decadência (recomendável em caráter preventivo...) Paulo Roberto de Almeida Colaboração a número especial da rev...
-
O Brics vai de vento em popa, ao que parece. Como eu nunca fui de tomar as coisas pelo seu valor de face, nunca deixei de expressar meu pen...