Como alguém teve o mau-caratismo de invocar, pela enésima vez, a tal história dos sapatos, sempre contada com aquela baba de prazer indigno que acometem pessoas que não possuem argumentos melhores a esgrimir, permito-me republicar aqui um artigo já divulgado duas vezes no passado, mas que passou despercebido da maioria (geralmente porque só publico em pasquins desimportantes, como este próprio blog).
Gostaria, porém, de aduzir antes um novo comentário.
Quando algum fiscal aduaneiro, quando algum agente de segurança, em qualquer aeroporto, estação ferroviária, prédio público de qualquer parte do mundo, me submete a uma perquisição em regra, inclusive com escrutínio completo de meus pertences, e de meu corpo (com detectores manuais), eu me submeto voluntariamente, e JAMAIS retirei meu passaporte diplomático para alegar qualquer autoridade que aliás eu não possuo naquele recinto.
Naquele local, a autoridade máxima é o agente de segurança, e ele está ali cumprindo ordens, assegurando a segurança, justamente, de meu vôo, de meu trajeto de trem ou de ônibus, segurança do edifício público onde estou entrando.
Apenas idiotas pretendem se isentar desses procedimentos normais de segurança, invocando não se sabe qual dignidade nacional, apenas para parecerem diferentes e superiores.
Como qualquer idiota, ou melhor, terrorista, hoje, pode forjar um documento, e se apresentar como autoridade de um país qualquer, acho que mesmo os idiotas que pretendem se recusar aos controles viajam com maior segurança quando não existem exceções para os controles. Apenas idiotas preferem viajar sem segurança completa.
Dito isto, informo e reproduzo o que já publiquei a respeito.
2055. “De como os sapatos são importantes para a Soberania Nacional (ou não?)” Brasília, 23 outubro 2009, 5 p. Considerações exatamente sobre o que o título indica. Postado no blog Diplomatizzando (24.10.2009).
Publicado, sob o título “De sapatos e da soberania”, em Via Política (26.10.2009). Relação de Publicados n. 929.
De sapatos e da soberania
Paulo Roberto de Almeida (23.10.2009)
Nesta semana que passou, mais exatamente no dia 20 de outubro de 2009, eu ouvi, diretamente e pela enésima vez – depois de já tê-la ouvido, lido ou assistido, outras tantas vezes, por todos os meios de comunicação possíveis – uma frase fatídica, que todas as pessoas bem informadas já ouviram também, e que resume, de maneira perfeitamente clara, o conceito de soberania nacional que ostentam certas pessoas:
“Ministro de Estado não tira os sapatos!”
A invectiva, obviamente, não tem nada a ver comigo, pois não sou ministro, muito menos de Estado, nem corro o risco, absolutamente, de converter-me numa dessas respeitáveis figuras, any time soon. Mas, já tirei, sim, os sapatos, algumas vezes, inclusive em aeroportos brasileiros, sempre e quando fui assim instado a fazê-lo por alguma autoridade aeroportuária de segurança (entendo que o mais humilde guarda-fronteiras é uma autoridade com plenos poderes, em sua restrita competência local e setorial). Jamais fiz desse pequeno incômodo momentâneo algo maior, ou diferente, do que o seu estrito significado real: uma medida de segurança, tomada por autoridades que zelam pela segurança de todos os usuários dos transportes aéreos (mas também poderia ser em qualquer outro meio, circunstância ou contexto).
Aliás, mesmo se eu fosse ministro, não consideraria tal medida desabusada, desrespeitosa ou de qualquer forma dirigida contra mim, pois entendo que qualquer pessoa deve colaborar e acatar normas de segurança adotadas em caráter universal. Pretender invocar uma qualquer autoridade superior para eximir-se de cumprir uma norma geral de segurança significa, em primeiro lugar, considerar acima dos demais usuários de transportes coletivos, quando o que se está fazendo é exatamente isso: usando um meio de transporte coletivo que obedece a normas de segurança ditadas por alguma autoridade do setor. Acho que essa coisa de invocar o “sabe com quem está falando?” já passou de moda, ou só é invocada por quem não está seguro de sua própria autoridade.
Eu não me sentiria menos “ministro”, se fosse o caso, se decidisse cumprir esse tipo de requisito universal de “minhas” próprias autoridades, nem me sentiria ofendido em minha dignidade pessoal, ou funcional, se autoridades estrangeiras de segurança assim o exigissem de mim. Não creio que minha respeitabilidade pessoal, ou funcional, como figura pública, ou que a soberania nacional que eu por acaso simbolizasse, seriam gravemente afetadas, ou politicamente prejudicadas, naquilo que é relevante, se por acaso eu decidisse, em lugar de brandir uma qualquer autoridade de minha parte, acatar determinações nesse sentido de qualquer autoridade que fosse. Poderia, claro, invocar minha hipotética qualidade de “ministro” de qualquer coisa, para subtrair-me a esse tipo de incômodo menor, mas não creio que o cuidado de eximir-me de tal exigência valeria o esforço da explicação, da apresentação de credenciais, da devida identificação, do reconhecimento, do pedido de desculpas, das mesuras apropriadas, enfim, do ritual habitual a que se submetem todos aqueles que se sentem no dever, na obrigação ou que têm prazer em exibir sua autoridade (sim, existem aqueles que viajam com valetes e mordomos, que cumprem esses rituais).
Bem, eu dizia, no começo, que esse assunto não é exatamente comigo e que eu não correria esse risco, e ratifico: não é nada comigo. Mas tem algo a ver comigo, ou com o meu modo de ser, como explico a seguir.
Pessoas importantes – não preciso dizer quem – vêm insistindo, a cada oportunidade, sobre o absurdo que constitui o ato de retirar os sapatos em aeroportos, como se isso constituísse um grave atentado à soberania do País, uma ofensa à dignidade pessoal, ou funcional e, quem sabe?, uma diminuição da respeitabilidade nacional. Posso dizer, de imediato, que considero uma indignidade esse tipo de exploração política de atos excepcionais – posto que adotados sem expressa intenção de cometer aqueles “delitos” supra-mencionados – para proclamar, retoricamente, um conceito absolutamente ridículo de soberania nacional, que se resume exatamente a isto: o fato de se vincular a soberania de um Estado ao ato de retirar (ou não) os sapatos, por exigência de um simples guarda-fronteiras, por mais obtuso que este fosse, ou por mais alheio que seja às regras do tratamento diplomático de costume.
Desculpem-me o comentário, mas considero esse tipo de atitude uma exploração vil de algo que não está na capacidade da “vítima”: mudar a atitude rotineira, absolutamente mecânica e burocrática, do agente atuante; trata-se de uma exploração indigna da parte de quem a faz, pois que vincula a soberania nacional – noção mais relevante do que isso e, ao mesmo tempo, muito difusa – à ação concreta, cometida em território estrangeiro, por um agente de segurança, geralmente de nível médio, sem o preparo adequado e sem consciência do que constituam ou representem os dispositivos da Convenção de Viena. Supor que tudo aquilo é feito para humilhar a autoridade estrangeira – no caso, o ministro em questão – seria abusar da inteligência de todos os envolvidos, tanto de quem formula, quanto de quem ouve tal tipo de peroração ‘patriótica’.
A frase fatídica, repetida ad nauseam em várias circunstâncias, tem exatamente esse objetivo: o de fazer crer que a dignidade nacional depende da preservação dos sapatos nos próprios pés, mantidos mesmo sob exortação contrária de um pobre guarda-fronteiras, que está ali apenas tentando cumprir ordens estritas recebidas de cima. Trata-se de um episódio absolutamente insignificante, que qualquer pessoa sensata consideraria corriqueiro e sem maior significado político, a menos que alguém pretenda se enrolar na bandeira nacional e passar a considerar que os seus sapatos também fazem parte do território pátrio e representam um pedaço da soberania estatal. Ridicule, n’est-ce pas?
Pois bem, vamos agora fazer um pequeno exercício de suposições, e inverter personagens, tempo e circunstâncias, colocando no lugar dos “submissos” aqueles mesmos que exploram politicamente e de forma vil – ouso repetir – esse episódio.
Vamos supor que um ministro qualquer, vindo de seu país de origem, desembarque no aeroporto de trânsito de uma cidade periférica do império – pois parece que se trata bem desse tipo de geografia, já que o aeroporto de um “parceiro estratégico” não serviria para o exercício de ‘exploração’ – em torno de 5 horas da madrugada, para fazer transbordo ao vôo de destino, justamente para a capital do império, onde ele vai se encontrar com responsáveis políticos locais naquela mesma manhã. Alerto que esta suposição se conforma exatamente ao cenário em causa.
No controle de trânsito, o ministro em questão se depara com a mais alta autoridade presente, um humilde guarda-fronteiras, cujas ordens estritas são as de inspecionar severamente todo e qualquer passante no seu setor, sobretudo quando se está a pouco mais de dois meses de um terrível atentado perpetrado por meio de transporte aéreo e justo depois que mais um terrorista energúmeno pretendia explodir uma outra aeronave dirigida ao mesmo país em pleno vôo, tentando acender o explosivo plástico que ele trazia escondido em seus sapatos (atenção, para quem não sabe: a história é real; felizmente, ele não conseguiu e foi dominado por passageiros e pela tripulação; os sapatos são a prova do atentado planejado...).
Voilà: o humilde guarda-fronteiras em questão, consciente de seu alto dever de resguardar a segurança de todos os usuários (inclusive estrangeiros) dos transportes aéreos dirigidos à capital do império, decide exigir de todos, sem exceção, que submetam os seus sapatos à inspeção de raios-x, no que é um procedimento inédito para a época, mas que depois se converteu em algo rotineiro. Ele não quer nem ver passaportes, credenciais, não quer discutir com ninguém, não pretende ouvir nenhuma reclamação: ele apenas quer que todos os sapatos passem pela inspeção, nem mais, nem menos. Velhos, jovens, saudáveis, aleijados, autoridades, simples turistas, todos devem submeter-se ao monitoramento; essas são as suas ordens, e ele se empenha em cumpri-las integralmente, as simple as that...
So what!? O que faz, então, o patriótico ministro de Estado? Claro, ele pode invocar a sua alta autoridade, em face da baixa autoridade do simples guarda-fronteiras, mas o fato é que o homenzinho ali postado não o deixará passar a menos que ele retire os seus sapatos, como todo mundo, e os coloque na esteira de controle. Nem adianta argumentar, pois o sujeito pode perder a paciência e simplesmente responder: “I don’t give a damn who you are: either you submit your shoes or you can’t pass this way”.
Não tem conversa. O patriótico ministro pode telefonar para a residência de seu representante na capital do império (que estará dormindo, nessa hora), acordá-lo, avisá-lo que está bloqueado na zona de trânsito daquele maldito aeroporto de periferia por causa de um ridículo par de sapatos, e pedir que o sujeito faça algo no mesmo momento. Bem, vejamos o que pode fazer o atônito funcionário da capital. Não há como acionar a chancelaria local, deserta, salvo algum sonolento agente de vigilância. Ele pode tentar saber qual seria o telefone do diplomata de plantão, para que este acione a autoridade correspondente do maldito aeroporto periférico, para que este acione os serviços de segurança, para que estes alcancem o guarda X do corredor Z, do terminal N, da ala B. Ele pode também tentar telefonar para o seu contato no cerimonial, que provavelmente estará dormindo, mas que procurará acionar o cerimonial, para que este acione a autoridade correspondente, etc., etc., etc...
Claro, tudo isso supondo que todo mundo atenda telefonemas de madrugada, que as pessoas saibam o que fazer e, sobretudo, que o façam em tempo hábil para que o patriótico ministro não perca a sua conexão que parte em pouco mais de uma hora de trânsito. Não pretendendo tirar os sapatos, sob risco de ofender gravemente a dignidade e a soberania nacionais, o ministro em questão os preservará em seus pés, com grande chance de perder o resto da viagem e os encontros daquela manhã na capital do império. Melhor que ele se acomode em alguma cadeira dura, enquanto espera o problema ser resolvido, e tire um cochilo no intervalo. Nesse caso, melhor tirar os sapatos para ficar mais confortável, inclusive acomodando os pés na cadeira ao lado. Difícil tirar uma sesta naquela espera angustiosa...
Sim, claro, mais tarde, bem mais tarde, ele terá de engajar um pouco mais de esforço para explicar ao agente da companhia de trânsito por que faltou à chamada de embarque, por que não avisou que deixaria de embarcar, além de providenciar novo vôo para a capital do império (esperando que o avião das 10h30 não esteja lotado) e tentar remarcar todos os compromissos perdidos daquela manhã. Mas isso é o de menos: o importante é que a soberania e a dignidade nacionais tenham sido preservadas.
Claro, ele também pode escolher viajar em jatinho comercial privado ou oficial de serviço, mas certamente vai sair bem mais caro para o orçamento nacional do que viajar em avião de linha; e, para escapar de todos esses chatíssimos controles de segurança, ele precisa sempre mobilizar todos os serviços de cerimonial, mandar avisar todos os responsáveis de aeroportos da periferia do império, se munir de serviçais solícitos e se precaver com todas as credenciais necessárias. Tudo isso, cela va sans dire, para preservar a soberania do Estado, que é, como se sabe, muito suscetível a um simples descalçar de sapatos, símbolos por excelência da dignidade nacional.
Bem, terminemos aqui nosso exercício de suposições, pois eu entendo que, ocorrendo a hipótese acima, o ministro patriótico em questão não teria coragem de explorar de forma tão vil a “submissão ao império” de seu colega ‘neoliberal’, caso ele mesmo tivesse sido submetido ao indigno tratamento imperialista aqui descrito.
Ao fim e ao cabo, cabe reconhecer que tudo não passou de um episódio absolutamente insignificante para os assuntos de Estado, cujo alto tratamento na capital do império não foi minimamente afetado pelo infeliz controle no aeroporto periférico, desde que o ministro em questão não questione, está claro, a autoridade do guarda-fronteiras no zelar pela segurança de todos (e que não considere que tal gesto diminua, de algum modo, sua dignidade de ministro de Estado).
Espero, sinceramente, não ter de ouvir mais uma vez essa explicação simplória e ridícula de que tirar os sapatos em aeroportos é submissão ao império. Realmente, não gosto que abusem de minha inteligência ou que distorçam minha compreensão do que seja soberania nacional.
P.S. 1: Eu sinceramente não pretenderia tratar de assunto tão medíocre se não me sentisse incomodado, como disse ao início, com a repetição enfadonha de uma alegação tão despropositada quanto maldosa, em sua intenção de denegrir deliberadamente a reputação de um outro ocupante do cargo. Um pouco mais de seriedade, na invocação da soberania nacional, seria desejável.
P.S. 2: Eu tenho esse péssimo hábito: costumo escrever o que penso, e divulgar o que escrevo, de forma totalmente gratuita, estrito e lato senso. Assumo responsabilidade pelo que assino, e não me incomoda o que os outros pensem. De toda forma, tenho pouquíssimos leitores...
P.S. 3 (in addendum e como aviso preventivo): É típico de personalidades autoritárias o ato de não suportar críticas, ou de exigir, de sequazes e dos mais ‘fiéis’ (até eventual mudança de situação), fidelidade e respeito absolutos a seus feitos e desfeitos, mesmo os mais mesquinhos e vingativos. Obviamente que isto não me concerne, e eu não temo retaliações nem sanções morais (ou imorais, neste tipo de situação). Cada um deve atuar de acordo com o seu caráter; o meu está claramente exposto em todos os meus escritos, de forma absolutamente transparente. Eu costumo assinar embaixo do que escrevo, o que nem sempre é o caso de um espaço público como este, no qual diversos “Anônimos” se manifestam livremente (alguns até de forma agressiva e raivosa, but I don’t give a damn...).
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 2055: 23.10.2009
Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas. Ver também minha página: www.pralmeida.net (em construção).
quarta-feira, 14 de julho de 2010
Aumento preocupante na idiotice nacional: saem adjetivos, entram argumentos
Um leitor constante, e comentarista regular (e implacável) deste blog reclamou, com razão, que, a propósito do título acima, num post anterior, eu perpetrei mais acusações adjetivadas do que sustentei o argumento.
Aumento preocupante na idiotice nacional
Ele considera que eu usei excessivamente o epíteto de "idiota" para classificar um dos mais constantes escribas da imprensa brasileira, o tal frei que leva o nome de exclamação enfadonha: Boff!
Bem, acho que ele tem razão, mas eu não sei como não chamar de idiota um verdadeiro idiota, e notem que eu poderia ter apresentado vários outros para lhe fazer companhia.
O que tenho lido de idiotices na imprensa diária é estarrecedor, não apenas da parte de religiosos (ex-, seria mais correto) como esse e um outro -- que além de idiota é aliado estúpido de uma das últimas ditaduras do continente -- mas também alguns acadêmicos de renome, que vou nomear devidamente em uma próxima ocasião (assim que recolher as provas de suas idiotices rabiscunhadas e publicadas).
Bem, para atender ao pedido do referido comentarista, vou aqui apresentar as provas da idiotice congenital do referido idiota (cujo artigo idiota está no post acima):
1) "Damos por já realizada a demolição crítica do sistema de consumo e de produção capitalista com a cultura materialista que o acompanha. Ou o superamos historicamente ou porá em grande risco a espécie humana."
PRA: Já começam na primeira frase os sinais evidentes de senilidade mental. O comentarista quer que eu continue ou posso parar por aqui?
2) "A solução para a crise não pode vir do próprio sistema que a provocou. Como dizia Einstein:"o pensamento que criou o problema não pode ser o mesmo que o solucionará"."
PRA: Continua o festival de banalidades no segundo parágrafo. Coitado do Einstein: nunca desconfiou que sua frase poderia ser tão mal usada...
3) "Somos obrigados a pensar diferente se quisermos ter futuro para nós e para a biosfera. Por mais que se agravem as crises, como na zona do Euro, a voracidade especulativa não arrefece."
PRA: O idiota persiste no terceiro parágrafo. "Pensar diferente"? Certamente! Eu por exemplo penso muito diferente do idiota em questão. "Se agravem as crises"?!: elas se agravam por vontade própria??? "Voracidade especulativa"???: então a Grécia praticou voracidade especulativa contra ela mesma? Sinto muito, mas se isso não é debilidade mental, eu não sei o que é.
4) "O dramático de nossa situação reside no fato de que não possuimos nenhuma alternativa suficientemente vigororosa e elaborada que venha substituir o atual sistema."
PRA: O idiota persiste imediatamente após, no quarto parágrafo, por incrível que pareça. Não sei se ele sabe, ou se o meu comentarista sabe, mas as alternativas "vigorosas" e "elaboradas" contra o sistema capitalista, ocorridas no decorrer do século 20, foram o bolchevismo e o fascismo, ou seja, o comunismo e o nacional-socialismo, ambos muito parecidos, como sistemas coletivistas, e igualmente desastrosos, pelos imensos sofrimentos humanos que causaram, e pela mortandade deliberadamente provocada ou "involuntariamente" causada (como a grande fome canibalesca, provocada pela desastrosa política de Mao do "grande salto para a frente", que resultou em pelo menos 25 milhões de mortos). Talvez o idiota banal queira experimentar mais um pouco dessas "alternativas vigorosas" (e como: elas mataram conjuntamente, algo como 60 milhões de pessoas). Não é preciso lembrar, por outro lado, que as "alternativas" ainda existentes, na Coréia do Norte e em Cuba, estão matando de fome seus respectivos habitantes. Se isso não é idiotice consumada, deve ser má-fé deliberada, que beira à esquizofrenia irrecuperável.
5) "Nem por isso, devemos desistir do sonho de um outro mundo possível e necessário. A sensação que vivenciamos foi bem expressa pelo pensador italiano Antônio Gramsci:"o velho resiste em morrer e o novo não consegue nascer"."
PRA: My God! Deixemos em paz o coitado do Gramsci, que entrou nessa como Pilatos no Credo, e fiquemos só com a primeira frase, tão idiota quanto os conclaves de antiglobalizadores idiotas que há mais de dez anos se reunem para proclamar o slogan conhecido de que um outro mundo é possível. Só idiotas se contentam com um slogan em lugar de perguntar qual é esse mundo, exatamente. Só um idiota dos grandes continua a repetir a mesma bobagem durante dez anos seguidos.
Não, chega, chega...
Vou parar por aqui, pois TODAS, absolutamente TODAS AS FRASES do idiota em questão, sem nenhuma exceção, são TOTALMENTE IDIOTAS. Elas não querem dizer absolutamente nada e só servem para tornar idiotas os que as lêem, pensando que se trata de argumento válido.
Quanto ao outro argumento de meu comentarista, de que eu também defendi o marxismo em minha juventude, não tenho nenhum problema em admitir, com esta diferença talvez essencial: eu LI Marx (e todos os outros) e sabia do que estava falando. Mas não vou me estender agora nessa questão, que já mereceu minhas reflexões em outros textos (que poderia indicar oportunamente), e que vai merecer novo comentário meu, devidamente sustentado em argumentos.
Em todo caso, poderia repetir um argumento já usado por um economista famoso, que foi cobrado por um interlocutor em relação a suas constantes mudanças de posição. Ele simplesmente respondeu o seguinte: "Quando os fatos mudam, eu costumo ajustar minhas posições. E você, o que faz?"
Paulo Roberto de Almeida
Aumento preocupante na idiotice nacional
Ele considera que eu usei excessivamente o epíteto de "idiota" para classificar um dos mais constantes escribas da imprensa brasileira, o tal frei que leva o nome de exclamação enfadonha: Boff!
Bem, acho que ele tem razão, mas eu não sei como não chamar de idiota um verdadeiro idiota, e notem que eu poderia ter apresentado vários outros para lhe fazer companhia.
O que tenho lido de idiotices na imprensa diária é estarrecedor, não apenas da parte de religiosos (ex-, seria mais correto) como esse e um outro -- que além de idiota é aliado estúpido de uma das últimas ditaduras do continente -- mas também alguns acadêmicos de renome, que vou nomear devidamente em uma próxima ocasião (assim que recolher as provas de suas idiotices rabiscunhadas e publicadas).
Bem, para atender ao pedido do referido comentarista, vou aqui apresentar as provas da idiotice congenital do referido idiota (cujo artigo idiota está no post acima):
1) "Damos por já realizada a demolição crítica do sistema de consumo e de produção capitalista com a cultura materialista que o acompanha. Ou o superamos historicamente ou porá em grande risco a espécie humana."
PRA: Já começam na primeira frase os sinais evidentes de senilidade mental. O comentarista quer que eu continue ou posso parar por aqui?
2) "A solução para a crise não pode vir do próprio sistema que a provocou. Como dizia Einstein:"o pensamento que criou o problema não pode ser o mesmo que o solucionará"."
PRA: Continua o festival de banalidades no segundo parágrafo. Coitado do Einstein: nunca desconfiou que sua frase poderia ser tão mal usada...
3) "Somos obrigados a pensar diferente se quisermos ter futuro para nós e para a biosfera. Por mais que se agravem as crises, como na zona do Euro, a voracidade especulativa não arrefece."
PRA: O idiota persiste no terceiro parágrafo. "Pensar diferente"? Certamente! Eu por exemplo penso muito diferente do idiota em questão. "Se agravem as crises"?!: elas se agravam por vontade própria??? "Voracidade especulativa"???: então a Grécia praticou voracidade especulativa contra ela mesma? Sinto muito, mas se isso não é debilidade mental, eu não sei o que é.
4) "O dramático de nossa situação reside no fato de que não possuimos nenhuma alternativa suficientemente vigororosa e elaborada que venha substituir o atual sistema."
PRA: O idiota persiste imediatamente após, no quarto parágrafo, por incrível que pareça. Não sei se ele sabe, ou se o meu comentarista sabe, mas as alternativas "vigorosas" e "elaboradas" contra o sistema capitalista, ocorridas no decorrer do século 20, foram o bolchevismo e o fascismo, ou seja, o comunismo e o nacional-socialismo, ambos muito parecidos, como sistemas coletivistas, e igualmente desastrosos, pelos imensos sofrimentos humanos que causaram, e pela mortandade deliberadamente provocada ou "involuntariamente" causada (como a grande fome canibalesca, provocada pela desastrosa política de Mao do "grande salto para a frente", que resultou em pelo menos 25 milhões de mortos). Talvez o idiota banal queira experimentar mais um pouco dessas "alternativas vigorosas" (e como: elas mataram conjuntamente, algo como 60 milhões de pessoas). Não é preciso lembrar, por outro lado, que as "alternativas" ainda existentes, na Coréia do Norte e em Cuba, estão matando de fome seus respectivos habitantes. Se isso não é idiotice consumada, deve ser má-fé deliberada, que beira à esquizofrenia irrecuperável.
5) "Nem por isso, devemos desistir do sonho de um outro mundo possível e necessário. A sensação que vivenciamos foi bem expressa pelo pensador italiano Antônio Gramsci:"o velho resiste em morrer e o novo não consegue nascer"."
PRA: My God! Deixemos em paz o coitado do Gramsci, que entrou nessa como Pilatos no Credo, e fiquemos só com a primeira frase, tão idiota quanto os conclaves de antiglobalizadores idiotas que há mais de dez anos se reunem para proclamar o slogan conhecido de que um outro mundo é possível. Só idiotas se contentam com um slogan em lugar de perguntar qual é esse mundo, exatamente. Só um idiota dos grandes continua a repetir a mesma bobagem durante dez anos seguidos.
Não, chega, chega...
Vou parar por aqui, pois TODAS, absolutamente TODAS AS FRASES do idiota em questão, sem nenhuma exceção, são TOTALMENTE IDIOTAS. Elas não querem dizer absolutamente nada e só servem para tornar idiotas os que as lêem, pensando que se trata de argumento válido.
Quanto ao outro argumento de meu comentarista, de que eu também defendi o marxismo em minha juventude, não tenho nenhum problema em admitir, com esta diferença talvez essencial: eu LI Marx (e todos os outros) e sabia do que estava falando. Mas não vou me estender agora nessa questão, que já mereceu minhas reflexões em outros textos (que poderia indicar oportunamente), e que vai merecer novo comentário meu, devidamente sustentado em argumentos.
Em todo caso, poderia repetir um argumento já usado por um economista famoso, que foi cobrado por um interlocutor em relação a suas constantes mudanças de posição. Ele simplesmente respondeu o seguinte: "Quando os fatos mudam, eu costumo ajustar minhas posições. E você, o que faz?"
Paulo Roberto de Almeida
Construindo o capitalismo de Estado...
... para o maior benefício da República sindical, já no poder, e decidida a ficar. Nunca antes neste país, a corporação sindical se assemelhou de modo tão completo a conhecido clássico da história do cinema americano.
Para bom entendedor...
Paulo Roberto de Almeida
Investindo em poder
Rolf Kuntz
O Estado de S. Paulo, 14/07/2010
Mais um instrumento de poder e de arbítrio vai reforçar o grande arsenal montado pelo presidente Lula, com a criação da Empresa Brasileira de Seguros (EBS). A companhia poderá realizar contratos no País e no exterior. A seguradora é necessária, segundo o governo, para dar garantia a operações e obras não cobertas pelo setor privado. O setor privado contesta, mas a discussão técnica é irrelevante, porque passa longe da questão real. O assunto é político. Não se trata de mera intervenção estatal no mercado, mas de centralização das decisões. A criação da Pré-Sal Petróleo S. A. é parte do mesmo esquema, assim como a crescente participação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), turbinado com recursos do Tesouro, em projetos de interesse do governo.
O governo planejou inicialmente criar a seguradora por meio de Medida Provisória (MP), mas decidiu recorrer a um projeto de lei, segundo anunciou ontem o ministro da Fazenda. A MP dificilmente se enquadraria na regra constitucional. Pela Constituição, MPs são permitidas em casos de "relevância e urgência". O governo poderia alegar relevância, mas só as conveniências políticas do presidente - a menos de seis meses do fim de seu mandato - poderiam dar sentido à palavra urgência.
A experiência desautoriza qualquer outro significado, quando se trata deste governo. Ninguém, no primeiro escalão federal, mostrou pressa quando foi preciso socorrer vítimas de enchentes em Santa Catarina ou até no Nordeste, nem para liberar dinheiro destinado a obras de prevenção, mesmo depois dos desastres de 2008 e 2009. Em 2010, até 22 de maio, o governo desembolsou apenas 14% das verbas previstas para o programa. Nenhum tostão tinha ido para Alagoas. Pernambuco havia recebido menos de 1%.
A urgência, no caso da EBS, só seria explicável pelo fim do mandato. Se o presidente Lula conseguir a eleição de sua candidata, deixará adiantada a criação de mais um instrumento de comando e de barganha. Para isso, não precisa consultar a candidata Dilma Rousseff, nem, de fato, para quaisquer outras iniciativas. O presidente Lula simplesmente ganhará tempo para o exercício de um novo mandato - este informal - até 2014. Se for eleito o oposicionista José Serra, a nova empresa seguradora será um fato consumado e mais um problema para o início de seu governo.
O presidente com certeza não leva a sério a hipótese de uma derrota na eleição deste ano. Mas trabalha para criar fatos consumados, consolidar interesses de grupos e impor sua marca aos próximos quatro anos. Ao usar o Tesouro para reforçar o BNDES com R$ 180 bilhões, ele gera um problema fiscal, porque aumenta a dívida bruta do setor público. Cria, no entanto, condições para um grande envolvimento do banco - e, mais amplamente, do Estado - em custosos projetos de longo prazo.
O noticiário do dia a dia mostra os principais lances desse jogo. O Grupo Eletrobrás e os três maiores fundos de pensão das estatais controlarão a maior parte do capital da Usina de Belo Monte. Além disso, o BNDES poderá financiar até 80% do projeto, segundo se divulgou no começo da semana. Uma estatal terá participação de 33% e poder de veto na sociedade criada para o projeto do trem-bala, informou o diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). O BNDES deverá envolver-se também no financiamento dessa obra, talvez com juros especiais, segundo o dirigente da ANTT.
Se for eleita a candidata inventada pelo presidente Lula, o esquema de governo - e de poder - continuará funcionando sem problemas de transição. As dificuldades serão aquelas embutidas no próprio esquema construído por Lula. A situação fiscal será bem menos sólida e poderá haver problemas nas contas externas, se as exportações continuarem crescendo menos velozmente que as importações. Mas o governo, até agora, deu pouca atenção a essas questões, porque a prioridade do presidente era avançar no jogo do poder.
Também a Copa do Mundo de 2014 é parte desse jogo. É fator de prestígio e de mobilização de apoio. Mas nenhum investimento progrediu até agora, a Fifa reclama e é preciso correr. De repente, o governo parece ter descoberto mais um entrave. Os municípios-sede poderão ser forçados a estourar seus limites de endividamento na preparação para a Copa. A solução, segundo reportagem do Estado, será suspender esses limites por quatro anos. Será mais um problema fiscal. Certamente valerá a pena, do ponto de vista do governo. Servirá para sustentar, acima de tudo, a ambição de poder de um presidente.
Para bom entendedor...
Paulo Roberto de Almeida
Investindo em poder
Rolf Kuntz
O Estado de S. Paulo, 14/07/2010
Mais um instrumento de poder e de arbítrio vai reforçar o grande arsenal montado pelo presidente Lula, com a criação da Empresa Brasileira de Seguros (EBS). A companhia poderá realizar contratos no País e no exterior. A seguradora é necessária, segundo o governo, para dar garantia a operações e obras não cobertas pelo setor privado. O setor privado contesta, mas a discussão técnica é irrelevante, porque passa longe da questão real. O assunto é político. Não se trata de mera intervenção estatal no mercado, mas de centralização das decisões. A criação da Pré-Sal Petróleo S. A. é parte do mesmo esquema, assim como a crescente participação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), turbinado com recursos do Tesouro, em projetos de interesse do governo.
O governo planejou inicialmente criar a seguradora por meio de Medida Provisória (MP), mas decidiu recorrer a um projeto de lei, segundo anunciou ontem o ministro da Fazenda. A MP dificilmente se enquadraria na regra constitucional. Pela Constituição, MPs são permitidas em casos de "relevância e urgência". O governo poderia alegar relevância, mas só as conveniências políticas do presidente - a menos de seis meses do fim de seu mandato - poderiam dar sentido à palavra urgência.
A experiência desautoriza qualquer outro significado, quando se trata deste governo. Ninguém, no primeiro escalão federal, mostrou pressa quando foi preciso socorrer vítimas de enchentes em Santa Catarina ou até no Nordeste, nem para liberar dinheiro destinado a obras de prevenção, mesmo depois dos desastres de 2008 e 2009. Em 2010, até 22 de maio, o governo desembolsou apenas 14% das verbas previstas para o programa. Nenhum tostão tinha ido para Alagoas. Pernambuco havia recebido menos de 1%.
A urgência, no caso da EBS, só seria explicável pelo fim do mandato. Se o presidente Lula conseguir a eleição de sua candidata, deixará adiantada a criação de mais um instrumento de comando e de barganha. Para isso, não precisa consultar a candidata Dilma Rousseff, nem, de fato, para quaisquer outras iniciativas. O presidente Lula simplesmente ganhará tempo para o exercício de um novo mandato - este informal - até 2014. Se for eleito o oposicionista José Serra, a nova empresa seguradora será um fato consumado e mais um problema para o início de seu governo.
O presidente com certeza não leva a sério a hipótese de uma derrota na eleição deste ano. Mas trabalha para criar fatos consumados, consolidar interesses de grupos e impor sua marca aos próximos quatro anos. Ao usar o Tesouro para reforçar o BNDES com R$ 180 bilhões, ele gera um problema fiscal, porque aumenta a dívida bruta do setor público. Cria, no entanto, condições para um grande envolvimento do banco - e, mais amplamente, do Estado - em custosos projetos de longo prazo.
O noticiário do dia a dia mostra os principais lances desse jogo. O Grupo Eletrobrás e os três maiores fundos de pensão das estatais controlarão a maior parte do capital da Usina de Belo Monte. Além disso, o BNDES poderá financiar até 80% do projeto, segundo se divulgou no começo da semana. Uma estatal terá participação de 33% e poder de veto na sociedade criada para o projeto do trem-bala, informou o diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). O BNDES deverá envolver-se também no financiamento dessa obra, talvez com juros especiais, segundo o dirigente da ANTT.
Se for eleita a candidata inventada pelo presidente Lula, o esquema de governo - e de poder - continuará funcionando sem problemas de transição. As dificuldades serão aquelas embutidas no próprio esquema construído por Lula. A situação fiscal será bem menos sólida e poderá haver problemas nas contas externas, se as exportações continuarem crescendo menos velozmente que as importações. Mas o governo, até agora, deu pouca atenção a essas questões, porque a prioridade do presidente era avançar no jogo do poder.
Também a Copa do Mundo de 2014 é parte desse jogo. É fator de prestígio e de mobilização de apoio. Mas nenhum investimento progrediu até agora, a Fifa reclama e é preciso correr. De repente, o governo parece ter descoberto mais um entrave. Os municípios-sede poderão ser forçados a estourar seus limites de endividamento na preparação para a Copa. A solução, segundo reportagem do Estado, será suspender esses limites por quatro anos. Será mais um problema fiscal. Certamente valerá a pena, do ponto de vista do governo. Servirá para sustentar, acima de tudo, a ambição de poder de um presidente.
Venezuela a caminho do desastre - Citibank
Os prognósticos são os piores possíveis:
Emerging Markets Daily
Latin American Edition, July 14, 2010
Resumo do boletim do Citibank:
Focus on Venezuela
Prognosis negative: weak activity, high prices. We have downgraded our 2010 real GDP growth forecast to -3.7% from -2.8%, as the recession and the slump in domestic demand continue. The details of our new growth outlook led us to revise our 2010 inflation forecast to 36% from 40%.
Completo:
Venezuela: Prognosis Negative: Weak Activity, High Prices
Venezuela’s ongoing recession is strong, and shows no signs of a recovery in the short run. Activity data released for 1H’10 does not bode well for the economy in general terms. Earlier in 2Q’10 new industrial production (IP) and retail sales (RS) data showed the former falling 13.3% year over year in March, while the latter presented an 11.8% annual decline for the same month, the twelfth and fourteenth straight monthly negative prints, respectively. Furthermore, 1Q’10 GDP showed a 5.8% year over year decline. This print accounted for a public sector GDP decline of 2.8% and a 0.2% fall in government expenditures, the first fall since 4Q’02 in this category. In that quarter, fixed capital formation declined 27.9% as total investment fell a considerable
44.6%. On the external front, exports showed an 8.1% fall, while imports presented a 39.74% decline.
In addition, the undersupply of foreign currency under the new scheme poses a threat for activity going forward. The parallel exchange market that operated until mid May, though unofficial, served as a means for providing the market with the USD it demanded when they were unavailable or too troublesome to obtain through CADIVI, the official foreign currency distributor. Therefore, it allowed importers of raw materials and other inputs needed for production to access hard currency to undertake their transactions, and thus their production processes. After being closed for over a fortnight, the market reopened under a new scheme with new regulations that further hindered availability of greenbacks for firms and individuals; these new regulations
include trading limits and an implicit exchange rate band. The new system has witnessed an average exchange rate of USD/VEF5.30, compared to a parallel rate close to USD/VEF8.00 when the old market ceased its operations, but volumes are well below those registered in the old parallel market. Hence, we expect activity to face additional hurdles in quarters to come, as it becomes harder for producers to carry out their production processes.
As a result of recent data and FX innovations, we have revised our GDP growth forecast to -3.7% for 2010 from -2.8% before. We expect the economic downturn to continue this year, with the first positive GDP growth print to be seen until 1Q’11. For 2Q’10, the added stress on economic growth resulting from energy consumption restrictions on a national scale, that were in place through the quarter, are expected to take their toll on activity, leading to a - 6.0% year over year growth print. For 2H’10, in spite of parliamentary elections coming up in September, which should indicate greater government
expenditures as a means for boosting popularity, we do not expect a considerable upturn in this category’s growth.1 In this light, declines in consumer spending and private investment, as confidence backtracks, should be the main drivers for negative GDP prints in upcoming quarters.

The fall in domestic demand should ease pressures on inflation, though shortages stemming from FX undersupply should have the opposite effect. The economy has been shrinking at a greater-than-originally-expected rate, and, in our view, this situation should continue through 2010. This suggests that domestic demand growth should not enter positive territory until 2011, and thus inflationary pressures should not be as pressing this year as we originally believed. However, this should not signal a great improvement on the inflation front, as the new FX scheme and the shortfall in USD availability leads to shortages of both imported consumer goods and locally produced goods that use imported inputs, which in turn should lead to increases in the national
price level. It is worth pointing out that the new FX system only allows access to official USD at the low USD/VEF2.60 or USD/VEF4.30 rates, or the USD/VEF5.30 rate through the Central Bank’s new SITME FX platform.
Therefore, we believe inflationary pressures are not a direct result of a higher USD/VEF, but rather of a lack of supply of products in the local market.
As a result, we have downgraded our inflation forecast for 2010 to 36% from 40% before. The latest inflation print released for June stood at 31.9% year over year, and 16.7% year to date. June’s monthly print stood at 2.0%, surprising on the downside, just as May’s print did, standing at 2.2% month over month. In our view, the previous two month’s inflation prints have begun to show a slowdown in inflationary pressures resulting from further domestic demand weakening. We expect this situation to carry on for the rest of 2010 as the economy remains in recession, leading us to expect a somewhat lower inflation print for year-end 2010. Nevertheless, inflation should still end the year at an elevated 36.0% given the aforementioned upward pressures on
prices caused by local good shortages.

Thus, the overall outlook for the Venezuelan economy remains pretty grim. On the back of a falling economic activity outlook for the rest of the year, coupled with the highest inflation rate in Latin America, the Venezuelan government has continued with its policy of nationalizations and threats to private producers, something that could weaken output and increase inflation even further. Until now, the Venezuelan government has taken advantage of the additional source of revenues stemming from the oil sector. This revenue generation capacity has provided the sources to fulfill payment obligations, something we do not think should change in the short run. Nevertheless, going forward, the government is in need to revise its current strategy or else risk ending up with a significant reduction in the size of the Venezuelan economy. This contraction would not be compatible with an increasing population, in addition to being a transition period in which a lot of social unrest could be created.
The government acknowledges the risks from USD undersupply. In our view, the fact that the government is considering a bond issuance either through the sovereign or PDVSA, only responds to the fact that more dollars are needed in order to keep production levels from falling even further. In that sense, we consider such an issuance as a step in the right direction. However, more important changes are in order, as the government needs to determine what is the sustainable growth strategy that it wants to develop in the years to come, as the outcome of the current one has clearly sent the nation into a long recession, just when the rest of Latin America is heading towards a strong recovery.
Emerging Markets Daily
Latin American Edition, July 14, 2010
Resumo do boletim do Citibank:
Focus on Venezuela
Prognosis negative: weak activity, high prices. We have downgraded our 2010 real GDP growth forecast to -3.7% from -2.8%, as the recession and the slump in domestic demand continue. The details of our new growth outlook led us to revise our 2010 inflation forecast to 36% from 40%.
Completo:
Venezuela: Prognosis Negative: Weak Activity, High Prices
Venezuela’s ongoing recession is strong, and shows no signs of a recovery in the short run. Activity data released for 1H’10 does not bode well for the economy in general terms. Earlier in 2Q’10 new industrial production (IP) and retail sales (RS) data showed the former falling 13.3% year over year in March, while the latter presented an 11.8% annual decline for the same month, the twelfth and fourteenth straight monthly negative prints, respectively. Furthermore, 1Q’10 GDP showed a 5.8% year over year decline. This print accounted for a public sector GDP decline of 2.8% and a 0.2% fall in government expenditures, the first fall since 4Q’02 in this category. In that quarter, fixed capital formation declined 27.9% as total investment fell a considerable
44.6%. On the external front, exports showed an 8.1% fall, while imports presented a 39.74% decline.
In addition, the undersupply of foreign currency under the new scheme poses a threat for activity going forward. The parallel exchange market that operated until mid May, though unofficial, served as a means for providing the market with the USD it demanded when they were unavailable or too troublesome to obtain through CADIVI, the official foreign currency distributor. Therefore, it allowed importers of raw materials and other inputs needed for production to access hard currency to undertake their transactions, and thus their production processes. After being closed for over a fortnight, the market reopened under a new scheme with new regulations that further hindered availability of greenbacks for firms and individuals; these new regulations
include trading limits and an implicit exchange rate band. The new system has witnessed an average exchange rate of USD/VEF5.30, compared to a parallel rate close to USD/VEF8.00 when the old market ceased its operations, but volumes are well below those registered in the old parallel market. Hence, we expect activity to face additional hurdles in quarters to come, as it becomes harder for producers to carry out their production processes.
As a result of recent data and FX innovations, we have revised our GDP growth forecast to -3.7% for 2010 from -2.8% before. We expect the economic downturn to continue this year, with the first positive GDP growth print to be seen until 1Q’11. For 2Q’10, the added stress on economic growth resulting from energy consumption restrictions on a national scale, that were in place through the quarter, are expected to take their toll on activity, leading to a - 6.0% year over year growth print. For 2H’10, in spite of parliamentary elections coming up in September, which should indicate greater government
expenditures as a means for boosting popularity, we do not expect a considerable upturn in this category’s growth.1 In this light, declines in consumer spending and private investment, as confidence backtracks, should be the main drivers for negative GDP prints in upcoming quarters.

The fall in domestic demand should ease pressures on inflation, though shortages stemming from FX undersupply should have the opposite effect. The economy has been shrinking at a greater-than-originally-expected rate, and, in our view, this situation should continue through 2010. This suggests that domestic demand growth should not enter positive territory until 2011, and thus inflationary pressures should not be as pressing this year as we originally believed. However, this should not signal a great improvement on the inflation front, as the new FX scheme and the shortfall in USD availability leads to shortages of both imported consumer goods and locally produced goods that use imported inputs, which in turn should lead to increases in the national
price level. It is worth pointing out that the new FX system only allows access to official USD at the low USD/VEF2.60 or USD/VEF4.30 rates, or the USD/VEF5.30 rate through the Central Bank’s new SITME FX platform.
Therefore, we believe inflationary pressures are not a direct result of a higher USD/VEF, but rather of a lack of supply of products in the local market.
As a result, we have downgraded our inflation forecast for 2010 to 36% from 40% before. The latest inflation print released for June stood at 31.9% year over year, and 16.7% year to date. June’s monthly print stood at 2.0%, surprising on the downside, just as May’s print did, standing at 2.2% month over month. In our view, the previous two month’s inflation prints have begun to show a slowdown in inflationary pressures resulting from further domestic demand weakening. We expect this situation to carry on for the rest of 2010 as the economy remains in recession, leading us to expect a somewhat lower inflation print for year-end 2010. Nevertheless, inflation should still end the year at an elevated 36.0% given the aforementioned upward pressures on
prices caused by local good shortages.

Thus, the overall outlook for the Venezuelan economy remains pretty grim. On the back of a falling economic activity outlook for the rest of the year, coupled with the highest inflation rate in Latin America, the Venezuelan government has continued with its policy of nationalizations and threats to private producers, something that could weaken output and increase inflation even further. Until now, the Venezuelan government has taken advantage of the additional source of revenues stemming from the oil sector. This revenue generation capacity has provided the sources to fulfill payment obligations, something we do not think should change in the short run. Nevertheless, going forward, the government is in need to revise its current strategy or else risk ending up with a significant reduction in the size of the Venezuelan economy. This contraction would not be compatible with an increasing population, in addition to being a transition period in which a lot of social unrest could be created.
The government acknowledges the risks from USD undersupply. In our view, the fact that the government is considering a bond issuance either through the sovereign or PDVSA, only responds to the fact that more dollars are needed in order to keep production levels from falling even further. In that sense, we consider such an issuance as a step in the right direction. However, more important changes are in order, as the government needs to determine what is the sustainable growth strategy that it wants to develop in the years to come, as the outcome of the current one has clearly sent the nation into a long recession, just when the rest of Latin America is heading towards a strong recovery.
Transportadores, burocratas e desperdicio de dinheiro...
Uma obra perfeitamente inútil, dispensável, cara (e ainda vai custar o dobro do que se pensa), que tem a cara das pessoas que ocupam o poder: gastar o máximo possível, com coisas totalmente inúteis...
O governo, as construtoras, os financistas, os sanguessugas de sempre, se empenham no lançamento do edital do trem-bala: querem tornar o projeto irremediável.
Políticos pequenos gostam de grandes obras: é onde se pode superfaturar à vontade, com spill-overs para todos os lados...
Construtoras também gostam desses mega-projetos, pois a despeito de terem de pagar propina aqui e ali, podem superfaturar à vontade, como os primeiros...
São Paulo e Rio não necessitam de um trem-bala, nem Brasília e Goiania, aliás.
Essas cidades necessitam de sistemas urbanos coletivos de transporte, eficientes e abundantes, algo que não será resolvido com a concentração de dinheiro numa obra totalmente megalomaníaca e desnecessária.
Isso também faz parte do desperdício de dinheiro do contribuinte...
Paulo Roberto de Almeida
Consórcios já estão em campo para definir traçado do trem
Samantha Maia, de Brasília
Valor Econômico, 14/07/2010
Infraestrutura: Pelo edital, viagens podem começar apenas em 2017
Com o edital do trem-bala Rio-São Paulo em mãos a partir de hoje, as empresas interessadas no empreendimento partem para a fase de definição da engenharia financeira do seu plano. Apesar de não haver um traçado exato definido, representantes de companhias ouvidos pelo Valor explicam que estão realizando trabalho de campo desde o início das audiências públicas, no ano passado, o que torna o prazo de quatro meses e meio possível para a entrega das propostas. O governo federal divulgou ontem que os consórcios terão até 1º de novembro para pedir esclarecimento, e até dia 29 do mesmo mês para a entrega dos projetos. O edital foi publicado hoje no Diário Oficial da União.
"Claro que, se pudéssemos, preferíamos mais. Mas o período definido pelo governo é adequado, pois já fizemos estudos prévios", diz José Batlles, diretor da Ineco, empresa de engenharia envolvida no consórcio espanhol. Segundo Paulo Benites, coordenador local do grupo coreano, o consórcio começou o trabalho de campo para estudo do traçado do trem em janeiro deste ano. "Precisávamos fazer isso para avaliar o investimento, e não somos só nós. O que mais nos faltava eram as definições sobre as condições de financiamento e o número de estações obrigatórias, para que pudéssemos discutir com os investidores", diz Benites.
Os envelopes serão abertos no dia 16 de dezembro na BM&F Bovespa e a expectativa do governo é que as obras sejam iniciadas no fim de 2011. O edital define também um período máximo de seis anos para a execução das obras, o que significa iniciar a operação até o fim de 2017. "A indicação que tivemos dos investidores é de que é possível construir em 4 a 5 anos. As Olimpíadas em 2016, inclusive, é um incentivo a mais, por ter uma expectativa de movimento", diz Bernardo Figueiredo, diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).
(...)
O governo, as construtoras, os financistas, os sanguessugas de sempre, se empenham no lançamento do edital do trem-bala: querem tornar o projeto irremediável.
Políticos pequenos gostam de grandes obras: é onde se pode superfaturar à vontade, com spill-overs para todos os lados...
Construtoras também gostam desses mega-projetos, pois a despeito de terem de pagar propina aqui e ali, podem superfaturar à vontade, como os primeiros...
São Paulo e Rio não necessitam de um trem-bala, nem Brasília e Goiania, aliás.
Essas cidades necessitam de sistemas urbanos coletivos de transporte, eficientes e abundantes, algo que não será resolvido com a concentração de dinheiro numa obra totalmente megalomaníaca e desnecessária.
Isso também faz parte do desperdício de dinheiro do contribuinte...
Paulo Roberto de Almeida
Consórcios já estão em campo para definir traçado do trem
Samantha Maia, de Brasília
Valor Econômico, 14/07/2010
Infraestrutura: Pelo edital, viagens podem começar apenas em 2017
Com o edital do trem-bala Rio-São Paulo em mãos a partir de hoje, as empresas interessadas no empreendimento partem para a fase de definição da engenharia financeira do seu plano. Apesar de não haver um traçado exato definido, representantes de companhias ouvidos pelo Valor explicam que estão realizando trabalho de campo desde o início das audiências públicas, no ano passado, o que torna o prazo de quatro meses e meio possível para a entrega das propostas. O governo federal divulgou ontem que os consórcios terão até 1º de novembro para pedir esclarecimento, e até dia 29 do mesmo mês para a entrega dos projetos. O edital foi publicado hoje no Diário Oficial da União.
"Claro que, se pudéssemos, preferíamos mais. Mas o período definido pelo governo é adequado, pois já fizemos estudos prévios", diz José Batlles, diretor da Ineco, empresa de engenharia envolvida no consórcio espanhol. Segundo Paulo Benites, coordenador local do grupo coreano, o consórcio começou o trabalho de campo para estudo do traçado do trem em janeiro deste ano. "Precisávamos fazer isso para avaliar o investimento, e não somos só nós. O que mais nos faltava eram as definições sobre as condições de financiamento e o número de estações obrigatórias, para que pudéssemos discutir com os investidores", diz Benites.
Os envelopes serão abertos no dia 16 de dezembro na BM&F Bovespa e a expectativa do governo é que as obras sejam iniciadas no fim de 2011. O edital define também um período máximo de seis anos para a execução das obras, o que significa iniciar a operação até o fim de 2017. "A indicação que tivemos dos investidores é de que é possível construir em 4 a 5 anos. As Olimpíadas em 2016, inclusive, é um incentivo a mais, por ter uma expectativa de movimento", diz Bernardo Figueiredo, diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).
(...)
Planejadores, burocratas e desperdicio de dinheiro...
Os brasileiros comuns, cidadãos pagadores de impostos como eu e você, não se dão conta da herança maldita que está sendo construída todos os dias, pelas mãos do governo, sob a forma de um endividamento exacerbado, criando uma conta que será paga por esta geração, um pouco mais adiante, e pela geração seguinte (e se calhar pela outra também).
Pessoas comuns não se dão conta que todas essas benesses, concedidas apenas a empresários amigos, serão pagas com o dinheiro arrancado dos seus bolsos. Os próprios empresários contemplados, temporariamente aliviados de seu constrangimento financeiro, não se dão conta que eles também, a categoria como um todo, continuará pagando esses benefícios setoriais e microeconômicos, com maiores custos macroeconômicos e menor eficiência do Estado nos serviços essenciais.
Em última instância, cada vez que o Estado cria um sistema público de financiamento, ele está arrancando, literalmente, da sociedade, os recursos de que necessita para fazer essas bondades setoriais.
As pessoas simplesmente não se dão conta de que o Estado não cria rigorosamente nada, que ele não produz um quilo de riqueza, um grama de valor agregado, que tudo o que ele "entrega" a alguém foi arrancado previamente de outro alguém, vários alguens, e que essas pessoas somos nós, trabalhadores e empresários, produtores de riqueza justamente, os únicos que podem fazer isso.
Quando é que as pessoas vão começar a tomar consciência disso?
Vai demorar um bocado, suponho. Até lá, o Estado vai continuar arrancando dinheiro da sociedade e enganando todo mundo com suas falsas promessas.
Por que as pessoas não acham melhor gastar o seu próprio dinheiro, em lugar de permitir que ele faça um "passeio" pelas mãos do Estado e volte sempre menorzinho, e apenas para as mãos de alguns?
Paulo Roberto de Almeida
Tesouro e BNDES, ligações perigosas
Editorial - O Estado de S.Paulo
13 de julho de 2010
Mais que um fomentador de desenvolvimento econômico, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) é hoje uma poderosa arma política na mão do governo. Pode ser usado para uma sadia política de expansão e modernização do sistema produtivo e para a elevação dos indicadores sociais. Mas também pode servir para beneficiar empresários, grupos e setores selecionados de acordo com os interesses políticos de quem chefia o governo. Com desembolsos maiores que os do Banco Mundial, o BNDES administra uma espécie de orçamento paralelo, engordado com recursos do Tesouro Nacional. Esse dinheiro é subsidiado e para transferi-lo o Executivo tem aumentado a dívida bruta do setor público.
Desde o ano passado o BNDES recebeu do Tesouro R$ 180 bilhões para fornecer empréstimos a custo reduzido. Para formalizar a ajuda ao banco, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou em 2008 a Medida Provisória 453, convertida em junho do ano seguinte na Lei n.º 11.948. A lei fixa a remuneração devida ao Tesouro e determina uma prestação trimestral de contas ao Congresso. Mas não indica prioridades nem vincula o uso do dinheiro a planos ou programas identificados oficialmente como orientações de governo.
Noutros tempos, mesmo durante o período militar, o contribuinte dispunha de informação bastante clara para relacionar a ação do BNDES às grandes linhas das políticas públicas. O planejamento no atual governo não é muito mais que um conjunto mal costurado de intenções e o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) é uma colagem meramente improvisada de promessas e planos.
Mais do que em qualquer outro momento, o BNDES pode conduzir suas operações de acordo com critérios próprios ou apenas vagamente relacionados a qualquer ideia de plano governamental. Isso é evidente no relatório trimestral enviado em abril ao Congresso. Há no começo uma referência ao Programa de Sustentação de Investimentos (PSI), lançado pelo governo em junho de 2009 como parte da política antirrecessiva. Mas isso é ação de conjuntura. Pode ser útil, mas não caracteriza planejamento econômico. Dos R$ 32,8 bilhões emprestados para projetos do PAC, R$ 25,6 bilhões, 78%, foram destinados a investimentos da Petrobrás ou com sua participação. O BNDES operou, nesses casos, como canal de transferência de recursos do Tesouro, a custo reduzido, para a estatal.
Um dos projetos incluídos no PAC - e mencionado no relatório - é a implantação, pela Fíbria, de uma linha de produção de celulose branqueada. Essa empresa surgiu quando a Votorantim comprou a Aracruz, em 2009. O empréstimo foi um desdobramento dessa incorporação.
A transação foi possibilitada pelo apoio do BNDES, numa evidente operação de salvamento, justificada, oficialmente, pelo interesse em criar uma empresa líder no mercado mundial, etc. Argumentos de igual valor seriam aplicáveis à prestação de socorro a outras empresas. Pode-se tentar justificar a decisão, mas isso não a torna mais transparente nem menos arbitrária.
O mesmo grau de arbítrio ocorre no uso do Tesouro para reforçar o caixa de um banco estatal. Em fevereiro deste ano, o economista Gustavo Loyola, ex-presidente do Banco Central (BC), alertou para a tentativa de ressurreição de um animal jurássico, a conta movimento, extinta em 1986. Essa conta, criada nos anos 60, permitia a transferência de dinheiro do BC para o Banco do Brasil. Foi uma das causas das enormes pressões inflacionárias observadas no período. Outros especialistas lançaram a mesma advertência nos meses seguintes.
Luiz Carlos Mendonça de Barros, ex-diretor do BC e ex-presidente do BNDES, chamou a atenção, em artigo publicado na semana passada, para os perigos da recriação da conta movimento, desta vez montada como um canal direto entre o Tesouro e o banco de desenvolvimento. "No fim das contas há uma aterrorizante semelhança entre a versão da conta movimento do Banco do Brasil dos governos militares e a versão atual do governo Lula", escreveu o economista. O governo está criando um ovo de serpente, advertiu. O bicho nascerá nos próximos anos, sob a forma de sérios desequilíbrios, se o ovo não for logo exterminado.
Pessoas comuns não se dão conta que todas essas benesses, concedidas apenas a empresários amigos, serão pagas com o dinheiro arrancado dos seus bolsos. Os próprios empresários contemplados, temporariamente aliviados de seu constrangimento financeiro, não se dão conta que eles também, a categoria como um todo, continuará pagando esses benefícios setoriais e microeconômicos, com maiores custos macroeconômicos e menor eficiência do Estado nos serviços essenciais.
Em última instância, cada vez que o Estado cria um sistema público de financiamento, ele está arrancando, literalmente, da sociedade, os recursos de que necessita para fazer essas bondades setoriais.
As pessoas simplesmente não se dão conta de que o Estado não cria rigorosamente nada, que ele não produz um quilo de riqueza, um grama de valor agregado, que tudo o que ele "entrega" a alguém foi arrancado previamente de outro alguém, vários alguens, e que essas pessoas somos nós, trabalhadores e empresários, produtores de riqueza justamente, os únicos que podem fazer isso.
Quando é que as pessoas vão começar a tomar consciência disso?
Vai demorar um bocado, suponho. Até lá, o Estado vai continuar arrancando dinheiro da sociedade e enganando todo mundo com suas falsas promessas.
Por que as pessoas não acham melhor gastar o seu próprio dinheiro, em lugar de permitir que ele faça um "passeio" pelas mãos do Estado e volte sempre menorzinho, e apenas para as mãos de alguns?
Paulo Roberto de Almeida
Tesouro e BNDES, ligações perigosas
Editorial - O Estado de S.Paulo
13 de julho de 2010
Mais que um fomentador de desenvolvimento econômico, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) é hoje uma poderosa arma política na mão do governo. Pode ser usado para uma sadia política de expansão e modernização do sistema produtivo e para a elevação dos indicadores sociais. Mas também pode servir para beneficiar empresários, grupos e setores selecionados de acordo com os interesses políticos de quem chefia o governo. Com desembolsos maiores que os do Banco Mundial, o BNDES administra uma espécie de orçamento paralelo, engordado com recursos do Tesouro Nacional. Esse dinheiro é subsidiado e para transferi-lo o Executivo tem aumentado a dívida bruta do setor público.
Desde o ano passado o BNDES recebeu do Tesouro R$ 180 bilhões para fornecer empréstimos a custo reduzido. Para formalizar a ajuda ao banco, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou em 2008 a Medida Provisória 453, convertida em junho do ano seguinte na Lei n.º 11.948. A lei fixa a remuneração devida ao Tesouro e determina uma prestação trimestral de contas ao Congresso. Mas não indica prioridades nem vincula o uso do dinheiro a planos ou programas identificados oficialmente como orientações de governo.
Noutros tempos, mesmo durante o período militar, o contribuinte dispunha de informação bastante clara para relacionar a ação do BNDES às grandes linhas das políticas públicas. O planejamento no atual governo não é muito mais que um conjunto mal costurado de intenções e o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) é uma colagem meramente improvisada de promessas e planos.
Mais do que em qualquer outro momento, o BNDES pode conduzir suas operações de acordo com critérios próprios ou apenas vagamente relacionados a qualquer ideia de plano governamental. Isso é evidente no relatório trimestral enviado em abril ao Congresso. Há no começo uma referência ao Programa de Sustentação de Investimentos (PSI), lançado pelo governo em junho de 2009 como parte da política antirrecessiva. Mas isso é ação de conjuntura. Pode ser útil, mas não caracteriza planejamento econômico. Dos R$ 32,8 bilhões emprestados para projetos do PAC, R$ 25,6 bilhões, 78%, foram destinados a investimentos da Petrobrás ou com sua participação. O BNDES operou, nesses casos, como canal de transferência de recursos do Tesouro, a custo reduzido, para a estatal.
Um dos projetos incluídos no PAC - e mencionado no relatório - é a implantação, pela Fíbria, de uma linha de produção de celulose branqueada. Essa empresa surgiu quando a Votorantim comprou a Aracruz, em 2009. O empréstimo foi um desdobramento dessa incorporação.
A transação foi possibilitada pelo apoio do BNDES, numa evidente operação de salvamento, justificada, oficialmente, pelo interesse em criar uma empresa líder no mercado mundial, etc. Argumentos de igual valor seriam aplicáveis à prestação de socorro a outras empresas. Pode-se tentar justificar a decisão, mas isso não a torna mais transparente nem menos arbitrária.
O mesmo grau de arbítrio ocorre no uso do Tesouro para reforçar o caixa de um banco estatal. Em fevereiro deste ano, o economista Gustavo Loyola, ex-presidente do Banco Central (BC), alertou para a tentativa de ressurreição de um animal jurássico, a conta movimento, extinta em 1986. Essa conta, criada nos anos 60, permitia a transferência de dinheiro do BC para o Banco do Brasil. Foi uma das causas das enormes pressões inflacionárias observadas no período. Outros especialistas lançaram a mesma advertência nos meses seguintes.
Luiz Carlos Mendonça de Barros, ex-diretor do BC e ex-presidente do BNDES, chamou a atenção, em artigo publicado na semana passada, para os perigos da recriação da conta movimento, desta vez montada como um canal direto entre o Tesouro e o banco de desenvolvimento. "No fim das contas há uma aterrorizante semelhança entre a versão da conta movimento do Banco do Brasil dos governos militares e a versão atual do governo Lula", escreveu o economista. O governo está criando um ovo de serpente, advertiu. O bicho nascerá nos próximos anos, sob a forma de sérios desequilíbrios, se o ovo não for logo exterminado.
Espioes, burocratas e desperdicio de dinheiro...
Grandes impérios cometem grandes bobagens, como gastar o dinheiro dos contribuintes com perfeitas inutilidades, do tipo espionar os vizinhos e os supostos contendores estratégicos. Grandes ditaduras cometem mais besteiras ainda, pois não precisam prestar contas do dinheiro estatal (arrecadado do público do mesmo jeito) para ninguém.
Durante anos, décadas, URSS e EUA espionaram-se reciprocamente, sem qualquer resultado efetivo que fosse capaz de mudar a história. Até a queda da decadente União Soviética, a CIA ainda pensava que se tratava de uma grande potência, quando era um Estado em estado falimentar, e com sérios problemas alimentares...
Ambos os impérios gastaram dinheiro à toa, para absolutamente nada, pois o que quer que tenham espionado não mudou aquilo que Duroselle chamava de "forças profundas da história". A URSS caminhou inexoravelmente para o brejo, e os EUA, sempre previstos para entrar em declínio irresistível na próxima crise do capitalismo -- com toda a excitação de acadêmicos a esse resoeito -- continuam por ai, desafiando prognósticos e surpreendendo os incautos.
Não que os EUA não façam bobagens, não. Eles fazem, e muitas. Mas, como disse certa vez Winston Churchill, eles terminam fazendo a coisa certa depois de todas as tentativas erradas que empreendem...
Sistemas abertos e flexíveis são auto-corrigíveis. Sistemas fechados e autoritários são capazes de fazer muito mais bobagens, impunemente, até algum grande desastre...
O artigo de Tom Friedman foca nessas ironias da história.
Acho que ele está certo. Por que, diabos, os russos querem espionar coisas, e pagar por elas, que eles poderiam perfeitamente recolher nas universidades e instituições abertas dos EUA?
É preciso ser muito besta para pagar por informações disponíveis livremente.
Enfim, todos os Estados fazem esse tipo de bobagem: acham que um serviço de "inteligência" vai ensinar mais do que a simples observação da realidade.
Mas, para isso, é preciso ter a mente aberta, funcionar sem viseiras mentais.
Certas pessoas tem dificuldades com esse tipo de prática.
Paulo Roberto de Almeida
Op-Ed Columnist
The Spies Who Loved Us
By THOMAS L. FRIEDMAN
The New York Times, July 13, 2010
I was on vacation when the story broke that 11 Russians had been charged as sleeper agents planted in America by Moscow’s spy agency to gather intelligence on the United States and to recruit moles who could gain access to our top secrets. My first reaction was: This may be the greatest gift to America by a foreign country since France gave us the Statue of Liberty. Someone still wants to spy on us! Just when we were feeling down and out, the Russians show up and tell us that it’s still worth briefcases of money to plant people in our think tanks. Subprime crisis or not, some people think we’ve still got the right stuff. Thank you, Vladimir Putin!
Upon reflection, though, it occurred to me that this is actually a good news/bad news story. The good news is that someone still wants to spy on us. The bad news is that it’s the Russians.
Look, if you had told me that we had just arrested 11 Finns who were spying on our schools, then I’d really have felt good — since Finland’s public schools always score at the top of the world education tables. If you had told me that 11 Singaporeans were arrested spying on how our government works, then I’d really have felt good — since Singapore has one of the cleanest, well-run bureaucracies in the world and pays its cabinet ministers $1 million-plus a year. If you had told me that 11 Hong Kong Chinese had been arrested studying how we regulate our financial markets, then I’d really have felt good — since that is something Hong Kong excels at. And if you had told me that 11 South Koreans were arrested studying our high-speed bandwidth penetration, then I’d really have felt good — because we’ve been lagging them for a long time.
But the Russians? Who wants to be spied on by them?
Were it not for oil, gas and mineral exports, Russia’s economy would be contracting even more than it has. Moscow’s most popular exports today are probably what they were under Khrushchev: vodka, Matryoshka dolls and Kalashnikov rifles. No, this whole spy story has the feel of one of those senior tennis tournaments — John McEnroe against Jimmy Connors, long after their primes — or maybe a rematch between Floyd Patterson and Sonny Liston in their 60s. You almost want to avert your eyes.
You also want to say to Putin: Do you mean you still don’t get it?
Everything the Russians should want from us — the true source of our strength — doesn’t require a sleeper cell to penetrate. All it requires is a tourist guide to Washington, D.C., which you can buy for under $10. Most of it’s in the National Archives: the Bill of Rights, the Constitution and the Declaration of Independence. And the rest is in our culture and can be found everywhere from Silicon Valley to Route 128 near Boston. It is a commitment to individual freedom, free markets, rule of law, great research universities and a culture that celebrates immigrants and innovators.
Now if the Russians start to find all that and take it home, then we’d have to start taking them more seriously as competitors. But there is little indication of that. Indeed, as Leon Aron, director of Russian studies at the American Enterprise Institute, noted in a recent essay, President Dmitri Medvedev of Russia just announced plans to build an “Innovation City” in Skolkovo, outside Moscow. This “technopolis” is planned as a free-enterprise zone to attract the world’s best talent.
There is just one problem, notes Aron: “Importing ideas and technology from the West has been a key element in Russia’s ‘modernizations’ since at least Peter the Great in the early 18th century. ... But Russia has tightly controlled what it imported: Machines and engineers, yes. A spirit of free inquiry, a commitment to innovation free from bureaucratic ‘guidance’ and, most important, encouragement of brave, even brash, entrepreneurs who can be confident they will own the results of their work — most certainly no. Peter and his successors sought to produce fruit without cultivating the roots. ... Only a man or woman free from fear and overseers can build a Silicon Valley. And such men and women are harder and harder to come by in Russia today. ... Disgusted and scared by the lawlessness and rampant corruption. ... Russian entrepreneurs are investing very little in their country beyond their immediate production needs.”
No, everything the Russians should want from us is everything they don’t have to steal. It is also everything we should be celebrating and preserving but lately have not: open immigration, educational excellence, a culture of innovation and a financial system designed to promote creative destruction, not “destructive creation,” as the economist Jagdish Bhagwati called it.
So, yes, let’s swap their spies for ours. But let’s also remember that being spied on by the Russians today is not an honor. It’s just an old habit. Because they are no longer our peers, except in nuclear weapons unlikely to ever be used. The countries we need to be worried about are the ones whose teachers, bureaucrats, savers, investors and innovators — not spies — are beating us in broad daylight at our own game.
A version of this op-ed appeared in print on July 14, 2010, on page A27 of the New York edition.
Durante anos, décadas, URSS e EUA espionaram-se reciprocamente, sem qualquer resultado efetivo que fosse capaz de mudar a história. Até a queda da decadente União Soviética, a CIA ainda pensava que se tratava de uma grande potência, quando era um Estado em estado falimentar, e com sérios problemas alimentares...
Ambos os impérios gastaram dinheiro à toa, para absolutamente nada, pois o que quer que tenham espionado não mudou aquilo que Duroselle chamava de "forças profundas da história". A URSS caminhou inexoravelmente para o brejo, e os EUA, sempre previstos para entrar em declínio irresistível na próxima crise do capitalismo -- com toda a excitação de acadêmicos a esse resoeito -- continuam por ai, desafiando prognósticos e surpreendendo os incautos.
Não que os EUA não façam bobagens, não. Eles fazem, e muitas. Mas, como disse certa vez Winston Churchill, eles terminam fazendo a coisa certa depois de todas as tentativas erradas que empreendem...
Sistemas abertos e flexíveis são auto-corrigíveis. Sistemas fechados e autoritários são capazes de fazer muito mais bobagens, impunemente, até algum grande desastre...
O artigo de Tom Friedman foca nessas ironias da história.
Acho que ele está certo. Por que, diabos, os russos querem espionar coisas, e pagar por elas, que eles poderiam perfeitamente recolher nas universidades e instituições abertas dos EUA?
É preciso ser muito besta para pagar por informações disponíveis livremente.
Enfim, todos os Estados fazem esse tipo de bobagem: acham que um serviço de "inteligência" vai ensinar mais do que a simples observação da realidade.
Mas, para isso, é preciso ter a mente aberta, funcionar sem viseiras mentais.
Certas pessoas tem dificuldades com esse tipo de prática.
Paulo Roberto de Almeida
Op-Ed Columnist
The Spies Who Loved Us
By THOMAS L. FRIEDMAN
The New York Times, July 13, 2010
I was on vacation when the story broke that 11 Russians had been charged as sleeper agents planted in America by Moscow’s spy agency to gather intelligence on the United States and to recruit moles who could gain access to our top secrets. My first reaction was: This may be the greatest gift to America by a foreign country since France gave us the Statue of Liberty. Someone still wants to spy on us! Just when we were feeling down and out, the Russians show up and tell us that it’s still worth briefcases of money to plant people in our think tanks. Subprime crisis or not, some people think we’ve still got the right stuff. Thank you, Vladimir Putin!
Upon reflection, though, it occurred to me that this is actually a good news/bad news story. The good news is that someone still wants to spy on us. The bad news is that it’s the Russians.
Look, if you had told me that we had just arrested 11 Finns who were spying on our schools, then I’d really have felt good — since Finland’s public schools always score at the top of the world education tables. If you had told me that 11 Singaporeans were arrested spying on how our government works, then I’d really have felt good — since Singapore has one of the cleanest, well-run bureaucracies in the world and pays its cabinet ministers $1 million-plus a year. If you had told me that 11 Hong Kong Chinese had been arrested studying how we regulate our financial markets, then I’d really have felt good — since that is something Hong Kong excels at. And if you had told me that 11 South Koreans were arrested studying our high-speed bandwidth penetration, then I’d really have felt good — because we’ve been lagging them for a long time.
But the Russians? Who wants to be spied on by them?
Were it not for oil, gas and mineral exports, Russia’s economy would be contracting even more than it has. Moscow’s most popular exports today are probably what they were under Khrushchev: vodka, Matryoshka dolls and Kalashnikov rifles. No, this whole spy story has the feel of one of those senior tennis tournaments — John McEnroe against Jimmy Connors, long after their primes — or maybe a rematch between Floyd Patterson and Sonny Liston in their 60s. You almost want to avert your eyes.
You also want to say to Putin: Do you mean you still don’t get it?
Everything the Russians should want from us — the true source of our strength — doesn’t require a sleeper cell to penetrate. All it requires is a tourist guide to Washington, D.C., which you can buy for under $10. Most of it’s in the National Archives: the Bill of Rights, the Constitution and the Declaration of Independence. And the rest is in our culture and can be found everywhere from Silicon Valley to Route 128 near Boston. It is a commitment to individual freedom, free markets, rule of law, great research universities and a culture that celebrates immigrants and innovators.
Now if the Russians start to find all that and take it home, then we’d have to start taking them more seriously as competitors. But there is little indication of that. Indeed, as Leon Aron, director of Russian studies at the American Enterprise Institute, noted in a recent essay, President Dmitri Medvedev of Russia just announced plans to build an “Innovation City” in Skolkovo, outside Moscow. This “technopolis” is planned as a free-enterprise zone to attract the world’s best talent.
There is just one problem, notes Aron: “Importing ideas and technology from the West has been a key element in Russia’s ‘modernizations’ since at least Peter the Great in the early 18th century. ... But Russia has tightly controlled what it imported: Machines and engineers, yes. A spirit of free inquiry, a commitment to innovation free from bureaucratic ‘guidance’ and, most important, encouragement of brave, even brash, entrepreneurs who can be confident they will own the results of their work — most certainly no. Peter and his successors sought to produce fruit without cultivating the roots. ... Only a man or woman free from fear and overseers can build a Silicon Valley. And such men and women are harder and harder to come by in Russia today. ... Disgusted and scared by the lawlessness and rampant corruption. ... Russian entrepreneurs are investing very little in their country beyond their immediate production needs.”
No, everything the Russians should want from us is everything they don’t have to steal. It is also everything we should be celebrating and preserving but lately have not: open immigration, educational excellence, a culture of innovation and a financial system designed to promote creative destruction, not “destructive creation,” as the economist Jagdish Bhagwati called it.
So, yes, let’s swap their spies for ours. But let’s also remember that being spied on by the Russians today is not an honor. It’s just an old habit. Because they are no longer our peers, except in nuclear weapons unlikely to ever be used. The countries we need to be worried about are the ones whose teachers, bureaucrats, savers, investors and innovators — not spies — are beating us in broad daylight at our own game.
A version of this op-ed appeared in print on July 14, 2010, on page A27 of the New York edition.
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