Não tenho certeza de que seja assim, mas me lembrei da famosa frase de Leon Tolstoi, que nunca li diretamente, mas sempre leio por repetição indireta, segundo a qual todas as famílias felizes se parecem, mas as famílias infelizes o são cada uma à sua maneira (Anna Karenina; agradeço ao Rodrigo Souza por me dar a citação correta).
Mas o que eu queria mesmo dizer é que todas as ditaduras se parecem, em sua obsessão contra os meios de comunicação e as agências de imprensa, que elas sempre acusam de estarem conspirando contra elas, ou fazendo acusações falsas.
Este é o caso de uma ditadura próxima do Brasil, em mais de um sentido...
Paulo Roberto de Almeida
Chaderton acusa a CNN de promover conspiración
Agencia Venezolana de Noticias AVN
12 de agosto de 2010
"La cadena de noticias CNN promueve una permanente conspiración internacional contra Venezuela y muestra de ello, es la reciente trasmisión del documental Los Guardianes de Chávez".
La información la ofreció el embajador de Venezuela ante la Organización de Estados Americanos (OEA), Roy Chaderton Matos, este jueves, durante una visita efectuada al estado Barinas.
“Una vez más, CNN difundió información falsa a través de una pieza elaborada por España, una nación donde, constantemente, se cocinan noticias negativas sobre Venezuela”, enfatizó.
Los Guardianes de Chávez es una producción televisiva que intenta relacionar al Estado venezolano con la promoción de grupos irregulares armados en el país.
Chaderton aseveró: “Este canal está penetrado por el uribismo desde hace varios años y es un centro de difamación e instrumento de la dictadura mediática que se opone al Gobierno Nacional”.
Del mismo modo, puntualizó: “Esa es una de las herramientas que utiliza la oligarquía colombiana y el imperio norteamericano para transgredir a nuestro pueblo”.
Afirmó que a CNN se suman otras plataformas comunicacionales, como Caracol, RCN, El Tiempo, Fox News y The Washington Post, que “diariamente lanzan su veneno en contra de Venezuela”.
Al respecto, el embajador puntualizó que estos medios de comunicación destacan temas diversos, pero se niegan a difundir el contenido social de la Revolución Bolivariana.
“CNN, conjuntamente con estas empresas han creado toda una urdimbre, a fin de empañar las políticas impulsadas por el proceso bolivariano”, dijo el representante de Venezuela ante la OEA.
Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas. Ver também minha página: www.pralmeida.net (em construção).
sexta-feira, 13 de agosto de 2010
PT = NKVD? Para quem nao sabe, leia Jose Neumanne
"Para os amigos, sigilo; para os inimigos, devassa"
José Nêumanne *
O Estado de S.Paulo, 21/07/2010
Sentenças da Justiça não protegem segredos contábeis de tucano da curiosidade de petistas
Nem a chuva nem o fenômeno do encolhimento da multidão (o PT esperava 100 mil, mas só mil pessoas foram a seu comício no Rio, sexta-feira) arrefeceram a disposição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de desrespeitar o "império da lei", definição de qualquer democracia que se preze. Diante dos mil gatos molhados pelos pingos da chuva que o aplaudiram, mas ignoraram a presença de sua candidata à sucessão, Dilma Rousseff (PT), Sua Excelência vociferou contra "uma procuradora qualquer aí" que, segundo ele, tenta inibir sua presença na campanha.
Só que essa violação do juramento que ele fez em 1.º de janeiro de 2003 e repetiu quatro anos depois - o de obedecer e fazer cumprir o sistema legal sob a égide da Constituição da República - não se manifesta apenas nas palavras do chefe supremo do petismo no poder, mas mais ainda nas ações de seus correligionários. Para ficarem no poder eles têm feito tudo e mais um pouco. E não serão o pudor nem as normais legais que os inibirão. Comprova-o o caso Eduardo Jorge Caldas Pereira. Esse cidadão era secretário-geral da Presidência nas gestões de Fernando Henrique Cardoso e hoje é vice-presidente do PSDB, legenda pela qual o ex-governador de São Paulo José Serra disputa a chefia do governo que Lula ocupa e quer, de qualquer maneira, entregar à sua ex-ministra Dilma.
Em 2001, na vigilante e competente oposição que fazia, e que o PSDB e o DEM não sabem repetir depois que Lula assumiu o governo, o PT escolheu esse tucano de pouco poder e menos visibilidade como alvo de investigações a respeito de malversação do dinheiro público. Os petistas acusavam-no de chefiar uma rede de influências para beneficiar empresas. A denúncia foi encampada pelos procuradores da República Luiz Francisco de Souza, que passou a ser chamado de Torquemada, sobrenome do frade dominicano, caçador de bruxas, perseguidor de judeus, inquisidor-geral nos reinos de Castela e Aragão e confessor da rainha católica Isabel, e Guilherme Schelb - ambos muito conhecidos à época pela pertinácia com que perseguiam "malfeitores" na gestão pública. As denúncias foram publicadas pela Folha de S.Paulo, processada pelo acusado. Em 2006, o jornal foi condenado pelo juiz Fabrício Fontoura Bezerra a pagar-lhe R$ 200 mil, porque ele nunca sequer chegou a ser acionado na Justiça por tais acusações. Ao longo de cinco anos, segundo relatou o juiz na sentença, as investigações abertas contra ele pelo Ministério Público Federal, pela Receita Federal, pelo Banco Central do Brasil, pela Comissão de Fiscalização e Controle do Senado Federal e pela Corregedoria-Geral da União nunca encontraram algum crime que pudesse haver cometido.
Eduardo Jorge representou ao Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) contra os procuradores cujas suspeitas se tornaram matéria-prima das publicações que o juiz considerou caluniosas. Em 2007, esse conselho os suspendeu por 45 dias e, dois anos depois, a pedido do persistente Eduardo Jorge, reconheceu ter sido este vítima de perseguição pessoal por ambos. Desde então, ninguém mais ouviu denúncias de nenhum deles.
E não têm faltado, em sete anos e sete meses de República petista, assuntos que eles pudessem investigar, se seu objetivo fosse de fato o interesse público. Souza e Schelb, por exemplo, nunca se propuseram a apurar se é verdadeira a delação do presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson (RJ), de compra de apoio parlamentar pelo governo no episódio - sub judice no Supremo Tribunal Federal (STF) - conhecido como "mensalão". Da mesma forma, a isenção missionária de ambos não os levou a denunciar os responsáveis pela quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo Pereira, cujo único delito conhecido é o de ter testemunhado que vira o então ministro da Fazenda Antônio Palocci, do PT, frequentar assiduamente uma mansão suspeita em Brasília.
O doce ostracismo em que vive hoje essa dupla que já foi malvada só perde para a completa impunidade gozada por Waldomiro Diniz, cujo crime confesso de tentar achacar um empresário da jogatina nunca foi investigado pela solerte Polícia Federal (PF) nem pelo ex-implacável MP do Distrito Federal. Mas isso não quer dizer que as sentenças favoráveis ao vice-presidente nacional do PSDB tenham arrefecido o ânimo dos contumazes quebradores do sigilo de adversários dos arapongas militantes a serviço do PT no poder. Desta vez, cópias das declarações do Imposto de Renda (IR) de 2005 a 2009 de Eduardo Jorge integravam um dos quatro dossiês preparados pelo "grupo de inteligência" da campanha de Dilma.
O secretário da Receita, Otacílio Cartaxo, foi convocado a depor na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado Federal, à qual disse que já foram identificados os servidores responsáveis pelos "cinco ou seis" vazamentos ocorridos. A imprecisão dessa "informação" já denota por si só o pouco-caso com que ele lidou com as explicações que tinha de dar aos senadores. E também se negou a dar seus nomes antes do fim das investigações, prometido para 120 dias. Ou seja, para depois do segundo turno da eleição presidencial, disputada por um candidato do partido do qual a vítima da quebra de sigilo é dirigente e pela candidata para quem trabalhavam os suspeitos de terem violado esse direito pétreo do cidadão. Neste ínterim, o corregedor-geral da Receita, Antônio Carlos Costa d’Ávila Carvalho, reduziu pela metade (e, mais relevante, para antes do pleito de outubro e novem bro) o prazo dado pelo secretário: 60 dias.
Até o terrível comissário Laurenti Beria, que a serviço de Stalin se comprazia em atirar na nuca de "inimigos do povo", morreria de inveja dos colegas petistas que violam o sigilo alheio em terminais de computadores e usufruem o inviolável direito de serem mantidos em segredo pelo espírito de corpo do chefe direto e pelo desprezo a tudo o que não lhe convier do chefão geral.
*José Nêumanne é jornalista, escritor e chefe dos editorialistas do Jornal da Tarde.
José Nêumanne *
O Estado de S.Paulo, 21/07/2010
Sentenças da Justiça não protegem segredos contábeis de tucano da curiosidade de petistas
Nem a chuva nem o fenômeno do encolhimento da multidão (o PT esperava 100 mil, mas só mil pessoas foram a seu comício no Rio, sexta-feira) arrefeceram a disposição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de desrespeitar o "império da lei", definição de qualquer democracia que se preze. Diante dos mil gatos molhados pelos pingos da chuva que o aplaudiram, mas ignoraram a presença de sua candidata à sucessão, Dilma Rousseff (PT), Sua Excelência vociferou contra "uma procuradora qualquer aí" que, segundo ele, tenta inibir sua presença na campanha.
Só que essa violação do juramento que ele fez em 1.º de janeiro de 2003 e repetiu quatro anos depois - o de obedecer e fazer cumprir o sistema legal sob a égide da Constituição da República - não se manifesta apenas nas palavras do chefe supremo do petismo no poder, mas mais ainda nas ações de seus correligionários. Para ficarem no poder eles têm feito tudo e mais um pouco. E não serão o pudor nem as normais legais que os inibirão. Comprova-o o caso Eduardo Jorge Caldas Pereira. Esse cidadão era secretário-geral da Presidência nas gestões de Fernando Henrique Cardoso e hoje é vice-presidente do PSDB, legenda pela qual o ex-governador de São Paulo José Serra disputa a chefia do governo que Lula ocupa e quer, de qualquer maneira, entregar à sua ex-ministra Dilma.
Em 2001, na vigilante e competente oposição que fazia, e que o PSDB e o DEM não sabem repetir depois que Lula assumiu o governo, o PT escolheu esse tucano de pouco poder e menos visibilidade como alvo de investigações a respeito de malversação do dinheiro público. Os petistas acusavam-no de chefiar uma rede de influências para beneficiar empresas. A denúncia foi encampada pelos procuradores da República Luiz Francisco de Souza, que passou a ser chamado de Torquemada, sobrenome do frade dominicano, caçador de bruxas, perseguidor de judeus, inquisidor-geral nos reinos de Castela e Aragão e confessor da rainha católica Isabel, e Guilherme Schelb - ambos muito conhecidos à época pela pertinácia com que perseguiam "malfeitores" na gestão pública. As denúncias foram publicadas pela Folha de S.Paulo, processada pelo acusado. Em 2006, o jornal foi condenado pelo juiz Fabrício Fontoura Bezerra a pagar-lhe R$ 200 mil, porque ele nunca sequer chegou a ser acionado na Justiça por tais acusações. Ao longo de cinco anos, segundo relatou o juiz na sentença, as investigações abertas contra ele pelo Ministério Público Federal, pela Receita Federal, pelo Banco Central do Brasil, pela Comissão de Fiscalização e Controle do Senado Federal e pela Corregedoria-Geral da União nunca encontraram algum crime que pudesse haver cometido.
Eduardo Jorge representou ao Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) contra os procuradores cujas suspeitas se tornaram matéria-prima das publicações que o juiz considerou caluniosas. Em 2007, esse conselho os suspendeu por 45 dias e, dois anos depois, a pedido do persistente Eduardo Jorge, reconheceu ter sido este vítima de perseguição pessoal por ambos. Desde então, ninguém mais ouviu denúncias de nenhum deles.
E não têm faltado, em sete anos e sete meses de República petista, assuntos que eles pudessem investigar, se seu objetivo fosse de fato o interesse público. Souza e Schelb, por exemplo, nunca se propuseram a apurar se é verdadeira a delação do presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson (RJ), de compra de apoio parlamentar pelo governo no episódio - sub judice no Supremo Tribunal Federal (STF) - conhecido como "mensalão". Da mesma forma, a isenção missionária de ambos não os levou a denunciar os responsáveis pela quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo Pereira, cujo único delito conhecido é o de ter testemunhado que vira o então ministro da Fazenda Antônio Palocci, do PT, frequentar assiduamente uma mansão suspeita em Brasília.
O doce ostracismo em que vive hoje essa dupla que já foi malvada só perde para a completa impunidade gozada por Waldomiro Diniz, cujo crime confesso de tentar achacar um empresário da jogatina nunca foi investigado pela solerte Polícia Federal (PF) nem pelo ex-implacável MP do Distrito Federal. Mas isso não quer dizer que as sentenças favoráveis ao vice-presidente nacional do PSDB tenham arrefecido o ânimo dos contumazes quebradores do sigilo de adversários dos arapongas militantes a serviço do PT no poder. Desta vez, cópias das declarações do Imposto de Renda (IR) de 2005 a 2009 de Eduardo Jorge integravam um dos quatro dossiês preparados pelo "grupo de inteligência" da campanha de Dilma.
O secretário da Receita, Otacílio Cartaxo, foi convocado a depor na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado Federal, à qual disse que já foram identificados os servidores responsáveis pelos "cinco ou seis" vazamentos ocorridos. A imprecisão dessa "informação" já denota por si só o pouco-caso com que ele lidou com as explicações que tinha de dar aos senadores. E também se negou a dar seus nomes antes do fim das investigações, prometido para 120 dias. Ou seja, para depois do segundo turno da eleição presidencial, disputada por um candidato do partido do qual a vítima da quebra de sigilo é dirigente e pela candidata para quem trabalhavam os suspeitos de terem violado esse direito pétreo do cidadão. Neste ínterim, o corregedor-geral da Receita, Antônio Carlos Costa d’Ávila Carvalho, reduziu pela metade (e, mais relevante, para antes do pleito de outubro e novem bro) o prazo dado pelo secretário: 60 dias.
Até o terrível comissário Laurenti Beria, que a serviço de Stalin se comprazia em atirar na nuca de "inimigos do povo", morreria de inveja dos colegas petistas que violam o sigilo alheio em terminais de computadores e usufruem o inviolável direito de serem mantidos em segredo pelo espírito de corpo do chefe direto e pelo desprezo a tudo o que não lhe convier do chefão geral.
*José Nêumanne é jornalista, escritor e chefe dos editorialistas do Jornal da Tarde.
Gutenberg morreu falido (os editores de hoje jogam a conta para os autores...)
Correto: pretendendo imprimir a Bíblia, Gutenberg não tinha mesmo a quem pedir dinheiro. Se ao menos ele tivesse começado por livros de auto-ajuda, ou receitas de negócios para executivos, ele teria alguma chance de ficar rico, mas essa aventura da Bíblia só podia arruiná-lo.
Bem, não seja por isso: os editores, atualmente, só querem ser capitalistas sem riscos. Livros que não têm um mercado muito seguro, tem de estar pagos antes de serem lançados ao público.
Por outro lado, Gutenberg não teve de pagar copyright aos chineses, por ter copiado o princípio dos tipos móveis dos impressores chineses.
Os chineses estão descontando hoje, copiando tudo o que podem dos ocidentais.
Acho que eles exageram um pouco: os últimos filmes de Hollywood podem ser encontrados nas esquinas de grandes cidades chineses por cerca de 1,2 dólares.
Onde está a honestidade?, como diria nosso Noel Rosa...
Paulo Roberto de Almeida
Start the Presses
By ROBERT PINSKY
The New York Times Book Review, August 13, 2010
THE BOOK IN THE RENAISSANCE
By Andrew Pettegree
Illustrated. 421 pp. Yale University Press. $40
“The humanist mythology of print.” With this phrase the British scholar Andrew Pettegree indicates the cultural story his book amends, and to some extent transforms. In an understated, judicious manner, he offers a radically new understanding of printing in the years of its birth and youth. Print, in Pettegree’s account, was never as dignified or lofty a medium as that “humanist mythology” of disseminated classics would suggest.
The story begins with money. Johannes Gutenberg did not find a way to profit from his technical achievements. The Gutenberg Bible, a gigantic project, required large amounts of capital that needed replenishing over time, long before there was any hope of profit. The finished product inspired awe, but the print run was 180 copies. Gutenberg “died bankrupt and disappointed.”
Nor was he alone. Apparently, it took decades before some people figured out how to make money from this remarkable invention. For decades after Gutenberg, it was not even clear that print would become a success. How do you market books? How many should you run off at one time? Piracy was a problem, as were texts changed, mutilated or combined in unauthorized editions. Many printers were ruined, trying to exploit the new medium.
Clever authors like Ludovico Ariosto involved themselves in production: he arranged to supply paper for the printing of his “Orlando Furioso.” Producers of the physical book made most of the money, Pettegree explains, so “the best that the author could hope for was that the publication would enhance his career.” The nature and concept of “publishing” needed to evolve, and Pettegree sets forth that evolution with an expert abundance of information: delicious for us nonscholars to taste, though we may not consume it all.
The publishing approaches that succeeded will not be unfamiliar to readers of our own century. About the world of posters, handouts, pamphlets, pictures, almanacs, prophecies, topical poems, hoaxes and one-page documents, Pettegree says, in a sentence that ends with three recognizable nouns: “Many people, printers, sellers and writers, saw the potential of this market for news, sensation and excitement.”
“News, sensation and excitement” might, for some customers, include the printed scripts of plays that had been well received on the stage, like Christopher Marlowe’s “Massacre at Paris” and some of Shakespeare’s history plays. None of those niche-audience printings were as successful as reliably popular best sellers like the (possibly excitement-providing) sermons of Arthur Dent, or More and Dering’s “Short Catechism for Householders.” Erasmus was a best-selling author, as was Luther, but ephemeral material supplied the main business of the early publishing industry. Classical authors, we are told, accounted for “around 5 percent of all printed books published in the 15th century.”
Like sensation and news, personal and family documents sold well. In the days of papal indulgences, people liked a certificate, perhaps suitable for framing like a diploma, to display their freedom from sin. Over two years at the end of the 15th century, a single monastery commissioned 200,000 of these documents, with a space for the sin-free name to be filled in.
Often printers made money from works published on demand for free distribution, with the revenue coming from its advertising value. As an example, Pettegree cites the Jesuit order, which linked public shows and performances to printed records, programs and scripts. In 1588, a parade in Lisbon celebrated a Jesuit establishment that boasted a public library and several recently donated relics, “including the skull of St. Bridget of Ireland and the undershirt of the Virgin Mary.” As the parade went through the city, it paused twice for “the staging of edifying plays.” Pettegree observes that this lavish display represents the “astute manipulation of different media,” a coordination he calls “a ubiquitous feature of the first age of print.”
The “fluid, transitional nature of communication” during printing’s first heyday naturally attracted detractors. “This is what the printing presses do: they corrupt susceptible hearts” wrote the “dyspeptic Benedictine” Filippo de Strata. Clumsy and unreliable editions led to “the charge that print had debased the book.” By making book ownership more common, print also “diminished the lustre of the Renaissance library,” causing many collections to dwindle or dissolve altogether as “the library as a cultural institution struggled to adapt to the new age.”
For a time, civil and religious authorities controlled the immense scale of explosive information and misinformation. When the Protestant Henry of Navarre ascended to the French throne in 1589, the news was available to English readers in “at least 40 pamphlets,” while his 1594 conversion to Roman Catholicism “was greeted with deafening silence in London.” Gradually, however, centralized control was overwhelmed by the reckless abundance of the tumultuous, street-oriented press. Petty gossip, ignorant screeds, inflammatory pamphlets and religious tracts flowed and overflowed.
The new technology also led to large-scale, faith-based burning of both books and people. The papal bull of excommunication that Martin Luther burned in 1520 also ordered that his books be destroyed. Luther in turn planned to add the works of Thomas Aquinas and Duns Scotus to the flames, but, as Pettegree notes, “books were expensive” and the scholars of Wittenberg were unwilling to make such a sacrifice. The “genocidal rage” engendered by religious differences included populations as well as their books. In Spain, Julián Hernández and his heretical colleagues were burned alive along with “many thousands of books.” In Geneva, the physician and theologian Michael Servetus — who to his misfortune correctly described the circulation of blood but published the information in a text that also took an unorthodox view of the Trinity — was burned, as were copies of the book. Of perhaps a thousand printed, only three survive.
Pettegree writes well and amasses information superbly. He refrains from explicitly comparing the technology of print, and its historical impact, with the technology of the Internet. Implicit similarities include issues of intellectual property and privacy, of power, of libel, as well as a general challenge to old modes — the proliferation of personal expression, the contentiousness, the question of how to capitalize, and capitalize upon, a new medium.
This scholarly restraint, leaving his readers to compare and contrast, seems wise. And there are certainly contrasts with the modern age. Describing the immensely popular verse romances like “Orlando Furioso,” for example, Pettegree shows that in the Renaissance these works were not read in the prolonged, silent trance experienced by readers of Dickens or Flaubert. Modern readers recognize the quiet, lone hours spent by Henry James’s character Isabel Archer, that immersive reading experienced not only by devotees of James but by escapist fans of the genre known as “airport books.” In contrast to this industrial-age solitude of print narrative, the 16th-century verse romances and other episodic books like “The Decameron” were suited for reading aloud — enjoyed in a communal, social setting.
In an appended “Note on Sources,” Pettegree allows himself to acknowledge that, “Ironically, it has been the next great information revolution — the Internet — that has allowed this work on the first age of print to be pursued to a successful conclusion.” Digital information newly available from all over the world enhanced his research on early print culture — in all its frequently vulgar, ephemeral, zany and menacing variety.
Robert Pinsky is the poetry editor of Slate and the founder of the Favorite Poem Project (favoritepoem.org).
Bem, não seja por isso: os editores, atualmente, só querem ser capitalistas sem riscos. Livros que não têm um mercado muito seguro, tem de estar pagos antes de serem lançados ao público.
Por outro lado, Gutenberg não teve de pagar copyright aos chineses, por ter copiado o princípio dos tipos móveis dos impressores chineses.
Os chineses estão descontando hoje, copiando tudo o que podem dos ocidentais.
Acho que eles exageram um pouco: os últimos filmes de Hollywood podem ser encontrados nas esquinas de grandes cidades chineses por cerca de 1,2 dólares.
Onde está a honestidade?, como diria nosso Noel Rosa...
Paulo Roberto de Almeida
Start the Presses
By ROBERT PINSKY
The New York Times Book Review, August 13, 2010
THE BOOK IN THE RENAISSANCE
By Andrew Pettegree
Illustrated. 421 pp. Yale University Press. $40
“The humanist mythology of print.” With this phrase the British scholar Andrew Pettegree indicates the cultural story his book amends, and to some extent transforms. In an understated, judicious manner, he offers a radically new understanding of printing in the years of its birth and youth. Print, in Pettegree’s account, was never as dignified or lofty a medium as that “humanist mythology” of disseminated classics would suggest.
The story begins with money. Johannes Gutenberg did not find a way to profit from his technical achievements. The Gutenberg Bible, a gigantic project, required large amounts of capital that needed replenishing over time, long before there was any hope of profit. The finished product inspired awe, but the print run was 180 copies. Gutenberg “died bankrupt and disappointed.”
Nor was he alone. Apparently, it took decades before some people figured out how to make money from this remarkable invention. For decades after Gutenberg, it was not even clear that print would become a success. How do you market books? How many should you run off at one time? Piracy was a problem, as were texts changed, mutilated or combined in unauthorized editions. Many printers were ruined, trying to exploit the new medium.
Clever authors like Ludovico Ariosto involved themselves in production: he arranged to supply paper for the printing of his “Orlando Furioso.” Producers of the physical book made most of the money, Pettegree explains, so “the best that the author could hope for was that the publication would enhance his career.” The nature and concept of “publishing” needed to evolve, and Pettegree sets forth that evolution with an expert abundance of information: delicious for us nonscholars to taste, though we may not consume it all.
The publishing approaches that succeeded will not be unfamiliar to readers of our own century. About the world of posters, handouts, pamphlets, pictures, almanacs, prophecies, topical poems, hoaxes and one-page documents, Pettegree says, in a sentence that ends with three recognizable nouns: “Many people, printers, sellers and writers, saw the potential of this market for news, sensation and excitement.”
“News, sensation and excitement” might, for some customers, include the printed scripts of plays that had been well received on the stage, like Christopher Marlowe’s “Massacre at Paris” and some of Shakespeare’s history plays. None of those niche-audience printings were as successful as reliably popular best sellers like the (possibly excitement-providing) sermons of Arthur Dent, or More and Dering’s “Short Catechism for Householders.” Erasmus was a best-selling author, as was Luther, but ephemeral material supplied the main business of the early publishing industry. Classical authors, we are told, accounted for “around 5 percent of all printed books published in the 15th century.”
Like sensation and news, personal and family documents sold well. In the days of papal indulgences, people liked a certificate, perhaps suitable for framing like a diploma, to display their freedom from sin. Over two years at the end of the 15th century, a single monastery commissioned 200,000 of these documents, with a space for the sin-free name to be filled in.
Often printers made money from works published on demand for free distribution, with the revenue coming from its advertising value. As an example, Pettegree cites the Jesuit order, which linked public shows and performances to printed records, programs and scripts. In 1588, a parade in Lisbon celebrated a Jesuit establishment that boasted a public library and several recently donated relics, “including the skull of St. Bridget of Ireland and the undershirt of the Virgin Mary.” As the parade went through the city, it paused twice for “the staging of edifying plays.” Pettegree observes that this lavish display represents the “astute manipulation of different media,” a coordination he calls “a ubiquitous feature of the first age of print.”
The “fluid, transitional nature of communication” during printing’s first heyday naturally attracted detractors. “This is what the printing presses do: they corrupt susceptible hearts” wrote the “dyspeptic Benedictine” Filippo de Strata. Clumsy and unreliable editions led to “the charge that print had debased the book.” By making book ownership more common, print also “diminished the lustre of the Renaissance library,” causing many collections to dwindle or dissolve altogether as “the library as a cultural institution struggled to adapt to the new age.”
For a time, civil and religious authorities controlled the immense scale of explosive information and misinformation. When the Protestant Henry of Navarre ascended to the French throne in 1589, the news was available to English readers in “at least 40 pamphlets,” while his 1594 conversion to Roman Catholicism “was greeted with deafening silence in London.” Gradually, however, centralized control was overwhelmed by the reckless abundance of the tumultuous, street-oriented press. Petty gossip, ignorant screeds, inflammatory pamphlets and religious tracts flowed and overflowed.
The new technology also led to large-scale, faith-based burning of both books and people. The papal bull of excommunication that Martin Luther burned in 1520 also ordered that his books be destroyed. Luther in turn planned to add the works of Thomas Aquinas and Duns Scotus to the flames, but, as Pettegree notes, “books were expensive” and the scholars of Wittenberg were unwilling to make such a sacrifice. The “genocidal rage” engendered by religious differences included populations as well as their books. In Spain, Julián Hernández and his heretical colleagues were burned alive along with “many thousands of books.” In Geneva, the physician and theologian Michael Servetus — who to his misfortune correctly described the circulation of blood but published the information in a text that also took an unorthodox view of the Trinity — was burned, as were copies of the book. Of perhaps a thousand printed, only three survive.
Pettegree writes well and amasses information superbly. He refrains from explicitly comparing the technology of print, and its historical impact, with the technology of the Internet. Implicit similarities include issues of intellectual property and privacy, of power, of libel, as well as a general challenge to old modes — the proliferation of personal expression, the contentiousness, the question of how to capitalize, and capitalize upon, a new medium.
This scholarly restraint, leaving his readers to compare and contrast, seems wise. And there are certainly contrasts with the modern age. Describing the immensely popular verse romances like “Orlando Furioso,” for example, Pettegree shows that in the Renaissance these works were not read in the prolonged, silent trance experienced by readers of Dickens or Flaubert. Modern readers recognize the quiet, lone hours spent by Henry James’s character Isabel Archer, that immersive reading experienced not only by devotees of James but by escapist fans of the genre known as “airport books.” In contrast to this industrial-age solitude of print narrative, the 16th-century verse romances and other episodic books like “The Decameron” were suited for reading aloud — enjoyed in a communal, social setting.
In an appended “Note on Sources,” Pettegree allows himself to acknowledge that, “Ironically, it has been the next great information revolution — the Internet — that has allowed this work on the first age of print to be pursued to a successful conclusion.” Digital information newly available from all over the world enhanced his research on early print culture — in all its frequently vulgar, ephemeral, zany and menacing variety.
Robert Pinsky is the poetry editor of Slate and the founder of the Favorite Poem Project (favoritepoem.org).
A economia a servico da politica no Brasil
Duas matérias na imprensa me chamaram a atenção, nesse capítulo da "mistura" (por falta de uma palavra melhor) da política com a economia, mas apenas depois de refletidas por uma agência estrangeira:
1) Brazil's Caixa to Fund 1 Billion Euros in Beef Exports to Iran, Valor Says
By Joshua Goodman
Bloomberg, Aug 13, 2010
Brazil’s state-controlled Caixa Economica Federal will finance up to 1 billion euros ($1.3 billion) in beef shipments to Iran after private banks refused to extend credit to exporters, fearing retaliation from the U.S. and European Union, Valor Economico said.
The financing will be backed by Brazil’s Treasury, which will be responsible for collecting payment from the Iranian government, the Sao Paulo-based newspaper said.
Sanctions imposed by the United Nations in June over Iran’s nuclear program, and followed up with tighter restrictions by the U.S. and EU, has led Brazilian banks to reject credit guarantees issued by Iranian banks, the newspaper said.
President Luiz Inacio Lula da Silva, in a visit to Tehran in May, signed an agreement to finance food exports to Iran, as well as boost investment and expand air connections between the two countries. Annual trade with Iran has more than doubled to $1.2 billion since Lula took office in 2003.
2) Brazil State Development Bank Loans May Be Questioned at WTO, Estado Says
By Andre Soliani
Bloomberg, Aug 13, 2010
Brazil’s national development bank’s loans to companies may be questioned by other countries at the World Trade Organization, O Estado de S.Paulo reported, citing unidentified Brazilian government officials.
The Geneva-based WTO will review the Brazilian state bank loans to meet a global trade requirement, the newspaper said. The Brazilian state bank loans aren’t a subsidy because the lender provides long-term lending that private banks fail to offer, Carlos Marcio Bicalho Cozedey, director of the Foreign Affair’s Economic Department, told Estado.
The Brazilian government estimates the subsidies granted through the state bank range from 18 billion reais ($10.2 billion) to 29.3 billion reais, Estado said, quoting officials it didn’t name.
1) Brazil's Caixa to Fund 1 Billion Euros in Beef Exports to Iran, Valor Says
By Joshua Goodman
Bloomberg, Aug 13, 2010
Brazil’s state-controlled Caixa Economica Federal will finance up to 1 billion euros ($1.3 billion) in beef shipments to Iran after private banks refused to extend credit to exporters, fearing retaliation from the U.S. and European Union, Valor Economico said.
The financing will be backed by Brazil’s Treasury, which will be responsible for collecting payment from the Iranian government, the Sao Paulo-based newspaper said.
Sanctions imposed by the United Nations in June over Iran’s nuclear program, and followed up with tighter restrictions by the U.S. and EU, has led Brazilian banks to reject credit guarantees issued by Iranian banks, the newspaper said.
President Luiz Inacio Lula da Silva, in a visit to Tehran in May, signed an agreement to finance food exports to Iran, as well as boost investment and expand air connections between the two countries. Annual trade with Iran has more than doubled to $1.2 billion since Lula took office in 2003.
2) Brazil State Development Bank Loans May Be Questioned at WTO, Estado Says
By Andre Soliani
Bloomberg, Aug 13, 2010
Brazil’s national development bank’s loans to companies may be questioned by other countries at the World Trade Organization, O Estado de S.Paulo reported, citing unidentified Brazilian government officials.
The Geneva-based WTO will review the Brazilian state bank loans to meet a global trade requirement, the newspaper said. The Brazilian state bank loans aren’t a subsidy because the lender provides long-term lending that private banks fail to offer, Carlos Marcio Bicalho Cozedey, director of the Foreign Affair’s Economic Department, told Estado.
The Brazilian government estimates the subsidies granted through the state bank range from 18 billion reais ($10.2 billion) to 29.3 billion reais, Estado said, quoting officials it didn’t name.
Por que a America Latina continua andando para tras?

Alertado pelo meu amigo blogueiro Orlando Tambosi, venho aqui registrar a publicação no Brasil de um livro organizado pelo cientista social nipo-americano (ou simplesmente americano) Francis Fukuyama, que eu já sabia que andava circulando pelos EUA, mas que não sabia (inclusive por estar fora do Brasil) que já tinha sido traduzido e publicado entre nós.
Não é difícil para os cientistas sociais americanos apontar as deficiências de desenvolvimento da América Latina, embora eles tenham essa nefasta tendência a amalgamar todos os problemas num modelo único (mais ou menos parecido com aquelas caricaturas de um mexicano de sombrero enorme dormindo ao pé de um cacto), e chamar tudo isso de Latin America, confirmando assim que somos atrasados porque somos Latin Americans, o que é quase um truismo.
Mas, sempre existem trabalhos mais sérios, como deve ser este aqui. Permito-me, inclusive, indicar outro livro sério, que não sei se já foi traduzido e publicado, embora muitos dos trabalhos ali incluídos já devem ser conhecidos pelos bons economistas e historiadores latino-americanos, justamente:
Stephen Harber (editor):
How Latin America Fell Behind: Essays on the Economic Histories of Brazil and Mexico, 1800-1914
(Stanford: Stanford University Press, 1997)
Não vou agora discutir novamente as causas de nosso atraso, embora tenda a concordar com Harber (e seus vários colaboradores) e, preventivamente, com a interpretação de Fukuyama (de quem conheço vários outros trabalhos, incluindo um pequeno livro sobre a "desconstrução" de Estados, que não tem obviamente nada a ver com esses inúteis filósofos franceses do desconstrucionismo), mas que me exigiria uma longa exposição sobre vias comparadas de desenvolvimento econômico. Fiquemos com o relativo simplismo das instituições erradas, das elites predatórias e da má qualidade (se é que existe) da educação na região. Continuamos insistindo no erro, como provam todas essas teses goradas mas que continuam a ter "sucesso" no continente.
Se dirigismo estatal fosse sinônimo de progresso, a AL seria, facilmente, o continente mais desenvolvido do mundo...
Por que é que os acadêmicos não se dão conta de coisas tão simples?
Paulo Roberto de Almeida
Ficando para trás. Ou: vendo o mundo pelo retrovisor...
Blog do Orlando Tambosi (Iconoclástico, anti-ideológico e politicamente incorreto)
Quinta-feira, 12 de agosto de 2010
Por que existe uma lacuna tão grande entre o desenvolvimento da América Latina e o dos Estados Unidos? Um interessante livro lançado recentemente tenta desvendar quais os problemas que cavaram este buraco. Trata-se de Ficando para trás (Explicando a crescente distância entre América Latina e Estados Unidos), organizado por Francis Fukuyama e editado pela Rocco, do Rio de Janeiro.
Apontam-se várias causas para esta lacuna. Alguns autores se concentram na geografia dos países (abundância de recursos naturais e condições materiais) e outros na cultura em sentido amplo, mas a verdadeira razão para o fraco desempenho latino-americano é, segundo os escritos organizados por Fukuyama (com a contribuição de vários historiadores e economistas latino-americanos), a precariedade das instituições.
"As instituições são críticas para formular, implantar e apoiar boas políticas. Entre essas instituições estão os direitos de propriedade e o domínio da lei, sistemas eleitorais, ramos executivos com poderes apropriados, legislativos representativos e eficientes, partidos políticos que incluem agentes sociais importantes da sociedade, sistemas judiciários independentes da autoridade política e eficazes na implantação da lei e uma distribuição adequada de poderes aos diferentes níveis de governo - nacional, estadual e municipal."
Convém lembrar que o Brasil faz parte da América Latina e que, sob o lulismo, derrapa cada vez mais em relação às instituições.
Boa leitura.
Orlando Tambosi
Pausa para propaganda politica obrigatoria; ops, errei, para o Enem...
Estas pérolas, dizem, vêm do Espírito Santo, mas desconfio que não; só pode ser fabricação de professores cariocas desocupados, que ficam inventando coisas estapafúrdias e bizarras, apenas para humilhar os vizinhos capixabas...
ENEM - ESPÍRITO SANTO
- O Brasil não teve mulheres presidentes mas várias primeiras-damas foram do sexo feminino.
(denúncia gravíssima: isto significa que vários ex-presidentes casaram-se com travestis).
- O número de famigerados do MST almenta a cada ano seletivo.
(e a burrice não diminói!)
- Os anaufabetos nunca tiveram chance de voltar outra vez para a escola.
(nem de ir!)
- Vasilhas de luz refratória podem ser levadas ao forno de microondas sem queimar.
(sem comentários)
- O bem star dos abtantes da nossa cidade muito endepende do governo federal capixaba.
(vende-se uma máquina de escrever faltando algumas letras!!!)
- Animais vegetarianos comem animais não-vegetarianos.
(algumas antas realmente comem mulheres carnívoras, né?)
- Não cei se o presidente está melhorando as insdiferenças sociais ou promovendo o sarneamento dos pobres. Me pré-ocupa o avanço regresssivo da violência urbana.
(Esta é 10! Sarneamento deve ser a aplicação das teorias do Zé Sarney. Eu axo, sem me pré-ocupar muito!)
- Fidel Castro liderou a revolução industrial de 1917, que criou o comunismo na Russia.
(Deve ter sido o avô dele ).
- O Convento da Penha foi construído no céculo 16 mas só no céculo 17 foi levado definitivamente para o alto do morro.
(deve ter demorado o céculo inteiro para fazer a mudança)
- A História se divide em 4: Antiga, Média, Momentânea e Futura, a mais estudada hoje.
(esqueceu da História em Quadrinhos)
- Os índios sacrificavam os filhos que nasciam mortos matando todos assim que nasciam.
(pena que a mãe dessa anta não era índia!)
- Bigamia era uma espécie de carroça dos gladiadores, puchada por dois cavalos.
(Ou era uma biga macho que tinha duas bigas fêmeas, puxada por uma anta)
- No começo Vila Velha era muito atrazada mas com o tempo foi se sifilizando.
(Deve ter sido no tempo em que chegaram as primeiras prostitutas lá )
- Os pagãos não gostavam quando Deus pregava suas dotrinas e tiveram a idéia de eliminá-lo da face do céu.
(Como será que eles tencionavam fazer isto?)
- A capital da Argentina é Buenos Dias.
(E de noite, muda o nome para Buenas Noches )
- A prinssipal função da raiz é se enterrar no chão.
(E a prinssipal função do gozador é morrer de rir com uma deças)
- As aves tem na boca um dente chamado bico.
(Cruz credo!)
- A Previdência Social assegura o direito a enfermidade coletiva.
(Quando há uma epidemia, não deixa de ser verdade)
- Respiração anaeróbica é a respiração sem ar, que não deve passar de 3 minutos.
(Senão, a anta morre)
- Ateísmo é uma religião anônima praticada escondido. Na época de Nero, os romanos ateus reuniam-se para rezar nas catatumbas cristãs.
(hein?)
- Os egipícios dezenvolveram a arte das múmias para os mortos poderem viver mais.
(o sérebro desse imbessil não se dezenvolveu!)
- O nervo ótico transmite idéias luminosas para o cérebro.
(Essa anta não deve ter nervo ótico, senão seu cérebro não seria tão obscuro)
- A Geografia Humana estuda o homem em que vivemos.
(esse deve ser gay)
- O nordeste é pouco aguado pela chuva das inundações frequentes.
(é verdade, de São Paulo até o Nordeste, falta construir aquadutos para levar as inundações)
- Os Estados Unidos tem mais de 100.000 Km de estradas de ferro asfaltadas.
(Nova técnica americana, para substituir o trem-bala )
- As estrelas servem para esclarecer a noite e não existem estrelas de dia porque o calor do sol queimaria elas.
(A noite deve ter ficado muito esclarecida com essa idéia luminosa)
- Republica do Minicana e Aiti são países da ilha América Central.
(Procura-se urgente um Atlas Geográfico que venha com um Aurélio junto)
- As autoridades estão preocupadas com a ploleferação da pornofonografia na Internet.
(Um CD dos Raimundos, por exemplo, é pornofonografia )
- A ciência progrediu tanto que inventou ciclones como a ovelha Dolly.
(e deve ter inventado também a Operação Furacão, que colocou alguns juízes no olho do clone!)
- O Papa veio instalar o Vaticano em Vitória mas a Marinha não deixou para construir a Capitania dos Portos no mesmo lugar.
(tadinho do Papa)
- A devassa da Inconfidência Mineira foi Marília de Dirceu, a amante de Tiradentes.
(é o samba do crioulo doido!)
- Hormônios são células sexuais dos homens masculinos.
(Nos homens femininos, essas células chamam-se frescuromônios)
- Os primeiros emegrantes no ES construiram suas casas de talba.
(ao mesmo tempo em que praticavam tiro ao álvaro)
- Onde nasce o sol é o nacente , onde desce é o decente.
(E a anta que escreveu isto, é indecente!)
- A terra é um dos planetas mais conhecidos e habitados no mundo. Os outros planetas menos demográficos são: Mercurio, Venus, Marte,Lua e outros 4 que eu sabia mas como esqueci agora e está na hora de entregar a prova, a senhora não vai esperar eu lembrar, vai? Mas tomara que não baixe minha nota por causa disso porque esquecer a memória em casa todo mundo esquece um dia, não esquece?
(Quase chorei com essa!)
- O principal matrimônio de um país é a educassão.
(matrimônio deve ser a mulher do patrimônio, e educassão deve ser o deputado Edu participando de CPI na Câmara, para cassar algum companheiro!)
===================
PS.: Sinto-me um miserável ao transcrever essas coisas neste blog. Nada, nada para rir, nem chorar...
Sem comentários, por favor...
ENEM - ESPÍRITO SANTO
- O Brasil não teve mulheres presidentes mas várias primeiras-damas foram do sexo feminino.
(denúncia gravíssima: isto significa que vários ex-presidentes casaram-se com travestis).
- O número de famigerados do MST almenta a cada ano seletivo.
(e a burrice não diminói!)
- Os anaufabetos nunca tiveram chance de voltar outra vez para a escola.
(nem de ir!)
- Vasilhas de luz refratória podem ser levadas ao forno de microondas sem queimar.
(sem comentários)
- O bem star dos abtantes da nossa cidade muito endepende do governo federal capixaba.
(vende-se uma máquina de escrever faltando algumas letras!!!)
- Animais vegetarianos comem animais não-vegetarianos.
(algumas antas realmente comem mulheres carnívoras, né?)
- Não cei se o presidente está melhorando as insdiferenças sociais ou promovendo o sarneamento dos pobres. Me pré-ocupa o avanço regresssivo da violência urbana.
(Esta é 10! Sarneamento deve ser a aplicação das teorias do Zé Sarney. Eu axo, sem me pré-ocupar muito!)
- Fidel Castro liderou a revolução industrial de 1917, que criou o comunismo na Russia.
(Deve ter sido o avô dele ).
- O Convento da Penha foi construído no céculo 16 mas só no céculo 17 foi levado definitivamente para o alto do morro.
(deve ter demorado o céculo inteiro para fazer a mudança)
- A História se divide em 4: Antiga, Média, Momentânea e Futura, a mais estudada hoje.
(esqueceu da História em Quadrinhos)
- Os índios sacrificavam os filhos que nasciam mortos matando todos assim que nasciam.
(pena que a mãe dessa anta não era índia!)
- Bigamia era uma espécie de carroça dos gladiadores, puchada por dois cavalos.
(Ou era uma biga macho que tinha duas bigas fêmeas, puxada por uma anta)
- No começo Vila Velha era muito atrazada mas com o tempo foi se sifilizando.
(Deve ter sido no tempo em que chegaram as primeiras prostitutas lá )
- Os pagãos não gostavam quando Deus pregava suas dotrinas e tiveram a idéia de eliminá-lo da face do céu.
(Como será que eles tencionavam fazer isto?)
- A capital da Argentina é Buenos Dias.
(E de noite, muda o nome para Buenas Noches )
- A prinssipal função da raiz é se enterrar no chão.
(E a prinssipal função do gozador é morrer de rir com uma deças)
- As aves tem na boca um dente chamado bico.
(Cruz credo!)
- A Previdência Social assegura o direito a enfermidade coletiva.
(Quando há uma epidemia, não deixa de ser verdade)
- Respiração anaeróbica é a respiração sem ar, que não deve passar de 3 minutos.
(Senão, a anta morre)
- Ateísmo é uma religião anônima praticada escondido. Na época de Nero, os romanos ateus reuniam-se para rezar nas catatumbas cristãs.
(hein?)
- Os egipícios dezenvolveram a arte das múmias para os mortos poderem viver mais.
(o sérebro desse imbessil não se dezenvolveu!)
- O nervo ótico transmite idéias luminosas para o cérebro.
(Essa anta não deve ter nervo ótico, senão seu cérebro não seria tão obscuro)
- A Geografia Humana estuda o homem em que vivemos.
(esse deve ser gay)
- O nordeste é pouco aguado pela chuva das inundações frequentes.
(é verdade, de São Paulo até o Nordeste, falta construir aquadutos para levar as inundações)
- Os Estados Unidos tem mais de 100.000 Km de estradas de ferro asfaltadas.
(Nova técnica americana, para substituir o trem-bala )
- As estrelas servem para esclarecer a noite e não existem estrelas de dia porque o calor do sol queimaria elas.
(A noite deve ter ficado muito esclarecida com essa idéia luminosa)
- Republica do Minicana e Aiti são países da ilha América Central.
(Procura-se urgente um Atlas Geográfico que venha com um Aurélio junto)
- As autoridades estão preocupadas com a ploleferação da pornofonografia na Internet.
(Um CD dos Raimundos, por exemplo, é pornofonografia )
- A ciência progrediu tanto que inventou ciclones como a ovelha Dolly.
(e deve ter inventado também a Operação Furacão, que colocou alguns juízes no olho do clone!)
- O Papa veio instalar o Vaticano em Vitória mas a Marinha não deixou para construir a Capitania dos Portos no mesmo lugar.
(tadinho do Papa)
- A devassa da Inconfidência Mineira foi Marília de Dirceu, a amante de Tiradentes.
(é o samba do crioulo doido!)
- Hormônios são células sexuais dos homens masculinos.
(Nos homens femininos, essas células chamam-se frescuromônios)
- Os primeiros emegrantes no ES construiram suas casas de talba.
(ao mesmo tempo em que praticavam tiro ao álvaro)
- Onde nasce o sol é o nacente , onde desce é o decente.
(E a anta que escreveu isto, é indecente!)
- A terra é um dos planetas mais conhecidos e habitados no mundo. Os outros planetas menos demográficos são: Mercurio, Venus, Marte,Lua e outros 4 que eu sabia mas como esqueci agora e está na hora de entregar a prova, a senhora não vai esperar eu lembrar, vai? Mas tomara que não baixe minha nota por causa disso porque esquecer a memória em casa todo mundo esquece um dia, não esquece?
(Quase chorei com essa!)
- O principal matrimônio de um país é a educassão.
(matrimônio deve ser a mulher do patrimônio, e educassão deve ser o deputado Edu participando de CPI na Câmara, para cassar algum companheiro!)
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PS.: Sinto-me um miserável ao transcrever essas coisas neste blog. Nada, nada para rir, nem chorar...
Sem comentários, por favor...
Contas Nacionais: de volta a uma pequena equacao enganosa
Uma pequena aula de Economics 101...
As importações e o PIB: o que se vê e o que não se vê [*]
João Luiz Mauad
Ordem Livre, 12 de Agosto de 2010
Foi anunciada, há duas semanas, a primeira estimativa do PIB norte-americano para o segundo trimestre do ano em curso, indicando uma alta de 2,4% (anualizada) em relação ao período imediatamente anterior. O número veio mais ou menos dentro do esperado pelo mercado, e o que chamou atenção mesmo foram algumas análises e comentários dele decorrentes, vindos, inclusive, de gente bem pensante e informada.
A jornalista de economia de O Globo, Mirian Leitão, por exemplo, estampou em seu blog o seguinte comentário:
Setor externo puxa desaceleração da economia americana
A economia americana desacelerou no segundo trimestre. A redução do ritmo foi impulsionada pelo setor externo, em decorrência da forte aceleração das importações. Entre abril e junho, o PIB (Produto Interno Bruto) teve alta de 2,4% em relação aos primeiros três meses do ano, quando a economia havia crescido 3,7%. O número ainda pode ser revisado, mas veio abaixo das expectativas (2,6%).
Na mesma linha, o jornal Folha de São Paulo publicou a notícia, em sua página na internet, nos seguintes termos:
Importação tem maior alta em 26 anos e desacelera expansão dos EUA no 2º tri
O crescimento no trimestre passado foi contido por um aumento de 2,8% nas importações, que ofuscou a elevação de 10,3% nas exportações. Isso gerou um déficit comercial que tirou 2,78 pontos percentuais do PIB, a maior subtração desde o terceiro trimestre de 1982.
Já o site de economia do UOL publicou a seguinte matéria, quase nos mesmos termos:
Importações desaceleram expansão dos EUA no 2o tri
A expansão do segundo trimestre foi contida por um salto de 28,8 por cento das importações, que ofuscou o avanço de 10,3 por cento das exportações. Isso gerou um déficit comercial que tirou 2,78 pontos percentuais do PIB, a maior subtração desde o terceiro trimestre de 1982.
Outros veículos seguiram a mesma linha.
Qualquer pessoa menos informada, que se depare com tais notícias, sairá com a impressão de que, quanto mais um país importa, menor será o seu PIB. Importar, portanto, seria algo análogo a destruir riqueza. Se acreditarmos no que dizem os analistas, sairemos certos de que, ao comprarmos um produto importado, estaremos contribuindo para a ruína de nosso país.
O fulcro desta falácia econômica, disseminada, muitas vezes até involuntariamente, está na famigerada identidade contábil abaixo, utilizada, mundo afora, para o cálculo do PIB:
PIB = C + I + G + X – M
O problema não está na fórmula em si. Como método de aferição do Produto Interno Bruto, ela é largamente aceita. O volume do PIB é equivalente ao somatório do consumo das famílias e empresas (C), dos investimentos (I), dos gastos do governo (G) e do saldo de comércio com o estrangeiro (X-M).
A confusão é provocada exatamente pelo sinal de subtração antes das importações (M), o que induz a pensar que elas diminuem o valor do PIB. Aquele sinal (-), no entanto, está ali justamente para fazer com que as importações tenham peso neutro no cálculo do Produto INTERNO Bruto, afinal elas já estão inseridas (com sinal positivo) tanto em C (consumo), quanto em I (investimento) ou X (exportações), e até mesmo em G (gastos públicos).
Suponha que eu resolva utilizar minhas economias e adquira R$ 100.000,00 em bicicletas, com objetivo de revenda no mercado interno. No final do negócio, vendi todas as bicicletas por R$ 120.000,00, obtendo um lucro de 20% sobre o investimento. No cálculo do PIB, estes R$ 120.000,00 farão parte de “C” – Consumo das famílias –, embora os produtos consumidos não tenham sido fabricados dentro do país. Para corrigir esta distorção, já que o PIB deve espelhar somente a riqueza gerada domesticamente, o volume de importações aparece com sinal negativo na fórmula de cálculo.
Fica claro, portanto, que as importações não reduzem o valor do PIB. Pelo contrário, ao gerar lucro, criam riqueza – no exemplo em tela, estamos falando de R$ 20.000,00. Mas alguém poderia indagar que, se eu não houvesse importado as bicicletas, elas teriam sido produzidas internamente, aumentando o valor do PIB em R$ 200.000,00. Certo? Errado!
Se eu produzo uma mercadoria a um custo X e vendo pelo mesmo valor X, o incremento do PIB é nulo. O que gera novas riquezas e aumenta o PIB é o valor adicionado. Para adquirir as bicicletas, seja no exterior ou no mercado interno, eu (comerciante) precisarei mover recursos de algum lugar. Se eu compro (ou produzo) e vendo as mercadorias pelo mesmo valor, apenas transfiro recursos de uma variável para outra, sem que haja incremento algum. Assim, eu posso “destruir” riqueza fabricando bicicletas no mercado interno a R$ 130.000,00 e vendendo-as a R$ 120.000,00, bem como, de modo inverso, criar riqueza comprando bicicletas a R$ 100.000,00 no exterior e vendendo-as a R$ 120.000,00 no mercado interno.
A coisa fica ainda mais perigosa quando alguns "espertinhos", geralmente keynesianos, cismam de utilizar a mesma fórmula como ferramenta teórica para demonstrar supostos benefícios econômicos do aumento dos gastos públicos. Não é raro, por exemplo, encontrar economistas defendendo o aumento dos empregos públicos ou das transferências de renda como formas eficientes de fomentar (eles adoram esta palavra) o crescimento do país.
A falha dessa “teoria” está no fato de que quaisquer aumentos em G decorrem necessariamente de reduções equivalentes nas demais variáveis, principalmente C e I – de onde provêm, inevitavelmente, os recursos dos impostos e dos empréstimos que o governo toma da sociedade. Portanto, os gastos dos governos são recursos que deixaram de ser utilizados pelos consumidores, investidores e produtores. Há apenas uma redistribuição forçada desses recursos, cujo resultado é a alocação ineficiente dos mesmos.
Os keynesianos, de forma geral, acham que seus modelos matemáticos e gráficos possuem vida própria, independente das ações e vicissitudes dos agentes econômicos (seres humanos), os quais, no fim das contas, são a força motriz que dá direção e intensidade às variáveis econômicas. Também se recusam a admitir o princípio da escassez e o conseqüente custo de oportunidade de qualquer ação econômica. É lamentável que esse pensamento encontre-se tão disseminado entre nós.
[*] Apud Bastiat.
As importações e o PIB: o que se vê e o que não se vê [*]
João Luiz Mauad
Ordem Livre, 12 de Agosto de 2010
Foi anunciada, há duas semanas, a primeira estimativa do PIB norte-americano para o segundo trimestre do ano em curso, indicando uma alta de 2,4% (anualizada) em relação ao período imediatamente anterior. O número veio mais ou menos dentro do esperado pelo mercado, e o que chamou atenção mesmo foram algumas análises e comentários dele decorrentes, vindos, inclusive, de gente bem pensante e informada.
A jornalista de economia de O Globo, Mirian Leitão, por exemplo, estampou em seu blog o seguinte comentário:
Setor externo puxa desaceleração da economia americana
A economia americana desacelerou no segundo trimestre. A redução do ritmo foi impulsionada pelo setor externo, em decorrência da forte aceleração das importações. Entre abril e junho, o PIB (Produto Interno Bruto) teve alta de 2,4% em relação aos primeiros três meses do ano, quando a economia havia crescido 3,7%. O número ainda pode ser revisado, mas veio abaixo das expectativas (2,6%).
Na mesma linha, o jornal Folha de São Paulo publicou a notícia, em sua página na internet, nos seguintes termos:
Importação tem maior alta em 26 anos e desacelera expansão dos EUA no 2º tri
O crescimento no trimestre passado foi contido por um aumento de 2,8% nas importações, que ofuscou a elevação de 10,3% nas exportações. Isso gerou um déficit comercial que tirou 2,78 pontos percentuais do PIB, a maior subtração desde o terceiro trimestre de 1982.
Já o site de economia do UOL publicou a seguinte matéria, quase nos mesmos termos:
Importações desaceleram expansão dos EUA no 2o tri
A expansão do segundo trimestre foi contida por um salto de 28,8 por cento das importações, que ofuscou o avanço de 10,3 por cento das exportações. Isso gerou um déficit comercial que tirou 2,78 pontos percentuais do PIB, a maior subtração desde o terceiro trimestre de 1982.
Outros veículos seguiram a mesma linha.
Qualquer pessoa menos informada, que se depare com tais notícias, sairá com a impressão de que, quanto mais um país importa, menor será o seu PIB. Importar, portanto, seria algo análogo a destruir riqueza. Se acreditarmos no que dizem os analistas, sairemos certos de que, ao comprarmos um produto importado, estaremos contribuindo para a ruína de nosso país.
O fulcro desta falácia econômica, disseminada, muitas vezes até involuntariamente, está na famigerada identidade contábil abaixo, utilizada, mundo afora, para o cálculo do PIB:
PIB = C + I + G + X – M
O problema não está na fórmula em si. Como método de aferição do Produto Interno Bruto, ela é largamente aceita. O volume do PIB é equivalente ao somatório do consumo das famílias e empresas (C), dos investimentos (I), dos gastos do governo (G) e do saldo de comércio com o estrangeiro (X-M).
A confusão é provocada exatamente pelo sinal de subtração antes das importações (M), o que induz a pensar que elas diminuem o valor do PIB. Aquele sinal (-), no entanto, está ali justamente para fazer com que as importações tenham peso neutro no cálculo do Produto INTERNO Bruto, afinal elas já estão inseridas (com sinal positivo) tanto em C (consumo), quanto em I (investimento) ou X (exportações), e até mesmo em G (gastos públicos).
Suponha que eu resolva utilizar minhas economias e adquira R$ 100.000,00 em bicicletas, com objetivo de revenda no mercado interno. No final do negócio, vendi todas as bicicletas por R$ 120.000,00, obtendo um lucro de 20% sobre o investimento. No cálculo do PIB, estes R$ 120.000,00 farão parte de “C” – Consumo das famílias –, embora os produtos consumidos não tenham sido fabricados dentro do país. Para corrigir esta distorção, já que o PIB deve espelhar somente a riqueza gerada domesticamente, o volume de importações aparece com sinal negativo na fórmula de cálculo.
Fica claro, portanto, que as importações não reduzem o valor do PIB. Pelo contrário, ao gerar lucro, criam riqueza – no exemplo em tela, estamos falando de R$ 20.000,00. Mas alguém poderia indagar que, se eu não houvesse importado as bicicletas, elas teriam sido produzidas internamente, aumentando o valor do PIB em R$ 200.000,00. Certo? Errado!
Se eu produzo uma mercadoria a um custo X e vendo pelo mesmo valor X, o incremento do PIB é nulo. O que gera novas riquezas e aumenta o PIB é o valor adicionado. Para adquirir as bicicletas, seja no exterior ou no mercado interno, eu (comerciante) precisarei mover recursos de algum lugar. Se eu compro (ou produzo) e vendo as mercadorias pelo mesmo valor, apenas transfiro recursos de uma variável para outra, sem que haja incremento algum. Assim, eu posso “destruir” riqueza fabricando bicicletas no mercado interno a R$ 130.000,00 e vendendo-as a R$ 120.000,00, bem como, de modo inverso, criar riqueza comprando bicicletas a R$ 100.000,00 no exterior e vendendo-as a R$ 120.000,00 no mercado interno.
A coisa fica ainda mais perigosa quando alguns "espertinhos", geralmente keynesianos, cismam de utilizar a mesma fórmula como ferramenta teórica para demonstrar supostos benefícios econômicos do aumento dos gastos públicos. Não é raro, por exemplo, encontrar economistas defendendo o aumento dos empregos públicos ou das transferências de renda como formas eficientes de fomentar (eles adoram esta palavra) o crescimento do país.
A falha dessa “teoria” está no fato de que quaisquer aumentos em G decorrem necessariamente de reduções equivalentes nas demais variáveis, principalmente C e I – de onde provêm, inevitavelmente, os recursos dos impostos e dos empréstimos que o governo toma da sociedade. Portanto, os gastos dos governos são recursos que deixaram de ser utilizados pelos consumidores, investidores e produtores. Há apenas uma redistribuição forçada desses recursos, cujo resultado é a alocação ineficiente dos mesmos.
Os keynesianos, de forma geral, acham que seus modelos matemáticos e gráficos possuem vida própria, independente das ações e vicissitudes dos agentes econômicos (seres humanos), os quais, no fim das contas, são a força motriz que dá direção e intensidade às variáveis econômicas. Também se recusam a admitir o princípio da escassez e o conseqüente custo de oportunidade de qualquer ação econômica. É lamentável que esse pensamento encontre-se tão disseminado entre nós.
[*] Apud Bastiat.
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