sexta-feira, 1 de abril de 2011

Continuidade e mudanca na politica externa brasileira - Paulo Roberto de Almeida

Continuidade e Mudança na Política Externa Brasileira
Paulo Roberto de Almeida


Toda política externa, ou toda política governamental, em geral, é feita de mudanças e continuidades. Talvez a política externa tenha bem mais continuidades do que mudanças, pela própria natureza do “negócio”: não se muda o sistema de relações internacionais, a política regional, as relações bilaterais e menos ainda a agenda de trabalho de grandes organismos internacionais da mesma forma ou com as mesmas “facilidades” com que se pode imprimir mudanças de direção, algumas até repentinas, no plano das políticas domésticas.
Partindo, portanto, do pressuposto de que as continuidades são mais frequentes do que as mudanças, podemos, talvez até mais facilmente, detectar mudanças de ritmo, de estilo e até de orientação na política externa de um estado emergente como o Brasil. Vendo o mundo como uma ordem em transição, o Brasil está interessado, justamente, na mudança de padrões nas relações internacionais, que sejam suscetíveis de acomodar suas novas pretensões ou seus pleitos quanto ao estabelecimento de uma nova agenda mundial e quanto ao funcionamento desse sistema, ou seja, no quadro de medidas operacionais.
As primeiras mudanças que podemos detectar, entre a diplomacia de Lula e a de Dilma se situam, obviamente, no plano do estilo, já que ninguém saberia, nem poderia, imitar, ou mimetizar, o estilo inigualável do ex-presidente, qualquer que seja o julgamento que se faça sobre as suas qualidades de chefe de Estado, de governo e de condutor da diplomacia brasileira. Fosse outro o governo, ou fosse outro o chefe de Estado, muitos dossiês internacionais poderiam estar sendo conduzidos pelo chefe da chancelaria ou pela burocracia normal do Ministério das Relações Exteriores.
O ex-presidente se envolvia pessoalmente na condução, e até na definição de posições negociadoras, em vários dos mais importantes assuntos da diplomacia oficial, a começar pela política regional, as questões da integração, a presença do Brasil em diversos foros, ou fóruns internacionais – a diplomacia dos Gs: G3, G4, Brics, o G20 financeiro e vários outros – sem esquecer as muitas visitas bilaterais e encontros regionais (como os com dirigentes sul-americanos e destes com os africanos e árabes). É previsível que a presidente Dilma conduza os assuntos externos bem mais através da própria chancelaria, o que já constitui uma mudança substantiva. Essa mesma conformação permitirá restaurar a unidade da formulação e implementação da política externa, anteriormente fragmentada numa espécie de tríade constituída pelo assessor especial da presidência em assuntos internacionais, pelo secretário-geral das relações exteriores e pelo próprio chanceler. Já se trata, portanto, de uma grande mudança.
No plano da forma, mas isto também tem a ver com a substância, outras são as prioridades e outro é o estilo da presidente Dilma Rousseff, a começar pelas suas preocupações naturais com a política interna e com a economia doméstica, inclusive porque a herança de problemas deixada pelo ex-presidente é pesada, sobretudo em termos de gastos públicos e a consequente deterioração orçamentária, a aceleração inflacionária em função da expansão exagerada do crédito (privado e público), a diminuição do superávit primário e as inúmeras maquiagens contábeis feitas em 2010 para mistificar o crescimento da dívida pública, entre outros legados negativos da presidência Lula.
Mas, formada a base parlamentar do governo, para assegurar boas condições de governança interna, e anunciados os cortes orçamentários e outras medidas de ajuste para combater a inflação, o governo Dilma pode então dedicar uma parte dos seus esforços a questões de política externa. Ela o fez, aliás, ainda antes de tomar posse, pois sua primeira entrevista à imprensa foi concedida ao jornal Washington Post, em novembro de 2010, quando ela justamente se distancia da política de direitos humanos do governo Lula ao declarar sua total contrariedade com o apoio que o Brasil concedia, então, ao Irã, país considerado um violador contumaz dos direitos humanos de seus cidadãos. Dilma, na verdade, se pronunciou especificamente a respeito do possível, até provável naquela ocasião, apedrejamento da iraniana Sakineh Ashtiani, possibilidade que a presidente eleita considerou, com razão, um ato bárbaro, contrário a qualquer sentido de humanidade e de padrões civilizacionais. No fundo, ela estava condenando, sem o dizer, a proximidade e até o apoio da diplomacia lulista em relação a algumas das piores ditaduras remanescentes no mundo contemporâneo.
Esse é, pode-se dizer, a principal diferença, ou inovação diplomática, do governo Dilma em relação ao governo Lula, postura confirmada recentemente quando o governo brasileiro votou a favor do envio de um consultor em matéria de direitos humanos para investigar violações no Irã, objeto de decisão específica, para imenso desprazer dos iranianos, no Conselho dos Direitos Humanos da ONU em Genebra. O desprazer iraniano já tinha sido criado com o convite formulado anteriormente à Prêmio Nobel iraniana, advogada de direitos humanos, Shirin Ebadi, para almoçar na Residência da delegação do Brasil para assuntos de direitos humanos, inaugurando, portanto, um diálogo oficial do governo brasileiro com a oposição política ao atual governo do Irã, em total contraposição às posições favoráveis exibidas pelo governo precedente, ou pelo menos pelo presidente Lula e pelo seu chanceler.
A outra inovação é, obviamente, observada no relacionamento com os EUA e em temas da agenda multilateral que possuem uma grande interface com a política dos EUA, como nos recentes episódios envolvendo a guerra civil na Líbia e questões de natureza econômica envolvendo comércio, moedas e a China. Existe uma evidente boa vontade e até iniciativas concretas para melhorar o diálogo e o relacionamento com os EUA, em outro claro sinal de distinção vis-à-vis a política externa do trio Garcia-Guimarães-Amorim sob a orientação geral do Supremo Guia. A intenção, manifestada explicitamente pela presidente e seu chanceler, era a de criar novos espaços de cooperação entre o Brasil e os EUA, podendo incluir até a revisão do processo de compra de novos caças para a FAB e outros áreas de interesse mútuo no comércio, investimentos, energia, G20, etc. Depois da visita do presidente Obama – considerada um sucesso mesmo sem grandes resultados aparentes, pelo simples fato de se ter realizado antes de passados três meses da posse da presidente Dilma, segundo o chanceler – a presidente Dilma teria veiculado – a crer em matéria da Folha de S. Paulo do dia 28 de março de 2011, a partir de fontes autorizadas do Palácio do Planalto – seu descontentamento com o excesso de simbolismo e a pouca substância como resultado desse encontro. A presidente gostaria, ao que parece, de uma “diplomacia de resultados”, uma expressão que esteve identificada, pela primeira vez, com um chanceler que era um empresário: Olavo Setubal, chanceler escolhido pelo presidente não-empossado Tancredo Neves, e que ficou dois anos sob o vice-presidente empossado presidente José Sarney, em 1986 e 1986.
O outro sinal de distanciamento, ainda a ser confirmado, seria na relação com a China, potência com a qual o governo anterior entreteve diversas ilusões de aliança estratégica, declarando-se a favor do reconhecimento desse país como economia de mercado e esperando receber dela apoio para suas pretensões exageradas a um grande papel internacional, a começar pela reforma da Carta da ONU e a inclusão do Brasil como membro permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas. A presidente Dilma estaria descontente, ao que parece, mas aqui pressionada pelos industriais brasileiros, com o papel reservado pela China ao Brasil, de simples provedor de matérias primas e de grande mercado para suas manufaturas baratas, que estão competindo fortemente com equivalentes brasileiros não apenas no plano doméstico mas também em terceiros mercados, especialmente na América Latina. Mas ainda temos de aguardar a visita a ser feita pela presidente à China, ainda agora em abril, inclusive para reunião dos Brics, que passou a incluir a África do Sul, com o total apoio da China e para desconforto do Brasil, que pretendia manter separadas as agendas do Ibas e dos Brics.
Também ainda resta esperar pelos testes da nova política externa no contexto regional, campo por excelência do que tinha sido designado, na gestão anterior, de exercício de liderança brasileira, para grande desconforto dos profissionais do Itamaraty. Este talvez seja o elemento crucial a fornecer elementos mais concretos para se avaliar se a diplomacia de Dilma se distingue, ou não, da diplomacia de Lula. No contexto regional, todo o empenho dos auxiliares diplomáticos de Lula se exerceu no sentido de afastar os sul-americanos do império e afastar o império dos assuntos latino-americanos. O esforço começou pela implosão da Alca, bem sucedido, aliás, e em torno da qual seus autores se orgulharam pelo mérito da obra.
O processo continuou pela constituição de agrupamentos políticos claramente autônomos em relação aos vetores de influência imperiais na região, quando não em oposição à presença americana no continente sul-americano. Esse foi o sentido da constituição da Comunidade Sul-Americana de Nações, criada por iniciativa do Brasil numa reunião de cúpula ocorrida em Cuzco, no Peru, em dezembro de 2004, à qual, por sinal, não compareceu nenhum dos demais dirigentes do Mercosul. O Brasil ofereceu o Rio de Janeiro para sediar o que seria um secretariado da Casa, no que não foi seguido pelos demais países da região, que se empenharam em encontrar substitutivos ao projeto brasileiro. A Casa foi substituída em 2008 pela Unasul, com sede em Quito, como proposto pelo presidente Chávez. Pode-se dizer que a Unasul constitui uma continuidade apenas parcial do primeiro projeto de integração sul-americana proposto pelo Brasil, mas que hoje escapa largamente ao seu controle. Em todo caso, diferentemente da IIRSA, que constituía um projeto de integração física do continente, proposto pelo Brasil na primeira reunião de chefes de Estado e de governo da América do Sul, em 2000 – que por ter sido iniciado por Fernando Henrique Cardoso foi descontinuado parcialmente – a Unasul ainda não conseguiu dar continuidade à carteira de projetos desenhados pelo BID nos mais diversos campos da infraestrutura: energia, comunicações, transportes, etc.
Onde também ocorreu descontinuidade na agenda da política externa herdada pelo governo Lula de FHC foi na área reputada estratégica e prioritária por ambos governos: o processo de integração sob a égide do Mercosul. Sua vertente econômica e comercial, que constitui o cerne mesmo do processo, ficou praticamente intocada, ou talvez tenha até retrocedido, a partir das inúmeras salvaguardas abusivas e ilegais introduzidas pelo governo argentino contra produtos manufaturados brasileiros, em total contradição com o espírito e a letra do Tratado de Assunção, e com a complacência leniente demonstrada pelo governo brasileiro. Em seu lugar, foram impulsionadas as vertentes políticas e sociais da integração, que podem até ser interessantes em seu mérito próprio, mas não constituem propriamente uma base sólida sobre a qual ancorar a integração.
Pois bem: ainda não se sabe, aqui, se haverá continuidade na mesma política de “compreensão generosa” com as violações argentinas dos seus compromissos sob o Tratado de Assunção ou se o governo Dilma seguirá uma política de defesa da legalidade e de conformidade com os engajamentos assumidos no quadro dos diversos protocolos de integração assinados pelos quatro países membros. O ingresso da Venezuela poderá constituir um teste, já que o país andino liderado pelo coronel socialista ainda não atendeu aos requisitos básicos do processo de integração, que são a internalização da Tarifa Externa Comum do Mercosul e a aceitação das demais regras de política comercial.
Por outro lado, ainda é cedo para dizer como se desenvolverão as relações com a Bolívia e o Paraguai, dois países que pretendem extrair mais vantagens econômicas e financeiras de suas relações com o Brasil, ambas no terreno energético. Tampouco se pode avançar agora o grau de continuidade que será exercido em torno de uma das principais insistências do governo Lula no plano multilateral: a conquista de uma cadeira permanente no Conselho de Segurança. O bom senso recomendaria uma mudança de ênfase nesse capítulo, já que se imagina que, se e quando houver reforma da Carta da ONU, o Brasil desponta, desde já, como candidato natural ao cargo, independentemente de qualquer ação mais militante.
Aliás, muitas das mudanças registradas recentemente na política externa obedecem a simples regras de bom senso: determinadas posições anteriores, como o apoio a ditadores e suas violações de direitos humanos, se chocavam tão frontalmente com as tradições diplomáticas nessa área, e até com a Constituição brasileira, que bastava aplicar o bom senso para restabelecer a dignidade perdida. Ocorreu aqui, portanto, uma mudança para restabelecer a continuidade com a situação anterior à politização e partidarização da diplomacia brasileira: certas rupturas são bem vindas, mesmo quando se pretende retornar ao passado de profissionalismo pelo qual sempre foi conhecido o Itamaraty.
Finalmente, o que deve ser visto também como uma mudança para assegurar a continuidade é o restabelecimento da unidade conceitual e operacional da política externa, antes fragmentada e dividida entre diversos atores, formuladores e executores, agora aparentemente retomando seu leito natural, de unidade de comando, uniformidade de propósitos, homogeneidade na execução. Previsibilidade, credibilidade, estabilidade e legitimidade são condições e elementos importantes para a qualidade de qualquer diplomacia, desde sua fase de concepção e planejamento, até o momento de sua execução e implementação. Certas mudanças são a melhor garantia de continuidade, ou vice-versa.

Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 31 de março de 2011.

Como destruir a economia de um pais pelo servico publico (o Brasil caminha para isso)

A matéria se refere aos EUA, não ao Brasil, mas a cultura é a mesma. O exemplo que vem dos EUA não poderia ser mais negativo...

Opinion
We've Become a Nation of Takers, Not Makers
By STEPHEN MOORE
The Wall Street Journal, April 1st, 2011

More Americans work for the government than in manufacturing, farming, fishing, forestry, mining and utilities combined.

If you want to understand better why so many states—from New York to Wisconsin to California—are teetering on the brink of bankruptcy, consider this depressing statistic: Today in America there are nearly twice as many people working for the government (22.5 million) than in all of manufacturing (11.5 million). This is an almost exact reversal of the situation in 1960, when there were 15 million workers in manufacturing and 8.7 million collecting a paycheck from the government.

It gets worse. More Americans work for the government than work in construction, farming, fishing, forestry, manufacturing, mining and utilities combined. We have moved decisively from a nation of makers to a nation of takers. Nearly half of the $2.2 trillion cost of state and local governments is the $1 trillion-a-year tab for pay and benefits of state and local employees. Is it any wonder that so many states and cities cannot pay their bills?

Every state in America today except for two—Indiana and Wisconsin—has more government workers on the payroll than people manufacturing industrial goods. Consider California, which has the highest budget deficit in the history of the states. The not-so Golden State now has an incredible 2.4 million government employees—twice as many as people at work in manufacturing. New Jersey has just under two-and-a-half as many government employees as manufacturers. Florida's ratio is more than 3 to 1. So is New York's.

Even Michigan, at one time the auto capital of the world, and Pennsylvania, once the steel capital, have more government bureaucrats than people making things. The leaders in government hiring are Wyoming and New Mexico, which have hired more than six government workers for every manufacturing worker.

Now it is certainly true that many states have not typically been home to traditional manufacturing operations. Iowa and Nebraska are farm states, for example. But in those states, there are at least five times more government workers than farmers. West Virginia is the mining capital of the world, yet it has at least three times more government workers than miners. New York is the financial capital of the world—at least for now. That sector employs roughly 670,000 New Yorkers. That's less than half of the state's 1.48 million government employees.

Don't expect a reversal of this trend anytime soon. Surveys of college graduates are finding that more and more of our top minds want to work for the government. Why? Because in recent years only government agencies have been hiring, and because the offer of near lifetime security is highly valued in these times of economic turbulence. When 23-year-olds aren't willing to take career risks, we have a real problem on our hands. Sadly, we could end up with a generation of Americans who want to work at the Department of Motor Vehicles.

The employment trends described here are explained in part by hugely beneficial productivity improvements in such traditional industries as farming, manufacturing, financial services and telecommunications. These produce far more output per worker than in the past. The typical farmer, for example, is today at least three times more productive than in 1950.

Where are the productivity gains in government? Consider a core function of state and local governments: schools. Over the period 1970-2005, school spending per pupil, adjusted for inflation, doubled, while standardized achievement test scores were flat. Over roughly that same time period, public-school employment doubled per student, according to a study by researchers at the University of Washington. That is what economists call negative productivity.

But education is an industry where we measure performance backwards: We gauge school performance not by outputs, but by inputs. If quality falls, we say we didn't pay teachers enough or we need smaller class sizes or newer schools. If education had undergone the same productivity revolution that manufacturing has, we would have half as many educators, smaller school budgets, and higher graduation rates and test scores.

The same is true of almost all other government services. Mass transit spends more and more every year and yet a much smaller share of Americans use trains and buses today than in past decades. One way that private companies spur productivity is by firing underperforming employees and rewarding excellence. In government employment, tenure for teachers and near lifetime employment for other civil servants shields workers from this basic system of reward and punishment. It is a system that breeds mediocrity, which is what we've gotten.

Most reasonable steps to restrain public-sector employment costs are smothered by the unions. Study after study has shown that states and cities could shave 20% to 40% off the cost of many services—fire fighting, public transportation, garbage collection, administrative functions, even prison operations—through competitive contracting to private providers. But unions have blocked many of those efforts. Public employees maintain that they are underpaid relative to equally qualified private-sector workers, yet they are deathly afraid of competitive bidding for government services.

President Obama says we have to retool our economy to "win the future." The only way to do that is to grow the economy that makes things, not the sector that takes things.

Mr. Moore is senior economics writer for The Wall Street Journal editorial page.

quarta-feira, 30 de março de 2011

A frase do mes - Will Rogers (e uma biografia)

Everything is changing. . . . People are taking their comedians seriously and the politicians as a joke.”
Will Rogers

Esta frase, e muito mais, nesta biografia de um homem singular (desculpem o lugar comum...)
Paulo Roberto de Almeida

Will Rogers, Populist Cowboy
By JOHN SCHWARTZ
The New York Times Book Review, March 25, 2011

Will Rogers: That’s the guy who never met a man he didn’t like, right? Today, few people know more than that.

WILL ROGERS: A Political Life
By Richard D. White Jr.
Illustrated. 347 pp. Texas Tech University Press. $29.95.

But the cowboy comic with the rope tricks was no mere wisecracking rube, Richard D. White Jr. writes in “Will Rogers: A Political Life.” “History has done a disservice to Will Rogers,” White says. “A closer look at whom he met, where he traveled and the subjects of his writings and speeches reveals not so much a comedian but a true political insider with the power to shape public opinion and ultimately influence public policy.” And that closer look is what he gives us in this new biography.

Jon Stewart, Stephen Colbert and Molly Ivins owe a debt to Rogers, as does Rush Limbaugh when he’s actually funny and not just mean. But in his day, Rogers was bigger than all of them. Between his emergence as a performer and his death in an airplane crash in Alaska in 1935, Rogers, a 10th-grade dropout, wrote thousands of closely read newspaper columns and articles, and six books. He starred in dozens of radio broadcasts and 71 movies, and was courted by presidents and legislators.

Or, as Rogers himself put it: “Everything is changing. . . . People are taking their comedians seriously and the politicians as a joke.”

Proving one unelected man’s influence isn’t easy, but White makes a convincing case that Rogers had plenty. He helped build support for Franklin Roosevelt’s New Deal, sometimes performing on the radio just before a fireside chat, and making points so similar to the president’s that a reporter once asked if one of them was writing the other’s material. (Nope, Rogers insisted.) When the Supreme Court struck down New Deal legislation, Rogers criticized the justices as “the nine old gentlemen in the kimonos.” He stumped for government investment in aviation and ridiculed Prohibition relentlessly. In the late 1920s, he warned that Americans were living beyond their means and in the early 1930s that Germany would re-emerge as a military threat.

He could also offend. Though he raised money to help the poor blacks affected by the Mississippi River flood of 1927 and spoke out against the Ku Klux Klan, he provoked outrage when he casually used a racial epithet on the air to refer to Negro spirituals. (The incident led to earnest apologies by Rogers, though in one he delivered yet another slur, explaining that he was raised by “darkies” as a boy in the Oklahoma Indian Territory.) Afflicted with insiderism and an eagerness to please, Rogers could be disarmed with a friendly overture. Criticism of John D. Rockefeller stopped after a visit to his Florida mansion.

And a pleasant conversation with Benito Mussolini turned Rogers into a fan. “I have never yet seen a thing that he has done that wasn’t based on common sense,” he said. White sheepishly admits that Rogers “never met a man he didn’t like, even if he was a dictator.” The Mussolini man-crush so upset James Thurber that he wrote, 23 years after Rogers’s death, that Rogers’s “irresponsible observations” showed that “political satire can be as dangerous as an unguided missile when it is unsound.”

White, a professor of public administration at Louisiana State University and a biographer of Huey Long, commits a single sin in this worthy book: a biography of a famously funny man should be funny. But White seems so intent on getting us to take Rogers seriously that he plays down the humor. Part of the problem, of course, is that we are looking at Rogers across a gulf of decades, and few of his zingers travel well; readers with an allergy to corn pone won’t be charmed by Rogers’s wit. Still, some of the lines sound pretty fresh today.

“I don’t belong to any organized political faith,” he said. “I am a Democrat.”

John Schwartz is The Times’s national legal correspondent.

Jose de Alencar, homenagem a um lutador - Stefan Salej

Com Lula, um tango
Stefan Salej
O Estado de S.Paulo, 30 de março de 2011

As coincidências da vida são tantas que nos surpreendem. Eu tinha de ser de algum lugar de Minas porque como gringo, imigrante, e falando com sotaque, não tinha futuro. Por amizade com meu colega de faculdade Mauro Lobo adotei a cidade de Bom Jesus do Galho como minha cidade mineira. Criei a fábula de ser de lá.

José Alencar começou sua vida na cidade vizinha de Bom Jesus do Galho, Caratinga. Conhecemo-nos em Belo Horizonte, na Federação das Indústrias, onde Zé aterrissou após a injustiça que lhe fizeram na Associação Comercial de Minas, onde impediram que fosse presidente. Era avançado demais nos negócios, pensamentos e ações. Foi ungido presidente da Fiemg e eu virei seu vice. Repetia milhares de vezes sua história de menino pobre dormindo no corredor da pensão em Caratinga, e de como passou de jovem para adulto quase de noite para o dia, por necessidade e por vontade. Seu pai o emancipou e ele virou comerciante com o irmão. Comprava e vendia. Duro na negociação, esperto na conversa, homem de palavra.

Empresário líder, enfrentava os problemas políticos numa terra política. Não tinha raízes, não tinha parentes, não era dos "senhores das Gerais". Era Zé Alencar, que de comerciante virou industrial com novos conceitos. Conceito de alta produtividade, competitivo e diferente. Enquanto todos instalavam teares de 2,80m, ele descobriu um fabricante no Japão que fabricava teares de 3,20m. Enfrentou toda a burocracia e o protecionismo e os instalou na sua fábrica.

Um dia o encontrei no avião voltando para Brasil, ele vindo da China com o filho Josué com aquela cisma que não o largava quando o pegava: "Por que chinês pode fazer camiseta tão barato e nós no Brasil não?" Antes de qualquer um, e fez camisetas competitivas de algodão para ninguém pôr defeito. E assim os negócios prosperavam, mas com uma fidelidade ímpar a seus amigos de início de vida.

A ação social na Fiemg nos dois mandatos, com sua ação no interior do Estado de Minas resultou em uma nova e inesperada face. Virou adorado e aplaudido por onde passava. No meio tempo veio a mudança do governo: sai Collor e entra Itamar. Mas antes de Itamar entrar para a Presidência, José Alencar, naqueles dias indefinidos, o visita no Hotel Glória e lhe diz que amigo ele não trai, amigo é amigo. Itamar vira presidente, José Alencar, candidato a governador de Minas. Os empresários enxergam nele um líder que pode dar certo na política. Franco, claro, objetivo, bem-sucedido como empresário, sem mancha e sem rolo, como se diz em Minas, poderia representar o sonho de um Brasil mais justo, mais social, mas também mais empresarial na sua gestão. Obtém 10% dos votos, ganha espaço, perde a eleição, mas marca um primeiro gol.

Deixava as pessoas crescerem em torno dele. Uma das vezes que o vi mais feliz foi quando seu filho Josué se graduou em engenharia e seguiu para a Vanderbilt, para fazer um mestrado, e obteve sua medalha de ouro. Pode-se imaginar alguém que só tinha primário, falava inglês bem, lia - e não era pouco (na época de Gorbachev, não cansava de falar de Perestroika, o que nos obrigou a todos a ler livro para conversar com ele) -, mas continuava simples Zé Alencar, filho de uma família numerosa, ter filho pós-graduado nos EUA?

Eleito depois senador, teve gabinete sempre aberto para as ideias. Discutia e, convencido, era o melhor aliado que poderia se imaginar. Nunca foi populista. Coitado de quem esperava que misturasse os negócios com política.

Dizer que Alencar não era ambicioso é omitir a verdade. Queria ser governador de Minas. Quando veio o convite para ser vice de Lula, os adversários queriam atingi-lo de toda maneira. Não conseguiram achar nem ações trabalhistas.

Ele tinha a consciência clara de que um acordo nacional, um entendimento entre trabalhadores e empresários, poderia representar um passo fundamental na construção de duas coisas que pudessem garantir o futuro sustentável do Brasil: democracia com economia de mercado. Já que um acordo entre facções e partidos políticos, entre vários atores, não era possível, por que não tentar um informal via eleições? Era a oportunidade não de ser um vice, mas de construir um projeto que o menino pobre de Caratinga sonhava. No fundo, não era a aliança de um trabalhador e um empresário, mas a junção de forças de dois homens de bem, forjados na vida, bem-intencionados e em especial querendo construir um Brasil mais justo. No fundo não se sabia quem era quem, quem era trabalhador e quem era empresário.

Com notável diferença dos demais vices, foi, desde primeiro dia da aliança com Lula, companheiro, amigo, às vezes até irmão mais velho, mas nunca concorrente. Os dois forjaram um par de dançarinos de tango que se movem ao som de música de uma forma perfeita, equilibrada, difícil de se dançar. E um exemplo de harmonia política que nem o ranzinza do José Alencar com sua obsessão por criticar juros altos (apesar que com sabedoria ganhava rios de dinheiro de outro lado porque acumulava caixa nas empresas, algo que escondia) conseguia desestabilizar. Ele falava de um sonho e a vida que me levou para o outro lado Atlântico não me deu chance de lhe dizer que ele se realizou. Não só para ele, mas para 190 milhões de brasileiros. Ele dizia que um dia iria a Paris sentar num restaurante nos Champs-Elysées e pedir um filet au poivre. E que, com nosso real tão forte, poderia pagar até gorjeta.

EX-PRESIDENTE DA FIEMG, EMPRESÁRIO

Mercosur 20 anos, institucionalidad debil - Alejandro Perotti

La institucionalidad, el punto débil
Alejandro D. Perotti
La Nación, Buenos Aires, martes 29 de marzo de 2011, pág. 4

Hace 20 años los presidentes de los Estados partes firmaban el Tratado de Asunción, piedra constitutiva del Mercosur, y lo hacían -declararon- "a fin de mejorar las condiciones de vida de sus habitantes" y "reafirmando su voluntad política de dejar establecidas las bases para una unión cada vez más estrecha entre sus pueblos".

Pese a las dificultades atravesadas desde entonces, aquel tratado contribuyó a cumplir en parte dichos objetivos.

El tratado ha creado una nueva forma de relacionamiento entre nuestros países y poblaciones, y ninguno de nuestros gobiernos ni los partidos políticos ilusiona un porvenir sin el Mercosur. También los poderes constituidos se han involucrado en la empresa regional.

El proceso de integración ha calado hondo en nuestras sociedades, y ha demostrado que el Mercosur no es de izquierda ni de derecha, pues durante los gobiernos de ambos signos se ha avanzado y superado crisis.

Internamente, ha implicado el mayor período de integración entre nuestros Estados, y en lo externo los ha dotado de una marca propia, forjados ambos aspectos a partir del descubrimiento de una identidad común de nuestros pueblos.

El tratado ha provocado en la región una innegable estabilidad política, económica, social, jurídica, comercial e institucional; ha sido un ancla democrática insustituible. Los bienes circulan más libremente, pero también las personas han visto facilitados sus traslados intrazona.

Es cierto que el proceso no está exento de críticas. En ocasiones, escaso respaldo político, incumplimientos de lo acordado, bilateralismos frustrantes, unilateralismos injustificados, sometimiento al interés nacional y pequeños conflictos que mal resueltos se han transformado en importantes problemas; en otras, falta de permeabilidad a las demandas de las sociedades y escasa difusión del bloque entre la población.

Existe a su vez un punto débil, es la estructura institucional, caracterizada por un intergubernamentalismo poco responsable y eficaz, en el cual -a diferencia de cualquier otro modelo- el poder de algunos ámbitos estatales es omnicomprensivo. Carece el bloque -salvo por su tribunal- de cualquier espacio decisorio en el cual se defienda el interés regional; en esto repara -en gran medida- el germen de los males del Mercosur.

Por otro lado, estos años han demostrado -diferencia con Europa- la carencia absoluta de al menos un "político del Mercosur"; no existe una personalidad en los cuatro Estados que puede llevar dicho título.

Bien es cierto que en materia de integración no siempre lo ideal es lo posible; pero al mismo tiempo no es excusable que lo posible sea -generalmente- lo poco relevante. Los logros, fracasos, sacrificios y beneficios que todo proceso implica son directamente proporcionales al tamaño e importancia de los países.

Los acuerdos alcanzados en 2010 en torno a la unión aduanera -en especial la aprobación del código respectivo- y a la creación de la Corte de Justicia ayudan a tener esperanzas en el futuro. Pero estas conquistas requerirán, sin dudas, que el apoyo político sea aún más decidido y que se dote al bloque de espacios decisorios independientes de los gobiernos. El éxito del Mercosur depende de ello.

Somos defensores absolutos del Mercosur porque su suceso y consolidación implica la de nuestros países. Es necesario "más" Mercosur, pero también "mejor".

Debemos señalar, por último, que hasta el más escéptico del Mercosur no puede rebatir que, si estos años han sido difíciles para nuestros países, más lo hubieran sido sin el Mercosur.

El autor es abogado del estudio Alais & De Palacios.

terça-feira, 29 de março de 2011

Um mecenas diplomatico: Fausto Godoy

Artes plásticas
Diplomata vai ceder coleção de obras asiáticas ao Masp
Agência Estado, 29/03/2011

Coleção pode colocar o museu de São Paulo no patamar do Metropolitan de Nova York
Fausto Godoy entrega ao Masp, em comodato por cinquenta anos, quase 2.000 peças

O Museu de Arte de São Paulo (Masp), conhecido por seu bilionário acervo de grandes mestres europeus (Rafael, Goya, Velázquez, Cézanne, Van Gogh, Picasso), está prestes a ganhar a mais valiosa coleção asiática do Brasil. Nesta quinta-feira, o diplomata Fausto Godoy assina com a direção do museu um contrato para a cessão de sua coleção, iniciada um ano após ser convidado a assumir um posto na embaixada do Brasil em Nova Délhi, em 1983. Desde então, Godoy ocupou cargos oficiais nas embaixadas de Nova Délhi, Pequim, Tóquio e Islamabad, além de ter cumprido missões transitórias no Vietnã e em Taiwan. Todo esse percurso ajudou a construir esse acervo de valor inestimável que deverá ser instalado, a partir de 2012, no espaço hoje ocupado pelo restaurante Degas, no subsolo do museu.

Sem exagero, trata-se de uma coleção que vai colocar o Masp no patamar do Metropolitan de Nova York. O museu integra desde 2008 o "Clube dos 19", que congrega os dezenove museus com os melhores acervos da arte europeia do século XIX, como o Museu D'Orsay, o Instituto de Arte de Chicago e o próprio Metropolitan. De imediato, Godoy entrega em comodato por cinquenta anos quase 2.000 peças que resumem séculos de história das civilizações asiáticas. Seu empenho, diz o diplomata, é "criar massa crítica no Brasil para o continente que se afigura como o mais importante do século XXI". Assim, não se trata apenas de doar uma coleção construída nas últimas três décadas, mas de estabelecer o marco zero de um futuro centro de estudos asiáticos. Aos 65 anos, Godoy diz ter canalizado para o continente asiático sua carreira na diplomacia por estar convencido do papel que países como a China, a Índia e o Japão iriam representar no século XXi. "Mais da metade da população vive ali", lembra o diplomata, concluindo: "É fundamental nossa interação com esses países, cujo papel é decisivo na formatação do mundo globalizado".

O Masp aceitou a condição imposta por Godoy para o comodato com testamento anexado: a de ter um curador permanente para a coleção, ponto de partida para um objetivo maior, o de ensinar aos brasileiros como o antigo convive com o contemporâneo nessas culturas, que não enxergam a arte compartimentada como no Ocidente. Essas 2.000 peças da coleção de Godoy integram um catálogo abrangente das civilizações asiáticas que abarca desde um Narasimha, quarto avatar do deus Vishnu - primeiro objeto adquirido pelo diplomata num antiquário de Nova Délhi, em 1984 - até mangás japoneses, passando por gravuras Ukiyo-e do século XIX, peças de mobiliário, objetos de porcelana chinesa e até um Buda do século VI em tamanho natural.
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Curador-chefe do Masp, o professor e crítico Teixeira Coelho mostra-se entusiasmado com a perspectiva de ampliação do museu que, no próximo ano, ganha um prédio exclusivo para a administração, ao lado de sua sede na avenida Paulista. Para lá será transferido o restaurante e toda a parte burocrática do Masp. Antes, ainda sem data marcada, será realizada uma exposição com peças selecionadas do acervo cedido em comodato ao museu. Como Godoy é o maior conhecedor de sua coleção, ele será o curador da mostra. "Só colecionei obras de temas que conhecesse e não há uma só peça comprada por impulso apenas", diz o diplomata. "Com essa coleção, o museu ganha não só um acervo que o coloca ao lado do Metropolitan", diz Teixeira Coelho. "É quase como uma refundação do Masp."

O diplomata diz que optou pelo Masp para doar sua coleção considerando o compromisso do museu com a educação. "Pensei em doar para uma universidade, mas as peças iriam morrer em salas que só acadêmicos veriam."

A piada do mes, do ano, da decada: quem mais poderia ser?

Nesta terça-feira, dia 29/03/2011, na cidade argentina de La Prata, o presidente venezuelano vai receber um prêmio pela sua... tchan, tchan, tachan...

"contribuição à liberdade de expressão, à comunicação popular e à democracia".

Sem palavras...

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"Este prêmio dedico e recebo em nome de um povo irmão de vocês, o povo venezuelano, que há muitos anos luta para dar forma a uma dinâmica de comunicação popular, livre da ditadura midiática das burguesias e do imperialismo", disse Chávez para milhares de estudantes e militantes de organizações sociais.

Chávez é o segundo presidente latino-americano a ser escolhido. Em 2009 foi a vez do presidente da Bolívia, Evo Morales.

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