Como sempre digo: quem produz riqueza, patentes, renda são os engenheiros.
Advogados, na melhor das hipóteses apenas redistribuem riqueza, na pior criam déficits públicos.
São os maiores defensores das reservas de mercado no Brasil, aliás, junto com engenheiros e capitalistas da construção civil.
Paulo Roberto de Almeida
MERCADO DE TRABALHO
Brasil é contra a globalização na prática jurídica
Advogados brasileiros não querem estrangeiros caçando seus clientes
Opinião e Notícia, 27/06/2011
Brasil rejeita a atuação de advogados estrangeiros no país
Com a quantidade de recursos permitidos a criminosos condenados e as generosas leis trabalhistas que são um convite permanente para processar empregadores, a impressão é que há trabalho para todos os advogados no Brasil. Mas nos bastidores, os juristas mais poderosos do país tentam dificultar a vida dos mais de cem estrangeiros que oferecem serviços jurídicos no país.
No ano passado, a Organização dos Advogados do Brasil em São Paulo (OAB-SP) informou que as alianças jurídicas entre advogados estrangeiros e locais são uma violação das suas regras. A OAB em Brasília está considerando o assunto. Caso também concorde com a opinião da vertente paulista, todos os escritórios de advocacia do país poderão ter suas alianças estrangeiras dissolvidas.
O trabalho de advogados formados no exterior já é bastante regulamentado no Brasil. Advogados estrangeiros não podem trabalhar em empresas que contratem trabalhadores locais, ou oferecer qualquer consultoria sobre leis brasileiras. Mas o parecer da OAB-SP foi ainda mais longe. A organização proclamou que as alianças entre advogados estrangeiros e brasileiros são antiéticas. “Consultores jurídicos estrangeiros”, como são chamados, não são advogados para tudo. Ao menos foi isso que a OAB-SP determinou.
O ritmo de abertura de escritórios de advogados estrangeiros no Brasil aumentou bastante nos últimos anos. Desde 2007 cerca de três escritórios são inaugurados a cada ano, e diversos outros assinaram acordos formais com escritórios locais. Os advogados recém-chegados ao país dizem que não estão fazendo nada diferente dos que vieram antes e que estão cumprindo as leis brasileiras ao montarem parcerias com escritórios no Brasil. Mas eles acreditam que a chegada de advogados estrangeiros ameace o status quo, em que meia dúzia de grandes escritórios controlam a maioria dos negócios no país. As médias empresas locais que têm ligação com empresas estrangeiras poderiam desafiar este oligopólio.
Como os advogados partilham seus honorários é de pouco interesse para seus clientes, que se preocupam apenas em obter a melhor consultoria por um preço justo. Na tentativa de tornar mais difícil para clientes conseguirem aconselhamento jurídico de empresas de advocacia locais formalmente aliadas a escritórios estrangeiros, o Brasil está se movendo contra a maré da globalização na prática jurídica.
Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas. Ver também minha página: www.pralmeida.net (em construção).
terça-feira, 28 de junho de 2011
In praise of McDonald's
June 27, 2011
Mises Daily
A cadeia McDonald's, sempre desprezada por criar, justamente, "McDonald's' jobs", ou seja, os trabalhos mais mal remunerados do capitalismo americano, mereceria uma medalha de honra, e o título de "heróis da pátria", justamente por criar empregos em meio a uma recessão.
Quando vejo esses energúmenos anti-imperialistas destruindo lanchonetes da cadeia, apenas por causa de seus baixos instintos anti-capitalistas e supostamente anti-imperialistas, eu só posso constatar uma coisa: esses idiotas detestam pobres e odeiam alguém que dá empregos para pobres.
Sim, porque um emprego na cadeia é um dos mais baixos da escala social: o mais ignorante adolescente pode ser treinado rapidamente para trabalhar numa lanchonete, seja começando por esfregar o chão, limpando mesas ou lavando banheiro ou, se for um pouco mais qualificado, vai virar hamburgueres...
A cadeia se adapta aos tempos do politicamente correto, e começa a servir non fat food e coisas mais saudáveis. Assim é o mundo.
Sua importância tecnológica e econômica é enorme, justamente numa recessão, quando os desempregados abandonam restaurantes e vão comer hamburgueres.
A cadeia McDonaldo é um ícone do capitalista, aliás de qualquer economia de mercado.
Quem assistiu ou viu, por TV, o mar de gente invadindo as primeiras lojas dessa cadeia quando abriram nessas porcarias socialistas que eram a finada União Soviética e a República Popular da China sabe do que estou falando.
Viva o McDonald (aliás, eu não costumo comer em McDonald, e depois que meus filhos ficaram grandes, nunca mais entrei num, mas não hesitaria em entrar, se precisasse).
Paulo Roberto de Almeida
McDonald's as the Paradigm of Progress
by Jeffrey A. Tucker
Mises Daily, June 27, 2011
The nice folks at the local McDonald's know me well, but even they were puzzled when I snapped a dozen images of their newly restored interior, which is absolutely beautiful. Like most fast-food places, the management is used to customers but still a bit surprised by dedicated fans like me.
I feel vindicated by recent data on this company's hiring in the midst of terrible economic times.
The national labor-participation rate has been falling for a decade and is now as low as it was during the 1982 recession. If people were leaving the workplace with wads of cash and every intention of living out their dream of a life of leisure, this might be good news.
Sadly, all evidence runs the other direction. People want remunerative work but can't find it, and their situation is getting worse not better, thanks mainly to legal restrictions and artificial burdens borne by institutions that would otherwise be hiring.
McDonald's appears to be responsible for more than half the new jobs being created right now: its April jobs fair added 30,000 people to its payrolls. It has bucked the trend — a bit like swimming against the tide.
But instead of congratulating this great company for doing the impossible, the judgment in the press is harsh. Burger flipping is the only work to be had out there? Surely this is evidence of how pathetic economic growth is.
The trouble with this line is that it doesn't recognize how difficult it is for an institution to adapt itself and still grow in this climate. And how does McDonald's do it? It is an old recipe: watch the markets, emulate the successful, adapt and change, and slavishly serve the consuming public.
The reinvention of McDonald's began only two years ago, as its management noted the new vogue for healthy food and fancy coffees and fruit smoothies served up in a posh environment such as Starbucks offers. Can McDonald's, the very embodiment of the lowbrow urge for a greasy burger and fries, actually horn in on this market?
It doesn't seem likely, but the company gave it a try. There were new breakfast items like fruit parfaits. There was an apple-and-walnuts salad, along with many other premium salads, for lunch. There was a new premium burger made of Angus beef (which to me tastes as good as a restaurant-style burger). There were new fruit smoothies that taste as good (or better) than the ones that cost twice as much at the hip smoothie bars.
Not that McDonald's merely chases public fads. The company responded to an earlier outcry for diet food by making the McLean sandwich in the mid 1990s. No one bought it. The company dropped it from the menu. The lesson is that public piety is not the same thing as actual spending habits. Future development would be rooted in reality, and it certainly is today.
Most of all there was the addition of new coffee drinks. Each is made from freshly ground beans, with the addition of fresh milk (whole or low fat), all made upon order. McDonald's added its own spin. The most annoying aspect of Starbucks, as everyone knows, is the wait. Everything is done by hand, from the cleaning to the packing of grounds.
McDonald's has a new machine that does everything. The beans fall through a large funnel. The milk is sucked out of gallons from the doors underneath. The nozzles and containers are cleaned after each drink by superhot steam blasts. The human hand only gets involved at the beginning to push buttons and at the end to give it all one last stir. The time it takes to make this fresh treat is reduced to half or even one-third of the Starbucks time.
Then there is the cost issue. A latte at McDonald's costs 40 percent less than the same at Starbucks. And you don't have to use strange words like venti or grande when you order. At McDonald's, they seem to understand normal English words like small, medium, and large.
There was just one element of change missing: the interior of the restaurants. Mostly they have been unchanged for decades. The dining room was filled with tables with a fixed number of attached chairs, suggestive of a school cafeteria. The company did its research and rethought the entire issue of what a fast-food dining area could look like.
In the same space, it created many different styles: a round booth, long tables with movable chairs, small round tables with bar-style seating, along with traditional booths. Each place you sit amounts to a separate environment of your own choosing. You can be private or sociable, intimate or public, alone or engaged with others. The seating area is separated from the ordering area by Plexiglas sheets from floor to ceiling that appear both modern and artistic. I don't know much about the art of interior design, but the whole scheme strikes me as brilliant.
So certain is the company that these changes are going to make a difference, it is spending a minimum of $1 billion on the renovations in all 14,000 US restaurants. The first 800 will be complete in 2011, costing some $250,000 per store. Our own local restaurant started renovations in early June and completed them in a mere two weeks time — all the while keeping the drive-through window open and doing a vigorous business.
And what is the point of all of this? It should be obvious: to serve the public better. Better service, more attractive environments, and more menu choice lead to higher profits, and therefore more expansion and job creation.
In a striking way, this approach is deeply embedded in the company's history. The first restaurant opened in 1940 and closed for renovations in 1948, only to reopen as the first drive-through restaurant. Its first indoor-seating restaurant didn't open until 1962. Since then, the company has taken glorious steps forward that have foreshadowed global change: it opened in Moscow in 1990, Warsaw in 1992, and on the Web in 1996.
Let's be clear here. It's not the case that the management of this company has an unusually high devotion to the well-being of humanity. The management is following the pricing signals and making entrepreneurial judgments all in the service of the consuming public. It is a great competitor, relentlessly reinventing itself in an effort to win the affections of the eating-out public.
The managers here might be the greatest humanitarians in history or they might be the greediest and most selfish people on earth. It really doesn't matter. The market is the driving force and the profitability signals are the test of whether the company is or is not doing the right thing. This is the very heartbeat of the capitalistic process — the one spotted and dissected centuries ago by economists in France, Spain, Italy, and England.
"The result is not just a beautiful model for serving up food but a beautiful model for social service in general."
These old liberals saw that the capitalistic process is the answer to the great social and moral problems raised by thinkers of all ages precisely because it pours every manner of human motivation into the grand project of satisfying the needs and wants of all society's members. If economic science had one main point to contribute to the world of ideas, this was it.
A most impressive feature of capitalism that is highlighted in the McDonald's case is how its institutions so beautifully adapt themselves to change. The drift is always upward: new and improved. And this drift is like a wind that never stops blowing unless it is stopped by the organized force of the state.
When the reinvention of this company began in 2009, it was not preceded by national campaigns and platforms. There were no public votes. Billions were not spent on lobbying for change. There were no public debates, advertising campaigns, frenzied conventions, or door-to-door campaigning. It was a decision made by the management — an entrepreneurial judgment that could be right or could be wrong — in an effort to please the stockholders who are the owners. And the final test is always the same: are people willing to buy?
Meanwhile, in the world of politics, decade after decade goes by with endless rounds of "reinventing government," school reform, bureaucratic reform, rearrangement of spending priorities, and regulatory change to make stuff work better. In the end, it amounts to little or nothing. Crucially, there is no real test to determine whether these changes were worth the cost or whether they really accomplished the goal. In politics, it is not even clear what the goal is! And, of course, the result is predictable. There is no change, no reinvention, no real improvement.
The addition or removal of the king-consumer from the process of reform amounts to a fundamental change in the whole raison d'être of an institution. It's true that McDonald's is not entirely sustained by the market alone, and even overly scrupulous libertarians have jumped on the attack. It's true that it has been reported that some of its business loans were backed by TARP money after the crisis of 2008, and, of course, it benefits indirectly from subsidies on corn and the like.
By the same token, it is also wickedly punished by the state, paying 30 percent taxes on earnings and shoveling some $2 billion into the federal treasury every year — all money that might otherwise be used for capital upgrades, dividends, or expansions.
The crucial way to tell a predominantly market-based company from a state-based company is to investigate its primary institutional interest: does it serve the state or does it serve the consuming public? There can be no question where McDonald's is on this spectrum, and the result is not just a beautiful model for serving up food but a beautiful model for social service in general.
McDonald's is a prime example of how the market has overcome a fundamental human problem: getting enough to eat. This is a problem that vexed the whole of humanity from the beginning of time. Now it appears to be almost entirely solved, thanks to institutions such as McDonald's, which people feel entitled to criticize and smear because they seem to be such a fixed element in the universe.
"It is a constant struggle to stay on top in this world in which every success can be imitated by a competitor."
But such institutions are not fixed. They are not permanent. They are the result of wild entrepreneurship embedded in a global market order rooted in ownership, exchange, freely floating prices, and human cooperation. It is a constant struggle to stay on top in this world in which every success can be imitated by a competitor, where consumers are as fickle as they want to be, and where even the best entrepreneur can make terrible mistakes.
This market is so robust, so vigorous, so innovative, that it even overcomes every obstacle that the anachronistic state puts in its way. Despite it all, McDonald's is hiring: people helping people get by and even live better.
The market blesses us every day, and society responds by, on the one hand, snobbishly cursing its productivity over cocktails, and, on the other hand, grabbing a value meal from the drive-through on the way home.
Jeffrey Tucker is the editor of Mises.org and author of Bourbon for Breakfast: Living Outside the Statist Quo. Send him mail. See Jeffrey A. Tucker's article archives.
Mises Daily
A cadeia McDonald's, sempre desprezada por criar, justamente, "McDonald's' jobs", ou seja, os trabalhos mais mal remunerados do capitalismo americano, mereceria uma medalha de honra, e o título de "heróis da pátria", justamente por criar empregos em meio a uma recessão.
Quando vejo esses energúmenos anti-imperialistas destruindo lanchonetes da cadeia, apenas por causa de seus baixos instintos anti-capitalistas e supostamente anti-imperialistas, eu só posso constatar uma coisa: esses idiotas detestam pobres e odeiam alguém que dá empregos para pobres.
Sim, porque um emprego na cadeia é um dos mais baixos da escala social: o mais ignorante adolescente pode ser treinado rapidamente para trabalhar numa lanchonete, seja começando por esfregar o chão, limpando mesas ou lavando banheiro ou, se for um pouco mais qualificado, vai virar hamburgueres...
A cadeia se adapta aos tempos do politicamente correto, e começa a servir non fat food e coisas mais saudáveis. Assim é o mundo.
Sua importância tecnológica e econômica é enorme, justamente numa recessão, quando os desempregados abandonam restaurantes e vão comer hamburgueres.
A cadeia McDonaldo é um ícone do capitalista, aliás de qualquer economia de mercado.
Quem assistiu ou viu, por TV, o mar de gente invadindo as primeiras lojas dessa cadeia quando abriram nessas porcarias socialistas que eram a finada União Soviética e a República Popular da China sabe do que estou falando.
Viva o McDonald (aliás, eu não costumo comer em McDonald, e depois que meus filhos ficaram grandes, nunca mais entrei num, mas não hesitaria em entrar, se precisasse).
Paulo Roberto de Almeida
McDonald's as the Paradigm of Progress
by Jeffrey A. Tucker
Mises Daily, June 27, 2011
The nice folks at the local McDonald's know me well, but even they were puzzled when I snapped a dozen images of their newly restored interior, which is absolutely beautiful. Like most fast-food places, the management is used to customers but still a bit surprised by dedicated fans like me.
I feel vindicated by recent data on this company's hiring in the midst of terrible economic times.
The national labor-participation rate has been falling for a decade and is now as low as it was during the 1982 recession. If people were leaving the workplace with wads of cash and every intention of living out their dream of a life of leisure, this might be good news.
Sadly, all evidence runs the other direction. People want remunerative work but can't find it, and their situation is getting worse not better, thanks mainly to legal restrictions and artificial burdens borne by institutions that would otherwise be hiring.
McDonald's appears to be responsible for more than half the new jobs being created right now: its April jobs fair added 30,000 people to its payrolls. It has bucked the trend — a bit like swimming against the tide.
But instead of congratulating this great company for doing the impossible, the judgment in the press is harsh. Burger flipping is the only work to be had out there? Surely this is evidence of how pathetic economic growth is.
The trouble with this line is that it doesn't recognize how difficult it is for an institution to adapt itself and still grow in this climate. And how does McDonald's do it? It is an old recipe: watch the markets, emulate the successful, adapt and change, and slavishly serve the consuming public.
The reinvention of McDonald's began only two years ago, as its management noted the new vogue for healthy food and fancy coffees and fruit smoothies served up in a posh environment such as Starbucks offers. Can McDonald's, the very embodiment of the lowbrow urge for a greasy burger and fries, actually horn in on this market?
It doesn't seem likely, but the company gave it a try. There were new breakfast items like fruit parfaits. There was an apple-and-walnuts salad, along with many other premium salads, for lunch. There was a new premium burger made of Angus beef (which to me tastes as good as a restaurant-style burger). There were new fruit smoothies that taste as good (or better) than the ones that cost twice as much at the hip smoothie bars.
Not that McDonald's merely chases public fads. The company responded to an earlier outcry for diet food by making the McLean sandwich in the mid 1990s. No one bought it. The company dropped it from the menu. The lesson is that public piety is not the same thing as actual spending habits. Future development would be rooted in reality, and it certainly is today.
Most of all there was the addition of new coffee drinks. Each is made from freshly ground beans, with the addition of fresh milk (whole or low fat), all made upon order. McDonald's added its own spin. The most annoying aspect of Starbucks, as everyone knows, is the wait. Everything is done by hand, from the cleaning to the packing of grounds.
McDonald's has a new machine that does everything. The beans fall through a large funnel. The milk is sucked out of gallons from the doors underneath. The nozzles and containers are cleaned after each drink by superhot steam blasts. The human hand only gets involved at the beginning to push buttons and at the end to give it all one last stir. The time it takes to make this fresh treat is reduced to half or even one-third of the Starbucks time.
Then there is the cost issue. A latte at McDonald's costs 40 percent less than the same at Starbucks. And you don't have to use strange words like venti or grande when you order. At McDonald's, they seem to understand normal English words like small, medium, and large.
There was just one element of change missing: the interior of the restaurants. Mostly they have been unchanged for decades. The dining room was filled with tables with a fixed number of attached chairs, suggestive of a school cafeteria. The company did its research and rethought the entire issue of what a fast-food dining area could look like.
In the same space, it created many different styles: a round booth, long tables with movable chairs, small round tables with bar-style seating, along with traditional booths. Each place you sit amounts to a separate environment of your own choosing. You can be private or sociable, intimate or public, alone or engaged with others. The seating area is separated from the ordering area by Plexiglas sheets from floor to ceiling that appear both modern and artistic. I don't know much about the art of interior design, but the whole scheme strikes me as brilliant.
So certain is the company that these changes are going to make a difference, it is spending a minimum of $1 billion on the renovations in all 14,000 US restaurants. The first 800 will be complete in 2011, costing some $250,000 per store. Our own local restaurant started renovations in early June and completed them in a mere two weeks time — all the while keeping the drive-through window open and doing a vigorous business.
And what is the point of all of this? It should be obvious: to serve the public better. Better service, more attractive environments, and more menu choice lead to higher profits, and therefore more expansion and job creation.
In a striking way, this approach is deeply embedded in the company's history. The first restaurant opened in 1940 and closed for renovations in 1948, only to reopen as the first drive-through restaurant. Its first indoor-seating restaurant didn't open until 1962. Since then, the company has taken glorious steps forward that have foreshadowed global change: it opened in Moscow in 1990, Warsaw in 1992, and on the Web in 1996.
Let's be clear here. It's not the case that the management of this company has an unusually high devotion to the well-being of humanity. The management is following the pricing signals and making entrepreneurial judgments all in the service of the consuming public. It is a great competitor, relentlessly reinventing itself in an effort to win the affections of the eating-out public.
The managers here might be the greatest humanitarians in history or they might be the greediest and most selfish people on earth. It really doesn't matter. The market is the driving force and the profitability signals are the test of whether the company is or is not doing the right thing. This is the very heartbeat of the capitalistic process — the one spotted and dissected centuries ago by economists in France, Spain, Italy, and England.
"The result is not just a beautiful model for serving up food but a beautiful model for social service in general."
These old liberals saw that the capitalistic process is the answer to the great social and moral problems raised by thinkers of all ages precisely because it pours every manner of human motivation into the grand project of satisfying the needs and wants of all society's members. If economic science had one main point to contribute to the world of ideas, this was it.
A most impressive feature of capitalism that is highlighted in the McDonald's case is how its institutions so beautifully adapt themselves to change. The drift is always upward: new and improved. And this drift is like a wind that never stops blowing unless it is stopped by the organized force of the state.
When the reinvention of this company began in 2009, it was not preceded by national campaigns and platforms. There were no public votes. Billions were not spent on lobbying for change. There were no public debates, advertising campaigns, frenzied conventions, or door-to-door campaigning. It was a decision made by the management — an entrepreneurial judgment that could be right or could be wrong — in an effort to please the stockholders who are the owners. And the final test is always the same: are people willing to buy?
Meanwhile, in the world of politics, decade after decade goes by with endless rounds of "reinventing government," school reform, bureaucratic reform, rearrangement of spending priorities, and regulatory change to make stuff work better. In the end, it amounts to little or nothing. Crucially, there is no real test to determine whether these changes were worth the cost or whether they really accomplished the goal. In politics, it is not even clear what the goal is! And, of course, the result is predictable. There is no change, no reinvention, no real improvement.
The addition or removal of the king-consumer from the process of reform amounts to a fundamental change in the whole raison d'être of an institution. It's true that McDonald's is not entirely sustained by the market alone, and even overly scrupulous libertarians have jumped on the attack. It's true that it has been reported that some of its business loans were backed by TARP money after the crisis of 2008, and, of course, it benefits indirectly from subsidies on corn and the like.
By the same token, it is also wickedly punished by the state, paying 30 percent taxes on earnings and shoveling some $2 billion into the federal treasury every year — all money that might otherwise be used for capital upgrades, dividends, or expansions.
The crucial way to tell a predominantly market-based company from a state-based company is to investigate its primary institutional interest: does it serve the state or does it serve the consuming public? There can be no question where McDonald's is on this spectrum, and the result is not just a beautiful model for serving up food but a beautiful model for social service in general.
McDonald's is a prime example of how the market has overcome a fundamental human problem: getting enough to eat. This is a problem that vexed the whole of humanity from the beginning of time. Now it appears to be almost entirely solved, thanks to institutions such as McDonald's, which people feel entitled to criticize and smear because they seem to be such a fixed element in the universe.
"It is a constant struggle to stay on top in this world in which every success can be imitated by a competitor."
But such institutions are not fixed. They are not permanent. They are the result of wild entrepreneurship embedded in a global market order rooted in ownership, exchange, freely floating prices, and human cooperation. It is a constant struggle to stay on top in this world in which every success can be imitated by a competitor, where consumers are as fickle as they want to be, and where even the best entrepreneur can make terrible mistakes.
This market is so robust, so vigorous, so innovative, that it even overcomes every obstacle that the anachronistic state puts in its way. Despite it all, McDonald's is hiring: people helping people get by and even live better.
The market blesses us every day, and society responds by, on the one hand, snobbishly cursing its productivity over cocktails, and, on the other hand, grabbing a value meal from the drive-through on the way home.
Jeffrey Tucker is the editor of Mises.org and author of Bourbon for Breakfast: Living Outside the Statist Quo. Send him mail. See Jeffrey A. Tucker's article archives.
Leituras: "Quebras de mercado" e Grundrisse, de Marx
Sinto muito, mas antes de repassar a matéria, sobre os livros abaixo relacionados, vou me estender um pouco sobre a ingenuidade de comentaristas e escritores:
Duas dicas de leitura:
John Cassidy:
Como os mercados quebram
Editora Intrínseca
Karl Marx:
Grundrisse
Editora Boitempo
O titulo do primeiro ensaio bibliográfico é uma contradição nos termos. Aliás é de uma ingenuidade ingenua, com perdão da redundância, neste caso necessária.
Nem penso que o autor acredita realmente que os mercados quebram por fiat auto-induzido. E se ele pensa que um dos responsáveis é o Alan Greenspan está provavelmente 50% certo, o resto da responsabilidade podendo ser atribuído às demais agências públicas.
A constatação é simples: MERCADOS NUNCA QUEBRAM.
Pela simples razão de que mercados são apenas espaços de interação entre agentes econômicos.
Eles continuam funcionando, na alta ou na baixa, com perdas ou com ganhos, absolutamente neutros quanto aos agentes que deles participam.
Essa coisa de culpar os mercados por crises, por externalidades negativas, por distorções, por concentração de renda, por perversidades cegas, ou por qualquer outra coisa, é de uma inutilidade atroz, pois seria como culpar os ventos, as marés, as correntes marítimas, as precipitações atmosféricas, as cinzas vulcânicas disso ou daquilo. Ou seja, é inutil, aliás completamente sem sentido.
Quem quebra são agentes envolvidos em transações de mercado, apenas e simplesmente isto. Ponto.
Quando alguém "perde" no mercado, é porque apostou errado. Algum outro ganhou ou pode ganhar...
Se todos os bancos, que atuam conectados, fizeram bobagens, como fizeram os bancos americanos que venderam hipotecas subprime a investidores mal-informados, são esses bancos que quebram, e com eles os seus depositantes, os investidores, eventualmente um ou outro governo. Os bancos NUNCA tem o dinheiro dos depositantes e dos investidores disponivel, o que aliás seria uma bobagem. Por isso existem mecanismos de seguro ou garantias de deposito (mas alguém tem de pagar por isso, e mais uma vez é o mercado funcionando).
Todos os mercados continuam firmes, em quaisquer circunstâncias, apenas refletindo as bobagens feitas pelos agentes. Alguém vai passar e recolher, com lucro eventual, o que restou das bobagens feitas pelos incautos, e isso é justamente o mercado funcionando, perfeitamente.
Essa coisa de dizer que mercados fizeram isso e aquilo, que eles quebraram, ou que estão "irracionais" é de uma bobagem exemplar, até irracional, para evitar de dizer que quem fez as besteiras foram os agentes.
Em linguagem marxista, como diria o outro ingênuo mais abaixo, é uma metafísica aplica aos mercados, uma reificação de uma instituição social eterna, cega, surda e muda. Mercados são assim, indiferentes ao que pensam os homens, ricos, pobres, liberais ou intervencionistas. Eles simplesmente funcionam, como devem funcionar...
Ou então, dizer que os mercados falham, ou quebram, é só uma excusa para pedir intervenção dos governos.
Quem disse que os agentes do governo cometem menos bobagens do que os agentes puros de mercado?
Provavelmente cometem muito mais, pois que cingidos por leis e regulamentos que tornam mais lentos, ou mais restritos os movimentos do mercado, impedindo-os, portanto, de funcionarem adequadamente.
O potencial destruidor de um agente do governo é infinitamente muito maior do que o suposto potencial de dano do mercado, pois este é corrigido quase imediatamente, quando uma informação distorcida conduz a uma perda de algum agente: este atuará rapidamente para reverter ou minimizar as suas perdas, vendendo ou se retirando das transações. Só um agente de governo consegue acorrenter os agentes de mercado a determinados comportamentos ou obrigá-los a fazer determinadas coisas (ou impedi-los de fazer) sem que eles possam se desvencilhar desse incomodo "sócio" indevido.
Por que será que os livros de economia sempre têm capítulos dedicados às "falhas de mercado", mas poucos, ou nenhum, tem capítulos sobre as "falhas dos governos"?
Deve ser por preconceito, por ingenuidade, ou por viés ideológico...
Quanto ao filósofo uspiano que se dedica a escrever sobre os Grundrisse do Marx, acho que ele está fora de época. Esse tempo já passou e ele ainda não percebeu. Who cares?
Qual é o economista sério, ou mesmo um economista da teoria pura, que ainda se preocupa com Marx?
Só os historiadores do pensamento econômico...
Paulo R. de Almeida
---------------------------
(1)
John Cassidy:
Como os Mercados Quebram
Editora Intrinseca
Livro faz relação entre crise e pensamentos econômicos
Autor descreve contribuição daqueles que apontaram falhas no mercado
O GRANDE VILÃO DA HISTÓRIA, PARA O AUTOR, FOI ALAN GREENSPAN, QUE PRESIDIU O FED, O BC AMERICANO
Nos últimos 40 anos o pensamento econômico se afastou da realidade e se revestiu de utopia. Autoridades abraçaram a nova ideologia e fecharam os olhos para distorções e abusos que se formavam no mercado financeiro. Isso resultou na crise global de 2007-2008.
Essa é a ideia central de "Quando os Mercados Quebram", do jornalista britânico John Cassidy, que trabalha para a prestigiosa revista "The New Yorker".
O livro explica como surgiu a defesa da tese de que um mercado livre de amarras é eficiente porque "recursos físicos e humanos são dirigidos para onde mais se precisa deles, e os preços estão vinculados a custos".
Cassidy mostra como pensadores que vieram depois do pai da ideia -Adam Smith- avançaram e aprimoraram a teoria do economista britânico.
Para ele, esse grupo de economistas dos séculos 18 e 19 era menos dogmático a respeito da eficiência do livre mercado do que fervorosos defensores mais recentes.
Segundo Cassidy, Smith e outros economistas, como o britânico John Stuart Mill, alertavam para os distúrbios no sistema financeiro e defendiam a necessidade de regulação governamental.
"A noção de que os mercados financeiros são mecanismos racionais e autorreguladores é invenção dos últimos 40 anos", afirma o autor. Essa é a essência do que ele chama economia utópica.
O autor descreve a contribuição dos economistas que apontaram falhas do livre mercado, como incertezas, informação imperfeita e comportamento de manada.
Os economistas americanos Milton Friedman e Robert Lucas são citados como expoentes do pensamento econômico utópico, que ignorou esses problemas. Cassidy mostra distorções desnudadas pela crise, cujos sinais foram ignorados.
"Quando o preço de um patrimônio qualquer sobe de 20% a 30% ao ano, ninguém que o possua ou negocie quer ouvir falar que sua riqueza súbita é ilusória", diz ele.
O grande vilão da história, para o autor, foi Alan Greenspan, que presidiu o Fed (Federal Reserve, banco central americano) entre 1987 e 2006. Cassidy descreve como Greenspan manteve uma visão cega e fervorosa em relação à eficiência dos mercados livres de regulação governamental, mesmo perante sinais claros de uma bolha.
Ben Bernanke, sucessor de Greenspan e atual presidente, seria o culpado coadjuvante já que quando assumiu o bastão, em fevereiro de 2006, "não fez esforço algum para mudar a posição não intervencionista do Fed".
Cassidy diz que Greenspan e Bernanke ignoraram a função do Fed de "retirar a tigela de ponche quando a festa engrena" definido por outro ex-presidente da casa (William McChesney Martin).
A conclusão tem certo tom de ceticismo em relação à reformulação do pensamento econômico "com base na realidade" e aos esforços para criar uma regulação que coíba problemas como os que levaram à crise.
(ÉRICA FRAGA)
==========
(2)
Esboços de uma obra capital
José Arthur Gianotti
Sabático, O Estado de S.Paulo, 25/06/2011
Karl Marx:
Grundrisse
Chega às livrarias brasileiras a primeira tradução feita no País de Grundrisse, volume com textos de Karl Marx escritos em 1857-58, os quais avançam no que seria o ponto mais alto de seu pensamento
A Editora Boitempo está lançando uma das obras clássicas de Marx: Grundrisse der Kritik der Politishen Ökonomie, mantendo a primeira palavra do título alemão Grundrisse (Esboços). É assim que este livro se tornou conhecido entre nós. Acompanha-o, na contracapa, um rápido comentário do sociólogo e economista Francisco de Oliveira, velho amigo. Reúne textos redigidos nos anos 1857-1858 e que permaneceram inéditos até 1939 e 1941, quando foram publicados, em dois volumes, pelo Instituto Marx-Engel-Lenin de Moscou. São textos preparatórios do livro que sairia em 1859, Para a Crítica da Economia Política, e avançam no que seria O Capital.
Não é fácil traduzir uma obra desse porte, em particular na medida que deixa visível o emprego da lógica hegeliana na montagem dos argumentos. Quando O Capital foi traduzido para o francês, Marx pede ao tradutor que não preste muita atenção às argúcias da dialética, pois os franceses não são muito afeitos a elas. Para quem se interessa pelo método marxiano - no fundo ligado a uma ontologia do ser social, como descobriu o velho Lukács - esses jogos aparentemente verbais servem para mostrar, dentre outras coisas, como as relações capitalistas de produção passam por um processo de reificação, muito diferente do que acontece nos outros modos de produção. É, pois, fundamental para Marx não confundir, por exemplo, a compra e venda da força de trabalho com a compra e venda do escravo. Neste caso, o indivíduo é comprado como se fosse uma mercadoria, todo ele passando a ser propriedade do comprador. Em contrapartida, na relação propriamente capitalista apenas é comprada a força do trabalhador por um determinado período de tempo. Não se confunda essa transação com o pagamento que se pode fazer a alguém que preste um serviço. O salário do trabalhador regular é determinado pelas forças de mercado, tudo se passando, então, como se ele fosse uma pequena parcela do quantum de trabalho que um sistema dedica à produção dos bens de que necessita.
Marx aceita a teoria do valor da mercadoria formulada por Ricardo. Este valor não se resume simplesmente no tempo concreto gasto para produzir um objeto. O tempo é socialmente abstrato porque representa uma parcela do tempo que todos os trabalhadores de uma sociedade despendem para produzir tudo de que ela necessita, desde que todos eles trabalhem num determinado nível social de produtividade.
Note-se que fazem parte desta medida ao menos dois parâmetros abstratos - trabalho social necessário e produtividade média - que somente podem se confirmar depois que o processo de trabalho terminou. Pois só assim é que se poderá saber qual foi o trabalho necessário para produzir na medida do consumo social e como todos os trabalhadores tiveram acesso a instrumentos que se encaixam numa produtividade socialmente determinada.
No fundo, essa definição somente ganhará sentido científico se as equações de seu modelo incluírem uma constante que possa introduzir essas medidas post festum. Mas, fora do modelo, o que representaria efetivamente essa constante? Não depende do próprio movimento do real?
Marx, porém, não é apenas um grande cientista, mas igualmente o crítico de uma teoria e de uma forma de sociedade. Pretende trazer para o nível da crítica a crítica das armas que os movimentos sociais mantinham contra os capitalistas; estes, incapazes de criar riqueza social sem enormes bolsões de miséria. Ora, essa crítica se dirige antes de tudo contra o tipo de objetividade que os economistas emprestam aos conceitos científicos; eles os pensam como se fossem a-históricos, sem data de validade e sem contradições internas. Um conceito da economia política não pode ser reduzido a relações formais e funcionai; deve incluir o modo pelo qual seu objeto vem a ser, encontra sua forma e se desfaz. Não é o que já acontece com esse valor trabalho, que é muito mais do que relacionamentos de valores de uso com valores de troca? Estes passam a ser iguais entre si de tal modo que terminam representando o valor transpassando todos os produtos. E nesse equacionamento o que importa não é tanto como se trocam mutuamente, mas como passam a exprimir um tempo de trabalho característico de um modo especialíssimo de produzir socialmente.
Daí a crítica que Marx, anos depois, endereça a Ricardo: "A última objeção decorre da exposição defeituosa de Ricardo que não investiga de modo algum o valor segundo sua forma - a forma determinada que o trabalho assume como substância do valor - mas apenas as magnitudes de valores, as quantidades desse trabalho [QUE É]universalmente abstrato e social graças a essa forma, que produz a diferença nas quantidades de valor das mercadorias" (Theorien Über Den Mehrwert, 2, 163, Dietz Verlag, 1959).
Além das magnitudes, os valores teriam uma substância, isto é um trabalho social sustentando cada uma de suas expressões, aquela totalidade integrada por todos os atos de trabalho decorridos num período de tempo. Estes simplesmente não se somam. Como perdem suas respectivas medidas individuais para formar um todo que passa a medir o exercício de cada trabalho individual? É como se um galo e uma galinha se reunissem para produzir um ovo e um filhote porque todos esses atos estivessem sendo dirigidos pela forma, pela espécie galinácea. Sem a teoria do código genético, essa espécie só pode ser o conceito hegeliano que possui em si mesmo a capacidade de criar seus próprios casos. Estamos assim em plena lógica idealista. Como conciliar essa crítica com o materialismo marxiano?
Se a alienação já marca o valor trabalho, ela se aprofunda na constituição do capital. O primeiro passo é a transformação do valor da força de trabalho em capital variável. Se a primeira figura do capital é o dinheiro que se investe para que retorne com mais valor, se todos os outros insumos investidos na produção mantêm seu valor, já que conservam o trabalho morto neles incluído, só o dinheiro investido na compra da força de trabalho será variável, podendo aumentar, mas também diminuir. No entanto, sendo dinheiro apropriado pelo capitalista investidor, ele é capital e não mais "capital humano" de propriedade dos trabalhadores.
Conforme Marx avança na análise do modo capitalista de produção, mais se aprofunda a alienação das categorias. É fundamental observar que esse processo vai além do fetichismo das mercadorias, da reificação das relações que as determinam. Não encontramos nos Grundrisse a reificação peculiar do capital. Somente no terceiro volume d'' O Capital aparecem as três formas nas quais o capital se aliena. Tudo se passa como se naturalmente o capital produzisse lucro; a terra, renda fundiária e o trabalho, salário - quando na realidade todas essas formas encontram seu fundamento numa apropriação subreptícia da mais-valia, isto é, na diferença de valor entre o trabalho socialmente produzido e salário pago.
O processo de reificação e de alienação é, pois, o nervo da crítica marxista. Marx justifica o sistemático emprego da lógica hegeliana na medida em que ele a inverte. Um dia, afirma ele, haveria de apresentar essa inversão. Mas uma lógica que se pretende ser um círculo de círculo não pode ser invertida. Pouco ajuda invocar autores como Feuerbach, que partiam no movimento enriquecedor da percepção. Desde que o conceito se apresenta com a capacidade de determinar seus casos, não há como fugir da lógica hegeliana. Isto não é uma ilusão necessária do sistema? Cabe então examinar o sentido dessa ilusão e como ela se infiltra no coração dos procedimentos do capital.
Cabe, porém, desde já, ressaltar que o fetichismo da mercadoria não possui a mesma estrutura do fetichismo do capital. Marx mostra que eliminando o primeiro naturalmente o segundo seria anulado. No entanto, como hoje, depois do insucesso do socialismo real, não sabemos como produzir socialmente sem as amarguras do mercado, precisamos atentar para as diferentes formas de alienação. Se a mercadoria somente funciona se estiver apoiada numa relação pré-jurídica de propriedade, já o capital integra a política no seu desenvolvimento: o capital sempre luta para encontrar situações privilegiadas de acesso aos mercados.
Para a ciência econômica de hoje, essa inversão da relação entre norma e casos não tem cabimento, pois os fenômenos econômicos são pensados a partir dos comportamentos do homo economicus, do homem racional que, aceitando determinados fins, trata de mobilizar os meios para atingi-los. Contudo, depois da enorme crise do capital financeiro, na qual o mundo ainda está medido, é preciso voltar com olhos críticos para as análises muito instigantes da alienação desse capital.
Não me parece possível entender essa crítica marxista sem examinar a lógica que serviu à montagem dos textos críticos de Marx. Depois da Terceira Internacional se divulgou a tolice de que haveria duas lógicas, uma formal, que excluiria qualquer contradição, e a lógica dialética, que a abrigaria. Aceita a contradição, seria possível descrever o movimento do conceito até articular casos que o negassem. Essa duplicidade da lógica, porém, separaria o intelecto em duas partes irredutíveis. Não haveria coordenação possível entre elas. Não seria o caso de voltar a refletir sobre o que faz com que relações sociais apareçam como se fossem determinantes de seus casos? Para essa tarefa, o estudo dos Grundrisse é imprescindível.
José Arthur Giannotti é professor emérito de filosofia da USP, pesquisador do CEBRAP e autor, entre outros, de Lições de filosofia primeira (Companhia das Letras)
Duas dicas de leitura:
John Cassidy:
Como os mercados quebram
Editora Intrínseca
Karl Marx:
Grundrisse
Editora Boitempo
O titulo do primeiro ensaio bibliográfico é uma contradição nos termos. Aliás é de uma ingenuidade ingenua, com perdão da redundância, neste caso necessária.
Nem penso que o autor acredita realmente que os mercados quebram por fiat auto-induzido. E se ele pensa que um dos responsáveis é o Alan Greenspan está provavelmente 50% certo, o resto da responsabilidade podendo ser atribuído às demais agências públicas.
A constatação é simples: MERCADOS NUNCA QUEBRAM.
Pela simples razão de que mercados são apenas espaços de interação entre agentes econômicos.
Eles continuam funcionando, na alta ou na baixa, com perdas ou com ganhos, absolutamente neutros quanto aos agentes que deles participam.
Essa coisa de culpar os mercados por crises, por externalidades negativas, por distorções, por concentração de renda, por perversidades cegas, ou por qualquer outra coisa, é de uma inutilidade atroz, pois seria como culpar os ventos, as marés, as correntes marítimas, as precipitações atmosféricas, as cinzas vulcânicas disso ou daquilo. Ou seja, é inutil, aliás completamente sem sentido.
Quem quebra são agentes envolvidos em transações de mercado, apenas e simplesmente isto. Ponto.
Quando alguém "perde" no mercado, é porque apostou errado. Algum outro ganhou ou pode ganhar...
Se todos os bancos, que atuam conectados, fizeram bobagens, como fizeram os bancos americanos que venderam hipotecas subprime a investidores mal-informados, são esses bancos que quebram, e com eles os seus depositantes, os investidores, eventualmente um ou outro governo. Os bancos NUNCA tem o dinheiro dos depositantes e dos investidores disponivel, o que aliás seria uma bobagem. Por isso existem mecanismos de seguro ou garantias de deposito (mas alguém tem de pagar por isso, e mais uma vez é o mercado funcionando).
Todos os mercados continuam firmes, em quaisquer circunstâncias, apenas refletindo as bobagens feitas pelos agentes. Alguém vai passar e recolher, com lucro eventual, o que restou das bobagens feitas pelos incautos, e isso é justamente o mercado funcionando, perfeitamente.
Essa coisa de dizer que mercados fizeram isso e aquilo, que eles quebraram, ou que estão "irracionais" é de uma bobagem exemplar, até irracional, para evitar de dizer que quem fez as besteiras foram os agentes.
Em linguagem marxista, como diria o outro ingênuo mais abaixo, é uma metafísica aplica aos mercados, uma reificação de uma instituição social eterna, cega, surda e muda. Mercados são assim, indiferentes ao que pensam os homens, ricos, pobres, liberais ou intervencionistas. Eles simplesmente funcionam, como devem funcionar...
Ou então, dizer que os mercados falham, ou quebram, é só uma excusa para pedir intervenção dos governos.
Quem disse que os agentes do governo cometem menos bobagens do que os agentes puros de mercado?
Provavelmente cometem muito mais, pois que cingidos por leis e regulamentos que tornam mais lentos, ou mais restritos os movimentos do mercado, impedindo-os, portanto, de funcionarem adequadamente.
O potencial destruidor de um agente do governo é infinitamente muito maior do que o suposto potencial de dano do mercado, pois este é corrigido quase imediatamente, quando uma informação distorcida conduz a uma perda de algum agente: este atuará rapidamente para reverter ou minimizar as suas perdas, vendendo ou se retirando das transações. Só um agente de governo consegue acorrenter os agentes de mercado a determinados comportamentos ou obrigá-los a fazer determinadas coisas (ou impedi-los de fazer) sem que eles possam se desvencilhar desse incomodo "sócio" indevido.
Por que será que os livros de economia sempre têm capítulos dedicados às "falhas de mercado", mas poucos, ou nenhum, tem capítulos sobre as "falhas dos governos"?
Deve ser por preconceito, por ingenuidade, ou por viés ideológico...
Quanto ao filósofo uspiano que se dedica a escrever sobre os Grundrisse do Marx, acho que ele está fora de época. Esse tempo já passou e ele ainda não percebeu. Who cares?
Qual é o economista sério, ou mesmo um economista da teoria pura, que ainda se preocupa com Marx?
Só os historiadores do pensamento econômico...
Paulo R. de Almeida
---------------------------
(1)
John Cassidy:
Como os Mercados Quebram
Editora Intrinseca
Livro faz relação entre crise e pensamentos econômicos
Autor descreve contribuição daqueles que apontaram falhas no mercado
O GRANDE VILÃO DA HISTÓRIA, PARA O AUTOR, FOI ALAN GREENSPAN, QUE PRESIDIU O FED, O BC AMERICANO
Nos últimos 40 anos o pensamento econômico se afastou da realidade e se revestiu de utopia. Autoridades abraçaram a nova ideologia e fecharam os olhos para distorções e abusos que se formavam no mercado financeiro. Isso resultou na crise global de 2007-2008.
Essa é a ideia central de "Quando os Mercados Quebram", do jornalista britânico John Cassidy, que trabalha para a prestigiosa revista "The New Yorker".
O livro explica como surgiu a defesa da tese de que um mercado livre de amarras é eficiente porque "recursos físicos e humanos são dirigidos para onde mais se precisa deles, e os preços estão vinculados a custos".
Cassidy mostra como pensadores que vieram depois do pai da ideia -Adam Smith- avançaram e aprimoraram a teoria do economista britânico.
Para ele, esse grupo de economistas dos séculos 18 e 19 era menos dogmático a respeito da eficiência do livre mercado do que fervorosos defensores mais recentes.
Segundo Cassidy, Smith e outros economistas, como o britânico John Stuart Mill, alertavam para os distúrbios no sistema financeiro e defendiam a necessidade de regulação governamental.
"A noção de que os mercados financeiros são mecanismos racionais e autorreguladores é invenção dos últimos 40 anos", afirma o autor. Essa é a essência do que ele chama economia utópica.
O autor descreve a contribuição dos economistas que apontaram falhas do livre mercado, como incertezas, informação imperfeita e comportamento de manada.
Os economistas americanos Milton Friedman e Robert Lucas são citados como expoentes do pensamento econômico utópico, que ignorou esses problemas. Cassidy mostra distorções desnudadas pela crise, cujos sinais foram ignorados.
"Quando o preço de um patrimônio qualquer sobe de 20% a 30% ao ano, ninguém que o possua ou negocie quer ouvir falar que sua riqueza súbita é ilusória", diz ele.
O grande vilão da história, para o autor, foi Alan Greenspan, que presidiu o Fed (Federal Reserve, banco central americano) entre 1987 e 2006. Cassidy descreve como Greenspan manteve uma visão cega e fervorosa em relação à eficiência dos mercados livres de regulação governamental, mesmo perante sinais claros de uma bolha.
Ben Bernanke, sucessor de Greenspan e atual presidente, seria o culpado coadjuvante já que quando assumiu o bastão, em fevereiro de 2006, "não fez esforço algum para mudar a posição não intervencionista do Fed".
Cassidy diz que Greenspan e Bernanke ignoraram a função do Fed de "retirar a tigela de ponche quando a festa engrena" definido por outro ex-presidente da casa (William McChesney Martin).
A conclusão tem certo tom de ceticismo em relação à reformulação do pensamento econômico "com base na realidade" e aos esforços para criar uma regulação que coíba problemas como os que levaram à crise.
(ÉRICA FRAGA)
==========
(2)
Esboços de uma obra capital
José Arthur Gianotti
Sabático, O Estado de S.Paulo, 25/06/2011
Karl Marx:
Grundrisse
Chega às livrarias brasileiras a primeira tradução feita no País de Grundrisse, volume com textos de Karl Marx escritos em 1857-58, os quais avançam no que seria o ponto mais alto de seu pensamento
A Editora Boitempo está lançando uma das obras clássicas de Marx: Grundrisse der Kritik der Politishen Ökonomie, mantendo a primeira palavra do título alemão Grundrisse (Esboços). É assim que este livro se tornou conhecido entre nós. Acompanha-o, na contracapa, um rápido comentário do sociólogo e economista Francisco de Oliveira, velho amigo. Reúne textos redigidos nos anos 1857-1858 e que permaneceram inéditos até 1939 e 1941, quando foram publicados, em dois volumes, pelo Instituto Marx-Engel-Lenin de Moscou. São textos preparatórios do livro que sairia em 1859, Para a Crítica da Economia Política, e avançam no que seria O Capital.
Não é fácil traduzir uma obra desse porte, em particular na medida que deixa visível o emprego da lógica hegeliana na montagem dos argumentos. Quando O Capital foi traduzido para o francês, Marx pede ao tradutor que não preste muita atenção às argúcias da dialética, pois os franceses não são muito afeitos a elas. Para quem se interessa pelo método marxiano - no fundo ligado a uma ontologia do ser social, como descobriu o velho Lukács - esses jogos aparentemente verbais servem para mostrar, dentre outras coisas, como as relações capitalistas de produção passam por um processo de reificação, muito diferente do que acontece nos outros modos de produção. É, pois, fundamental para Marx não confundir, por exemplo, a compra e venda da força de trabalho com a compra e venda do escravo. Neste caso, o indivíduo é comprado como se fosse uma mercadoria, todo ele passando a ser propriedade do comprador. Em contrapartida, na relação propriamente capitalista apenas é comprada a força do trabalhador por um determinado período de tempo. Não se confunda essa transação com o pagamento que se pode fazer a alguém que preste um serviço. O salário do trabalhador regular é determinado pelas forças de mercado, tudo se passando, então, como se ele fosse uma pequena parcela do quantum de trabalho que um sistema dedica à produção dos bens de que necessita.
Marx aceita a teoria do valor da mercadoria formulada por Ricardo. Este valor não se resume simplesmente no tempo concreto gasto para produzir um objeto. O tempo é socialmente abstrato porque representa uma parcela do tempo que todos os trabalhadores de uma sociedade despendem para produzir tudo de que ela necessita, desde que todos eles trabalhem num determinado nível social de produtividade.
Note-se que fazem parte desta medida ao menos dois parâmetros abstratos - trabalho social necessário e produtividade média - que somente podem se confirmar depois que o processo de trabalho terminou. Pois só assim é que se poderá saber qual foi o trabalho necessário para produzir na medida do consumo social e como todos os trabalhadores tiveram acesso a instrumentos que se encaixam numa produtividade socialmente determinada.
No fundo, essa definição somente ganhará sentido científico se as equações de seu modelo incluírem uma constante que possa introduzir essas medidas post festum. Mas, fora do modelo, o que representaria efetivamente essa constante? Não depende do próprio movimento do real?
Marx, porém, não é apenas um grande cientista, mas igualmente o crítico de uma teoria e de uma forma de sociedade. Pretende trazer para o nível da crítica a crítica das armas que os movimentos sociais mantinham contra os capitalistas; estes, incapazes de criar riqueza social sem enormes bolsões de miséria. Ora, essa crítica se dirige antes de tudo contra o tipo de objetividade que os economistas emprestam aos conceitos científicos; eles os pensam como se fossem a-históricos, sem data de validade e sem contradições internas. Um conceito da economia política não pode ser reduzido a relações formais e funcionai; deve incluir o modo pelo qual seu objeto vem a ser, encontra sua forma e se desfaz. Não é o que já acontece com esse valor trabalho, que é muito mais do que relacionamentos de valores de uso com valores de troca? Estes passam a ser iguais entre si de tal modo que terminam representando o valor transpassando todos os produtos. E nesse equacionamento o que importa não é tanto como se trocam mutuamente, mas como passam a exprimir um tempo de trabalho característico de um modo especialíssimo de produzir socialmente.
Daí a crítica que Marx, anos depois, endereça a Ricardo: "A última objeção decorre da exposição defeituosa de Ricardo que não investiga de modo algum o valor segundo sua forma - a forma determinada que o trabalho assume como substância do valor - mas apenas as magnitudes de valores, as quantidades desse trabalho [QUE É]universalmente abstrato e social graças a essa forma, que produz a diferença nas quantidades de valor das mercadorias" (Theorien Über Den Mehrwert, 2, 163, Dietz Verlag, 1959).
Além das magnitudes, os valores teriam uma substância, isto é um trabalho social sustentando cada uma de suas expressões, aquela totalidade integrada por todos os atos de trabalho decorridos num período de tempo. Estes simplesmente não se somam. Como perdem suas respectivas medidas individuais para formar um todo que passa a medir o exercício de cada trabalho individual? É como se um galo e uma galinha se reunissem para produzir um ovo e um filhote porque todos esses atos estivessem sendo dirigidos pela forma, pela espécie galinácea. Sem a teoria do código genético, essa espécie só pode ser o conceito hegeliano que possui em si mesmo a capacidade de criar seus próprios casos. Estamos assim em plena lógica idealista. Como conciliar essa crítica com o materialismo marxiano?
Se a alienação já marca o valor trabalho, ela se aprofunda na constituição do capital. O primeiro passo é a transformação do valor da força de trabalho em capital variável. Se a primeira figura do capital é o dinheiro que se investe para que retorne com mais valor, se todos os outros insumos investidos na produção mantêm seu valor, já que conservam o trabalho morto neles incluído, só o dinheiro investido na compra da força de trabalho será variável, podendo aumentar, mas também diminuir. No entanto, sendo dinheiro apropriado pelo capitalista investidor, ele é capital e não mais "capital humano" de propriedade dos trabalhadores.
Conforme Marx avança na análise do modo capitalista de produção, mais se aprofunda a alienação das categorias. É fundamental observar que esse processo vai além do fetichismo das mercadorias, da reificação das relações que as determinam. Não encontramos nos Grundrisse a reificação peculiar do capital. Somente no terceiro volume d'' O Capital aparecem as três formas nas quais o capital se aliena. Tudo se passa como se naturalmente o capital produzisse lucro; a terra, renda fundiária e o trabalho, salário - quando na realidade todas essas formas encontram seu fundamento numa apropriação subreptícia da mais-valia, isto é, na diferença de valor entre o trabalho socialmente produzido e salário pago.
O processo de reificação e de alienação é, pois, o nervo da crítica marxista. Marx justifica o sistemático emprego da lógica hegeliana na medida em que ele a inverte. Um dia, afirma ele, haveria de apresentar essa inversão. Mas uma lógica que se pretende ser um círculo de círculo não pode ser invertida. Pouco ajuda invocar autores como Feuerbach, que partiam no movimento enriquecedor da percepção. Desde que o conceito se apresenta com a capacidade de determinar seus casos, não há como fugir da lógica hegeliana. Isto não é uma ilusão necessária do sistema? Cabe então examinar o sentido dessa ilusão e como ela se infiltra no coração dos procedimentos do capital.
Cabe, porém, desde já, ressaltar que o fetichismo da mercadoria não possui a mesma estrutura do fetichismo do capital. Marx mostra que eliminando o primeiro naturalmente o segundo seria anulado. No entanto, como hoje, depois do insucesso do socialismo real, não sabemos como produzir socialmente sem as amarguras do mercado, precisamos atentar para as diferentes formas de alienação. Se a mercadoria somente funciona se estiver apoiada numa relação pré-jurídica de propriedade, já o capital integra a política no seu desenvolvimento: o capital sempre luta para encontrar situações privilegiadas de acesso aos mercados.
Para a ciência econômica de hoje, essa inversão da relação entre norma e casos não tem cabimento, pois os fenômenos econômicos são pensados a partir dos comportamentos do homo economicus, do homem racional que, aceitando determinados fins, trata de mobilizar os meios para atingi-los. Contudo, depois da enorme crise do capital financeiro, na qual o mundo ainda está medido, é preciso voltar com olhos críticos para as análises muito instigantes da alienação desse capital.
Não me parece possível entender essa crítica marxista sem examinar a lógica que serviu à montagem dos textos críticos de Marx. Depois da Terceira Internacional se divulgou a tolice de que haveria duas lógicas, uma formal, que excluiria qualquer contradição, e a lógica dialética, que a abrigaria. Aceita a contradição, seria possível descrever o movimento do conceito até articular casos que o negassem. Essa duplicidade da lógica, porém, separaria o intelecto em duas partes irredutíveis. Não haveria coordenação possível entre elas. Não seria o caso de voltar a refletir sobre o que faz com que relações sociais apareçam como se fossem determinantes de seus casos? Para essa tarefa, o estudo dos Grundrisse é imprescindível.
José Arthur Giannotti é professor emérito de filosofia da USP, pesquisador do CEBRAP e autor, entre outros, de Lições de filosofia primeira (Companhia das Letras)
segunda-feira, 27 de junho de 2011
Pieguice: sentimento bem distribuido na terra...
Todo mundo tem dó dos coitadinhos. Só não se perguntam quem é que vai pagar a conta da caridade.
Alguns anos atrás, escrevi um artigo intitulado interrogativamente:
Estaria aumentando o número de idiotas no mundo? (podem procurar em meu site que está em algum lugar...)
Hoje eu já não perguntaria mais, pois tenho certeza que sim...
Paulo Roberto de Almeida
Não existe almoço de graça
LUIZ FELIPE PONDÉ
Folha de S.Paulo, 27/076/2011
"Bleeding hearts" é como são chamados pelos conservadores esses teenagers da política
A EUROPA ESTÁ em chamas pelo medo da dissolução da União Europeia. No Brasil, os defensores dos direitos dos imigrantes ilegais na Europa ainda se aferram à imagem adolescente de que o continente deve receber "todo mundo", numa conta infinita a ser paga pela colonização.
Não existe almoço de graça, mas tem muita gente, que normalmente não paga o almoço, que não sabe disso ou finge que não sabe.
A atitude é adolescente porque essa gente que grita contra a "direita" europeia (que cresce à medida que os países vão falindo) não pagaria um sanduíche para um estranho, mas acha que os europeus devem pagar comida, casa, hospital e escola até para os ilegais. A recusa em entender isso só piora as coisas.
O que me assusta é como gente grande pode ter sido contaminada por tamanha infantilidade em termos de análise política e social. O filósofo da vaidade, Rousseau (século 18), assim chamado por Burke (também do século 18), crítico dele e da revolução francesa, é muito responsável por esse absurdo, além do velho Marx.
"Bleeding hearts" é como são chamados pelos conservadores americanos esses teenagers da política.
O problema de países como Portugal, Espanha e Grécia é que não se pode ganhar como eles e gastar como franceses e alemães. Uma hora a casa cai.
Recentemente, conversando com um médico brasileiro que ficou um mês trabalhando num hospital importante em Bruxelas, especializado em câncer, fiquei sabendo dos absurdos do sistema de saúde da Bélgica.
A Bélgica deverá acabar em breve por conta do impasse de ser um país que reúne flamengos (etnicamente próximos dos holandeses) e belgas franceses e por isso não consegue formar um governo decente.
Lá, estrangeiros ilegais recebem mais direitos a tratamento médico do que cidadãos belgas. Funcionários belgas do hospital em questão falam disso com grande rancor. Quem aguenta isso?
Tudo bem que a Bélgica, dizem, foi o colonizador mais cruel da África (Joseph Conrad imortalizou a violência da colonização belga do Congo em seu monumental "Coração das Trevas"), mas até onde se pode pagar uma "conta" dessas?
Semelhante é o caso brasileiro e o absurdo do país ficar "sustentando" o Paraguai via Itaipu. Quando o governo brasileiro, por afinidade ideológica com o governo paraguaio, decide que deve aumentar a "contribuição" dada ao Paraguai por Itaipu, quem paga a conta é você através de seu trabalho e de suas agonias cotidianas. Legal, não? Você paga imposto para doar dinheiro para o Fernando Lugo, presidente do Paraguai, posar de "defensor de su pueblo".
Quando acordar de manhã, pense: "Opa, hoje tenho que correr de um lado para o outro pra mandar dinheiro para o Paraguai".
Claro que tem gente que diz que devemos muito ao Paraguai pelo que fizemos lá durante a Guerra do Paraguai, mas até onde essa história é verdadeira? Aconselho a leitura do "Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil" do Leandro Narloch (Ed. LeYa), para aprender um pouco mais sobre esse mito que destruímos uma nação que marchava para ser um país perfeito sob a batuta de seu ditador Solano Lopez.
Calma, não se trata de ser insensível com o sofrimento dos mais fracos. Sei que o coro dos humilhados e ofendidos gritará, mas não o temo. Trata-se sim de perceber que o mundo não é o que um centro acadêmico pensa que é.
Pensemos numa situação hipotética. Imagine que tivéssemos um número gigantesco de imigrantes de países pobres entre nós. Agora imagine que eles tivessem mais direitos a saúde pública que você, que trabalha como um cão e que paga impostos extorsivos, como é o caso no Brasil e na Europa.
O que você pensaria disso? Você aceitaria sustentar pessoas que se mudam para a sua casa a fim de lá viver às suas custas?
Alguém sempre paga a conta e quando se tenta fechar os olhos à sangria que é bancar o crescimento de imigrantes (ilegais ou não) na Europa, a tendência inevitável é que radicais de direita sejam eleitos.
Quando você se "revoltar" contra isso, doe uma parte da sua grana para a África.
Alguns anos atrás, escrevi um artigo intitulado interrogativamente:
Estaria aumentando o número de idiotas no mundo? (podem procurar em meu site que está em algum lugar...)
Hoje eu já não perguntaria mais, pois tenho certeza que sim...
Paulo Roberto de Almeida
Não existe almoço de graça
LUIZ FELIPE PONDÉ
Folha de S.Paulo, 27/076/2011
"Bleeding hearts" é como são chamados pelos conservadores esses teenagers da política
A EUROPA ESTÁ em chamas pelo medo da dissolução da União Europeia. No Brasil, os defensores dos direitos dos imigrantes ilegais na Europa ainda se aferram à imagem adolescente de que o continente deve receber "todo mundo", numa conta infinita a ser paga pela colonização.
Não existe almoço de graça, mas tem muita gente, que normalmente não paga o almoço, que não sabe disso ou finge que não sabe.
A atitude é adolescente porque essa gente que grita contra a "direita" europeia (que cresce à medida que os países vão falindo) não pagaria um sanduíche para um estranho, mas acha que os europeus devem pagar comida, casa, hospital e escola até para os ilegais. A recusa em entender isso só piora as coisas.
O que me assusta é como gente grande pode ter sido contaminada por tamanha infantilidade em termos de análise política e social. O filósofo da vaidade, Rousseau (século 18), assim chamado por Burke (também do século 18), crítico dele e da revolução francesa, é muito responsável por esse absurdo, além do velho Marx.
"Bleeding hearts" é como são chamados pelos conservadores americanos esses teenagers da política.
O problema de países como Portugal, Espanha e Grécia é que não se pode ganhar como eles e gastar como franceses e alemães. Uma hora a casa cai.
Recentemente, conversando com um médico brasileiro que ficou um mês trabalhando num hospital importante em Bruxelas, especializado em câncer, fiquei sabendo dos absurdos do sistema de saúde da Bélgica.
A Bélgica deverá acabar em breve por conta do impasse de ser um país que reúne flamengos (etnicamente próximos dos holandeses) e belgas franceses e por isso não consegue formar um governo decente.
Lá, estrangeiros ilegais recebem mais direitos a tratamento médico do que cidadãos belgas. Funcionários belgas do hospital em questão falam disso com grande rancor. Quem aguenta isso?
Tudo bem que a Bélgica, dizem, foi o colonizador mais cruel da África (Joseph Conrad imortalizou a violência da colonização belga do Congo em seu monumental "Coração das Trevas"), mas até onde se pode pagar uma "conta" dessas?
Semelhante é o caso brasileiro e o absurdo do país ficar "sustentando" o Paraguai via Itaipu. Quando o governo brasileiro, por afinidade ideológica com o governo paraguaio, decide que deve aumentar a "contribuição" dada ao Paraguai por Itaipu, quem paga a conta é você através de seu trabalho e de suas agonias cotidianas. Legal, não? Você paga imposto para doar dinheiro para o Fernando Lugo, presidente do Paraguai, posar de "defensor de su pueblo".
Quando acordar de manhã, pense: "Opa, hoje tenho que correr de um lado para o outro pra mandar dinheiro para o Paraguai".
Claro que tem gente que diz que devemos muito ao Paraguai pelo que fizemos lá durante a Guerra do Paraguai, mas até onde essa história é verdadeira? Aconselho a leitura do "Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil" do Leandro Narloch (Ed. LeYa), para aprender um pouco mais sobre esse mito que destruímos uma nação que marchava para ser um país perfeito sob a batuta de seu ditador Solano Lopez.
Calma, não se trata de ser insensível com o sofrimento dos mais fracos. Sei que o coro dos humilhados e ofendidos gritará, mas não o temo. Trata-se sim de perceber que o mundo não é o que um centro acadêmico pensa que é.
Pensemos numa situação hipotética. Imagine que tivéssemos um número gigantesco de imigrantes de países pobres entre nós. Agora imagine que eles tivessem mais direitos a saúde pública que você, que trabalha como um cão e que paga impostos extorsivos, como é o caso no Brasil e na Europa.
O que você pensaria disso? Você aceitaria sustentar pessoas que se mudam para a sua casa a fim de lá viver às suas custas?
Alguém sempre paga a conta e quando se tenta fechar os olhos à sangria que é bancar o crescimento de imigrantes (ilegais ou não) na Europa, a tendência inevitável é que radicais de direita sejam eleitos.
Quando você se "revoltar" contra isso, doe uma parte da sua grana para a África.
Com acucar, sem afeto...: o avanco do diabetes pelo mundo afora
Provavelmente os mais açucólatras do mundo são os habitantes da Micronésia, numa das raras demonstrações de suicídio coletivo que possa existir...
Charts, maps and infographics
Daily chart - Diabetes
Sugar rush
The Economist, June 27th 2011
The progress of a disease over thirty years
THE number of adults with diabetes more than doubled between 1980 and 2008, according to a new study led by Professor Majid Ezzati of Imperial College London and Goodarz Danaei at Harvard University and published in the Lancet. This jump is not quite as horrific as the numbers might initially suggest, because ageing helped push up rates. But a good 30% of the increase was caused by higher prevalence of diabetes across age groups. Obesity seems to be a main culprit; the authors found a high correlation between rising rates of diabetes and a rise in body mass index. The global leap masks considerable variation between the sexes and among regions. Across the world the rate of diabetes rose by 18% for men and by 23% for women, to 9.8% and 9.2% respectively. In some countries the gap between the sexes was more dramatic. In Pakistan, for example, rates jumped by 46% for men and by 102% for women. The highest incidence of all is found in the Marshall Islands, where more than a quarter of all adults had diabetes in 2008. America has lived up to its hefty reputation. Women’s rate of diabetes jumped 79%, something that has contributed to a decline in life expectancy among some groups. And once again, French women are the envy of the world. Rates there fell by 11.2%.
Charts, maps and infographics
Daily chart - Diabetes
Sugar rush
The Economist, June 27th 2011
The progress of a disease over thirty years
THE number of adults with diabetes more than doubled between 1980 and 2008, according to a new study led by Professor Majid Ezzati of Imperial College London and Goodarz Danaei at Harvard University and published in the Lancet. This jump is not quite as horrific as the numbers might initially suggest, because ageing helped push up rates. But a good 30% of the increase was caused by higher prevalence of diabetes across age groups. Obesity seems to be a main culprit; the authors found a high correlation between rising rates of diabetes and a rise in body mass index. The global leap masks considerable variation between the sexes and among regions. Across the world the rate of diabetes rose by 18% for men and by 23% for women, to 9.8% and 9.2% respectively. In some countries the gap between the sexes was more dramatic. In Pakistan, for example, rates jumped by 46% for men and by 102% for women. The highest incidence of all is found in the Marshall Islands, where more than a quarter of all adults had diabetes in 2008. America has lived up to its hefty reputation. Women’s rate of diabetes jumped 79%, something that has contributed to a decline in life expectancy among some groups. And once again, French women are the envy of the world. Rates there fell by 11.2%.
Brasil amplia leque de relacoes diplomaticas - Correio Braziliense
Diplomacia brasileira ganha força no país e no exterior
Tatiana Sabadini
Correio Braziliense, 26/06/2011
Aos 51 anos, Brasília hospeda 124 embaixadas e é a 13ª capital mais "frequentada" do mundo. Número de representações do país no estrangeiro também tem grande expansão
Brasília – Faltavam dois meses para inauguração da capital federal, em 1960, quando a primeira embaixada estrangeira foi inaugurada. Cinco décadas depois, a envergadura da política externa e a importância do Brasil como ator global fizeram do país destino cobiçado de missões internacionais. Brasília ocupa hoje a 13ª posição entre as 20 principais sedes de postos diplomáticos, à frente de capitais europeias como Madri e Viena. É a única representante da América do Sul no ranking.
A capital chega ao cinquentenário hospedando representações de 124 países e consolida uma posição de destaque. "É algo muito significativo para o Brasil. É sinal de grande interesse em um relacionamento com o país", afirma Tovar da Silva Nunes, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores (MRE).
Atualmente, mais 13 países demonstram interesse em abrir embaixada no Brasil, segundo apuração da reportagem. Entre eles estão Afeganistão, Butão, Cazaquistão, Ilhas Fiji, Jamaica, Mongólia e Serra Leoa. Em recente visita a Washington, o chanceler Antonio Patriota reuniu-se com uma delegação do Barein, que também manifestou desejo de ampliar sua representação em Brasília, gesto que poderá ter a recíproca por parte do governo brasileiro. Para instalar uma missão em outro país, é necessário seguir um processo administrativo definido na convenção sobre relações diplomáticas. A ação pode durar dias ou meses e depende muito da rapidez do requisitante.
A escolha do embaixador é um ponto importante para o desenvolvimento da relação bilateral. Para começar, ele precisa ser aprovado pelo governo anfitrião e ter conhecimento para representar seu papel. "É ele quem interpreta o que é possível em um relacionamento bilateral e quais são os valores de um país. Ele nos indica o melhor caminho para a interlocução", aponta Tovar Nunes. Segundo o diplomata, a grande tarefa está em "decodificar os modos de comportamento de um país e seus interesses políticos e econômicos".
RECÉM-CHEGADOS
O Brasil recebeu 28 novas embaixadas desde 2003, grande parte de países africanos. O interesse cresceu com a mudança política externa no governo Lula, que multiplicou as representações brasileiras na África. "A evolução favorável dos países emergentes ajudou o governo a desenvolver isso, e a atuação do ex-presidente, pelo carisma e pela perseverança na cooperação com a África e a Ásia, determinou o aumento do interesse pelo Brasil", afirma o porta-voz do MRE.
Entre as missões diplomáticas que desembarcaram em Brasília nos últimos oitos anos está a de Barbados. A pequena ilha caribenha instalou seu representante em fevereiro de 2010, de olhos na cooperação sul-sul. "O Brasil é uma das grandes economias emergentes e tem um papel importante no nível regional e internacional. Na última década, nossa relação cresceu e temos acordos na área de saúde, técnica, educacional e cultural. Esperamos ajudar nossos empresários a desenvolver relações comerciais e esperamos que exista uma missão de comércio no Brasil, em futuro próximo", comenta a embaixadora Yvette A. Goddard.
Muitos países decidem fincar sua bandeira no Brasil, apesar da distância geográfica e cultural, pela importância internacional. "Para a amizade, nenhuma distância é muito grande", afirma Syed Ahmed Maroof, ministro da embaixada do Paquistão. "Nós trabalhamos juntos para expandir as relações bilaterais em todas as áreas, com um foco maior em projetos econômicos. As ligações de negócios entre os dois países estão crescendo fortemente, até mesmo neste aspecto as distâncias geográficas não têm significado", completa.
O Brasil mantém 132 embaixadas e, desde 2002, abriu 218 postos – entre eles também consulados, escritórios e representações. Agora, no governo Dilma Rousseff, o país não deve ampliar os horizontes diplomáticos na mesma intensidade dos últimos oito anos. A única embaixada aberta em 2011 foi em Libreville, no Gabão. "Por enquanto, é difícil expandir, porque já abrimos (representações) em muitos países. Estamos em um momento de estabilidade, empenhados a desenvolver o trabalho nesses postos, e estamos colhendo os frutos de uma crença no diálogo com a África", declara Tovar Nunes.
Tatiana Sabadini
Correio Braziliense, 26/06/2011
Aos 51 anos, Brasília hospeda 124 embaixadas e é a 13ª capital mais "frequentada" do mundo. Número de representações do país no estrangeiro também tem grande expansão
Brasília – Faltavam dois meses para inauguração da capital federal, em 1960, quando a primeira embaixada estrangeira foi inaugurada. Cinco décadas depois, a envergadura da política externa e a importância do Brasil como ator global fizeram do país destino cobiçado de missões internacionais. Brasília ocupa hoje a 13ª posição entre as 20 principais sedes de postos diplomáticos, à frente de capitais europeias como Madri e Viena. É a única representante da América do Sul no ranking.
A capital chega ao cinquentenário hospedando representações de 124 países e consolida uma posição de destaque. "É algo muito significativo para o Brasil. É sinal de grande interesse em um relacionamento com o país", afirma Tovar da Silva Nunes, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores (MRE).
Atualmente, mais 13 países demonstram interesse em abrir embaixada no Brasil, segundo apuração da reportagem. Entre eles estão Afeganistão, Butão, Cazaquistão, Ilhas Fiji, Jamaica, Mongólia e Serra Leoa. Em recente visita a Washington, o chanceler Antonio Patriota reuniu-se com uma delegação do Barein, que também manifestou desejo de ampliar sua representação em Brasília, gesto que poderá ter a recíproca por parte do governo brasileiro. Para instalar uma missão em outro país, é necessário seguir um processo administrativo definido na convenção sobre relações diplomáticas. A ação pode durar dias ou meses e depende muito da rapidez do requisitante.
A escolha do embaixador é um ponto importante para o desenvolvimento da relação bilateral. Para começar, ele precisa ser aprovado pelo governo anfitrião e ter conhecimento para representar seu papel. "É ele quem interpreta o que é possível em um relacionamento bilateral e quais são os valores de um país. Ele nos indica o melhor caminho para a interlocução", aponta Tovar Nunes. Segundo o diplomata, a grande tarefa está em "decodificar os modos de comportamento de um país e seus interesses políticos e econômicos".
RECÉM-CHEGADOS
O Brasil recebeu 28 novas embaixadas desde 2003, grande parte de países africanos. O interesse cresceu com a mudança política externa no governo Lula, que multiplicou as representações brasileiras na África. "A evolução favorável dos países emergentes ajudou o governo a desenvolver isso, e a atuação do ex-presidente, pelo carisma e pela perseverança na cooperação com a África e a Ásia, determinou o aumento do interesse pelo Brasil", afirma o porta-voz do MRE.
Entre as missões diplomáticas que desembarcaram em Brasília nos últimos oitos anos está a de Barbados. A pequena ilha caribenha instalou seu representante em fevereiro de 2010, de olhos na cooperação sul-sul. "O Brasil é uma das grandes economias emergentes e tem um papel importante no nível regional e internacional. Na última década, nossa relação cresceu e temos acordos na área de saúde, técnica, educacional e cultural. Esperamos ajudar nossos empresários a desenvolver relações comerciais e esperamos que exista uma missão de comércio no Brasil, em futuro próximo", comenta a embaixadora Yvette A. Goddard.
Muitos países decidem fincar sua bandeira no Brasil, apesar da distância geográfica e cultural, pela importância internacional. "Para a amizade, nenhuma distância é muito grande", afirma Syed Ahmed Maroof, ministro da embaixada do Paquistão. "Nós trabalhamos juntos para expandir as relações bilaterais em todas as áreas, com um foco maior em projetos econômicos. As ligações de negócios entre os dois países estão crescendo fortemente, até mesmo neste aspecto as distâncias geográficas não têm significado", completa.
O Brasil mantém 132 embaixadas e, desde 2002, abriu 218 postos – entre eles também consulados, escritórios e representações. Agora, no governo Dilma Rousseff, o país não deve ampliar os horizontes diplomáticos na mesma intensidade dos últimos oito anos. A única embaixada aberta em 2011 foi em Libreville, no Gabão. "Por enquanto, é difícil expandir, porque já abrimos (representações) em muitos países. Estamos em um momento de estabilidade, empenhados a desenvolver o trabalho nesses postos, e estamos colhendo os frutos de uma crença no diálogo com a África", declara Tovar Nunes.
A piada da semana: ministro quer hackers no governo...
Poderia ser uma piada por dia, pois existe material para tanto, mas vamos ficar na piada da semana, para não inflacionar demais este blog com coisas de baixa qualidade intelectual, o que desmentiria a sua vocação para debates inteligentes.
Uma distração com besteirol por semana basta.
Portanto, vamos ao que leio na manchete do dia:
Ministro quer chamar hackers para trabalhar no governo
(Agência Estado)
Mercadante minimizou ataques; segundo ele, ativistas ajudariam a modernizar os portais do Planalto
Bem, eu não tenho nenhuma dúvida de que os hackers -- que o ministro chama de ativistas, enquadrando-os, portanto, na mesma categoria do terrorista italiano que é bem-vindo no Brasil e logo ganhará um emprego de escritor oficial de alguma ONG, ou quem sabe até?, no governo -- fariam muito, e facilmente, para melhorar um governo que parece claudicar no caminho da modernidade (onde mesmo fica a direção da modernidade?).
Resta saber apenas se eles serão pagos por tarefa, por dia (ou por hora), ou se serão contratados por um determinado período...
Paulo Roberto de Almeida
========
Addendum em 28/06/2011:
Enviado por meu amigo Mario Machado, que merece esta promoção de comentário:
Seguindo a mesma lógica: Contrabandistas e traficantes ajudam a modernizar a segurança das fronteiras. E os bandidos que fogem da cadeia cumprem dever patriótico de reforçar a segurança dos presídios.
Uma distração com besteirol por semana basta.
Portanto, vamos ao que leio na manchete do dia:
Ministro quer chamar hackers para trabalhar no governo
(Agência Estado)
Mercadante minimizou ataques; segundo ele, ativistas ajudariam a modernizar os portais do Planalto
Bem, eu não tenho nenhuma dúvida de que os hackers -- que o ministro chama de ativistas, enquadrando-os, portanto, na mesma categoria do terrorista italiano que é bem-vindo no Brasil e logo ganhará um emprego de escritor oficial de alguma ONG, ou quem sabe até?, no governo -- fariam muito, e facilmente, para melhorar um governo que parece claudicar no caminho da modernidade (onde mesmo fica a direção da modernidade?).
Resta saber apenas se eles serão pagos por tarefa, por dia (ou por hora), ou se serão contratados por um determinado período...
Paulo Roberto de Almeida
========
Addendum em 28/06/2011:
Enviado por meu amigo Mario Machado, que merece esta promoção de comentário:
Seguindo a mesma lógica: Contrabandistas e traficantes ajudam a modernizar a segurança das fronteiras. E os bandidos que fogem da cadeia cumprem dever patriótico de reforçar a segurança dos presídios.
Assinar:
Comentários (Atom)
Postagem em destaque
Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida
Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...
-
Uma preparação de longo curso e uma vida nômade Paulo Roberto de Almeida A carreira diplomática tem atraído número crescente de jovens, em ...
-
FAQ do Candidato a Diplomata por Renato Domith Godinho TEMAS: Concurso do Instituto Rio Branco, Itamaraty, Carreira Diplomática, MRE, Diplom...
-
Liberando um artigo que passou um ano no limbo: Mercosul e União Europeia: a longa marcha da cooperação à associação Recebo, em 19/12/2025,...
-
Mercado Comum da Guerra? O Mercosul deveria ser, em princípio, uma zona de livre comércio e também uma zona de paz, entre seus próprios memb...
-
Homeric Epithets: Famous Titles From 'The Iliad' & 'The Odyssey' Word Genius, Tuesday, November 16, 2021 https://www.w...
-
O destino do Brasil? Uma tartarug a? Paulo Roberto de Almeida Nota sobre os desafios políticos ao desenvolvimento do Brasil Esse “destino” é...
-
ÚLTIMO ENCONTRO DO CICLO DE HUMANIDADES 2025- 🕊️ A Paz como Projeto e Potência! 🌎 Acadêmicos, pesquisadores e todos os curiosos por um ...
-
Quando a desgraça é bem-vinda… Leio, tardiamente, nas notícias do dia, que o segundo chanceler virtual do bolsolavismo diplomático (2019-202...
-
O Brics vai de vento em popa, ao que parece. Como eu nunca fui de tomar as coisas pelo seu valor de face, nunca deixei de expressar meu pen...
