SEMANA WIKILEAKS: A embaixada e a mídia – PARTE I
Por Anselmo Massad, especial para a Pública
A pedido da Pública, repórter avaliou como a diplomacia americana usa nossa mídia – e os nossos jornalistas – como fontes para levantar informações que são enviadas a Washington
Boa parte dos 3 mil telegramas da estrutura diplomática dos Estados Unidos no mundo que dizem respeito ao Brasil vazados pelo Wikileaks consiste em resenhas do que foi publicado em jornais e revistas nacionais, chamados no jargão dos diplomatas como “reação da mídia” (“media reaction”).
Há ainda relatos de reuniões com jornalistas, entrevistas concedidas “off the record” (nas quais o repórter compromete-se a não revelar a fonte das informações), conversas casuais que mostram um e bom relacionamento com a mídia. Termos associados à imprensa e menções a grandes veículos noticiosos ocorrem em 1.305 telegramas, 40,8% do total¹.
Entre os jornais, o mais citado como fonte nos telegramas é a Folha de S.Paulo, com 541 menções em 384 mensagens. Comumente qualificado como o “diário de maior tiragem do país”, em algumas ocorrências, o impresso dirigido por Octávio Frias Filho é descrito como o “maior diário esquerdista” ou como “progressista” (“liberal”)no jargão dos telegramas diplomáticos.
O segundo campeão de leitura e atenção por parte dos funcionários da diplomacia é O Estado de S.Paulo, qualificado por diversas vezes como “conservador” e mais frequentemente “de centro-direita”.
Nas buscas pelo nome do jornal, são 480 citações em 317 telegramas.
O Globo (em 89 mensagens), Valor Econômico (em 84), Jornal do Brasil (em 23) e Correio Braziliense (em 11) são citados a respeito de reportagens e artigos pontuais. Outros diários aparecem com bem menos frequência. O Jornal da Tarde, também do Grupo Estado, surge em 2003 como “jornal regional de esquerda”.
Entre as revistas, Veja é a preferida nas leituras dos diplomatas. São 85 referências em 51 telegramas, sem qualquer qualificação além de “semanal”. Em um único episódio, ela é comparada à norte-americana Time. Em outros, como “líder de circulação”. Época é mencionada em nove mensagens (em uma, é classificada como “revista financeira”, em outras como “semanal noticiosa”) e CartaCapital aparece em duas ocasiões, sendo em uma delas, em dezembro de 2004, descrita como “nacionalista de esquerda”.
IstoÉ e IstoÉ Dinheiro são citadas em 16 oportunidades. Em um único episódio, referente à Liga dos Camponeses Pobres de Rondônia, a cobertura da publicação da Editora Três é vista como “geralmente precisa e justa”, embora suas reportagens sejam “mais desequilibradas do que a líder em circulação Veja”.
Colunistas
Poucos colunistas têm prestígio entre os diplomatas como fontes de informação citadas nos telegramas.
O editorialista da Folha Clovis Rossi lidera com 40 menções, restritas a excertos de sua coluna diária. Demétrio Magnoli, “geógrafo” e “sociólogo”, aparece em resenhas de mídia por oito vezes. Miriam Leitão, analista de economia do grupo Globo, é mencionada cinco vezes, como “respeitada”, “altamente influente” e “aclamada”. Dora Kramer aparece por duas vezes, adjetivada como “influente”.
Há também duas menções ao recém-eleito imortal da Academia Brasileira de Letras, Merval Pereira, e uma singela citação a Diogo Mainardi. O primeiro é taxado ora como “proeminente”, ora como “realista” e “menos otimista” do que o restante dos analistas de plantão. O segundo, como “popular colunista”, à época em que escrevia para a Veja.
O âncora Boris Casoy, em 2004 na Rede Record, também recebe o adjetivo de “popular” quando é citado condenando o projeto de Conselho Nacional de Jornalistas, proposto pela Federação Nacional da categoria. Um documento assinado pelo embaixador Danilovich reproduz sua fala na TV quando ele taxou a iniciativa de “abominável” e uma “óbvia tentativa de controlar jornalistas e a imprensa”.
============
SEMANA WIKILEAKS: A EMBAIXADA E A MÍDIA – PARTE II
Por Anselmo Massad, especial para a Pública
Documentos mostram encontros de membros do corpo diplomático com diversos jornalistas de peso e representantes de grandes grupos midiáticos
A estrutura diplomática dos Estados Unidos mantém-se permanentemente alerta para o comportamento da imprensa. Um dos centros das atenções, segundo mostram documentos vazados pelo WikiLeaks, é a repercussão de questões relacionadas à política interna norte-americana, além de questões de relações bilaterais e temas relacionados a Israel.
Em meio a diversas análises do que sai na imprensa brasileira, há divagações curiosas. Em 23 de outubro de 2009, em meio à discussão de como a mídia se comporta, um telegrama (UNCLAS SECTION 01 OF 08 BRASILIA 001254) assinado pela conselheira diplomática Lisa Kubiske, tudo começa por elogios: “Os jornalistas brasileiros, falando genericamente, são profissionais, equilibrados e buscam objetividade”.
A seguir, ela sustenta que muitos são “imparciais” no tratamento concedido aos Estados Unidos, ainda que não concordem pessoalmente com as políticas norte-americanas. “Alguns articulistas da mídia dominante demonstram viés contra as políticas dos EUA, embora a tendência tenha começado a mudar com a eleição do presidente (Barack) Obama”, avalia.
A análise se aprofunda: “Um pequeno segmento do público brasileiro aceita a noção de que os Estados Unidos tem uma campanha para subjugar o Brasil economicamente, miná-lo culturalmente e ocupar com tropas pelo menos uma parte de seus territórios. Esse tipo de atitude e de crenças influenciam repórteres e comentaristas em questões como o retabelecimento da Quarta Frota da Marinha dos EUA (caracterizada como uma ameaça para o Brasil), supostamente por nefastas intenções em direção à Amazônia e à ‘Amazônia Azul’ (mares onde novas reservas de petróleo foram encontradas) e mais recentemente o anúncio do acesso dos EUA a bases militares colombianas”.
Há alguns telegramas que relatam encontros de membros da imprensa com embaixadores, cônsules e funcionários da diplomacia.
RBS amiga
Em um telegrama de 2005, o então cônsul de São Paulo, Patrick Dennis Duddy, narra uma visita do então embaixador John Danilovich a Porto Alegre. A capital gaúcha contava com um consulado próprio, até 1997, quando passou a ter apenas uma agência consular.
O embaixador teve três dias agitados, recheados de encontros com empresários e políticos.
Um dos pontos mais curiosos do relato diz respeito a uma entrevista concedida por Danilovich aos veículos da RBS. “O embaixador teve um almoço ‘off the record’ com a direção editorial do grupo RBS, o maior grupo regional de comunicação da América Latina”.
Os números da empresa são apresentados no relato, com detalhamentos sobre operações no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, incluindo a afiliação à Rede Globo, as 120 estações de rádio em dez estados e o jornal Zero Hora.
“O embaixador subsequentemente concedeu uma entrevista ‘on the record’ para o Zero Hora e para a rede de rádios.”
O documento ainda frisa, em sequência, as relações política entremeadas ao grupo de comunicação. “Pedro Parente, que era chefe da Casa Civil do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), é vice-presidente executivo da RBS”, aponta Duddy. Imediatamente a seguir, uma “nota” complementa a informação: “Nós temos tradicionamente tido acesso e relações excelentes com o grupo”.
Estadão amigo
Um telegrama de março de 2005, vazado em fevereiro de 2011, relata um encontro entre o embaixador John Danilovich e líderes da comunidade judaica da capital paulista. A audiência — dois meses antes da Cúpula América do Sul-Países Árabes daquele ano, em Brasília — teve a presença de Abraham Goldstein, presidente da B’nai Brith do Brasil, e Henry Sobel, rabino chefe da maior sinagoga paulistana.
O relato da conversa transcorre no sentido de aprofundar laços com comunidade judaica, mas guarda notas sobre a mídia que passaram despercebidas na ocasião do vazamento, em dezembro do ano passado (o documento já foi publicado pelo WikiLeaks).
Goldstein teria dito a Danilovich que possivelmente haveria uma campanha de imprensa para garantir os pontos de vista favoráveis a Israel e à comunidade de judeus no país.
“Goldstein disse que enquanto o editor de O Estado de S.Paulo prometeu cobertura “positiva”, outros jornais de grande circulação são vistos como tendo inclinação pró-Palestina e não parecem ser de grande ajuda”, redige o embaixador. Na “campanha” estudada, havia menção a buscar não judeus que pudessem criticar o governo brasileiro no que eles consideravam uma tendência anti sionista, centrada na figura do secretário-geral do Itamaraty Samuel Pinheiro Guimarães.
Encontros com jornalistas
Nos telegramas, além de muita leitura e fichamento de jornais, há relatos de reuniões esporádicas com profissionais de mídia.
Carlos Eduardo Lins da Silva, ex-ombudsman da Folha de S.Paulo, participou de quatro encontros com diplomatas descritos nos telegramas. O primeiro, em abril de 2006, foi um encontro com Anthony Wayne, assistente do Departamento de Estado para assuntos econômicos que participava do Fórum Econômico Mundial América Latina. Durante o evento, sediado na capital paulista, Lins da Silva é apresentado como “ex-jornalista” e “consultor político”. No encontro, ele teria afirmado acreditar na viabilidade de Geraldo Alckmin (PSDB) como candidato da oposição.
O segundo encontro ocorreu em 2008, quando Lins da Silva havia sido reconduzido ao posto de ombudsman da Folha.
O então senador do Nebraska, o republicano Chuck Hagel, teve um almoço em São Paulo com a participação de Celso Lafer, ministro de Relações Exteriores (1995-2002) da gestão Fernando Henrique Cardoso, Rubens Barbosa, embaixador brasileiro em Washington (1999 a 2004), Rubens Ricupero, ex-ministro da Fazenda e ex-embaixador nos EUA e na OMC, e Sérgio Amaral, ex-ministro da Indústria (2001-2002). Mas o único participante sem elos com ministérios nem com o Itamaraty não tem nenhuma declaração citada.
Em novembro de 2008, ainda em seu segundo mandato como ouvidor da Folha, Lins da Silva é qualificado como “ex-editor sênior” do Valor Econômico. A reunião, no caso, foi com o cônsul-geral Thomas White a respeito dos planos de exploração dos campos de petróleo do Pré-Sal. O jornalista avaliava que a crise financeira atrasaria os prazos de extração dos poços do campo de Tupi.
Quando Arturo Valenzuela, secretário assistente para assuntos do hemisfério ocidental, passou pelo Cone Sul em 2010, Lins da Silva aparece novamente em um telegrama diplomático. No mesmo encontro estavam o sociólogo Bolivar Lamounier, Lafer, Barbosa e José Goldemberg, ex-ministro de Ciência e Tecnologia e da Educação na década de 1990.
O ombudsman “destacou o vigor financeiro sem precedentes do PT para executar uma campanha, após oito anos no governo” que, em caso de derrota, produziria uma oposição “muito problemática”.
Lamounier aparece em episódio anterior, ainda em 2007. Ele teria almoçado em 28 de setembro ao lado de Jose Augusto Guilhon de Albuquerque com funcionários da embaixada em São Paulo. Ambos são apresentados como acadêmicos “associados” ao PSDB. O blogueiro do site da revista Exame, da editora Abril, apostava que Lula não tentaria terceiro mandato e que a candidatura apoiada por ele levaria a melhor. Acertou.
E disse ainda que o presidente seguinte teria de buscar apoio do PMDB, em função de seu tamanho e peso. “O PMDB, avisou Lamounier, é sempre o problema, nunca a solução, porque não tem nenhuma identidade política nem ideológica e existe com o único propósito de avançar em interesses pessoais para seus membros.
Waack
Quem também participou de almoços e encontros com funcionários do governo dos Estados Unidos foi o apresentador do Jornal da Globo, William Waack. O primeiro entre os citados foi em 28 de abril de 2008. Uma visita de jornalistas ao almirante Philip Cullom, que passava pelo Brasil para uma série de exercícios conjuntos entre as marinhas dos Estados Undidos, Brasil e Argentina.
De acordo com o relato do então embaixador Clifford Sobel, a visita de “membros da imprensa brasileira” resultou numa “cobertura positiva”. Entre todos os jornalistas, apenas o apresentador do Jornal da Globo é nomeado, por ter “apresentado em duas reportagens para O Globo sobre a visita que reflete a importância da parceria dos EUA com o Brasil”.
Outro encontro deu-se em setembro de 2009, com a presença Sérgio Fausto, à época diretor do Instituto Fernando Henrique Cardoso (iFHC). Nele, Waack trouxe a informação, que posteriormente se revelaria falsa, de que os então governadores de São Paulo, José Serra, e Minas Gerais, Aécio Neves, teriam acertado uma chapa-puro-sangue do PSDB para rivalizar com Dilma Rousseff.
O terceiro encontro foi com o atual embaixador, Thomas Shannon, em fevereiro de 2010. Waak teria dito que em um fórum com empresários, Aécio Neves teria se mostado “o mais carismático”, Ciro Gomes “o mais forte”, Serra “claramente competente” e Dilma “a menos coerente”.
Em agosto de 2005, há menção a um encontro com oito jornalistas e comentaristas de jornais, revistas, TV e internet. Nenhum é mencionado, mas muitas teorias são listadas sobre o que se sucederia às denúncias de corrupção consagradas como o escândalo do “Mensalão”.
Fernando Rodrigues, repórter especial de política da Folha e autor do blog UolPolítica, teve pelo menos duas conversas com o assessor político da embaixada dos Estados Unidos, segundo os documentos. Em ambos, foi procurado para dar a contextualização de questões relativas ao país: o funcionamento do Tribunal de Contas da União e o futuro de Aldo Rebelo (PCdoB-SP) caso perdesse a eleição para presidente da Câmara dos Deputados em 2007.
Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas. Ver também minha página: www.pralmeida.net (em construção).
domingo, 10 de julho de 2011
Diplomacia de resultados? Copyright de um banqueiro...
Enfim, acho que combina: o governo do PT tem tudo a ver com capitalistas e banqueiros.
A expressão era do banqueiro Olavo Setúbal, chanceler designado pelo finado presidente Tancredo Neves, permaneceu um ano e pouco sob Sarney, depois arriscou-se na vida política (e foi passado para trás por políticos mais espertos).
Espera-se que não seja esse o resultado da diplomacia de resultados do governo atual...
Paulo Roberto de Almeida
Economia
De olho numa diplomacia de resultados
Eliane Oliveira
O Globo, 10/07/2011
Com foco no comércio, negociadores de eras FH e Lula ocupam postos-chave do Itamaraty
BRASÍLIA. Seis meses após a presidente Dilma Rousseff assumir o posto, o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, está resgatando experientes negociadores brasileiros, alguns ainda da gestão do ex-presidente tucano Fernando Henrique Cardoso, para reforçar o viés econômico da política externa brasileira. Na linha da chamada "diplomacia de resultados", Patriota traçou uma estratégia cujo fim é diversificar a pauta exportadora, atrair tecnologia e estimular a pesquisa e a inovação. Para isso, vem escolhendo a dedo seus principais auxiliares.
Recentemente, no dia em que o Congresso americano aprovava a redução dos subsídios ao etanol e suspendia o pagamento de US$147,3 milhões de subsídios aos produtores de algodão brasileiros, era confirmado o embaixador Valdemar Carneiro Leão na subsecretaria de Assuntos Econômicos. Ele chefiou o órgão no governo do PSDB.
Patriota tem a seu lado o porta-voz Tovar Nunes, que no governo Fernando Henrique chefiou a divisão no Itamaraty que tratava das negociações para a criação da Área de Livre Comércio das Américas (Alca). Devido a divergências entre com os EUA, a negociação foi suspensa.
Nessa estratégia, foi mantido, em Buenos Aires, Enio Cordeiro, um dos principais negociadores dos governos de Lula e FH. Também continua na embaixada do Paraguai Eduardo Santos, que foi assessor para assuntos internacionais do tucano. Segundo fontes do governo, a orientação de Dilma é que os titulares das embaixadas nos países vizinhos, especialmente no Mercosul, tenham cacife para resolver pendências comerciais.
Clodoaldo Hugueney, com forte histórico de negociador econômico - chefiou, no governo Lula, a área econômica da chancelaria -, será mantido na China. Pedro Dias Carneiro, que foi chefe do departamento econômico do Itamaraty, foi para África do Sul. Ele foi um dos negociadores do G-20 que destruiu a hegemonia dos países ricos na Rodada de Doha. Para a Índia, vai Sérgio Duarte, conhecedor de desarmamento e multilateralismo. Já os interesses no Irã vêm se tornando mais comerciais e menos políticos e lá permanecerá Antonio Salgado. Quanto aos EUA, não há previsão de troca do embaixador Mauro Vieira.
Um alto funcionário do governo enfatizou que, para Dilma e Patriota, alguns ajustes devem ser realizados na política externa, diante da falta de perspectiva de um acordo de liberalização do comércio na Organização Mundial do Comércio (OMC). Uma das diretrizes, vinculada à política industrial que será divulgada mês que vem, é atrair investimentos e novas tecnologias.
- Acordos comerciais devem prever a transferência de tecnologia para o Brasil, assim como o governo vai estimular investimentos em pesquisa e inovação - explicou.
Essa fonte enfatizou que, embora o governo Lula tenha sido marcado por questões políticas, sua atuação como mercador no exterior acabou promovendo o aumento das exportações para mercados pouco explorados, como África, Ásia e Leste europeu.
O coordenador de comércio exterior da Fundação Instituto de Administração, Celso Grisi, afirmou que o governo brasileiro conta com bons negociadores "em todas as gerações". Para ele, Patriota está trazendo de volta um pragmatismo bem-vindo.
- Temos conflitos comerciais diversos. O governo Lula deu uma visão mais ideológica. Chegamos a reconhecer a China como economia de mercado. Hoje isso não aconteceria - disse.
Da mesma forma pensa o diretor de negociações internacionais da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Mário Marconini:
- Precisamos de um bom gerente, e não de uma vedete.
Já Virgílio Arraes, do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília, considera que é cedo para decifrar o que Dilma e Patriota pretendem fazer.
A expressão era do banqueiro Olavo Setúbal, chanceler designado pelo finado presidente Tancredo Neves, permaneceu um ano e pouco sob Sarney, depois arriscou-se na vida política (e foi passado para trás por políticos mais espertos).
Espera-se que não seja esse o resultado da diplomacia de resultados do governo atual...
Paulo Roberto de Almeida
Economia
De olho numa diplomacia de resultados
Eliane Oliveira
O Globo, 10/07/2011
Com foco no comércio, negociadores de eras FH e Lula ocupam postos-chave do Itamaraty
BRASÍLIA. Seis meses após a presidente Dilma Rousseff assumir o posto, o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, está resgatando experientes negociadores brasileiros, alguns ainda da gestão do ex-presidente tucano Fernando Henrique Cardoso, para reforçar o viés econômico da política externa brasileira. Na linha da chamada "diplomacia de resultados", Patriota traçou uma estratégia cujo fim é diversificar a pauta exportadora, atrair tecnologia e estimular a pesquisa e a inovação. Para isso, vem escolhendo a dedo seus principais auxiliares.
Recentemente, no dia em que o Congresso americano aprovava a redução dos subsídios ao etanol e suspendia o pagamento de US$147,3 milhões de subsídios aos produtores de algodão brasileiros, era confirmado o embaixador Valdemar Carneiro Leão na subsecretaria de Assuntos Econômicos. Ele chefiou o órgão no governo do PSDB.
Patriota tem a seu lado o porta-voz Tovar Nunes, que no governo Fernando Henrique chefiou a divisão no Itamaraty que tratava das negociações para a criação da Área de Livre Comércio das Américas (Alca). Devido a divergências entre com os EUA, a negociação foi suspensa.
Nessa estratégia, foi mantido, em Buenos Aires, Enio Cordeiro, um dos principais negociadores dos governos de Lula e FH. Também continua na embaixada do Paraguai Eduardo Santos, que foi assessor para assuntos internacionais do tucano. Segundo fontes do governo, a orientação de Dilma é que os titulares das embaixadas nos países vizinhos, especialmente no Mercosul, tenham cacife para resolver pendências comerciais.
Clodoaldo Hugueney, com forte histórico de negociador econômico - chefiou, no governo Lula, a área econômica da chancelaria -, será mantido na China. Pedro Dias Carneiro, que foi chefe do departamento econômico do Itamaraty, foi para África do Sul. Ele foi um dos negociadores do G-20 que destruiu a hegemonia dos países ricos na Rodada de Doha. Para a Índia, vai Sérgio Duarte, conhecedor de desarmamento e multilateralismo. Já os interesses no Irã vêm se tornando mais comerciais e menos políticos e lá permanecerá Antonio Salgado. Quanto aos EUA, não há previsão de troca do embaixador Mauro Vieira.
Um alto funcionário do governo enfatizou que, para Dilma e Patriota, alguns ajustes devem ser realizados na política externa, diante da falta de perspectiva de um acordo de liberalização do comércio na Organização Mundial do Comércio (OMC). Uma das diretrizes, vinculada à política industrial que será divulgada mês que vem, é atrair investimentos e novas tecnologias.
- Acordos comerciais devem prever a transferência de tecnologia para o Brasil, assim como o governo vai estimular investimentos em pesquisa e inovação - explicou.
Essa fonte enfatizou que, embora o governo Lula tenha sido marcado por questões políticas, sua atuação como mercador no exterior acabou promovendo o aumento das exportações para mercados pouco explorados, como África, Ásia e Leste europeu.
O coordenador de comércio exterior da Fundação Instituto de Administração, Celso Grisi, afirmou que o governo brasileiro conta com bons negociadores "em todas as gerações". Para ele, Patriota está trazendo de volta um pragmatismo bem-vindo.
- Temos conflitos comerciais diversos. O governo Lula deu uma visão mais ideológica. Chegamos a reconhecer a China como economia de mercado. Hoje isso não aconteceria - disse.
Da mesma forma pensa o diretor de negociações internacionais da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Mário Marconini:
- Precisamos de um bom gerente, e não de uma vedete.
Já Virgílio Arraes, do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília, considera que é cedo para decifrar o que Dilma e Patriota pretendem fazer.
E ja que estamos falando da China: performance de gala pelos 90 anos do PCC
Esta apresentação grandiosa de um balé de gala está no canal 1 da CCTV, em homenagem aos 90 anos do Partido Comunista (agora bem mais capitalista do que quando ele foi fundado).
http://bugu.cntv.cn/specials/C28574/classpage/video/20110701/100098.shtml
Tem um excesso de soldados, de tiros e batalhas, muitas bandeiras vermelhas, só vitórias, nenhuma derrota, nenhum traço dos crimes e erros monumentais que levaram milhões à morte, enfim, uma parada gigantesca para celebrar a maior ditadura que jamais existiu na face da terra.
http://bugu.cntv.cn/specials/C28574/classpage/video/20110701/100098.shtml
Tem um excesso de soldados, de tiros e batalhas, muitas bandeiras vermelhas, só vitórias, nenhuma derrota, nenhum traço dos crimes e erros monumentais que levaram milhões à morte, enfim, uma parada gigantesca para celebrar a maior ditadura que jamais existiu na face da terra.
A maior mortandade da Historia: o Grande Salto (para Tras) de Mao Tse-tung
A edição deste domingo, 10/07.2011, do jornal The Times (de Londres), que pertence à rede de mídia do milionário Rupert Murdoch (o mesmo que era dono do jornal News of the World, fechado no mesmo dia, depois de 168 anos de existência, por fraudes jornalísticas e crimes comuns, aliás objeto de extensa matéria na mesma edição do Times), traz uma boa resenha deste livro do historiador Frank Dikotter, sobre o "grande salto para a frente" de Mao Tse-tung, vasto programa delirante de transformação rápida, econômica e social, da República Popular da China, e que teria causado, segundo ele, 45 milhões de mortos.
Infelizmente não é possível transcrever a resenha ou o excerto do livro do Times.
Comentaristas e resenhistas no site da Amazon criticaram a cifra -- como transcrevo abaixo--, segundo eles exagerada. Mas mesmo reduzindo em um terço os números de Dikotter, ainda assim se trata da maior mortandade induzida pela mão do homem (de um único homem, conhecida em toda a história. Nem Stalin - que no entanto pode ter sido responsável por quase 20 milhões de mortos, excluida a IIGM -- ou Hitler -- que pode ter mandado matar entre 5 e 7 milhões de pessoas -- excluindo, sempre, as vítimas de combates na IIGM -- conseguiram chegar perto desses números extraordinários.
A mortandade foi tão descomunal que, temeroso de uma revolta no Partido Comunista se os números começassem a ser revelados mais amplamente, Mao deu início logo em seguida à revolução cultural, para desviar a atenção e afastar seus inimigos no Partido, entre eles Deng Xiao-ping. Foram, talvez, mais 2 ou 3 milhões de mortos durante esses quatro anos adicionais de loucuras, que simplesmente destruíram as universidades chinesas e toda e qualquer vida organizada no país, ou o que tinha restado, depois de mais de dez anos de experimentos demenciais.
O relato é simplesmente alucinante e dispensa adjetivos.
Os marxistas, e outros inimigos do capitalismo, ainda não estão prontos para reconhecer esses crimes como crimes contra a humanidade, dizendo que se trata apenas de "erros" cometidos ao longo do processo de construção do socialismo.
Quando vejo um partido unir as palavras "socialismo" e "liberdade", como se isso fosse possível, penso logo: ou é muita ingenuidade, ou se trata de uma ignorância abissal, ou então é simplesmente desonestidade intelectual.
Paulo Roberto de Almeida
Frank Dikotter:
Mao's Great Famine: The History Of China's Most Devastating Catastrophe, 1958-62
(Bloomsbury Publishing, 2011)
ISBN/Cat.No: 9781408810033
ISBN-10: 1408810034
Description: An unprecedented, groundbreaking history of China's Great Famine. Shortlisted for the BBC Samuel Johnson Prize 2011
Amaozon Books:
Mao's Great Famine: The History of China's Most Devastating Catastrophe, 1958-62 (Paperback)
An impressive story about incredible suffering. Mao's Great Leap Forward was a nightmare. The (slave)labour, repression, cadre brutality and especially the famine resulted in - according to the detailed research in Chinese archives and extrapolated educated guesses of this author - a minimum of 45 million deaths above average. And all this in only four years! Although other reviewers have attacked the way that Mr. Dikötter reaches the number of 45 Million, this is no reason not to buy this book. In the end, this is more about the compelling stories of the suffering behind the 'numbers game'.
Editorial Reviews:
'The most authoritative and comprehensive study of the biggest and most lethal famine in history. A must-read' Jung Chang 'Mao's Great Famine' is a gripping and masterful portrait of the brutal court of Mao, based on new research but also written with great narrative verve, that tells the gripping story of the manmade famine that killed 45 million people from the dictator and his henchmen down to the villages of rural China' Simon Sebag Montefiore --Review
Product Description
Between 1958 and 1962, China descended into hell. Mao Zedong threw his country into a frenzy with the Great Leap Forward, an attempt to catch up and overtake Britain in less than 15 years. The experiment ended in the greatest catastrophe the country had ever known, destroying tens of millions of lives. Access to Communist Party archives has long been denied to all but the most loyal historians, but now a new law has opened up thousands of central and provincial documents that fundamentally change the way one can study the Maoist era. Frank Dikotter's astonishing, riveting and magnificently detailed book chronicles an era in Chinese history much speculated about but never before fully documented. Dikotter shows that instead of lifting the country among the world's superpowers and proving the power of communism, as Mao imagined, in reality the Great Leap Forward was a giant - and disastrous - step in the opposite direction. He demonstrates, as nobody has before, that under this initiative the country became the site not only of one of the most deadly mass killings of human history (at least 45 million people were worked, starved or beaten to death) but also the greatest demolition of real estate - and catastrophe for the natural environment - in human history, as up to a third of all housing was turned to rubble and the land savaged in the maniacal pursuit of steel and other industrial accomplishments. Piecing together both the vicious machinations in the corridors of power and the everyday experiences of ordinary people, Dikotter at last gives voice to the dead and disenfranchised. Exhaustively researched and brilliantly written, this magisterial, groundbreaking account definitively recasts the history of the People's Republic of China.
Most Helpful Customer Reviews
Great Leap into a Nightmare, May 28, 2011
By M. T. J. Vrenken (The Netherlands)
This review is from: Mao's Great Famine: The History of China's Most Devastating Catastrophe, 1958-62 (Paperback)
An impressive story about incredible suffering. Mao's Great Leap Forward was a nightmare. The (slave)labour, repression, cadre brutality and especially the famine resulted in - according to the detailed research in Chinese archives and extrapolated educated guesses of this author - a minimum of 45 million deaths above average. And all this in only four years! Although other reviewers have attacked the way that Mr. Dikötter reaches the number of 45 Million, this is no reason not to buy this book. In the end, this is more about the compelling stories of the suffering behind the 'numbers game'.
Shonky scholarship, March 29, 2011
By W Y Lu (Hong Kong)
This review is from: Mao's Great Famine: The History of China's Most Devastating Catastrophe, 1958-62 (Paperback)
Dikotter's book is little more than a collection of anectdotes of atrocities - which one would no doubt find if one went to the archives of any public security bureau of any country in the world. There is absolutely no evidence the atrocities Dikotter mentions (if true), were ordered from the top. In fact quite the opposite - they were often uncovered, even by Dikotter's own admission, by investigatory teams sent out by the central authorities. The tone of the book is perhaps set by the picture on this edition of the book - the starving boy is from a famine in 1946 - 12 years before the GLF, and 3 years before Mao came to power.
But lets look at Dikotter's most ludicrous claim: 45 million 'murdered' by Mao - a 'fact' trumpeted on Dikotter's website as a 'key finding'.
But how does Dikotter reach this figure? The calculation is very simple.
'Excess' deaths are calculated by counting all the deaths that happen in one year, and subtracting them from a mortality the researcher assumes would have been the case had the GLF not happened.
Dikotter adopts a 'normal' crude mortality of 10/1000 per year or 1%. Deaths above this are counted as excess deaths.
From the archives Dikotter obtains reported mortality, increases these by 50% to allow for under-reporting in order to get an averaged annual mortality of around 27.3/1000 during the GLF.
Thus to arrive at his final grand total of people 'murdered' by Mao: ((27.3 - 10) / 1000) x 650 million x 4 years = 45 million 'excess' deaths.
Two huge problems with this.
Firstly a crude mortality of 27.3/1000 in the late 50s & early 60s was in fact quite typical for developing countries. India's and Indonesia's was 23 and 24/1000 respectively. And China's mortality in in 1949, just 8 years the GLF, was 38/1000 (refer Judith Banister), in Hong Kong in the 1930s 32/1000, Russia before the revolution 31/1000, and India just before independence around 28/1000.
Thus the crude mortality rate during the GLF, according to Dikotter, was significantly better than the 38/1000 in 1949, and practically the same as that of India in the final year of British rule.
Thus to say, based on Dikotter's very own figures, that the GLF was China's, or even the world's, 'greatest ever catastrophe' is completely ludicrous.
Here is the other problem.
Dikotter's adoption of a very low 'normal' mortality of 10/1000 is simply implausible. Of course Dikotter assumes this figure in order to maximise his 'excess' deaths calculation.
But note that 10/1000 was the mortality rate of the US, Great Britain, and France at the time.
Even discounting for the difference in age structure between China's population and that of the West, 10/1000 is simply unbelievable. After all the crude mortality of India and Indonesia at the time was around 23 or 24/1000 - well over twice what Dikotter claims for China!
So if Dikotter accepts a 10/1000 mortality rate for 1957, then he will have to accept that the communists reduced mortality from 38/1000 to 10/1000 during first eight years of rule, thereby saving tens of millions of lives. If this was truly the case, it would have been the most dramatic, incredible reduction in mortality in human history.
So the catch-22 is this. If one assumes a very low death rate to max out GLF excess deaths, then Mao must also get credit for having achieved, for most of the time he was in charge, very low levels of mortality. Go the other way and GLF excess deaths are minimised and perhaps almost eliminated.
To wrap up: Dikotter gets his 45 million by (a) inflating actual death rates, over reported figures in the archives, by 50%, and (b) assuming a ridiculously low 'normal' death rate (the same as the West) - even though China throughout the 1950s was one of the most wretchedly poor countries on earth.
Leap mortality lower than British Raj & pre-1949 China. Same as India, Indonesia, Pakistan in 1960, April 3, 2011
By M Chen
This review is from: Mao's Great Famine: The History of China's Most Devastating Catastrophe, 1958-62 (Paperback)
China's mortality during the GLF was the same as India's, Pakistan's, and Indonesia's at the time. Dikotter's figures imply this. Consider the following:
* Dikotter adopts 10/1000 as a 'normal' yearly death rate for China, and claims this as the figure for China just before the leap in 1957. Deaths above this are regarded as 'excess' deaths.
* 10/1000 was the mortality in advanced industrialised West in 1960.
* But mortality for the other big Asian countries in 1960: India 24/1000, Indonesia 23/1000, Pakistan 23/1000
* Dikotter says GLF started early 1958, ended late 1962. ie nearly 5 years, and killed 45 million. This means 9 million excess deaths per year. Adopting 660 million as China's population - the approx average excess mortality over these 5 years is 1000 x 9 mil/660 mil = 13.6 or say 14/1000.
* Total annual mortality during GLF is thus 10/1000 + 14/1000 = 24/1000
* Thus based on Dikotter's figures mortality during the GLF was practically the same as that of India, Indonesia, and Pakistan (after China the most populous Asian nations).
* Dikotter's mortality rate during the GLF was much less than the 1949 figure (24 < 38/1000)
* Dikotter's mortality rate during the GLF was less than that of India's at end of British rule (24 < 28/1000)
Dikotter's claims imply China reduced mortality from 38 /1000 in 1949 to 10/1000 in 1957. If true, this would have been a stunning achievement, considering India only reduced mortality from 28 to 23/1000, and Indonesia 26 to 23/1000 over more or less the same period. In fact India and Indonesia had not reduced down to 10/1000, even by 1980.
This of course would make Mao a great saver of lives - even with the elevated mortality seen during the GLF (which was not particularly high for the time). Is this what Dikotter intends to say? If not, his own claims inescapably imply it.
MORTALITY DATA:
1949:
China: 38/1000 (Bannister)
India: 28/1000
Indonesia: 26/1000
1957:
China: 10/1000 (claimed by Dikotter: lower than the UK and France in 1960!)
1958 to 1962 (averaged over 5 years - Dikotter claims GLF from early 1958 to late 1962):
China: 23.8/1000
1960:
India: 24/1000
Indonesia: 23/1000
South Korea: 13.5/1000
UK: 11.5/1000
France:11.4/1000
US: 9.5/1000
1970:
India: 17.6/1000
Indonesia: 17/1000
1980:
India: 12.9/1000
Indonesia: 12.15/1000
Infelizmente não é possível transcrever a resenha ou o excerto do livro do Times.
Comentaristas e resenhistas no site da Amazon criticaram a cifra -- como transcrevo abaixo--, segundo eles exagerada. Mas mesmo reduzindo em um terço os números de Dikotter, ainda assim se trata da maior mortandade induzida pela mão do homem (de um único homem, conhecida em toda a história. Nem Stalin - que no entanto pode ter sido responsável por quase 20 milhões de mortos, excluida a IIGM -- ou Hitler -- que pode ter mandado matar entre 5 e 7 milhões de pessoas -- excluindo, sempre, as vítimas de combates na IIGM -- conseguiram chegar perto desses números extraordinários.
A mortandade foi tão descomunal que, temeroso de uma revolta no Partido Comunista se os números começassem a ser revelados mais amplamente, Mao deu início logo em seguida à revolução cultural, para desviar a atenção e afastar seus inimigos no Partido, entre eles Deng Xiao-ping. Foram, talvez, mais 2 ou 3 milhões de mortos durante esses quatro anos adicionais de loucuras, que simplesmente destruíram as universidades chinesas e toda e qualquer vida organizada no país, ou o que tinha restado, depois de mais de dez anos de experimentos demenciais.
O relato é simplesmente alucinante e dispensa adjetivos.
Os marxistas, e outros inimigos do capitalismo, ainda não estão prontos para reconhecer esses crimes como crimes contra a humanidade, dizendo que se trata apenas de "erros" cometidos ao longo do processo de construção do socialismo.
Quando vejo um partido unir as palavras "socialismo" e "liberdade", como se isso fosse possível, penso logo: ou é muita ingenuidade, ou se trata de uma ignorância abissal, ou então é simplesmente desonestidade intelectual.
Paulo Roberto de Almeida
Frank Dikotter:
Mao's Great Famine: The History Of China's Most Devastating Catastrophe, 1958-62
(Bloomsbury Publishing, 2011)
ISBN/Cat.No: 9781408810033
ISBN-10: 1408810034
Description: An unprecedented, groundbreaking history of China's Great Famine. Shortlisted for the BBC Samuel Johnson Prize 2011
Amaozon Books:
Mao's Great Famine: The History of China's Most Devastating Catastrophe, 1958-62 (Paperback)
An impressive story about incredible suffering. Mao's Great Leap Forward was a nightmare. The (slave)labour, repression, cadre brutality and especially the famine resulted in - according to the detailed research in Chinese archives and extrapolated educated guesses of this author - a minimum of 45 million deaths above average. And all this in only four years! Although other reviewers have attacked the way that Mr. Dikötter reaches the number of 45 Million, this is no reason not to buy this book. In the end, this is more about the compelling stories of the suffering behind the 'numbers game'.
Editorial Reviews:
'The most authoritative and comprehensive study of the biggest and most lethal famine in history. A must-read' Jung Chang 'Mao's Great Famine' is a gripping and masterful portrait of the brutal court of Mao, based on new research but also written with great narrative verve, that tells the gripping story of the manmade famine that killed 45 million people from the dictator and his henchmen down to the villages of rural China' Simon Sebag Montefiore --Review
Product Description
Between 1958 and 1962, China descended into hell. Mao Zedong threw his country into a frenzy with the Great Leap Forward, an attempt to catch up and overtake Britain in less than 15 years. The experiment ended in the greatest catastrophe the country had ever known, destroying tens of millions of lives. Access to Communist Party archives has long been denied to all but the most loyal historians, but now a new law has opened up thousands of central and provincial documents that fundamentally change the way one can study the Maoist era. Frank Dikotter's astonishing, riveting and magnificently detailed book chronicles an era in Chinese history much speculated about but never before fully documented. Dikotter shows that instead of lifting the country among the world's superpowers and proving the power of communism, as Mao imagined, in reality the Great Leap Forward was a giant - and disastrous - step in the opposite direction. He demonstrates, as nobody has before, that under this initiative the country became the site not only of one of the most deadly mass killings of human history (at least 45 million people were worked, starved or beaten to death) but also the greatest demolition of real estate - and catastrophe for the natural environment - in human history, as up to a third of all housing was turned to rubble and the land savaged in the maniacal pursuit of steel and other industrial accomplishments. Piecing together both the vicious machinations in the corridors of power and the everyday experiences of ordinary people, Dikotter at last gives voice to the dead and disenfranchised. Exhaustively researched and brilliantly written, this magisterial, groundbreaking account definitively recasts the history of the People's Republic of China.
Most Helpful Customer Reviews
Great Leap into a Nightmare, May 28, 2011
By M. T. J. Vrenken (The Netherlands)
This review is from: Mao's Great Famine: The History of China's Most Devastating Catastrophe, 1958-62 (Paperback)
An impressive story about incredible suffering. Mao's Great Leap Forward was a nightmare. The (slave)labour, repression, cadre brutality and especially the famine resulted in - according to the detailed research in Chinese archives and extrapolated educated guesses of this author - a minimum of 45 million deaths above average. And all this in only four years! Although other reviewers have attacked the way that Mr. Dikötter reaches the number of 45 Million, this is no reason not to buy this book. In the end, this is more about the compelling stories of the suffering behind the 'numbers game'.
Shonky scholarship, March 29, 2011
By W Y Lu (Hong Kong)
This review is from: Mao's Great Famine: The History of China's Most Devastating Catastrophe, 1958-62 (Paperback)
Dikotter's book is little more than a collection of anectdotes of atrocities - which one would no doubt find if one went to the archives of any public security bureau of any country in the world. There is absolutely no evidence the atrocities Dikotter mentions (if true), were ordered from the top. In fact quite the opposite - they were often uncovered, even by Dikotter's own admission, by investigatory teams sent out by the central authorities. The tone of the book is perhaps set by the picture on this edition of the book - the starving boy is from a famine in 1946 - 12 years before the GLF, and 3 years before Mao came to power.
But lets look at Dikotter's most ludicrous claim: 45 million 'murdered' by Mao - a 'fact' trumpeted on Dikotter's website as a 'key finding'.
But how does Dikotter reach this figure? The calculation is very simple.
'Excess' deaths are calculated by counting all the deaths that happen in one year, and subtracting them from a mortality the researcher assumes would have been the case had the GLF not happened.
Dikotter adopts a 'normal' crude mortality of 10/1000 per year or 1%. Deaths above this are counted as excess deaths.
From the archives Dikotter obtains reported mortality, increases these by 50% to allow for under-reporting in order to get an averaged annual mortality of around 27.3/1000 during the GLF.
Thus to arrive at his final grand total of people 'murdered' by Mao: ((27.3 - 10) / 1000) x 650 million x 4 years = 45 million 'excess' deaths.
Two huge problems with this.
Firstly a crude mortality of 27.3/1000 in the late 50s & early 60s was in fact quite typical for developing countries. India's and Indonesia's was 23 and 24/1000 respectively. And China's mortality in in 1949, just 8 years the GLF, was 38/1000 (refer Judith Banister), in Hong Kong in the 1930s 32/1000, Russia before the revolution 31/1000, and India just before independence around 28/1000.
Thus the crude mortality rate during the GLF, according to Dikotter, was significantly better than the 38/1000 in 1949, and practically the same as that of India in the final year of British rule.
Thus to say, based on Dikotter's very own figures, that the GLF was China's, or even the world's, 'greatest ever catastrophe' is completely ludicrous.
Here is the other problem.
Dikotter's adoption of a very low 'normal' mortality of 10/1000 is simply implausible. Of course Dikotter assumes this figure in order to maximise his 'excess' deaths calculation.
But note that 10/1000 was the mortality rate of the US, Great Britain, and France at the time.
Even discounting for the difference in age structure between China's population and that of the West, 10/1000 is simply unbelievable. After all the crude mortality of India and Indonesia at the time was around 23 or 24/1000 - well over twice what Dikotter claims for China!
So if Dikotter accepts a 10/1000 mortality rate for 1957, then he will have to accept that the communists reduced mortality from 38/1000 to 10/1000 during first eight years of rule, thereby saving tens of millions of lives. If this was truly the case, it would have been the most dramatic, incredible reduction in mortality in human history.
So the catch-22 is this. If one assumes a very low death rate to max out GLF excess deaths, then Mao must also get credit for having achieved, for most of the time he was in charge, very low levels of mortality. Go the other way and GLF excess deaths are minimised and perhaps almost eliminated.
To wrap up: Dikotter gets his 45 million by (a) inflating actual death rates, over reported figures in the archives, by 50%, and (b) assuming a ridiculously low 'normal' death rate (the same as the West) - even though China throughout the 1950s was one of the most wretchedly poor countries on earth.
Leap mortality lower than British Raj & pre-1949 China. Same as India, Indonesia, Pakistan in 1960, April 3, 2011
By M Chen
This review is from: Mao's Great Famine: The History of China's Most Devastating Catastrophe, 1958-62 (Paperback)
China's mortality during the GLF was the same as India's, Pakistan's, and Indonesia's at the time. Dikotter's figures imply this. Consider the following:
* Dikotter adopts 10/1000 as a 'normal' yearly death rate for China, and claims this as the figure for China just before the leap in 1957. Deaths above this are regarded as 'excess' deaths.
* 10/1000 was the mortality in advanced industrialised West in 1960.
* But mortality for the other big Asian countries in 1960: India 24/1000, Indonesia 23/1000, Pakistan 23/1000
* Dikotter says GLF started early 1958, ended late 1962. ie nearly 5 years, and killed 45 million. This means 9 million excess deaths per year. Adopting 660 million as China's population - the approx average excess mortality over these 5 years is 1000 x 9 mil/660 mil = 13.6 or say 14/1000.
* Total annual mortality during GLF is thus 10/1000 + 14/1000 = 24/1000
* Thus based on Dikotter's figures mortality during the GLF was practically the same as that of India, Indonesia, and Pakistan (after China the most populous Asian nations).
* Dikotter's mortality rate during the GLF was much less than the 1949 figure (24 < 38/1000)
* Dikotter's mortality rate during the GLF was less than that of India's at end of British rule (24 < 28/1000)
Dikotter's claims imply China reduced mortality from 38 /1000 in 1949 to 10/1000 in 1957. If true, this would have been a stunning achievement, considering India only reduced mortality from 28 to 23/1000, and Indonesia 26 to 23/1000 over more or less the same period. In fact India and Indonesia had not reduced down to 10/1000, even by 1980.
This of course would make Mao a great saver of lives - even with the elevated mortality seen during the GLF (which was not particularly high for the time). Is this what Dikotter intends to say? If not, his own claims inescapably imply it.
MORTALITY DATA:
1949:
China: 38/1000 (Bannister)
India: 28/1000
Indonesia: 26/1000
1957:
China: 10/1000 (claimed by Dikotter: lower than the UK and France in 1960!)
1958 to 1962 (averaged over 5 years - Dikotter claims GLF from early 1958 to late 1962):
China: 23.8/1000
1960:
India: 24/1000
Indonesia: 23/1000
South Korea: 13.5/1000
UK: 11.5/1000
France:11.4/1000
US: 9.5/1000
1970:
India: 17.6/1000
Indonesia: 17/1000
1980:
India: 12.9/1000
Indonesia: 12.15/1000
Estou sendo pirateado, e nao sabia (claro, como poderia ser de outra forma?)
Por acaso tomei conhecimento de um site que disponibiliza textos pdf, mediante pagamento.
Um livro meu está sendo oferecido, por uma modesta soma, como compete. Mas se trata de cópia pirata, obviamente...
Paulo Roberto de Almeida O estudo das relações internacionais do Brasil pdf
Download Add to your account Copyright Report
Search tags: Relações internacionais pdf, Estudos sociais brasil pdf, Estudos sociais da ciencia
Size: 118 KB
Pages: 18
Date: 2011-02-17
Views: 6
Neste link: http://ebookbrowse.com/paulo-roberto-de-almeida-o-estudo-das-rela%C3%A7%C3%B5es-internacionais-do-brasil-pdf-d69457440
E o que é preciso pagar:
Step 2 of 3: Membership Options
Your membership is backed by a 7 day satisfaction guarantee.
Signup Now and join the millions of users that share files on the internet
Unlimited Downloads! This is a flat fee with no additional costs per download.
Lifetime Full & Unlimited Access for only 69.95 49.95 - Now Only $32.00! (Best Offer!!!)
2 Years Full & Unlimited Access for only $1.29/Month (save over 80%!)
1 Year Full & Unlimited Access for only $2.29/Month
Unlimited 30-days BitJoe Downloads for your Mobile 119$ - Now Only 9.95$ (Save 90%!)
BitJoe is the World's ONLY Mobile Downloading Software to give you Direct Downloads from your Phone!
Now supports Blackberry & Android devices. Check our site for full compatibility list.
Get Blazing Fast Downloads + 1 Year Download Protection (Free Updates & New releases 1.29/month)
Yes, make all my Searches & Downloads Private with TorrentPrivacy× - 99$ Now Only 9.95.
TorrentPrivacy× is a service that Encrypts your traffic. 1-month test-drive - Limited time offer!
Um livro meu está sendo oferecido, por uma modesta soma, como compete. Mas se trata de cópia pirata, obviamente...
Paulo Roberto de Almeida O estudo das relações internacionais do Brasil pdf
Download Add to your account Copyright Report
Search tags: Relações internacionais pdf, Estudos sociais brasil pdf, Estudos sociais da ciencia
Size: 118 KB
Pages: 18
Date: 2011-02-17
Views: 6
Neste link: http://ebookbrowse.com/paulo-roberto-de-almeida-o-estudo-das-rela%C3%A7%C3%B5es-internacionais-do-brasil-pdf-d69457440
E o que é preciso pagar:
Step 2 of 3: Membership Options
Your membership is backed by a 7 day satisfaction guarantee.
Signup Now and join the millions of users that share files on the internet
Unlimited Downloads! This is a flat fee with no additional costs per download.
Lifetime Full & Unlimited Access for only 69.95 49.95 - Now Only $32.00! (Best Offer!!!)
2 Years Full & Unlimited Access for only $1.29/Month (save over 80%!)
1 Year Full & Unlimited Access for only $2.29/Month
Unlimited 30-days BitJoe Downloads for your Mobile 119$ - Now Only 9.95$ (Save 90%!)
BitJoe is the World's ONLY Mobile Downloading Software to give you Direct Downloads from your Phone!
Now supports Blackberry & Android devices. Check our site for full compatibility list.
Get Blazing Fast Downloads + 1 Year Download Protection (Free Updates & New releases 1.29/month)
Yes, make all my Searches & Downloads Private with TorrentPrivacy× - 99$ Now Only 9.95.
TorrentPrivacy× is a service that Encrypts your traffic. 1-month test-drive - Limited time offer!
Ja virei nome de rua e nao sabia: nao me consultaram para isso...
Bem, provavelmente se trata de outro Paulo Roberto de Almeida, mas ainda assim é bom saber, para visitar e tirar uma foto embaixo da placa, um desses dias.
Vou ver o que fez de bom (só pode ter sido uma grande obra, ou então muito dinheiro...) esse meu homônimo paranaense ou residente de Apucarana.
Paulo Roberto de Almeida
Rua Paulo Roberto de Almeida - Vila Flamboyant - Apucarana PR - CEP
www.consultarcep.com.br/...paulo-roberto-de-almeida/868... - Rua Paulo Roberto de Almeida localizada no bairro de Vila Flamboyant - cidade de Apucarana PR. Confira o CEP da Rua Paulo Roberto de Almeida.
Rua Paulo Roberto de Almeida
A Rua Paulo Roberto de Almeida está localizada no bairro de Vila Flamboyant na cidade de Apucarana PR.
Endereço:
Logradouro: Rua Paulo Roberto de Almeida
CEP: 86804-320
Bairro: Vila Flamboyant
Cidade: Apucarana
UF: PR
mapa neste link: http://www.consultarcep.com.br/pr/apucarana/vila-flamboyant/rua-paulo-roberto-de-almeida/86804320
Vou ver o que fez de bom (só pode ter sido uma grande obra, ou então muito dinheiro...) esse meu homônimo paranaense ou residente de Apucarana.
Paulo Roberto de Almeida
Rua Paulo Roberto de Almeida - Vila Flamboyant - Apucarana PR - CEP
www.consultarcep.com.br/...paulo-roberto-de-almeida/868... - Rua Paulo Roberto de Almeida localizada no bairro de Vila Flamboyant - cidade de Apucarana PR. Confira o CEP da Rua Paulo Roberto de Almeida.
Rua Paulo Roberto de Almeida
A Rua Paulo Roberto de Almeida está localizada no bairro de Vila Flamboyant na cidade de Apucarana PR.
Endereço:
Logradouro: Rua Paulo Roberto de Almeida
CEP: 86804-320
Bairro: Vila Flamboyant
Cidade: Apucarana
UF: PR
mapa neste link: http://www.consultarcep.com.br/pr/apucarana/vila-flamboyant/rua-paulo-roberto-de-almeida/86804320
Epidemia de ideias malucas - Moises Naim
O adjetivo "maluca" é meu, achei mais apropriado.
Ele trata das más ideias em geral, mas se fossemos fazer um inventário daquelas exclusivamente brasileiras, ou seja, das jabuticabas, um artigo só não bastaria; precisaríamos de meio livro, pelo menos.
Paulo Roberto de Almeida
Epidemia de malas ideas
Moisés Naím
El País (España), 10/07/2011
¿Caerá Grecia? ¿Se llevará consigo al euro? ¿Qué sucede si Pakistán entra en un caos político, o si las revueltas árabes producen incontenibles oleadas de refugiados hacia Europa? ¿Qué es más amenazante para la estabilidad de la economía mundial: un eventual estancamiento de China o la explosión de la deuda pública en Estados Unidos? El mundo está lleno de fragilidades y las noticias nos lo recuerdan a diario. Pero también hay otro tipo de fragilidad que, aunque menos visible, puede ser igual de peligrosa: la fragilidad intelectual.
Me refiero a la creciente frecuencia con la que las malas ideas se transforman en decisiones que nos afectan a todos.
Los gobernantes siempre se han mostrado vulnerables a la seducción de las malas ideas, muchas veces potenciadas por intelectuales, periodistas y otros actores influyentes. Pero ahora, las nuevas tecnologías, la globalización y la creciente presión para responder con rapidez y audacia a los problemas -muchos de ellos sin precedentes- han acentuado esta fragilidad. Las malas ideas se popularizan y se esparcen rápidamente por el mundo, antes de que aparezcan sus defectos. Y lo que es peor: enfrentados a las crisis (políticas, económicas, militares), los líderes se ven cada vez más tentados a apostar en grande -vidas, dinero, capital político- basados en ideas espurias. La invasión de Irak es un buen ejemplo, como lo son también la reacción inicial a la crisis económica mundial o, más recientemente, a la de Grecia.
Esto no es nuevo. La historia está salpicada de teorías que se ponen de moda e inspiran políticas, para terminar siendo refutadas o reemplazadas por otras. Algunas, como el comunismo o el fascismo, son construcciones ambiciosas, que proponen una visión total del mundo. Otras son más modestas en su alcance. La teoría de la dependencia, la curva de Laffer popularizada por Ronald Reagan, la presunta superioridad de la cultura gerencial japonesa o la idea de que es inteligente invertir grandes sumas en compañías de Internet sin ingresos fueron conceptos populares, luego demolidos por la realidad.
Igualmente hay buenas ideas que, después de ganar cierta notoriedad, son ignoradas porque resultan políticamente onerosas. La crisis económica puso sobre la mesa la necesidad de dotar al mundo de una "nueva arquitectura financiera". Hoy la necesidad sigue en pie, pero la propuesta ha pasado de moda y ya no cuenta con el apoyo que tenía durante el clímax del pánico financiero.
Si bien el ciclo nacimiento, apogeo y descarte (algunas veces incluso resurrección) ha sido una constante histórica de las ideas que influyen sobre grandes decisiones, su duración se ha abreviado. Esta aceleración se traduce en la volatilidad de las políticas, en detrimento de la adopción de alternativas más sólidas y duraderas.
La creciente necesidad de respuestas para problemas tan nuevos como amenazantes aumenta la probabilidad de que malas ideas se transformen en decisiones. A los jefes de empresa se les exige más resultados y más rápido; los dirigentes políticos se enfrentan a electorados cada vez más impacientes, los funcionarios están obligados a improvisar respuestas a emergencias sin precedentes... Así, las "soluciones milagrosas" e instantáneas se imponen a buenas propuestas que tardan en dar frutos. Aunque tarde o temprano las malas ideas quedan en evidencia y son descartadas, algunas duran lo suficiente como para causar grandes daños. Y cabe el riesgo de que sean sustituidas por una nueva "buena" idea igualmente engañosa y efímera. Un círculo vicioso.
Esta volatilidad intelectual es amplificada por las nuevas tecnologías de la información. Si bien la rapidez y la comodidad con las que nos comunicamos facilitan el escrutinio y la crítica de ideas y propuestas, no es menos cierto que el volumen y la velocidad de la información que circula por estos canales superan nuestra capacidad de discernimiento, aprendizaje, ponderación y reacción. En medio de un flujo continuo de datos, es imposible discriminar el ruido de todo lo demás. Qué idea es válida y qué crítica es ilegítima, tendenciosa o errónea. En este caso, a menudo, más es menos: cuanto más debate, menos claridad. Tanta información aumenta los costes de averiguar a qué y a quién creer.
Como pasa con muchos problemas, la fragilidad intelectual de estos tiempos no tiene remedios simples. Es inevitable que nuestros dirigentes sigan siendo seducidos por imposturas intelectuales, con los consabidos resultados indeseables. Pero, como lo han demostrado tanto los ataques terroristas como la crisis financiera, el primer paso para ser menos vulnerables a los encantos de las malas ideas es reconocer nuestra preocupante propensión a adoptarlas. Es tan prioritario estar alerta a la creciente influencia de las malas ideas como a los terroristas suicidas o a las letales innovaciones financieras.
Ele trata das más ideias em geral, mas se fossemos fazer um inventário daquelas exclusivamente brasileiras, ou seja, das jabuticabas, um artigo só não bastaria; precisaríamos de meio livro, pelo menos.
Paulo Roberto de Almeida
Epidemia de malas ideas
Moisés Naím
El País (España), 10/07/2011
¿Caerá Grecia? ¿Se llevará consigo al euro? ¿Qué sucede si Pakistán entra en un caos político, o si las revueltas árabes producen incontenibles oleadas de refugiados hacia Europa? ¿Qué es más amenazante para la estabilidad de la economía mundial: un eventual estancamiento de China o la explosión de la deuda pública en Estados Unidos? El mundo está lleno de fragilidades y las noticias nos lo recuerdan a diario. Pero también hay otro tipo de fragilidad que, aunque menos visible, puede ser igual de peligrosa: la fragilidad intelectual.
Me refiero a la creciente frecuencia con la que las malas ideas se transforman en decisiones que nos afectan a todos.
Los gobernantes siempre se han mostrado vulnerables a la seducción de las malas ideas, muchas veces potenciadas por intelectuales, periodistas y otros actores influyentes. Pero ahora, las nuevas tecnologías, la globalización y la creciente presión para responder con rapidez y audacia a los problemas -muchos de ellos sin precedentes- han acentuado esta fragilidad. Las malas ideas se popularizan y se esparcen rápidamente por el mundo, antes de que aparezcan sus defectos. Y lo que es peor: enfrentados a las crisis (políticas, económicas, militares), los líderes se ven cada vez más tentados a apostar en grande -vidas, dinero, capital político- basados en ideas espurias. La invasión de Irak es un buen ejemplo, como lo son también la reacción inicial a la crisis económica mundial o, más recientemente, a la de Grecia.
Esto no es nuevo. La historia está salpicada de teorías que se ponen de moda e inspiran políticas, para terminar siendo refutadas o reemplazadas por otras. Algunas, como el comunismo o el fascismo, son construcciones ambiciosas, que proponen una visión total del mundo. Otras son más modestas en su alcance. La teoría de la dependencia, la curva de Laffer popularizada por Ronald Reagan, la presunta superioridad de la cultura gerencial japonesa o la idea de que es inteligente invertir grandes sumas en compañías de Internet sin ingresos fueron conceptos populares, luego demolidos por la realidad.
Igualmente hay buenas ideas que, después de ganar cierta notoriedad, son ignoradas porque resultan políticamente onerosas. La crisis económica puso sobre la mesa la necesidad de dotar al mundo de una "nueva arquitectura financiera". Hoy la necesidad sigue en pie, pero la propuesta ha pasado de moda y ya no cuenta con el apoyo que tenía durante el clímax del pánico financiero.
Si bien el ciclo nacimiento, apogeo y descarte (algunas veces incluso resurrección) ha sido una constante histórica de las ideas que influyen sobre grandes decisiones, su duración se ha abreviado. Esta aceleración se traduce en la volatilidad de las políticas, en detrimento de la adopción de alternativas más sólidas y duraderas.
La creciente necesidad de respuestas para problemas tan nuevos como amenazantes aumenta la probabilidad de que malas ideas se transformen en decisiones. A los jefes de empresa se les exige más resultados y más rápido; los dirigentes políticos se enfrentan a electorados cada vez más impacientes, los funcionarios están obligados a improvisar respuestas a emergencias sin precedentes... Así, las "soluciones milagrosas" e instantáneas se imponen a buenas propuestas que tardan en dar frutos. Aunque tarde o temprano las malas ideas quedan en evidencia y son descartadas, algunas duran lo suficiente como para causar grandes daños. Y cabe el riesgo de que sean sustituidas por una nueva "buena" idea igualmente engañosa y efímera. Un círculo vicioso.
Esta volatilidad intelectual es amplificada por las nuevas tecnologías de la información. Si bien la rapidez y la comodidad con las que nos comunicamos facilitan el escrutinio y la crítica de ideas y propuestas, no es menos cierto que el volumen y la velocidad de la información que circula por estos canales superan nuestra capacidad de discernimiento, aprendizaje, ponderación y reacción. En medio de un flujo continuo de datos, es imposible discriminar el ruido de todo lo demás. Qué idea es válida y qué crítica es ilegítima, tendenciosa o errónea. En este caso, a menudo, más es menos: cuanto más debate, menos claridad. Tanta información aumenta los costes de averiguar a qué y a quién creer.
Como pasa con muchos problemas, la fragilidad intelectual de estos tiempos no tiene remedios simples. Es inevitable que nuestros dirigentes sigan siendo seducidos por imposturas intelectuales, con los consabidos resultados indeseables. Pero, como lo han demostrado tanto los ataques terroristas como la crisis financiera, el primer paso para ser menos vulnerables a los encantos de las malas ideas es reconocer nuestra preocupante propensión a adoptarlas. Es tan prioritario estar alerta a la creciente influencia de las malas ideas como a los terroristas suicidas o a las letales innovaciones financieras.
Assinar:
Comentários (Atom)
Postagem em destaque
Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida
Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...
-
FAQ do Candidato a Diplomata por Renato Domith Godinho TEMAS: Concurso do Instituto Rio Branco, Itamaraty, Carreira Diplomática, MRE, Diplom...
-
Uma preparação de longo curso e uma vida nômade Paulo Roberto de Almeida A carreira diplomática tem atraído número crescente de jovens, em ...
-
Liberando um artigo que passou um ano no limbo: Mercosul e União Europeia: a longa marcha da cooperação à associação Recebo, em 19/12/2025,...
-
Homeric Epithets: Famous Titles From 'The Iliad' & 'The Odyssey' Word Genius, Tuesday, November 16, 2021 https://www.w...
-
Quando a desgraça é bem-vinda… Leio, tardiamente, nas notícias do dia, que o segundo chanceler virtual do bolsolavismo diplomático (2019-202...
-
Textos sobre guerra e paz, numa perspectiva histórica e comparativa Paulo Roberto de Almeida 5136. “A Paz como Projeto e Potência”, Brasília...
-
Alternâncias e conformismo na diplomacia brasileira Paulo Roberto de Almeida Em democracias vibrantes, com alternância de poder, a polític...
-
Minha preparação prévia a um seminário sobre a ordem global, na UnB: 5152. “ A desordem mundial gerada por dois impérios, contemplados por...
-
Mais recente trabalho publicado: 1609. “Política externa e diplomacia do Brasil: convergências e dissonâncias em perspectiva histórica”. P...
