sábado, 23 de julho de 2011

Agencia Nacional da Propina (deveria ser petroleo, mas sabem como essas coisas derivam...)

Petróleo, propina, um mundo negro, sem dúvida.
O Roberto Ardenghy citado ao final é (ou pelo menos era) diplomata...
Paulo Roberto de Almeida

Agência Nacional da Propina (trecho)
DIEGO ESCOSTEGUY, COM MURILO RAMOS
Revista Época, 23/07/2011
ÉPOCA obteve vídeos, documentos e cheques que revelam como o aparelhamento partidário transformou a Agência Nacional do Petróleo numa central de achaque e extorsão
PROVAS DA EXTORSÃO
Com a ajuda do MP, a advogada Vanuza Sampaio gravou um encontro que manteve com dois assessores da ANP, que exigem propina de R$ 40 mil para resolver um problema de um cliente dela. Abaixo, trecho do depoimento prestado pela advogada ao MP, no qual ela detalha o caso, e o cheque que um dos assessores da ANP recebeu de um advogado ligado ao maior adulterador de combustível do país
Às 16h23 do dia 5 de maio de 2008, uma segunda-feira, dois assessores da Agência Nacional do Petróleo (ANP) encaminharam-se discretamente ao escritório da advogada Vanuza Sampaio, no centro do Rio de Janeiro. Os dois, Antonio José Moreira e Daniel Carvalho de Lima, acomodaram-se na sala de reuniões do escritório, tomaram cafezinho e conversaram por alguns minutos sobre amenidades. Ato contínuo, a advogada Vanuza assomou à porta. Vanuza é a advogada com mais volume de processos na ANP; conhece profundamente a agência. Tem como clientes distribuidoras de combustível, postos e empresários do setor de petróleo e gás – todos dependem da ANP para tocar seus negócios. Depender da ANP, conforme investigou ÉPOCA nos últimos dois meses, significa sofrer continuamente o assédio de tipos como Moreira e Daniel. Não são os únicos. Há muitos como eles. Mas, para a turma que transformou a ANP num cartório de extorsão, aquela não era uma segunda-feira tão ordinária. Daquela vez, dois deles foram gravados em vídeo, em pleno expediente subterrâneo. ÉPOCA obteve cópia dessa gravação, que integra uma investigação sigilosa do Ministério Público Federal e da Polícia Federal.

A pedido de ÉPOCA, a autenticidade do vídeo foi atestada pelo perito Ricardo Molina. “A gravação é autêntica e não sofreu nenhuma manipulação”, disse Molina. O vídeo tem 53 minutos, três personagens e um repertório espantoso de ilegalidades, abusos e escracho com a coisa pública. São 53 minutos de corrupção exposta em seu sentido mais puro. Não há nenhum vestígio de decoro. O eventual medo de ser pilhado desaparece e cede lugar ao deboche. Não há diálogo em código ou fraseado evasivo. É tudo dito na lata. Esse descaso pode ser explicado pela impunidade com que a longeva máfia dos combustíveis atua no país. Nos últimos anos, a PF e o MP já produziram provas robustas contra expoentes desse grupo. Até o Congresso criou uma CPI para investigar os crimes – que engendrou ainda mais corrupção.

Usina de malfeitores
Propina de R$ 40 mil, divisão de dinheiro sujo, achaque a empresas: há de tudo no vídeo de corrupção da ANP

“Quarenta mil reais é razoável?”
Neste trecho, os dois assessores da ANP (Antonio José Moreira e Daniel Carvalho de Lima) dizem à advogada Vanuza Sampaio que a Petromarte, cliente dela, terá de pagar R$ 40 mil de propina para resolver uma pendência na agência – com o aval do então superintendente de abastecimento da ANP, Edson Silva, dirigente do PCdoB

Moreira: Eu conversei com o Edson (superintendente da ANP) e ele não tinha muita noção de valores, você entende? Aí ele falou que era possível, que ia mexer. Mas ele é lento.
Advogada: É baiano.
Moreira: Baiano... Aí ele me falou: “Ó, você não quer conversar agora em torno de 40 mil reais? Você acha razoável? Quanto você acha razoável?”. Falei “não sei, Edson, não sei quantificar, não sei valor”. E foi a primeira vez que aconteceu alguma coisa. A gente pode estabelecer um bom relacionamento. Aí ele falou isso, que ficaria com 25 (mil reais) e daria 15 (mil reais) pra vocês. Esse é do Rodomarte. É... É do Petromarte.

"É para arrancar dinheiro mesmo?"
Depois de cobrar a propina, os assessores oferecem uma parceria à advogada Vanuza. Querem que ela achaque a empresa Rodonave, objeto de um processo na ANP.
Vanuza se espanta:
“Mas é para arrancar dinheiro mesmo?”

Moreira: Tá na minha mão um processo... O interesse é muito grande. (Empresa) tradicional chamada Rodonave, de Manaus.
Advogada: Mas por que querem cancelar o registro dela? (...) É para arrancar dinheiro?
Moreira: Não sei... não, eu acho que não é para arrancar dinheiro (...) Eu também não queria me indispor, chegar e ligar para a Rodonave... Então, se você tiver interesse, te dou uma orientada.

Lógica Petista
Em seguida, os três põem-se a discutir as diferenças entre os corruptos da agência. Roberto Ardenghy, antecessor de Edson Silva na Superintendência de Abastecimento, é citado como exemplo de negociante voraz. Diz o assessor Moreira: “Ele tinha uma lógica muito à petista. Era muito para ele”

Advogada: Ele (Ardenghy) sempre me travou de uma forma muito inteligente. Só hoje consigo ver o que ele ganhava de um outro lado.
Moreira: (...) Era uma lógica muito à petista. Era muito pra ele e ele avançava também para todos os lados (...) Uma vez eu trouxe um caso, ele queria cobrar muito. Falei “Ardenghy, não é o momento de cobrar muito”. Ele falou “não, mas se a gente não cobrar muito (...) Se a gente cobrar pouco, você vê fantasmas todos os dias”.

Um contribuinte ordinario (certamente raivoso): elle mesmo...

Todas as vezes em que eu sou convidado para algum trabalho remunerado, geralmente uma informação tópica, uma espécie de consultoria sobre algum assunto de minha especialidade, eu fico pensando se vale realmente a pena perder noites e noites pesquisando, coletando dados, escrevendo, revisando, enfim, fazendo o que me pediram, em função justamente da remuneração final.
O fato é que, entre o pagamento prometido, ou anunciado, e o pagamento efetivado, vai uma distância que pode chegar a um terço da remuneração anunciada.
Isto se deve a que, do montante acertado são inapelavelmente descontados as taxas, impostos e contribuições a um sócio que para mim permanece completamente desconhecido, mas sempre arranja um jeito de meter a mão no meu bolso: o Estado federal, o governo estadual e a administração municipal.
O pagamento não é obviamente muito grande, pois não estou mo mercado "capitalista", se me permitem a expressão, apenas no de instituições independentes, não governamentais, que encomendam algum paper -- e devo alertar que isto acontece apenas algumas vezes, muito raras mesmo -- mas mesmo assim o sócio não convidado sempre está presente, mesmo sem que eu me dê conta disso. Na verdade, ele nem mete a mão no meu bolso, já retira o dele na fonte, antes que eu receba.
Geralmente é assim: 27.5% para o Imposto de Renda, do grande irmão federal, mais 11% de INSS (a tal da previdência que vai falir antes que eu me aposente), e o imposto sobre serviços (nem me lembro quanto é, exatamente). Enfim, no total, sobre a mais ou menos 33%, ou seja, um terço do que tinha sido acertado na origem.
Ou seja, sem ter feito absolutamente nada, nadica de peteberebas para meu trabalho, o Estado se apropria de uma parte substancial de uma justa remuneração pelo meu esforço, a ponto de quase me fazer desistir de empreender ou assumir trabalhos assim remunerados. Prefiro fazer gratuitamente, pois pelo menos assim tenho certeza de que o Estado não vai coletar nada que não tenha merecido ou oferecido em contrapartida. No máximo, ele me forneceu a eletricidade que permite o funcionamento do computador, e nada mais além disso. Eletricidade, aliás, que vale apenas e exatamente menos de um terço do preço cobrado na fatura, pois o resto é distribuição (menos de 20%) e aproximadamente 50% são impostos, taxas e contribuições, algumas verdadeiramente absurdas.
Enfim, tudo isso, apenas para transcrever uma matéria apropriada sobre um personagem que agora vai, supostamente, contribuir tanto quanto eu para os órgãos extratores...
Paulo Roberto de Almeida

Pagar, doar, contribuir
NELSON MOTTA
O Estado de S.Paulo, Sábado, 23 de Julho de 2011

Lula já tem agendadas 23 palestras até o fim do ano no Brasil e no exterior, que devem lhe render no mínimo 6 milhões de reais. Somando-se o que já faturou até agora, e o que ainda virá, vai fechar o seu ano fiscal bem acima dos 10 milhões. Nada mal para um primeiro ano de atividades, nada contra também, muito pelo contrário, ele merece, vale quanto pesa. Na sociedade de livre mercado ele está valorizado e é justo que seu custo seja proporcional aos benefícios que traz aos que o pagam.

Ver a cara, a fúria e os palavrões de Lula ao assinar sua declaração de renda e preencher um cheque de pelo menos 3 milhões de reais para a Receita Federal não tem preço.

Lula vai sentir na própria carne a sensação de quem trabalhou, viajou, se esforçou, se cansou e aturou chatos durante quatro meses do ano, exclusivamente para alimentar o Leão.

Mas depois das mordidas, dos milhões que vão lhe sobrar, quanto ele vai doar ao PT, ao Instituto Lula, a causas sociais? Mas como doação mesmo, não como renuncia fiscal via Lei Rouanet ou do ICMS, que é outra incógnita: que artistas e ONGs merecerão fatias de renuncia fiscal da empresa de palestras de Lula? Velhos companheiros já estão sonhando com doações generosas de seu rico correligionário para as campanhas eleitorais de 2012.

Com certeza ele sabe muito bem como, onde, por que e por quem são gastos os nossos impostos. Agora vai sentir como os quatro meses de trabalho dele são torrados. Porque imposto no bolso dos outros não é refresco, é verba pública.

O vício já vem do verbo: pagar ou contribuir? Enquanto nos Estados Unidos e na Inglaterra os pagadores de impostos e taxas são chamados de "tax payers", aqui nos chamam de contribuintes, que logo remete a algo facultativo, circunstancial:

"O senhor pode contribuir para a nossa obra social?" "Agora não dá, passa na semana que vem, tá?"

Assim, as contrapartidas do Estado também ficam relativas e opcionais. Pagadores se sentem com muito mais moral e autoridade para cobrar serviços e ações do Estado do que meros contribuintes.

Lula vai sentir no bolso as diferenças entre uns e outros.

Petrobras, e seus investimentos bilionarios: 2011-2015

A Petrobras é uma grande companhia, e talvez merecesse conselheiros melhores do que os que dispõe atualmente. Quero me referir a conselheiros que aconselhassem a companhia como uma companhia de mercado, não como um instrumento do Estado, ou a ferramenta de um grupo, ou melhor dizendo, de um partido, com todas as idiossincrasias e equizofrenias desse partido.
Ela já foi muito utilizada politicamente no passado, e não merece servir de algo para o que não deveria servir, pois sua missão é pura e simplesmente de buscar petróleo e de colocar esse petróleo à disposição da economia brasileira (ou até internacional), não ficar alimentando caixa de partidos ou sindicatos, ou deformar as regras do jogo econômico exercendo monopólios indevidos e distorcendo preços de mercado.
Infelizmente ela foi colocada a serviço de um ideia, que pode não ser a melhor para o desenvolvimento do Brasil (mas talvez seja para o caixa de certos grupos e para o bolso de certas pessoas).
Não constam da postagem abaixo as tabelas e gráficos que ilustram esse plano de negócios.
Para ver o documento por completo, seguir este link: http://www.petrobras.com.br/ri/publicador/arq/126/arq_126_12239.pdf
Paulo Roberto de Almeida

Prezado(a) Sr/Sra Paulo Roberto Almeida,

Plano de Negócios 2011 - 2015

Rio de Janeiro, 22 de julho de 2011 – Petróleo Brasileiro S.A. –

Petrobras comunica que seu Conselho de Administração aprovou hoje o Plano de Negócios 2011-2015, com investimentos totalizando US$ 224,7 bilhões (R$ 389 bilhões).

Os principais destaques do Plano são:

(i) maior concentração dos investimentos no segmento de Exploração e Produção, cuja participação no total dos investimentos passou de 53% do Plano anterior para 57% no Plano atual;

(ii) concentração (87%) dos investimentos em E&P também nos novos projetos incluídos no portfólio, com destaque para o desenvolvimento das áreas do pré-sal e da Cessão Onerosa;

(iii) inclusão no Plano, pela primeira vez, de um programa de desinvestimento em um montante de US$ 13,6 bilhões, visando maior eficiência na gestão dos ativos da Companhia e rentabilidade;

(iv) cenário positivo da economia brasileira, com crescimento vigoroso na demanda de derivados;

(v) curva de produção continua fortemente ascendente em função do início da produção de campos maiores e mais produtivos;

(vi) a Companhia espera duplicar suas reservas provadas até 2020;

(vii) financiabilidade calcada principalmente na geração de caixa própria, e, em relação aos recursos de terceiros, baseada apenas na contratação de novas dívidas, sem considerar emissão de ações. A necessidade de financiamento líquida, descontando a amortização, apresenta valor mínimo de US$ 7,2 bilhões por ano e valor máximo de US$ 12 bilhões por ano, de acordo com os cenários utilizados para a análise.

(viii) preserva as condições de grau de investimento.

O Plano de Negócios 2011-2015 prevê a aplicação de 95% dos investimentos
(US$ 213,5 bilhões) nas atividades desenvolvidas no Brasil e 5% (US$ 11,2 bilhões) nas atividades do exterior, contemplando um total de 688 projetos. Em relação ao total dos investimentos, 57% se refere a projetos já autorizados para execução e implementação. A tabela abaixo apresenta os investimentos por segmento de negócio.

Plano de Negócios 2011-2015 (US$ bilhões)
(ver link acima indicado)

Em relação à carteira de projetos que representava US$ 224 bilhões de investimentos no Plano 2010-14, foram retirados projetos equivalentes a US$ 10,8 bilhões. Os projetos mantidos em carteira apresentaram os seguintes impactos no total de investimento do novo Plano: aumento de US$ 8,6 bilhões pelo impacto da taxa de câmbio e aumento de US$ 1,5 bilhão em função de alteração do orçamento; decréscimo de US$ 6,4 bilhões em função da alteração de escopo, redução de US$ 23,7 bilhões pela alteração do cronograma dos projetos e US$ 0,6 bilhões pela alteração do modelo de negócio. Por fim, foram incluídos novos projetos no valor de US$ 32,1 bilhões, resultando no valor de US$ 224,7 bilhões de investimentos para os próximos cinco anos.

Especificamente para o ano de 2011, a Companhia está ajustando seu orçamento de investimento de R$ 93 bilhões para R$ 84,7 bilhões. Quando comparado com o realizado em 2010 (R$ 76,4 bilhões) representa elevação de 11%.

Em relação aos novos projetos incluídos no Plano, 87% do valor dos investimentos é dedicado à área de E&P, sendo que boa parte representa investimentos relativos à Cessão Onerosa (US$ 12,4 bilhões), compreendendo projetos de alta geração de caixa em função da Participação Especial já ter sido paga na aquisição dos barris e das sinergias com as grandes descobertas do pré-sal.

A meta de produção de óleo e LGN (líquido de gás natural) no Brasil para 2011 foi mantida em 2.100 mil bpd (barris de petróleo/dia) e a de produção total de óleo e gás no Brasil e exterior em 2.772 mil boed (barris de óleo equivalente/dia). A meta de produção total para o horizonte de cinco anos apresentou um aumento em relação ao Plano anterior, alcançando 3.993 mil boed em 2015, sendo 3.070 mil bpd de produção de óleo e LGN no Brasil (543 mil boed referentes ao pré-sal). A meta de longo prazo apresentou significativo crescimento, passando de 5.382 mil boed para 6.418 mil boed em 2020 (4.910 mil bpd referente à produção de óleo no Brasil) devido basicamente ao aumento da participação da produção esperada do pré-sal e à introdução da produção nas áreas da Cessão Onerosa.

Metas de Produção de Óleo e Gás (Mil boed/dia)
(ver link acima indicado)

O segmento de Exploração e Produção receberá investimentos de US$ 127,5 bilhões. Desse total, US$ 117,7 estão direcionados as atividades de E&P no Brasil, sendo 65% para desenvolvimento da produção, 18% para exploração e 17% para infra-estrutura. Os investimentos no pré-sal correspondem a 45% do valor total do E&P no Brasil e aproximadamente 50% do montante destinado ao desenvolvimento da produção. A participação do pré-sal na produção nacional de petróleo passará da estimativa de 2% em 2011 para 40,5% em 2020.

O aumento da participação da produção do pré-sal na curva de produção está relacionado aos maiores investimentos nesses ativos e, principalmente, a elevada eficiência já comprovada nos Testes de Longa Duração (TLD) e projeto piloto de Lula. O primeiro poço a produzir em escala comercial no pré-sal do campo de Lula já é o poço mais produtivo da Companhia.

Em relação aos blocos da Cessão Onerosa, a Companhia está considerando a perfuração de dez poços exploratórios, contemplados pelo programa exploratório mínimo exigido pelo contrato, e a entrada em produção do primeiro FPSO da área em Franco 1, com capacidade de produção de 150 mil boed em 2015. Além do desenvolvimento dos projetos que já integravam a carteira do segmento, a Companhia também está considerando impulsionar o Projeto Varredura, cujo objetivo é o mapeamento de oportunidades exploratórias próximas a infra-estrutura existente ou passível de remanejamento. Foram mapeados 284 prospectos nas Bacias de Espírito Santos e Campos e as descobertas nessas áreas já apresentaram uma estimativa de volume recuperável de pelo menos 2.235 milhões de barris de óleo.

O segmento de Refino, Transporte e Comercialização tem investimentos previstos de US$ 70,6 bilhões. A estratégia visa expandir a capacidade de refino de forma a atender a totalidade da demanda esperada no mercado nacional de derivados. A expectativa é de um forte crescimento da demanda doméstica, de aproximadamente 3,8% a.a. no cenário base e 4,5% no cenário alternativo até 2020, como conseqüência do crescimento esperado da economia brasileira. Neste sentido, aproximadamente US$ 35,4 bilhões (50,1%) estão sendo alocados na ampliação do parque de refino. Essa dinâmica requer investimentos não apenas em novas unidades, mas também em melhoria operacional, ampliação de frota e logística (US$ 17,6 bilhões). Os investimentos em qualidade de derivados (redução de enxofre) totalizam aproximadamente US$ 16,9 bilhões entre 2011 e 2015, e visam concluir os investimentos necessários para atender a legislação local.

Com relação ao aumento da capacidade de processamento de petróleo, metas específicas de redução de custo na construção das novas refinarias foram definidas e devem ser alcançadas na elaboração dos projetos de construção e pelo programa de redução de custos operacionais.

Mercado de Derivados de Petróleo no Brasil
(ver link acima indicado)

No segmento petroquímico, que conta com US$ 3,8 bilhões de investimentos para o período do Plano, está mantida a estratégia de ampliar a produção de petroquímicos e de biopolímeros através de participações societárias. No que tange os projetos da área, vale destacar a implantação da Petroquímica Suape.

O segmento de Gás e Energia receberá US$ 13,2 bilhões. Com a conclusão da implementação de um primeiro ciclo de investimentos visando a consolidação da infraestrutura de transporte do gás, os investimentos deste Plano serão direcionados para o segundo ciclo de investimentos de forma a assegurar mercado ao gás associado à produção de petróleo, particularmente à produção do pré-sal. A maior parte dos investimentos no setor, aproximadamente US$ 9 bilhões, visa atender o mercado consumidor incluindo ampliação das térmicas a gás e das plantas de transformação química do gás natural em fertilizantes. Os demais investimentos estão direcionados principalmente à construção de terminais de regasificação de GNL e de liquefação/processamento de gás natural.

Balanço da Oferta e Demanda de Gás Natural no Brasil
(milhões de m3/dia)
(ver link acima indicado)

O negócio de Distribuição irá receber investimentos de US$ 3,1 bilhões, com destaque para os investimentos em logística visando acompanhar o crescimento do mercado domestico e atender demandas legais/ regulatórias.

O segmento de Biocombustíveis receberá US$ 4,1 bilhões, sendo US$ 2,8 bilhões em investimentos diretos através da subsidiária integral Petrobras Biocombustível (PBIO), dos quais US$ 1,9 bilhão no negócio Etanol, e US$ 1,3 bilhão na logística de distribuição. As metas do segmento implicam na oferta de 5,6 milhões de m3 de etanol em 2015 (incluindo os parceiros), para alcançar a participação no mercado brasileiro de 12%, considerando a projeção de aumento da demanda do mercado de etanol automotivo para 46,5 milhões de m3 em 2015.

Apesar do maior direcionamento dos investimentos no mercado doméstico, na área internacional serão investidos aproximadamente US$ 11 bilhões, com foco no desenvolvimento da exploração e produção no Golfo do México e Costa Oeste da África (Nigéria). O segmento de E&P representa aproximadamente 87% do total dos investimentos no exterior.

A responsabilidade social e ambiental permanece como um dos pilares do crescimento da Petrobras e foram mantidos os desafios de referência internacional em responsabilidade social e na gestão dos negócios.

Na área de Segurança, Meio Ambiente, Eficiência Energética e Saúde (SMES) serão investidos US$ 4,2 bilhões, US$ 2,7 bilhões na área de Tecnologia da Informação e Telecomunicações (TIC) e US$ 4,6 bilhões em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) totalizando um investimento de US$ 11,5 bilhões.

Metas corporativas foram definidas visando minimizar o impacto potencial de nossas atividades sobre o meio ambiente, promover a segurança das pessoas e dos processos e preservar a saúde da força de trabalho, atingindo patamares de excelência na indústria de petróleo & gás e contribuindo para a sustentabilidade do negócio. Seis novos indicadores ambientais foram incluídos como metas, com destaque para o Índice de Emissão de Carbono (IEC), e índices de eficiência energética.

Com relação à área de recursos humanos, as principais políticas na área estão direcionadas para a atração e retenção de talentos, treinamento e desenvolvimento, plano de carreira dos funcionários e gestão do conhecimento. É esperado um crescimento do efetivo do grupo Petrobras de 80.492 empregados atuais para 103.030 em 2015. No que se refere à gestão, vale destacar a criação de Gerências Executivas nas áreas de negócio que se dedicarão a implantação/ gerenciamento dos projetos, com o objetivo de buscar maior eficiência na implantação e a simplificação dos projetos, melhoria nos processos, e acompanhamento dos recursos críticos.

A Companhia avalia positivamente o desenvolvimento da cadeia de fornecedores nacionais e a entrada de empresas estrangeiras no mercado doméstico, não apenas pelas externalidades positivas geradas pela proximidade geográfica e o desenvolvimento de parcerias tecnológicas, mas também pelos benefícios gerados pela diversificação da base de fornecedores de bens e serviços. Para impulsionar esse desenvolvimento, a Companhia buscará consolidar as demandas e realizar contratações de longo prazo com requisitos de conteúdo local crescentes; implementar ações para aumentar a participação dos subfornecedores nacionais; apoiar o desenvolvimento de empresas nacionais inovadoras; agregar novos fornecedores (atualmente fora da cadeia); apoiar iniciativas de capacitação de pessoal e ampliar o apoio ao Programa Progredir, destinado a melhorar a financiabilidade da cadeia de fornecedores.

Por fim, a Companhia apresenta as principais premissas no que se referem à financiabilidade do Plano que considera dois cenários: (A) cenário base com preço do barril tipo Brent no valor de US$ 110 para 2011 e US$ 80 para os demais anos do Plano e Preço Médio de Referência dos produtos vendidos pela Petrobras ao longo do período do Plano de 158 R$/bbl; (B) cenário alternativo, para análise de sensibilidade, com preço do barril tipo Brent no valor de US$ 110 para 2011 e US$ 95 para os demais anos do Plano e Preço Médio de Referência de 177 R$/bbl. Outras variáveis que influenciam as estimativas de fluxo de caixa são: curva de produção, crescimento do mercado brasileiro, percentual de investimento realizado, custos operacionais e taxa de câmbio, que foi considerada a mesma para os dois cenários (média de R$1,73/US$). Considerando todas essas variáveis, esperamos gerar um fluxo de caixa das atividades operacionais, após o pagamento de dividendos, entre US$ 125,0 e US$148,9 bilhões no período 2011-2015, para os cenários A e B respectivamente.

A geração operacional de caixa se mantém como a principal fonte de financiamento dos investimentos da Companhia, e a ela foi adicionado pela primeira vez um programa de desinvestimentos e reestruturação de ativos no montante de US$ 13,6 bilhões. Os recursos adicionais necessários para o financiamento do Plano serão captados exclusivamente através da contratação de novas dívidas, junto às diversas fontes de financiamento que a Companhia tem acesso no Brasil e exterior, e não contempla emissão de ações.

Considerando o intervalo de geração de caixa para os cenários apresentados, a Companhia projeta uma necessidade de financiamento entre US$ 67,0 e US$ 91,4 bilhões. A necessidade de financiamento líquido, excluindo a amortização, representa uma média de captação que varia entre US$ 7,2 bilhões por ano e US$ 12 bilhões por ano. A meta de alavancagem financeira média de 25-35% está mantida, assim como o limite máximo do indicador dívida líquida/EBITDA de até 2,5x, indicando o nosso comprometimento com o grau de investimento. Segue abaixo quadro resumo com as principais premissas dos cenários utilizados.

Geração de Caixa e Investimentos
(ver link acima indicado)

Almir Guilherme Barbassa
Diretor Financeiro e de Relações com Investidores
Petróleo Brasileiro S.A. – Petrobras

Atenciosamente,
Relacionamento com Investidores

www.petrobras.com.br/ri
Para mais informações: PETRÓLEO BRASILEIRO S. A. – PETROBRAS
Relacionamento com Investidores I
E-mail: petroinvest@petrobras.com.br / acionistas@petrobras.com.br
Av. República do Chile, 65 - 2202 - B - 20031-912 - Rio de Janeiro, RJ I Tel.: 55 (21) 3224-1510 / 9947 I 0800-282-1540

Este documento pode conter previsões segundo o significado da Seção 27A da Lei de Valores Mobiliários de 1933, conforme alterada (Lei de Valores Mobiliários), e Seção 21E da lei de Negociação de Valores Mobiliários de 1934, conforme alterada (Lei de Negociação) que refletem apenas expectativas dos administradores da Companhia. Os termos “antecipa”, “acredita”, “espera”, “prevê”, “pretende”, “planeja”, “projeta”, “objetiva”, “deverá”, bem como outros termos similares, visam a identificar tais previsões, as quais, evidentemente, envolvem riscos ou incertezas previstos ou não pela Companhia. Portanto, os resultados futuros das operações da Companhia podem diferir das atuais expectativas, e o leitor não deve se basear exclusivamente nas informações aqui contidas.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Venezuela: situacao politica - Diplomacia brasileira

Abaixo, teor de carta que a esposa de um prisioneiro político de Hugo Chávez encaminhou, via Embaixada do Brasil em Caracas, à presidente Dilma Rousseff, no final de maio último, pedindo sua intercessão em favor do esposo, opositor político do governo venezuelano atual e vítima de uma armação das mais vergonhosas contra seus direitos políticos, sociais e até humanos.
Não se conhece a resposta da recipiendária, ou se houve resposta, qualquer uma...
Os links e outras informações podem ser obtidos neste link: http://www.alejandrolibre.net/unoPAG/noticia.php?id=679

Esposa de Peña Esclusa apela a Dilma Roussef
Por AlejandroLibre, Jueves, 02 de Junio de 2011

La esposa del prisionero político venezolano envió una carta a la presidenta Roussef pidiéndole que ella interceda ante Chávez

Aprovechando la visita oficial que el presidente de Venezuela Hugo Chávez hará al Brasil el próximo lunes, Indira de Peña Esclusa, esposa del prisionero político Alejandro Peña Esclusa, envió una carta a la presidenta Dilma Roussef pidiéndole que ella interceda ante Chávez por la liberación de su marido, quien sufre de cáncer y está en prisión “sin recibir tratamiento alguno”.

En la carta, que será protocolizada hoy en la Embajada de Brasil en Venezuela, Indira informa que su marido “se encuentra detenido en los sótanos de la policía política venezolana, el Servicio Bolivariano de Inteligencia Nacional (SEBIN), desde el 12 de julio de 2010″.

Seguidamente, intercede ante ella mencionando dos semejanzas entre Dilma y Alejandro: la enfermedad – “de la cual usted también fue víctima”; y la prisión – “usted fue una prisionera política y conoce como eso nos afecta a la familia”.

Alejandro, escribe su esposa, está encarcelado “sin siquiera comenzar el juicio en su contra”, y sufre de un cáncer de próstata. “Durante este tiempo, mi marido no ha recebido el tratamiento médico que su caso requiere, lo cual aumenta seriamente el riesgo de una metástasis”.

El texto dice que “las personalidades que se han pronunciado en su favor solicitaron al gobierno venezolano una medida cautelar de juicio en libertad para que pueda enfrentar su problema de salud y el juicio”. Y pide que Dilma le recuerde a Chávez “los deberes como Jefe de un Estado que firmó tratados internacionales sobre derecho humanitario”.

Lea la carta entera:

Caracas, 27 de mayo de 2010

Excelentísima
Sra. Dilma Roussef [sic]
Presidenta de la República Federativa del Brasil
Brasilia.-

Tengo en honor de dirigirme a usted para plantearle el caso de mi esposo, el prisionero político Alejandro Peña Esclusa, quien se encuentra detenido en los sótanos de la policía política venezolana Servicio Bolivariano de Inteligencia (SEBIN) desde hace el 12 de julio del 2010, casi un año. (1)

Acudo específicamente a usted por varios motivos: Primero, mi marido padece de cáncer, enfermedad de la cual usted también fue víctima, y hoy constituye un ejemplo de superación.

Segundo, usted fue una prisionera política, como lo es hoy mi esposo, y conoce como eso nos afecta en la familia, tengo 22 años casada con Alejandro y tenemos tres hijas menores de edad. Tercero, usted es mujer y madre, tal como lo soy yo y nosotras sabemos que por nuestra familia somos capaces de luchar hasta agotar el último aliento. Y cuarto, usted se reunirá con el presidente Hugo Chávez durante los primeros días de junio.

Anexo encontrará un breve resumen del caso de mi esposo (2), quien es considerado prisionero político por altos jerarcas de la Iglesia Católica venezolana (3), instituciones como el Parlamento Europeo, la Asamblea Parlamentaria del Consejo de Europa (4) y tantas otras organizaciones y personalidades mundiales, incluyendo diputados y senadores de toda América Latina.

Yo misma presenté su caso en Washington en una audiencia pública que llevó a cabo ante la Comisión Interamericana de Derechos Humanos (CIDH), el pasado 29 de marzo (5).

La semana pasada, el diputado boliviano Adrián Oliva vino a Venezuela, en representación de 37 parlamentarios de su país, para abogar ante el gobierno venezolano por la libertad de Alejandro. Él explicaba en las entrevistas que ofreció en los medios de comunicación caraqueños que “la política y la ideología terminan donde comienza el derecho humanitario” (6).

Ciertamente, mi esposo es un opositor al gobierno venezolano, pero siempre ha enmarcado su labor dentro de los cauces pacíficos, democráticos y constitucionales (7), lo cual le ha costado vivir bajo el estigma de “enemigo” y ser víctima de calumnias inverosímiles, que luego se convirtieron en persecución judicial, como él mismo denuncio personalmente ante la CIDH el 02 de septiembre de 2009 antes de ser encarcelado.

Está detenido desde el pasado 12 de julio de 2010, sin siquiera comenzar el juicio en su contra, con una situación de salud muy preocupante, porque padece de cáncer de próstata. Durante todo este tiempo, mi marido no ha recibido el tratamiento médico que requiere, lo cual aumenta seriamente el riesgo de que se produzca una metástasis (8).

Las personalidades que se han pronunciado públicamente en favor de mi esposo han solicitado al gobierno venezolano que se le otorgue una medida cautelar, de juicio en libertad, para que Alejandro pueda enfrentar su problema de salud, y además el juicio, del cual estamos seguros saldría airoso, de no haber un interés político en condenarlo.

Quisiera pedirle que estudie este caso, analizándolo a la luz de su propia experiencia personal. Estoy convencida de que gozaré de su compresión y sensibilidad porque las mujeres como usted están llamadas a traer el amor y la solidaridad a la ruda batalla política. Porque no existe ideología política que merezca que las personas perdamos la condición humana, y en el caso de mi esposo él puede sufrir una metástasis si permanece preso y sin tratamiento médico, estamos a tiempo de evitarlo.

También quisiera pedirle que, durante sus conversaciones con el presidente Chávez, le haga referencia a este caso, y le recuerde los deberes que tiene como Jefe de un Estado que ha firmado tratados internacionales sobre derecho humanitario. Estoy segura que él a usted la escuchará como amiga y mujer de gran experiencia.

Sin más a que hacer referencia, aprovecho para enviarle un cordial saludo y desearle el mejor de los éxitos en su gestión al frente de nuestra querida República del Brasil.

Muy atentamente,

Indira Ramírez de Peña Esclusa

(1) http://fuerzasolidaria.org/?p=4130

(2) http://fuerzasolidaria.org/?p=3493

(3) http://fuerzasolidaria.org/?p=3825

(4) http://fuerzasolidaria.org/?p=3810

(5) http://fuerzasolidaria.org/?p=4160

(6) http://fuerzasolidaria.org/?p=4274

(7) http://fuerzasolidaria.org/?p=701

(8) http://fuerzasolidaria.org/?p=4195 y http://fuerzasolidaria.org/?p=4225

Brasil esnobou os EUA - Alberto Tamer

Concordo com o Alberto Tamer: em mais de 30 anos de carreira diplomática, sempre marcada, no início, por conflitos latentes e abertos entre os EUA -- geralmente por protecionismo setorial americano, por protecionismo generalizado brasileiro, pirataria e contrafação de produtos e serviços americanos no mercado brasileiro, por excesso de terceiro-mundismo em determinadas votações da ONU e em negociações comerciais -- eu nunca tinha visto os EUA nos tratarem tão bem como nos diversos governos desde a era Clinton-FHC (que representou, definitivamente, uma mudança de postura, das duas partes), e que se prolongou, contra todas as expectativas iniciais, na era Bush-Lula. Isto a despeito de todas as caneladas que este último deu na administração americana -- oposição ultra-ativa à aventura americana no Iraque, implosão na Alca, hostilidade geral em relação à política sul-americana de Washington, a começar pela animosidade em relação à Colômbia e muita amizade em relação a caudilhos populistas e outras lideranças anti-americanas, a aventura hondurenha tão bisonha, patética e contrária à Constituição e aos tratados internacionais, enfim, a despeito de tudo isso -- e das amizades estranhas cultivadas nesse período (com uns ditadores espalhados por ai, por exemplo), com tudo isso os EUA ainda nos trataram bem, quase como gente grande (o que é difícil para os EUA, convenhamos).
Nós é que esnobamos os EUA e nos esforçamos ativamente para afastá-los da América do Sul, o que de certa forma foi conseguido. Os que sairam ganhando foram os chineses, não os brasileiros, como sonhavam equivocadamente certos "planejadores" governamentais (que aliás não planejam e nunca planejaram nada de correto). No plano do comércio internacional, justamente, a tal de "nova geografia do comércio internacional" estava plenamente de acordo com os interesses chineses, menos com os interesses brasileiros. Patético...
Vivendo e aprendendo...
Paulo Roberto de Almeida

Brasil esnobou os EUA. Errou
Alberto Tamer
O Estado de S. Paulo, Quinta-feira, Julho 21, 2011

Um estudo que levou três anos do respeitadíssimo Council of Foreign Relations, divulgado na semana passada, afirma que os Estados Unidos deveriam dar mais atenção ao Brasil, um país que desponta no cenário mundial. Não é bem assim. É meia-verdade. Os EUA têm dado muita atenção, sim, quem rejeitou até agora foi o governo brasileiro, que praticou uma política externa de fogo de artifício, brilham por segundos e desaparecem.

O Brasil apoiou o Irã na questão nuclear, se aproximou de Hugo Chávez e relegou o mercado americano a um segundo plano.

Além disso, o ex-presidente Lula manteve no cargo por oito anos Celso Amorim, talvez o pior ministro das Relações Exteriores que o Brasil já teve. Uma das nossas colunas denunciou esse fato, afirmando que "a ideologia atrapalhava o comércio brasileiro". Tudo o que vinha dos EUA era ruim para o Brasil, só que o mercado americano é apenas o maior do mundo... Eles importam anualmente US$ 1,1 trilhão! E nós exportamos para eles, no ano passado, sabem quanto? US$ 19,4 bilhões...

Esnobamos os EUA, que importam 66% de tudo que vendemos em produtos industrializados e nos apegamos agora à China que compra só commodities agrícolas, petróleo, soja, e exporta para o Brasil 90% de industrializados.

Melhorando, mas pouco. A situação está melhorando no atual governo, mas temos muito a recuperar. No primeiro semestre, as exportações para os EUA cresceram 30%, mas são apenas 10% das vendas totais do Brasil. E isso porque importam industrializados, produtos nos quais perdemos espaço para a China nos Estados Unidos, no mundo e... aqui também. E querem saber quanto? Uma enormidade!

Vejam só isso! Os números do Bureau of Economics Accounts, (BEA) dos Estados Unidos assustam . Em 2002, os Estados Unidos importaram, de todos os países, o equivalente a US$ 693,10 bilhões. Pois em 2010, passaram para US$ 1,28 trilhão. Foi um crescimento de 84,43%. A variação até 2008 foi um pouco maior, 85,75%, e é fácil compreender essa diferença, porque 2009 e 2010 foram anos de recessão e, portanto, de importações menores.

E o Brasil nisso? As vendas brasileiras para os Estados Unidos cresceram 94,1% até 2008, ano da recessão. Quando se considera a diferença entre 2002 e 2010, a expansão é de apenas 52,92%, porque a demanda americana encolheu nos últimos dois anos. No conjunto, parece um desempenho satisfatório, mas não é porque vários outros países aumentaram as vendas em mais de 100% para o mercado americano, deixando o Brasil para trás a ver estrelas.

Eles crescem mais de 100%! Apesar de sobrecarregar o leitor com números, vamos dar as importações americanas em dois períodos, 2002-2008 - ano de crise financeira - e 2008-2010, para evitar distorções entre os dois últimos anos de recessão e os anteriores, até 2002, quando eles importaram menos:importações do Brasil até 2008 - mais 94,15% até 2008. Desse ano, até o ano passado, mais 54,9%.

E vejam agora os outros. As importações da China até 2008 aumentaram nada menos que 170,58% (!!) e 191,68% (!!!) até 2010. Nos dois casos o ano base é 2002. Com crise e tudo. Quase quatro vezes mais do que o aumento das vendas brasileiras para os EUA. Pode-se ver que mesmo na fase de recessão, as importações da China quase dobraram!

O mesmo acontece com as importações da Índia, que aumentaram 118,72% até 2008 e 150,76% até 2010. De novo, crescimento enorme apesar da recessão. Conjunto das Américas Central e do Sul: 84,16% até 2008 e 78,47% até 2010. Considerando-se o período até 2010, portanto, a região teve um desempenho geral melhor que o do Brasil.

A conclusão é triste e simples: o Brasil deixou de dar prioridade ao mercado americano, em busca do sonho dos países do Sul, e perdeu espaço para outros países, mais realistas, que ocuparam o seu lugar. O Brasil errou e só agora está percebendo disso. Uma tarefa árdua e ingrata para o novo governo que pode levar anos.

Licoes da historia sobre a crise do euro - Demetrio Magnoli

O Partido do Euro
Demétrio Magnoli
O Estado de S.Paulo, 21 de julho de 2011

William Jennings Bryan perdeu duas eleições presidenciais americanas, mas passou à História por um discurso pronunciado em 1896 perante a convenção do Partido Democrata. Em nome dos agricultores endividados, ele classificou o padrão ouro como uma ferramenta dos interesses de "ociosos detentores de capital ocioso". Se, na sequência do crash de 1929, os bancos centrais das potências tivessem ouvido seu alerta sobre o risco de "crucificar a humanidade numa cruz de ouro", teriam provavelmente evitado a Grande Depressão. Hoje, tanto tempo depois, Jean-Claude Trichet continua imune às lições daquela catástrofe: sob seu comando, o Banco Central Europeu (BCE) parece decidido a crucificar a Europa na cruz do euro.

"Nós não obtivemos absolutamente nada, exceto que coletamos dinheiro de um monte de pobres diabos e o espalhamos aos quatro ventos", explicou Montagu Norman, presidente do Banco da Inglaterra, num franco, porém tardio, reconhecimento da culpa dos bancos centrais que empurraram o mundo para a Depressão. O BCE faz exatamente o mesmo com seus planos de austeridade para os países endividados da periferia da zona do euro. Segundo o preceito que os orienta, os devedores pagarão o valor de face de todos os títulos emitidos. Na ausência do recurso à desvalorização da moeda, o dinheiro não emanará de uma recuperação econômica, mas exclusivamente de cortes de gastos públicos, salários e aposentadorias. O programa fundamentalista fracassará no terreno da política antes ainda de naufragar na esfera da economia.

A Grécia reproduz uma desastrosa trajetória deflacionária experimentada pela Grã-Bretanha após a restauração do padrão-ouro, em 1925, e pela Argentina presa à cruz do dólar nos anos 1990. Um ano depois do primeiro pacote de empréstimos a retração da economia amplia o estoque de uma dívida que, todos sabem, não será paga. A única saída para a Grécia é a retomada do crescimento no futuro próximo, mas a curiosa solução imposta pelo BCE consiste em aumentar a dose do tóxico remédio recessivo. Irlanda e Portugal percorrem etapas distintas da mesma estrada de destruição irracional de riquezas, que já se abre como um destino implacável à Espanha e à Itália.

Na hora da reunificação alemã, o primeiro-ministro Helmut Kohl passou por cima da independência formal do Bundesbank e decidiu que a moeda da antiga RDA seria trocada por marcos ocidentais segundo uma paridade de equivalência. A independência do BCE não ultrapassa os limites dos interesses vitais das nações europeias. Contudo, na falta de consenso entre os estadistas da Alemanha e da França, Trichet transfigurou-se numa espécie de czar da Europa. Sua versão da Santa Aliança é uma coalizão profana do BCE com os bancos alemães e franceses detentores dos títulos das dívidas europeias.

A América Latina tem algo a ensinar à Europa. Três décadas atrás, sob o impacto da crise das dívidas externas, os países latino-americanos patinaram na lama da estagnação enquanto o Plano Baker, de 1985, desviava recursos sociais para o caixa dos bancos credores. A recuperação só começou com o Plano Brady, de 1989, que criou um mercado de renegociação do valor dos títulos da dívida. Hoje, o czar Trichet rejeita por princípio a alternativa lógica de reestruturação das dívidas europeias, recusando-se a admitir que um empréstimo irresponsável deriva das irresponsabilidades combinadas do tomador e do emprestador. Sua opção por Baker, em detrimento de Brady, equivale à celebração de um fracasso conhecido.

Na periferia da zona do euro, ao contrário do que aconteceu na América Latina do passado recente, rigorosos planos de austeridade são aplicados em plena vigência das liberdades públicas, pondo em risco a estabilidade dos sistemas políticos nacionais. A derrota do partido governista nas eleições gerais portuguesas de junho reiterou uma norma verificada antes na Irlanda e na Grécia, bem como nas eleições regionais espanholas e italianas. Em Portugal, como nos demais países em crise, o partido oposicionista triunfante declarou sua adesão integral ao programa de empobrecimento firmado com a União Europeia (UE) e o FMI. O voto não tem valor, pois tudo o que importa foi decidido de antemão - eis a mensagem enviada por derrotados e vitoriosos aos cidadãos. De fato, no lugar dos partidos nacionais, emerge algo como um Partido do Euro, dirigido do exterior pelo BCE de Trichet.

O projeto do euro surgiu como resposta criativa ao dilema político posto pela reunificação alemã. A Europa não constituía uma zona monetária ideal, mas o euro devia existir para subordinar a Alemanha ao imperativo da unidade europeia. O czar Trichet parece alheio a essa história quando prescreve uma fórmula econômica que exclui do cálculo estratégico a razão política. A alemã Angela Merkel e o francês Nicolas Sarkozy, fiadores tácitos do presidente do BCE, fazem travessuras numa sala de cristais ao permitirem que o destino da UE oscile ao sabor dos dogmas anacrônicos de um banqueiro central.

Planos de austeridade radicais só combinam com a democracia em tempos de guerra. Na América Latina da crise das dívidas, eles foram montados à sombra das ditaduras militares - e seus devastadores efeitos sociais aceleraram o colapso dos regimes autoritários. Na Europa da crise do euro, a erosão da confiança nos sistemas políticos nacionais assume, ao menos provisoriamente, a forma de uma rebelião fragmentária, sem lideranças ou plataformas de ação comum, que se expressa em greves, protestos de rua e também no crescimento eleitoral de ultranacionalistas e neocomunistas.

Na hora da introdução do euro, em 1999, o historiador Niall Ferguson deu apenas uma década de vida à moeda europeia. Angela Merkel e Sarkozy parecem empenhados em fazer a mórbida profecia se cumprir. Fio a fio, eles desmancham o frágil trançado da União Europeia.

SOCIÓLOGO E DOUTOR EM GEOGRAFIA HUMANA PELA USP. E-MAIL: DEMETRIO.MAGNOLI@TERRA.COM.BR

A patifaria elevada ao estado da arte (quem mais poderia ser?)

Certos agrupamentos políticos, fazem do roubo, da fraude, da mentira, da desonestidade uma segunda natureza, quase uma forma de vida, ou quem sabe, um preciosismo tão fundamental que a prática de crimes comuns acaba sendo considerada uma virtude, desde que seja pela causa...
Paulo Roberto de Almeida

O crime como uma categoria política
Reinaldo Azevedo, 21/07/2011

Os petistas dizem se preocupar tanto com a desigualdade social não por humanismo ou por senso de justiça, mas porque ela oferece um excelente pretexto para o estado autoritário e confere certo sentido moral às ilegalidades praticadas para a construção da hegemonia partidária. As misérias humanas — e a conseqüente necessidade de criar o novo homem — são o fundamento dos dois grandes totalitarismos do século passado: fascismo e comunismo. Ambos têm mais em comum do que gostam de admitir fascistas e comunistas.

Não existe regime de força que não tenha se instalado prometendo promover o bem comum. Aliás, as tiranias precisam esvaziar os indivíduos de todas as suas verdades e necessidades “egoístas” em nome da coletividade, que será representada por um partido ou por um condutor das massas — em certos casos, por ambos.

Todos nos fartamos do discurso de Luiz Inácio Apedeuta da Silva, que se apresentou como o “pai” do povo, saindo, como anunciava a propaganda eleitoral petista, para deixar em seu lugar a “mãe de todos os brasileiros”. Ditadores e candidatos a tiranos gostam da idéia de que são chefes de uma grande família, da qual esperam uma ativa e entusiasmada obediência. Afinal, “eles” sabem o que é melhor para “nós”, mergulhados que estamos em nosso egoísmo, comprometidos com uma visão parcial de mundo, sem entender, muitas vezes, as decisões que são tomadas para nos salvar… Quem de nós nunca discordou, afinal, a seu tempo, de uma decisão do pai ou da mãe? Impossível, no entanto, supor que agissem para nos prejudicar. Tampouco imaginávamos tomar para nós o lugar da autoridade. Pais e filhos não são — e nem devem ser — uma comunidade democrática, certo?

O PT se consolidou com a fantasia de que um partido — e, dentro desse partido, um homem, o pai — seria o porta-voz dos excluídos, que, afinal, estariam reivindicando a sua cidadania. De modo emblemático, Lula passou várias antevésperas de Natal em companhia dos catadores de papelão, tornados “cidadãos-recicladores”. Estava anunciando, diante de uma imprensa freqüentemente basbaque, que excluídos também são cidadãos, ainda que dentro de sua exclusão. Um líder e um partido, ungidos pela necessidade de “mudar o Brasil”, podem atropelar leis, moralidade, costumes, valores, tudo… Estão imbuídos de uma missão.

Apurem bem os ouvidos. Ouve-se já certo sussurro. Talvez se torne um alarido. Mas o que é isso? O que será que será que andam suspirando pelas alcovas e sussurrando em versos e trovas? O que será, que será que andam combinando no breu das tocas, que andam acendendo velas nos becos e já estão falando alto pelos botecos? O que será, que será que não tem conserto nem nunca terá? O que não tem tamanho… Cito este plágio que Chico Buarque fez de Cecília Meireles (Romanceiro da Inconfidência) para emprestar, assim, certa grandeza poético-dramática a mais uma conspiração dos petistas contra a moralidade, o dinheiro público, a decência e tudo o mais que vocês julgarem adequado a homens de bem.

Lula já fez saber ao mercado político que ele não concorda com a “execução sumária” dos patriotas do PR. E fez chegar a sua avaliação na forma de uma “preocupação”. Estaria temendo o isolamento de Dilma Rousseff. José Eduardo Cardozo, ministro da Justiça, afirmou ontem que vai avaliar se há motivos suficientes para a Polícia Federal abrir um inquérito para apurar as sem-vergonhices no Ministério dos Transportes. Já foram demitidas 16 pessoas da cúpula da pasta e do Dnit, mas ele está cheio de dúvidas. Tarso Genro (PT), atual governador do Rio Grande do Sul e chefe da Polícia Federal (era ministro da Justiça) quando se deu boa parte da bandalheira, saiu ontem em defesa de seu amigo Hideraldo Caron, um dos chefões do Dnit, mantido até agora no cargo. Ele é petista. Tarso deixou claro: se o homem fez algo de errado, não foi em benefício pessoal.

É a primeira vez que se ouve voz assim no PT? Claro que não! Nem é necessário remontar ao mensalão. Durante a crise que colheu Antonio Palocci, Gleisi Hoffmann, hoje sua sucessora, mas senadora à época (PT-PR), deixou claro que não conseguia defender o então ministro por uma razão simples: ele tinha agido apenas em defesa do próprio interesse. Ou seja: no caso do mensalão ou dos aloprados, crimes foram cometidos em benefício do… partido! Nesse caso, tudo bem…

Setores do PT estão pedindo, em suma, que tudo fique como está. Seu esforço em favor da impunidade, no entanto, teria, sim, uma raiz ética, entendem? Insistir na investigação pode prejudicar o partido, a convivência com os aliados, a agenda que o governo tem pela frente, incluindo, obviamente, os pacotes sociais destinados a combater a miséria. Tarso chegou a indagar por que essas notícias só apareceram agora… Conhecedor da arte de desestabilizar governos (como experimentou Yeda Crusius), ele conspira em favor da impunidade ao sugerir que há uma conspiração contra os patriotas do Ministério dos Transportes…

Foi-se o tempo “esse-dinheiro-não-é-meu”, de Paulo Maluf! Mesmo para ele, o errado era “errado” e, por isso, negava tudo. Não há nada a favor desse emblemático político a não ser uma coisinha: nunca tentou chamar crimes de virtudes — negando, claro!, que os tivesse cometido. Com o petismo, é diferente: o roubo e a lambança em nome da causa têm um propósito superior. Fazer sacanagem para enriquecer é reprovável; para construir o partido, bem, aí é não só aceitável como pode distinguir o militante com uma medalha de “Honra ao Mérito”.

À medida que a lei é afrontada com tal vigor e que o malfeito vira um instrumento corriqueiro da ação política, os brasileiros têm expropriada a sua cidadania. Se para eles, todo excluído é cidadão, que mal há em considerar todo cidadão um excluído?

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