Toda a bagunça do sistema financeiro contemporâneo começou com essa medida populista adotada por Nixon em 1971. Na verdade, ele pensava que era keynesiano; pode ser, mas ele era mesmo um populista demagógico.
"
The Nixon Shock Heard 'Round the World
By LEWIS E. LEHRMAN
The Wall Street Journal, August 15, 2011
By severing the dollar's convertibility to gold in 1971, the president ushered in a decade of inflation and economic stagnation.
President Nixon delivered a nationwide television address loaded with economic news on Aug. 15, 1971.
On the afternoon of Friday, Aug. 13, 1971, high-ranking White House and Treasury Department officials gathered secretly in President Richard Nixon's lodge at Camp David. Treasury Secretary John Connally, on the job for just seven months, was seated to Nixon's right. During that momentous afternoon, however, newcomer Connally was front and center, put there by a solicitous president. Nixon, gossiped his staff, was smitten by the big, self-confident Texan whom the president had charged with bringing order into his administration's bumbling economic policies.
In the past, Nixon had expressed economic views that tended toward "conservative" platitudes about free enterprise and free markets. But the president loved histrionic gestures that grabbed the public's attention. He and Connally were determined to present a comprehensive package of dramatic measures to deal with the nation's huge balance of payments deficit, its anemic economic growth, and inflation.
Dramatic indeed: They decided to break up the postwar Bretton Woods monetary system, to devalue the dollar, to raise tariffs, and to impose the first peacetime wage and price controls in American history. And they were going to do it on the weekend—heralding this astonishing news with a Nixon speech before the markets opened on Monday.
The cast of characters gathered at Camp David was impressive. It included future Treasury Secretary George Shultz, then director of the Office of Management and Budget, and future Federal Reserve Chairman Paul Volcker, then undersecretary for monetary affairs at Treasury. At the meeting that afternoon Nixon reminded everyone of the importance of secrecy. They were forbidden even to tell their wives where they were. Then Nixon let Connally take over the meeting.
The most dramatic Connally initiative was to "close the gold window," whereby foreign nations had been able to exchange U.S. dollars for U.S. gold—an exchange guaranteed under the monetary system set up under American leadership at Bretton Woods, N.H., in July 1944. Recently the markets had panicked. Great Britain had tried to redeem $3 billion for American gold. So large were the official dollar debts in the hands of foreign authorities that America's gold stock would be insufficient to meet the swelling official demand for American gold at the convertibility price of $35 per ounce.
On Thursday, Connally had rushed to Washington from a Texas vacation. He and Nixon hurriedly decided to act unilaterally, not only to suspend convertibility of the dollar to gold, but also to impose wage and price controls. Nixon's speechwriter William Safire attended the conference in order to prepare the president's speech to the nation. In his book "Before the Fall," Safire recalled being told on the way to Camp David that closing the gold window was a possibility. Despite the many international ramifications of what the administration would do, no officials from the State Department or the National Security Council were invited to Camp David.
The president had little patience or understanding of the disputes among his economic team members. He found wearisome the mumbo-jumbo from Federal Reserve Chairman Arthur Burns. But the president had determined he would have a unified economic team and a unified economic policy, no matter what the consequences. So the White House dutifully leaked stories designed to undermine and humiliate Burns, as Connally waited in the wings with his "New Economic Policy."
At Camp David, Connally argued: "It's clear that we have to move in the international field, to close the gold window, not change the price of gold, and encourage the dollar to float." Burns timidly objected but was easily flattered by the president. By the evening of Aug. 15, Burns was on board with terminating the last vestige of dollar convertibility to gold, depreciating the dollar on the foreign exchanges, imposing higher tariffs, and ultimately ordering price and wage controls.
Nixon and Safire put together a speech to be televised Sunday night. It had taken only a few hours during that August 1971 weekend for Nixon to decide to sever the nation's last tenuous link to the historic American gold standard, a monetary standard that had been the constitutional bedrock (Article I, Sections 8 and 10) of the American dollar and of America's economic prosperity for much of the previous two centuries.
At least one Camp David participant, Paul Volcker, regretted what transpired that weekend. The "Nixon Shock" was followed by a decade of one of the worst inflations of American history and the most stagnant economy since the Great Depression. The price of gold rose to $800 from $35.
The purchasing power of a dollar saved in 1971 under Nixon has today fallen to 18 pennies (see the nearby graph). Nixon's new economic policy sowed chaos for a decade. The nation and the world reaped the whirlwind.
Mr. Lehrman is chairman of the Lehrman Institute.
Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas. Ver também minha página: www.pralmeida.net (em construção).
segunda-feira, 15 de agosto de 2011
Como NAO se deve fazer analise economica (nem politica, alias)...
Nunca antes na França, nem em qualquer outro lugar -- bem talvez em algumas faculdades econômicas brasileiras -- se fez quiromancia econômica tão bem, e de forma tão bizarra, como no caso desse francês maluco.
Receita: pegue todos os fatos, eventos, processos, acontecimentos fortuitos, surpresas de festa, especuladores perversos, um pouco de sanduíches McDonald ("Eu amo tudo isso"), jogue tudo no liquidificador (ou no moedor de carne, tanto faz), chacoalhe depois, acrescente o molho que você quiser (marxiano, à la Noam Chomsky, maoista apimentado, whatever), e depois sirva a uma plateia de estudantes passivos, que se encantam com esses conceitos estrambólicos - crise do capitalismo, esgotamento do sistema, mudanças sociais -- e aceitam qualquer bobagem que lhes seja servida.
Incrível como a decadência mental atinge até os marxistas (ou talvez sobretudo eles), que deveriam ser mais confiantes no futuro do capitalismo, já que eles convivem com o sistema desde meio século e meio aproximadamente.
Incrível como esse cara, que se pretende economista, consegue juntar tudo na sua salada mista que na verdade é misturada ao mais alto grau, até perder qualquer validade analítica.
Ou seja, malucos existem não apenas em certas universidades brasileiras; nas francesas também.
Paulo Roberto de Almeida
Crise financeira mostra regime em beco sem saída, diz Chesnais
ELEONORA DE LUCENA
Folha de S.Paulo, 15/08/2011
A crise financeira não tem final à vista. O modelo de crescimento baseado em endividamento, seguido nos países ricos, está num beco sem saída. E o calcado em exportações de insumos --como o do Brasil-- pode não funcionar por muito tempo.
A análise é do economista marxista francês François Chesnais, 77, professor emérito da Universidade de Paris 13 e autor de "A Mundialização do Capital" (1996) e organizador de "A Finança Mundializada" (2005).
Para ele, os protestos em Londres, no Chile e no Oriente Médio são expressão "de uma doença mundial criada pelo caminho tomado pelo neoliberalismo e pela dominação das finanças". Numa época de valorização do consumismo, são "reações ao extraordinário abismo social", afirma.
Juca Varella-25.mai.04/Folhapress
O economista e professor da Universidade Paris 13 François Chesnais é especialista em globalização de mercados
Folha - Qual a natureza da crise atual?
François Chesnais - O momento atual é um novo episódio na crise mundial. Ela começou há cinco anos, teve seu ponto mais crítico em setembro de 2008, com a quebra do Lehmann Brothers, e não tem um final à vista. Foi prenunciada pela crise asiática (1997-1998) e, no campo das finanças, pela quase quebra do Long Term Capital Management, no início da crise financeira russa. Eventos-chave nos anos 2000 e 2001 lançaram as bases para a eclosão da crise: o crash da Nasdaq, a resposta norte-americana ao 11 de Setembro, as guerras no Iraque e no Afeganistão, muito custosas política e financeiramente, e a entrada da China na Organização Mundial do Comércio.
Quais são as causas?
O funcionamento da economia mundial desde o início dos anos 2000 se baseou em dois pilares: o regime de crescimento guiado pela dívida, adotado pelos EUA e pela Europa, e o regime de crescimento orientado por exportações globais, no qual a China é a principal base industrial, e o Brasil, a Argentina e a Indonésia são os provedores-chave de recursos naturais. A crise representa o beco sem saída, o impasse absoluto do regime guiado pela dívida. O segundo pilar está levemente melhor, mas o crescimento baseado em exportações globais não poderá funcionar por muito tempo sem uma forte demanda externa, especialmente dos EUA e da União Europeia.
Por que há tensão nos mercados?
Os investidores financeiros estão extremamente preocupados. Há a perspectiva de um segundo mergulho da economia dos EUA, uma crise em forma de "W" nas economias avançadas. Outro risco é a vulnerabilidade do sistema bancário europeu, na zona do euro e também no Reino Unido. Há também o perigo de que o lento crescimento faça com que empréstimos públicos e privados sejam cada vez mais difíceis de serem recuperados.
Qual a situação na Europa?
Na União Europeia, desde abril de 2010, tem havido um contínuo fluxo de dinheiro público para alguns governos e para os bancos. Isso tem sido acoplado a políticas de austeridade muito drásticas em alguns países, que os arrastou à recessão (-4% na Grécia). Com isso, fica impossível o repagamento da dívida soberana. Provoca a quebra de empresas, além de levar os sistemas bancários na Grécia, na Itália e na Espanha para uma cada vez maior proximidade do colapso. Isso ameaça bancos nos países do coração da zona do euro, especialmente na França.
A situação dos bancos é preocupante?
Os eventos nas Bolsas estão sendo subordinados a situações bancárias críticas. Em 2008, a ameaça às finanças globais veio dos bancos de investimento dos EUA e das grandes seguradoras. O próximo episódio financeiro maior acontecerá quando um segmento do sistema bancário da Europa entrar em colapso na Grécia, Espanha ou Itália. A atual turbulência nas Bolsas é a expressão do pânico do investidor, que tenta antecipar esse tipo de evento. Seu principal efeito é contribuir para a efetiva ocorrência de um desastre em algum lugar. Isso afeta o comportamento do consumidor de renda mais alta e desencoraja investimentos da classe média.
Nos seus livros, o sr. descreve os detalhes do avanço das finanças. Como avalia o atual momento na história do capitalismo?
É possível traçar paralelos com o passado. Mas em nenhum período anterior foram tão elevados a quantidade de ações e títulos, os ganhos dos rentistas e nem foi tão grande a quantidade em circulação do que eu chamo de "capital monetário elevado à enézima potência". Nunca os lucros financeiros foram tão altos em comparação com a atividade produtiva. Há as consequências da globalização neoliberal contemporânea. Nunca as finanças foram tão desreguladas. Nunca a capacidade dos governos de recuperar o controle sobre as finanças foi tão fraca. A extrema fraqueza da liderança política é uma consequência direta disso. Mas há uma nova dimensão da história do capitalismo.
Qual é?
Essa nova dimensão é a crise ambiental, começando com as mudanças climáticas, que se desenvolve em paralelo à ascensão das finanças e de sua crise. Por isso, entramos nas piores condições possíveis numa era em que a civilização --como a concebemos, no Ocidente e no Oriente-- está patinando. Nossa era é uma em que as enormes e concentradas forças econômicas estão sendo chamadas a agir em tempos de crise, o que Naomi Klein chama de "a doutrina do choque": setores poderosos da sociedade não apenas protegem eles mesmos, mas usam catástrofes para ampliar sua dominação. A forma como o furacão Katrina foi tratado em Nova Orleans mostra que isso vale para grandes eventos ambientais. Alguma coisa muito perturbadora ocorreu silenciosamente na França e, imagino, em outros lugares: a "luta contra a mudança climática" foi substituída pela "adaptação à mudança climática".
Os governos deveriam jogar mais dinheiro nos mercados financeiros?
As políticas fiscais anunciadas ou já decretadas são fortemente pró-cíclicas. Elas acentuam o beco sem saída do regime de crescimento e a incapacidade que a elite dirigente tem de imaginar qualquer outra maneira de reger a economia. Não haverá fim para a crise mundial enquanto os bancos e os investidores financeiros estiverem no comando, fazendo políticas totalmente dirigidas pelos interesses dos rentistas e dando respostas à crise dominadas por tentativas de dar sobrevida ao regime guiado pela dívida.
O que precisaria ser feito para a retomada da crescimento?
Nos EUA e na Europa a recuperação requer o reestabelecimento do poder de compra das classes baixas e médias, a recriação e expansão da capacidade dos Estados de fazer os investimentos sociais e ambientais necessários e o estabelecimento de um sistema monetário internacional estável, não subordinado ao capital financeiro. As condições para isso vão incluir o cancelamento de boa parte da dívida soberana, assim como de boa parte da dívida doméstica; o reestabelecimento de uma taxação correta para a renda das finanças e do capital (um retorno aos níveis de 1970 seria um começo); o reestabelecimento de um verdadeiro controle público do sistema de crédito; um controle restrito dos fluxos de capital e uma luta efetiva contra os paraísos fiscais.
Qual sua visão sobre o poder das agências de classificação de risco?
O poder das agências de classificação de risco apenas espelha o quanto os governos foram colocados nas mãos das finanças. Mostra a extensão da abdicação do poder dos governos, que mudaram as finanças públicas de uma forma baseada em impostos para uma baseada em dívida. Meu livro mais recente, "Les Dettes Illégitimes, Comment les banques ont fait main basse sur les politiques publiques" (2011) [As dívidas ilegítimas, como os bancos fizeram para manipular as políticas públicas, em tradução livre], enfatiza que, em 1980, a dívida pública da França era de 5% do PIB. Mostro que o crescimento é consequência da diminuição dos impostos para os de renda alta, os ricos em patrimônio e lucros, e dos gastos em programas públicos de financiamento custosos, que se tornaram elefantes brancos, como o Rafale que nenhum país comprou.
E o que ocorre agora?
As agências de risco estão pressionando a elite política francesa para aprofundar as políticas de austeridade. Isso no contexto de uma situação de quase recessão --0% de crescimento e desemprego acima de 9%. A recessão mundial de 2008-2009 mostrou a fraqueza da indústria francesa e os efeitos desastrosos do jogo no mercado da União Europeia. O que é necessário é uma política industrial e tecnológica comum, um sistema de intervenção comum. É possível que, nos próximos meses, ocorra na França uma reação popular contra os próximos cortes de orçamento.
As revoltas no Norte da África e no Oriente Médio, o movimento dos "indignados" na Espanha e agora os protestos em Londres têm alguma ligação?
Eu adicionaria à lista as enormes marchas em Tel Aviv, com 200 mil pessoas, e em outras cidades contra a alta nos preços dos alimentos e o desemprego. E também esse extraordinário movimento dos estudantes no Chile. Cada um desses movimentos precisa ser analisado com cuidado. São obviamente expressão de uma doença mundial criada pelo caminho tomado pelo neoliberalismo e pela dominação das finanças.
O que os movimentos têm em comum?
Eles têm em comum o fato de terem sido estimulados pela juventude. Em muitos casos são liderados por jovens líderes que estão emergindo do movimento. São todos reações ao extraordinário abismo social num tempo em que o consumismo é projetado mundialmente pela tecnologia contemporânea e pelas estratégias de mídia. Cada um tem suas idiossincrasias nacionais e suas trajetórias políticas. Em cada caso há uma diferente mistura de um componente fundamental democrático, com conteúdo anticapitalista. Reagem ao fato de a eles ter sido negada a posse de bens que outros da sua mesma geração possuem no seu cotidiano. A crescente percepção da corrupção politico-financeira atiça a indignação e, no caso dos jovens mais pobres, os faz usar os únicos métodos que têm à disposição.
Como os partidos conservadores, social-democratas e a esquerda estão reagindo a essa situação?
Para os partidos conservadores, é sempre sobre "lei e ordem". Os social-democratas estão em profunda confusão. As forças da esquerda têm sido fortemente puxadas para o jogo institucional. Tomara que a duração, a severidade e os altos riscos da combinação entre as crises econômica e ambiental permitam o renascimento de uma forma de atividade política que comece a realmente desafiar o sistema. Na Europa, foi na Grécia que a mobilização de massa da juventude mostrou o conteúdo político mais profundo. Espero que seja o modelo para outros países.
Receita: pegue todos os fatos, eventos, processos, acontecimentos fortuitos, surpresas de festa, especuladores perversos, um pouco de sanduíches McDonald ("Eu amo tudo isso"), jogue tudo no liquidificador (ou no moedor de carne, tanto faz), chacoalhe depois, acrescente o molho que você quiser (marxiano, à la Noam Chomsky, maoista apimentado, whatever), e depois sirva a uma plateia de estudantes passivos, que se encantam com esses conceitos estrambólicos - crise do capitalismo, esgotamento do sistema, mudanças sociais -- e aceitam qualquer bobagem que lhes seja servida.
Incrível como a decadência mental atinge até os marxistas (ou talvez sobretudo eles), que deveriam ser mais confiantes no futuro do capitalismo, já que eles convivem com o sistema desde meio século e meio aproximadamente.
Incrível como esse cara, que se pretende economista, consegue juntar tudo na sua salada mista que na verdade é misturada ao mais alto grau, até perder qualquer validade analítica.
Ou seja, malucos existem não apenas em certas universidades brasileiras; nas francesas também.
Paulo Roberto de Almeida
Crise financeira mostra regime em beco sem saída, diz Chesnais
ELEONORA DE LUCENA
Folha de S.Paulo, 15/08/2011
A crise financeira não tem final à vista. O modelo de crescimento baseado em endividamento, seguido nos países ricos, está num beco sem saída. E o calcado em exportações de insumos --como o do Brasil-- pode não funcionar por muito tempo.
A análise é do economista marxista francês François Chesnais, 77, professor emérito da Universidade de Paris 13 e autor de "A Mundialização do Capital" (1996) e organizador de "A Finança Mundializada" (2005).
Para ele, os protestos em Londres, no Chile e no Oriente Médio são expressão "de uma doença mundial criada pelo caminho tomado pelo neoliberalismo e pela dominação das finanças". Numa época de valorização do consumismo, são "reações ao extraordinário abismo social", afirma.
Juca Varella-25.mai.04/Folhapress
O economista e professor da Universidade Paris 13 François Chesnais é especialista em globalização de mercados
Folha - Qual a natureza da crise atual?
François Chesnais - O momento atual é um novo episódio na crise mundial. Ela começou há cinco anos, teve seu ponto mais crítico em setembro de 2008, com a quebra do Lehmann Brothers, e não tem um final à vista. Foi prenunciada pela crise asiática (1997-1998) e, no campo das finanças, pela quase quebra do Long Term Capital Management, no início da crise financeira russa. Eventos-chave nos anos 2000 e 2001 lançaram as bases para a eclosão da crise: o crash da Nasdaq, a resposta norte-americana ao 11 de Setembro, as guerras no Iraque e no Afeganistão, muito custosas política e financeiramente, e a entrada da China na Organização Mundial do Comércio.
Quais são as causas?
O funcionamento da economia mundial desde o início dos anos 2000 se baseou em dois pilares: o regime de crescimento guiado pela dívida, adotado pelos EUA e pela Europa, e o regime de crescimento orientado por exportações globais, no qual a China é a principal base industrial, e o Brasil, a Argentina e a Indonésia são os provedores-chave de recursos naturais. A crise representa o beco sem saída, o impasse absoluto do regime guiado pela dívida. O segundo pilar está levemente melhor, mas o crescimento baseado em exportações globais não poderá funcionar por muito tempo sem uma forte demanda externa, especialmente dos EUA e da União Europeia.
Por que há tensão nos mercados?
Os investidores financeiros estão extremamente preocupados. Há a perspectiva de um segundo mergulho da economia dos EUA, uma crise em forma de "W" nas economias avançadas. Outro risco é a vulnerabilidade do sistema bancário europeu, na zona do euro e também no Reino Unido. Há também o perigo de que o lento crescimento faça com que empréstimos públicos e privados sejam cada vez mais difíceis de serem recuperados.
Qual a situação na Europa?
Na União Europeia, desde abril de 2010, tem havido um contínuo fluxo de dinheiro público para alguns governos e para os bancos. Isso tem sido acoplado a políticas de austeridade muito drásticas em alguns países, que os arrastou à recessão (-4% na Grécia). Com isso, fica impossível o repagamento da dívida soberana. Provoca a quebra de empresas, além de levar os sistemas bancários na Grécia, na Itália e na Espanha para uma cada vez maior proximidade do colapso. Isso ameaça bancos nos países do coração da zona do euro, especialmente na França.
A situação dos bancos é preocupante?
Os eventos nas Bolsas estão sendo subordinados a situações bancárias críticas. Em 2008, a ameaça às finanças globais veio dos bancos de investimento dos EUA e das grandes seguradoras. O próximo episódio financeiro maior acontecerá quando um segmento do sistema bancário da Europa entrar em colapso na Grécia, Espanha ou Itália. A atual turbulência nas Bolsas é a expressão do pânico do investidor, que tenta antecipar esse tipo de evento. Seu principal efeito é contribuir para a efetiva ocorrência de um desastre em algum lugar. Isso afeta o comportamento do consumidor de renda mais alta e desencoraja investimentos da classe média.
Nos seus livros, o sr. descreve os detalhes do avanço das finanças. Como avalia o atual momento na história do capitalismo?
É possível traçar paralelos com o passado. Mas em nenhum período anterior foram tão elevados a quantidade de ações e títulos, os ganhos dos rentistas e nem foi tão grande a quantidade em circulação do que eu chamo de "capital monetário elevado à enézima potência". Nunca os lucros financeiros foram tão altos em comparação com a atividade produtiva. Há as consequências da globalização neoliberal contemporânea. Nunca as finanças foram tão desreguladas. Nunca a capacidade dos governos de recuperar o controle sobre as finanças foi tão fraca. A extrema fraqueza da liderança política é uma consequência direta disso. Mas há uma nova dimensão da história do capitalismo.
Qual é?
Essa nova dimensão é a crise ambiental, começando com as mudanças climáticas, que se desenvolve em paralelo à ascensão das finanças e de sua crise. Por isso, entramos nas piores condições possíveis numa era em que a civilização --como a concebemos, no Ocidente e no Oriente-- está patinando. Nossa era é uma em que as enormes e concentradas forças econômicas estão sendo chamadas a agir em tempos de crise, o que Naomi Klein chama de "a doutrina do choque": setores poderosos da sociedade não apenas protegem eles mesmos, mas usam catástrofes para ampliar sua dominação. A forma como o furacão Katrina foi tratado em Nova Orleans mostra que isso vale para grandes eventos ambientais. Alguma coisa muito perturbadora ocorreu silenciosamente na França e, imagino, em outros lugares: a "luta contra a mudança climática" foi substituída pela "adaptação à mudança climática".
Os governos deveriam jogar mais dinheiro nos mercados financeiros?
As políticas fiscais anunciadas ou já decretadas são fortemente pró-cíclicas. Elas acentuam o beco sem saída do regime de crescimento e a incapacidade que a elite dirigente tem de imaginar qualquer outra maneira de reger a economia. Não haverá fim para a crise mundial enquanto os bancos e os investidores financeiros estiverem no comando, fazendo políticas totalmente dirigidas pelos interesses dos rentistas e dando respostas à crise dominadas por tentativas de dar sobrevida ao regime guiado pela dívida.
O que precisaria ser feito para a retomada da crescimento?
Nos EUA e na Europa a recuperação requer o reestabelecimento do poder de compra das classes baixas e médias, a recriação e expansão da capacidade dos Estados de fazer os investimentos sociais e ambientais necessários e o estabelecimento de um sistema monetário internacional estável, não subordinado ao capital financeiro. As condições para isso vão incluir o cancelamento de boa parte da dívida soberana, assim como de boa parte da dívida doméstica; o reestabelecimento de uma taxação correta para a renda das finanças e do capital (um retorno aos níveis de 1970 seria um começo); o reestabelecimento de um verdadeiro controle público do sistema de crédito; um controle restrito dos fluxos de capital e uma luta efetiva contra os paraísos fiscais.
Qual sua visão sobre o poder das agências de classificação de risco?
O poder das agências de classificação de risco apenas espelha o quanto os governos foram colocados nas mãos das finanças. Mostra a extensão da abdicação do poder dos governos, que mudaram as finanças públicas de uma forma baseada em impostos para uma baseada em dívida. Meu livro mais recente, "Les Dettes Illégitimes, Comment les banques ont fait main basse sur les politiques publiques" (2011) [As dívidas ilegítimas, como os bancos fizeram para manipular as políticas públicas, em tradução livre], enfatiza que, em 1980, a dívida pública da França era de 5% do PIB. Mostro que o crescimento é consequência da diminuição dos impostos para os de renda alta, os ricos em patrimônio e lucros, e dos gastos em programas públicos de financiamento custosos, que se tornaram elefantes brancos, como o Rafale que nenhum país comprou.
E o que ocorre agora?
As agências de risco estão pressionando a elite política francesa para aprofundar as políticas de austeridade. Isso no contexto de uma situação de quase recessão --0% de crescimento e desemprego acima de 9%. A recessão mundial de 2008-2009 mostrou a fraqueza da indústria francesa e os efeitos desastrosos do jogo no mercado da União Europeia. O que é necessário é uma política industrial e tecnológica comum, um sistema de intervenção comum. É possível que, nos próximos meses, ocorra na França uma reação popular contra os próximos cortes de orçamento.
As revoltas no Norte da África e no Oriente Médio, o movimento dos "indignados" na Espanha e agora os protestos em Londres têm alguma ligação?
Eu adicionaria à lista as enormes marchas em Tel Aviv, com 200 mil pessoas, e em outras cidades contra a alta nos preços dos alimentos e o desemprego. E também esse extraordinário movimento dos estudantes no Chile. Cada um desses movimentos precisa ser analisado com cuidado. São obviamente expressão de uma doença mundial criada pelo caminho tomado pelo neoliberalismo e pela dominação das finanças.
O que os movimentos têm em comum?
Eles têm em comum o fato de terem sido estimulados pela juventude. Em muitos casos são liderados por jovens líderes que estão emergindo do movimento. São todos reações ao extraordinário abismo social num tempo em que o consumismo é projetado mundialmente pela tecnologia contemporânea e pelas estratégias de mídia. Cada um tem suas idiossincrasias nacionais e suas trajetórias políticas. Em cada caso há uma diferente mistura de um componente fundamental democrático, com conteúdo anticapitalista. Reagem ao fato de a eles ter sido negada a posse de bens que outros da sua mesma geração possuem no seu cotidiano. A crescente percepção da corrupção politico-financeira atiça a indignação e, no caso dos jovens mais pobres, os faz usar os únicos métodos que têm à disposição.
Como os partidos conservadores, social-democratas e a esquerda estão reagindo a essa situação?
Para os partidos conservadores, é sempre sobre "lei e ordem". Os social-democratas estão em profunda confusão. As forças da esquerda têm sido fortemente puxadas para o jogo institucional. Tomara que a duração, a severidade e os altos riscos da combinação entre as crises econômica e ambiental permitam o renascimento de uma forma de atividade política que comece a realmente desafiar o sistema. Na Europa, foi na Grécia que a mobilização de massa da juventude mostrou o conteúdo político mais profundo. Espero que seja o modelo para outros países.
Representacao turistico-parlamentar brasileira no Mercosul: os candidatos a diarias e passagens...
Bem, a repetição das reuniões em Montevidéu pode ser aborrecida, mas eu proporia uma moção para que as reuniões sejam itinerantes, cada uma em um resort dos países membros e associados, quem sabe até o Caribe?
Melhor ainda, talvez, um Boeing bem grande, cedido para as ocasiões, e fazer reuniões ambulantes, cada uma num lugar diverso, com direito a pouco mais do que lunch-bags?
Sempre se poderá dizer que o Mercosul é muito diverso, com paisagens naturais maravilhosas, cidades acolhedoras, praias lindas e estações de esqui (segundo as estações) equipados, and so on.
Mas precisa ser um daqueles jumbos, para caber todo esse povo...
Paulo Roberto de Almeida
Os novos representantes brasileiros no Parlasul
fonte: Representação Brasileira no Parlamento do Mercosul
A Representação Brasileira deve convocar para o início de agosto a reunião de instalação para a posse dos parlamentares brasileiros indicados ao Parlamento do MERCOSUL (Parlasul). A lista dos indicados está publicada no Diário do Congresso Nacional. A partir da posse, o Parlasul e a Representação Brasileira retomam as atividades.
O Congresso Nacional divulgou nesta quinta-feira, 14 de julho, a lista dos representantes indicados ao Parlamento do MERCOSUL. Os Parlamentares aguardam a reunião de instalação da Representação Brasileira, e a partir daí a Representação e o Parlamento retomam suas atividades. Ao todo, 27 deputados e 10 senadores - totalizando 37 parlamentares brasileiros - ocupam as cadeiras no Parlasul. O senado ainda não indicou uma vaga para titular pelo bloco das minorias. Seguem os parlamentares membros da Representação Brasileira:
Deputados Federais - Titulares
PT
Benedita da Silva (RJ)
Dr. Rosinha (PR)
Emiliano José (BA)
Jilmar Tatto (SP)
Paulo Pimenta (RS)
PMDB
Íris de Araújo (GO)
Marçal Filho (MS)
Moacir Micheletto (PR)
Raul Henry (PE)
PSDB
Eduardo Azeredo (MG)
Reinaldo Azambuja (MS)
Sergio Gerra (PE)
PP
Dirceu Sperafico (PR)
Renato Molling (RS)
DEM
Júlio Campos (MT)
Mandetta (MS)
PR
Paulo Freire (SP)
Luis Tibé - PTdoB* (MG)
PSB
José Stédile (RS)
Ribamar Alves (MA)
PDT
Vieira da Cunha (RS)
Bloco PV/PPS
Roberto Freire- PPS (PE)
PTB
Sérgio Moraes (RS)
PSC
Nelson Padovani (PR)
PCdoB
Manuela D’Avila (RS)
PRB – Titular
George Hilton (MG)
PMN
Dr. Carlos Alberto (RJ)
Senadores - Titulares
Bloco da Maioria (PMDB-PP-PSC-PMN-PV)
Pedro Simon – PMDB/RS
Roberto Requião – PMDB/PR
Wilson Santiago – PMDB/PB
Ana Amélia – PP/RS
Bloco do Governo (PT – PR-PDT-PSB-PCdoB-PRB)
Paulo Paim – PT/RS
Inácio Arruda – PcdoB/CE
Antonio Carlos Valadares – PSB/SE
Bloco da Minoria (PSDB-DEM) - Titular
Paulo Bauer – PSDB/SC
PTB
Mozarildo Cavalcanti (RR)
Deputados Federais - Suplentes
PT
Bohn Gass (RS)
Newton Lima (SP)
Sibá Machado (AC)
Weliton Prado (MG)
Zé Geraldo (PA)
PMDB
Fátima Pelaes (AP)
Gastão Vieira (MA)
Lelo Coimbra (ES)
Valdir Colatto (SC)
PSDB
Ainda não indicados
PP
Afonso Hamm (RS)
Raul Lima (RR)
DEM
Ainda não indicados
PR
Giacobo (PR)
Henrique Oliveira (AM)
PSB
Antonio Balhamann (CE)
Audifax (ES)
PDT
Sebastião Bala Rocha (AP)
Bloco PV/PPS
Antonio Roberto – PV (MG)
PTB
Paes Landim (PI)
PSC
Takayama (PR)
PCdoB
Assis Melo (RS)
PRB
Vitor Paulo (RJ)
PMN
Fábio Faria (RN)
Senadores - Suplentes
Bloco da Maioria (PMDB – PP-PSC-PMN-PV)
Cassildo Maldaner – PMDB/SC
Waldemir Moka – PMDB/MS
Valdir Raupp – PMDB/RO
Bloco do Governo (PT – PR-PDT-PSB-PCdoB-PRB)
Eduardo Suplicy – PT/SP
Humberto Costa – PT/PE
Cristovam Buarque – PDT/DF
Magno Malta – PR/ES
Bloco da Minoria (PSDB-DEM)
José Agripino – DEM/RN
PTB – Suplente
Fernando Collor (AL)
Melhor ainda, talvez, um Boeing bem grande, cedido para as ocasiões, e fazer reuniões ambulantes, cada uma num lugar diverso, com direito a pouco mais do que lunch-bags?
Sempre se poderá dizer que o Mercosul é muito diverso, com paisagens naturais maravilhosas, cidades acolhedoras, praias lindas e estações de esqui (segundo as estações) equipados, and so on.
Mas precisa ser um daqueles jumbos, para caber todo esse povo...
Paulo Roberto de Almeida
Os novos representantes brasileiros no Parlasul
fonte: Representação Brasileira no Parlamento do Mercosul
A Representação Brasileira deve convocar para o início de agosto a reunião de instalação para a posse dos parlamentares brasileiros indicados ao Parlamento do MERCOSUL (Parlasul). A lista dos indicados está publicada no Diário do Congresso Nacional. A partir da posse, o Parlasul e a Representação Brasileira retomam as atividades.
O Congresso Nacional divulgou nesta quinta-feira, 14 de julho, a lista dos representantes indicados ao Parlamento do MERCOSUL. Os Parlamentares aguardam a reunião de instalação da Representação Brasileira, e a partir daí a Representação e o Parlamento retomam suas atividades. Ao todo, 27 deputados e 10 senadores - totalizando 37 parlamentares brasileiros - ocupam as cadeiras no Parlasul. O senado ainda não indicou uma vaga para titular pelo bloco das minorias. Seguem os parlamentares membros da Representação Brasileira:
Deputados Federais - Titulares
PT
Benedita da Silva (RJ)
Dr. Rosinha (PR)
Emiliano José (BA)
Jilmar Tatto (SP)
Paulo Pimenta (RS)
PMDB
Íris de Araújo (GO)
Marçal Filho (MS)
Moacir Micheletto (PR)
Raul Henry (PE)
PSDB
Eduardo Azeredo (MG)
Reinaldo Azambuja (MS)
Sergio Gerra (PE)
PP
Dirceu Sperafico (PR)
Renato Molling (RS)
DEM
Júlio Campos (MT)
Mandetta (MS)
PR
Paulo Freire (SP)
Luis Tibé - PTdoB* (MG)
PSB
José Stédile (RS)
Ribamar Alves (MA)
PDT
Vieira da Cunha (RS)
Bloco PV/PPS
Roberto Freire- PPS (PE)
PTB
Sérgio Moraes (RS)
PSC
Nelson Padovani (PR)
PCdoB
Manuela D’Avila (RS)
PRB – Titular
George Hilton (MG)
PMN
Dr. Carlos Alberto (RJ)
Senadores - Titulares
Bloco da Maioria (PMDB-PP-PSC-PMN-PV)
Pedro Simon – PMDB/RS
Roberto Requião – PMDB/PR
Wilson Santiago – PMDB/PB
Ana Amélia – PP/RS
Bloco do Governo (PT – PR-PDT-PSB-PCdoB-PRB)
Paulo Paim – PT/RS
Inácio Arruda – PcdoB/CE
Antonio Carlos Valadares – PSB/SE
Bloco da Minoria (PSDB-DEM) - Titular
Paulo Bauer – PSDB/SC
PTB
Mozarildo Cavalcanti (RR)
Deputados Federais - Suplentes
PT
Bohn Gass (RS)
Newton Lima (SP)
Sibá Machado (AC)
Weliton Prado (MG)
Zé Geraldo (PA)
PMDB
Fátima Pelaes (AP)
Gastão Vieira (MA)
Lelo Coimbra (ES)
Valdir Colatto (SC)
PSDB
Ainda não indicados
PP
Afonso Hamm (RS)
Raul Lima (RR)
DEM
Ainda não indicados
PR
Giacobo (PR)
Henrique Oliveira (AM)
PSB
Antonio Balhamann (CE)
Audifax (ES)
PDT
Sebastião Bala Rocha (AP)
Bloco PV/PPS
Antonio Roberto – PV (MG)
PTB
Paes Landim (PI)
PSC
Takayama (PR)
PCdoB
Assis Melo (RS)
PRB
Vitor Paulo (RJ)
PMN
Fábio Faria (RN)
Senadores - Suplentes
Bloco da Maioria (PMDB – PP-PSC-PMN-PV)
Cassildo Maldaner – PMDB/SC
Waldemir Moka – PMDB/MS
Valdir Raupp – PMDB/RO
Bloco do Governo (PT – PR-PDT-PSB-PCdoB-PRB)
Eduardo Suplicy – PT/SP
Humberto Costa – PT/PE
Cristovam Buarque – PDT/DF
Magno Malta – PR/ES
Bloco da Minoria (PSDB-DEM)
José Agripino – DEM/RN
PTB – Suplente
Fernando Collor (AL)
domingo, 14 de agosto de 2011
Onde esta a "nova classe media"? - José Lemos
Onde Está a “Nova Classe Média”?
José Lemos (*)
Há um bombardeio midiático tentando fazer-nos crer, que uma “nova classe média” surgiu no Brasil a partir de 2003. Afirmam que trinta (30) milhões de brasileiros deixaram de ser pobres e passaram a fazer parte dessa “nova classe média”. Sendo curioso da área, tentei confirmar essas informações. A investigação se apóia na hipótese de que a “nova classe média” deve ter emergido dos estratos de menor renda. A tentativa é de contabilizar esse novo grupo social ávido de consumo.
Buscamos fazer a comparação entre o último ano do Governo que se encerrou em 2002 com aquele que começou em 2003 e terminou em 2010. Os dados brutos que utilizamos são da PNAD de 2002 e 2009, tendo em vistas que este é o ultimo ano para o qual o IBGE disponibiliza informações atualmente.
Tomemos a população que sobrevivia em domicílios cuja renda varia de zero a dois (2) salários mínimos. Este contingente tem renda média domiciliar de aproximadamente 1,2 salários mínimos. Como cada domicílio abriga quatro pessoas, em média, segue-s que a renda per capita domiciliar é de 1/3 do salário mínimo. Em 2002 a população estimada para o Brasil era de 173,4 milhões. Para aquele ano o contingente sobrevivendo em domicílios sob aquelas condições de renda representava 32,5%, o que somava 55,5 milhões de brasileiros.
Em 2003 assumiu o novo governo que teve como herança, plantada no Governo Itamar Franco e consolidada nos dois Governos de FHC, a estabilidade monetária. Estabilidade que se assentava em fundamentos macroeconômicos que, se seguidos dariam condições para o novo governo deslanchar.
Não foi isso o que se observou. Entre 2003 e 2010 o PIB brasileiro apresentou crescimento pífio, se comparado às economias do mesmo porte do Brasil. A escolaridade media dos brasileiros ficou abaixo de oito (8) anos, e a taxa de analfabetos estabilizou em elevados 10%. Alem disso, houve retrocesso no acesso a esgoto, e avanço apenas modesto no aceso à água encanada. Mas o que aconteceu com aqueles brasileiros de renda domiciliar situada entre zero e dois salários mínimos?
Em 2003 este segmento já havia ascendido para 33,3% da população do Brasil. Atingiu 36,1% em 2009. Portanto, em termos relativos, houve um acréscimo de 3,6% da população que sobrevivia com renda domiciliar de até dois salários mínimos. Como a população cresceu entre 2002 e 2009, o contingente sobrevivendo sob aquelas condições de renda também cresceu. De fato, o IBGE estimava em 191,8 milhões a população de 2009. Assim, a população sobrevivendo naquela baixa faixa de renda somava 69,2 milhões. Isto significa que entre 2002 e 2009 um total de 16,5 milhões de brasileiros foi incorporado ao grupo da população que sobrevive em domicílios cuja renda varia de zero a dois salários mínimos. Migraram dos estratos superiores de renda.
A pergunta que não pode ficar sem resposta é: Como explicar a explosão de consumo que aconteceu neste período, sobretudo entre esse segmento de menor renda?
Para responder a esta instigante questão, buscamos informações no Banco Central (BC). Segundo o (BC), o crédito consignado com desconto em folha, entre os meses de janeiro e novembro de 2009, correspondeu a 80% do crescimento total do empréstimo pessoal. A “Nota de Política Monetária” divulgada pelo Banco Central em dezembro de 2010, ensina que o volume total de crédito consignado alcançou R$ 137,42 bilhões. Um avanço de 27,4% relativamente a dezembro de 2009.
Depreende-se que a explosão de consumo observada nesse segmento populacional, não ocorreu devido a uma mudança de status socioeconômico, como quer fazer crer a propaganda oficial. Mas devido ao endividamento em larga escala dos trabalhadores que tem vinculo empregatício. Na verdade os grandes beneficiados com essa ciranda foram os banqueiros, tendo em vistas que são empréstimos com riscos praticamente nulos para eles, e com taxa de inadimplência praticamente nula. Não é por acaso que há brigas intensas entre banqueiros para participarem desse banquete.
E a “Nova Classe Media”? Bom, se ter renda domiciliar de até dois salários mínimos caracterizar esses brasileiros, a propaganda oficial está corretíssima, pois acrescentamos mais 16,5 milhões em 2009, comparativamente ao que se observava em 2002. Falta apenas dizer na campanha publicitária que são brasileiros “felizes”, mas endividados como nunca antes na historia desse (sic) país. Nenhum Governo é perfeito.
(*) Professor Associado na Universidade Federal do Ceará.
José Lemos (*)
Há um bombardeio midiático tentando fazer-nos crer, que uma “nova classe média” surgiu no Brasil a partir de 2003. Afirmam que trinta (30) milhões de brasileiros deixaram de ser pobres e passaram a fazer parte dessa “nova classe média”. Sendo curioso da área, tentei confirmar essas informações. A investigação se apóia na hipótese de que a “nova classe média” deve ter emergido dos estratos de menor renda. A tentativa é de contabilizar esse novo grupo social ávido de consumo.
Buscamos fazer a comparação entre o último ano do Governo que se encerrou em 2002 com aquele que começou em 2003 e terminou em 2010. Os dados brutos que utilizamos são da PNAD de 2002 e 2009, tendo em vistas que este é o ultimo ano para o qual o IBGE disponibiliza informações atualmente.
Tomemos a população que sobrevivia em domicílios cuja renda varia de zero a dois (2) salários mínimos. Este contingente tem renda média domiciliar de aproximadamente 1,2 salários mínimos. Como cada domicílio abriga quatro pessoas, em média, segue-s que a renda per capita domiciliar é de 1/3 do salário mínimo. Em 2002 a população estimada para o Brasil era de 173,4 milhões. Para aquele ano o contingente sobrevivendo em domicílios sob aquelas condições de renda representava 32,5%, o que somava 55,5 milhões de brasileiros.
Em 2003 assumiu o novo governo que teve como herança, plantada no Governo Itamar Franco e consolidada nos dois Governos de FHC, a estabilidade monetária. Estabilidade que se assentava em fundamentos macroeconômicos que, se seguidos dariam condições para o novo governo deslanchar.
Não foi isso o que se observou. Entre 2003 e 2010 o PIB brasileiro apresentou crescimento pífio, se comparado às economias do mesmo porte do Brasil. A escolaridade media dos brasileiros ficou abaixo de oito (8) anos, e a taxa de analfabetos estabilizou em elevados 10%. Alem disso, houve retrocesso no acesso a esgoto, e avanço apenas modesto no aceso à água encanada. Mas o que aconteceu com aqueles brasileiros de renda domiciliar situada entre zero e dois salários mínimos?
Em 2003 este segmento já havia ascendido para 33,3% da população do Brasil. Atingiu 36,1% em 2009. Portanto, em termos relativos, houve um acréscimo de 3,6% da população que sobrevivia com renda domiciliar de até dois salários mínimos. Como a população cresceu entre 2002 e 2009, o contingente sobrevivendo sob aquelas condições de renda também cresceu. De fato, o IBGE estimava em 191,8 milhões a população de 2009. Assim, a população sobrevivendo naquela baixa faixa de renda somava 69,2 milhões. Isto significa que entre 2002 e 2009 um total de 16,5 milhões de brasileiros foi incorporado ao grupo da população que sobrevive em domicílios cuja renda varia de zero a dois salários mínimos. Migraram dos estratos superiores de renda.
A pergunta que não pode ficar sem resposta é: Como explicar a explosão de consumo que aconteceu neste período, sobretudo entre esse segmento de menor renda?
Para responder a esta instigante questão, buscamos informações no Banco Central (BC). Segundo o (BC), o crédito consignado com desconto em folha, entre os meses de janeiro e novembro de 2009, correspondeu a 80% do crescimento total do empréstimo pessoal. A “Nota de Política Monetária” divulgada pelo Banco Central em dezembro de 2010, ensina que o volume total de crédito consignado alcançou R$ 137,42 bilhões. Um avanço de 27,4% relativamente a dezembro de 2009.
Depreende-se que a explosão de consumo observada nesse segmento populacional, não ocorreu devido a uma mudança de status socioeconômico, como quer fazer crer a propaganda oficial. Mas devido ao endividamento em larga escala dos trabalhadores que tem vinculo empregatício. Na verdade os grandes beneficiados com essa ciranda foram os banqueiros, tendo em vistas que são empréstimos com riscos praticamente nulos para eles, e com taxa de inadimplência praticamente nula. Não é por acaso que há brigas intensas entre banqueiros para participarem desse banquete.
E a “Nova Classe Media”? Bom, se ter renda domiciliar de até dois salários mínimos caracterizar esses brasileiros, a propaganda oficial está corretíssima, pois acrescentamos mais 16,5 milhões em 2009, comparativamente ao que se observava em 2002. Falta apenas dizer na campanha publicitária que são brasileiros “felizes”, mas endividados como nunca antes na historia desse (sic) país. Nenhum Governo é perfeito.
(*) Professor Associado na Universidade Federal do Ceará.
Irlanda, da felicidade aos problemas - Colm Tóibín
Ao contrário do que o editor da revista afirma, a Irlanda não voltou à pobreza. Ela representa um dos mais extraordinários exemplos de desenvolvimento econômico e social, arrancando a si mesma da pobreza por políticas corretas. Recentemente, cometeu uma grande bobagem, devido ao excesso de riqueza, justamente: foi garantir a 100% depósitos bancários, atraiu mais capital do que deveria, e foi prejudicada pela crise dos derivativos americanos. Uma bobagem que não deveria ter feito. Mas ela não voltará à pobreza, e sim terá de administrar o buraco financeiro pelos próximos anos. Tem inteligência suficiente para superar um problema conjuntural, e continua a ter boas políticas em outras áreas.
Paulo Roberto de Almeida
O preço da felicidade, o custo da desgraça
por Colm Tóibín
Revista piauí, agosto 2011
Em texto exclusivo para a piauí, o escritor irlandês narra a trajetória de seu país, da pobreza à prosperidade e de volta à pobreza, em apenas quinze anos
Devia ser o verão de 1965, ou talvez um ano antes, e estávamos na praia na costa leste da Irlanda. Eu tinha 9 ou 10 anos. Minha mãe e meus irmãos provavelmente tinham ido nadar e isso significa que eu estava deitado no tapete escutando a conversa do meu pai com a irmã da minha mãe. A irmã da minha mãe gostava de discutir grandes assuntos como religião e política. Agora ela estava perguntando a meu pai, que era um membro ativo do partido do governo, o Fianna Fáil – que desde 1932 esteve quase sempre no poder – se ele apoiava todas as políticas e decisões de seus correligionários. Meu pai disse que sim, e isso me pareceu certo, pois nunca imaginara que ele pudesse pensar de outro modo. Eu sabia a opinião dele sobre o outro partido – o Fine Gael, principal partido oposicionista – que era a de que você podia cumprimentar seus membros quando cruzava com eles na rua, mas se alguma vez votasse neles sua mão direita gangrenaria e seria amputada.
O pai do meu pai era um nacionalista irlandês e tinha lutado contra os britânicos. Participou da rebelião de 1916, que, mesmo sendo derrotada, tornou-se o início do fim do domínio britânico na Irlanda. Em 1922, quando finalmente se retiraram, os ingleses decidiram dividir a Irlanda, ficando com o norte do país, que tinha uma população protestante maior e não queria se separar da Grã-Bretanha. E homens como meu avô eram totalmente contrários a esse arranjo. Meu avô e seus amigos queriam tudo ou nada, uma república formada por toda a ilha; os da outra facção, até ali seus camaradas na luta contra o domínio britânico, queriam aceitar a proposta britânica de uma Irlanda dividida. As duas facções, incluindo irmãos, travaram uma feroz guerra civil. Noventa anos depois, os dois principais partidos – Fianna Fáil e Fine Gael – descendem dessa guerra.
A política de ambos os lados era nacionalista, anti-imperialista e não propriamente de esquerda. O ideário não ia além da vaga noção de uma Irlanda autossuficiente. A guerra que travaram não foi uma guerra de classes. Assim, enquanto alguns ingleses partiram e perderam suas propriedades, a burguesia irlandesa não foi afetada pela independência. Os proprietários rurais mantiveram suas terras; os lojistas, suas lojas; os banqueiros, seus bancos. E a revolução irlandesa foi também comandada principalmente por católicos. O fim da guerra civil viu crescer, ao sul da fronteira, um Estado católico insular profundamente conservador e, ao norte, numa imagem especular, um estado protestante insular profundamente conservador. O partido do meu avô, Fianna Fáil, do qual meu tio também era membro, e no qual meu pai logo ingressaria, tomou o poder no sul em 1932; tornou-se ainda mais conservador e mais católico do que o outro partido, Fine Gael. O Partido Trabalhista continuou pequeno, sempre a terceira força; o movimento sindical também era conservador, e quase não tinha influência.
O problema para o novo Estado irlandês era como proporcionar trabalho à população. Os melhores empregos eram no funcionalismo público. Quase não havia indústria; a Irlanda era ainda um país basicamente agrícola. Dos anos 20 em diante muitos jovens emigraram para a Grã-Bretanha e Estados Unidos em busca de trabalho. Em 1939 Seán Lemass, que se tornaria primeiro-ministro vinte anos mais tarde, disse que os problemas econômicos da Irlanda tinham “criado uma situação em que o desaparecimento da raça era uma possibilidade que não podia ser ignorada”. O isolamento do país se acentuou ainda mais por causa da posição de neutralidade que assumiu durante a Segunda Guerra Mundial. Depois da guerra, enquanto a Europa era reconstruída com dinheiro do Plano Marshall, a Irlanda ficou, assim como a Espanha e Portugal, à margem da nova prosperidade.
Era, nos anos 50, um lugar atrasado, do qual era um alívio, quase um prazer, emigrar. Quatro em cada cinco crianças nascidas na Irlanda entre 1931 e 1941 emigraram. No final daquela década estava claro que era preciso fazer algo para modernizar o país. Em 1958 foi publicado o Primeiro Programa para a Expansão Econômica. A Irlanda tinha sido admitida no Banco Mundial e no Fundo Monetário Internacional em 1957. A partir de 1958, o país se abriu para o investimento estrangeiro e para o capital externo, predominantemente americano.
(leia a íntegra deste artigo neste link)
Paulo Roberto de Almeida
O preço da felicidade, o custo da desgraça
por Colm Tóibín
Revista piauí, agosto 2011
Em texto exclusivo para a piauí, o escritor irlandês narra a trajetória de seu país, da pobreza à prosperidade e de volta à pobreza, em apenas quinze anos
Devia ser o verão de 1965, ou talvez um ano antes, e estávamos na praia na costa leste da Irlanda. Eu tinha 9 ou 10 anos. Minha mãe e meus irmãos provavelmente tinham ido nadar e isso significa que eu estava deitado no tapete escutando a conversa do meu pai com a irmã da minha mãe. A irmã da minha mãe gostava de discutir grandes assuntos como religião e política. Agora ela estava perguntando a meu pai, que era um membro ativo do partido do governo, o Fianna Fáil – que desde 1932 esteve quase sempre no poder – se ele apoiava todas as políticas e decisões de seus correligionários. Meu pai disse que sim, e isso me pareceu certo, pois nunca imaginara que ele pudesse pensar de outro modo. Eu sabia a opinião dele sobre o outro partido – o Fine Gael, principal partido oposicionista – que era a de que você podia cumprimentar seus membros quando cruzava com eles na rua, mas se alguma vez votasse neles sua mão direita gangrenaria e seria amputada.
O pai do meu pai era um nacionalista irlandês e tinha lutado contra os britânicos. Participou da rebelião de 1916, que, mesmo sendo derrotada, tornou-se o início do fim do domínio britânico na Irlanda. Em 1922, quando finalmente se retiraram, os ingleses decidiram dividir a Irlanda, ficando com o norte do país, que tinha uma população protestante maior e não queria se separar da Grã-Bretanha. E homens como meu avô eram totalmente contrários a esse arranjo. Meu avô e seus amigos queriam tudo ou nada, uma república formada por toda a ilha; os da outra facção, até ali seus camaradas na luta contra o domínio britânico, queriam aceitar a proposta britânica de uma Irlanda dividida. As duas facções, incluindo irmãos, travaram uma feroz guerra civil. Noventa anos depois, os dois principais partidos – Fianna Fáil e Fine Gael – descendem dessa guerra.
A política de ambos os lados era nacionalista, anti-imperialista e não propriamente de esquerda. O ideário não ia além da vaga noção de uma Irlanda autossuficiente. A guerra que travaram não foi uma guerra de classes. Assim, enquanto alguns ingleses partiram e perderam suas propriedades, a burguesia irlandesa não foi afetada pela independência. Os proprietários rurais mantiveram suas terras; os lojistas, suas lojas; os banqueiros, seus bancos. E a revolução irlandesa foi também comandada principalmente por católicos. O fim da guerra civil viu crescer, ao sul da fronteira, um Estado católico insular profundamente conservador e, ao norte, numa imagem especular, um estado protestante insular profundamente conservador. O partido do meu avô, Fianna Fáil, do qual meu tio também era membro, e no qual meu pai logo ingressaria, tomou o poder no sul em 1932; tornou-se ainda mais conservador e mais católico do que o outro partido, Fine Gael. O Partido Trabalhista continuou pequeno, sempre a terceira força; o movimento sindical também era conservador, e quase não tinha influência.
O problema para o novo Estado irlandês era como proporcionar trabalho à população. Os melhores empregos eram no funcionalismo público. Quase não havia indústria; a Irlanda era ainda um país basicamente agrícola. Dos anos 20 em diante muitos jovens emigraram para a Grã-Bretanha e Estados Unidos em busca de trabalho. Em 1939 Seán Lemass, que se tornaria primeiro-ministro vinte anos mais tarde, disse que os problemas econômicos da Irlanda tinham “criado uma situação em que o desaparecimento da raça era uma possibilidade que não podia ser ignorada”. O isolamento do país se acentuou ainda mais por causa da posição de neutralidade que assumiu durante a Segunda Guerra Mundial. Depois da guerra, enquanto a Europa era reconstruída com dinheiro do Plano Marshall, a Irlanda ficou, assim como a Espanha e Portugal, à margem da nova prosperidade.
Era, nos anos 50, um lugar atrasado, do qual era um alívio, quase um prazer, emigrar. Quatro em cada cinco crianças nascidas na Irlanda entre 1931 e 1941 emigraram. No final daquela década estava claro que era preciso fazer algo para modernizar o país. Em 1958 foi publicado o Primeiro Programa para a Expansão Econômica. A Irlanda tinha sido admitida no Banco Mundial e no Fundo Monetário Internacional em 1957. A partir de 1958, o país se abriu para o investimento estrangeiro e para o capital externo, predominantemente americano.
(leia a íntegra deste artigo neste link)
Cartazes sovieticos do realismo socialista (alguns surreais, na verdade)
A Rede Histórica selecionou 50 posters e pediu para que Irina Starostina traduzisse para o português. Confira o resultado!
http://historica.me/profiles/blogs/50-posters-sovieticos
Nós exigimos paz!
http://historica.me/profiles/blogs/50-posters-sovieticos
Nós exigimos paz!
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