sábado, 10 de setembro de 2011

O mundo sem o Onze de Setembro: explorando hipóteses - Paulo Roberto de Almeida


O mundo sem o Onze de Setembro: explorando hipóteses

Paulo Roberto de Almeida
Blog do Paulo Roberto de Almeida (http://www.observadorpolitico.org.br/blogs/pralmeida/) no Observador Político (10/09/2011, às 23:15; link: http://www.observadorpolitico.org.br/2011/09/o-mundo-sem-o-onze-de-setembro-explorando-hipoteses/).

Imaginemos, por um momento, que não tivesse ocorrido o Onze de Setembro. As duas torres gêmeas ainda fariam parte do skyline do sul de Manhattan e o Pentágono não teria sido renovado, continuando, portanto, a exibir sua horrível arquitetura stalinista (que, por sinal, ele ainda tem, a despeito das fachadas mais limpas e menos cinzentas). Mais importante, 3 mil pessoas não teriam sido barbaramente eliminadas – e me desculpo imediatamente por não mencionar isso em primeiro lugar – por um dos mais espetaculares (e cinematográficos) atentados jamais ocorridos na história.
Claro, outras matanças “terroristas” produziram muito mais vítimas, algumas delas até em doses concentradas (ou delongadas, como os crimes igualmente bárbaros ou genocídios perpetrados por déspotas e tiranos como Hitler, Stalin, Mao e outros candidatos menores), mas nenhuma, até aqui, frequentou tanto os espaços da mídia quanto aquela perpetrada numa bela manhã de céu azul do final do verão americano. Nenhuma dessas outras matanças – historicamente mais relevantes – foi vista ao vivo por milhões de pessoas ao redor do mundo; a repetição contínua, nos canais de TV, dos ataques às torres gêmeas ainda nos enche de horror e de estupefação (ainda que sem mais a completa surpresa daqueles momentos terríveis).
Imaginemos, então, que não tivessem ocorrido esses ataques – aliás dotados de “tecnologia” relativamente ingênua, cujos autores poderiam ter sido detectados e interceptados a caminho de seu intento criminoso – ou que, simplesmente, o cérebro que esteve por trás de seu planejamento pudesse ter continuado suas ações “normais” de terrorismo localizado, sem conceber tal tipo de ação verdadeiramente espetacular. O mundo não teria esse “marco fundador do século XXI” assim classificado por cronistas e observadores contemporâneos (e que talvez seja confirmado pelos historiadores). Não teria deixado de existir Al Qaeda e atentados terroristas, mas teríamos sido poupados do horror desse marco simbólico do terrorismo fundamentalista da era contemporânea.
Sem esses ataques o mundo teria sido muito diferente? Vejamos, por meio de um exercício de imaginação, como seria, ou como poderia ser, o mundo atual, sem o Onze de Setembro.

O Afeganistão, em primeiro lugar, seguiria por alguns anos mais – não sabemos exatamente quanto tempo mais – com o horrível regime dos talibãs, que continuaria a oprimir as suas mulheres (e os homens também), seguiria desmantelando estátuas e símbolos iconoclastas em sua concepção (como a lamentável destruição dos budas gigantes de Bamian) e continuaria, obviamente, a abrigar bases de treinamento de grupos terroristas ao estilo da Al Qaeda (que continuaria planejando ataques contra alvos americanos e ocidentais, como o do U.S.S. Cole, nas costas do Iêmen, ou das embaixadas em Nairóbi e em outros lugares). O Paquistão vizinho, em segundo lugar, continuaria abrigando grupos terroristas, que continuariam atacando alvos na Cachemira ocupada ou na própria Índia. Palestinos e israelenses continuariam se matando uns aos outros, em pequenos e grandes atentados. A teocracia iraniana também continuaria oprimindo seus dissidentes e sustentando grupos terroristas e nacionalistas da região, como os do Hamas ou do Hesbollah. A violência anticristã dos fundamentalistas islâmicos do norte da Nigéria continuaria produzindo vítimas entre os habitantes de pequenas aldeias no centro do país. As ditaduras árabes continuariam oprimindo seus povos, na indiferença geral...
Os Balcãs, com exceção do Kossovo, continuariam talvez pacificados pelas forças da OTAN, mas se encaminhariam progressivamente para a integração europeia, como já parecia inevitável. Mas os grupos antiglobalizadores continuariam, na Europa, nos EUA e em outros lugares, a perturbar as reuniões multilaterais, provando, mais uma vez, que não é difícil reunir multidões de ingênuos em torno de teses idiotas que pretendem lutar contra a globalização, como se fosse possível interromper marés, maremotos e furacões...
A Europa e talvez o mundo continuariam, por alguns anos mais, como efetivamente ocorreu, a enfrentar a doença da vaca louca, assim como a Ásia continuaria a se debater com epidemias animais que ocasionalmente ameaçam transmigrar para a espécie humana. Terremotos, maremotos e outros acidentes naturais continuariam a produzir seu lote de enormes desastres humanos nos lugares e países mais desprovidos de condições materiais para minimizar seus efeitos catastróficos. Ecologistas ingênuos e ambientalistas científicos continuariam a anunciar as catástrofes decorrentes da ação industrial do homem, dizendo que o “fim está próximo” se não nos arrependermos de nossos progressos tecnológicos e não gastarmos algumas centenas de bilhões de dólares em medidas “preventivas” de duvidoso efeito real. O bug do milênio e a paranoia que ele despertou já teriam passado, mas hackers, crackers e outros cyber-terrorists continuariam a trazer preocupações aos órgãos de defesa e de inteligência, assim como aos simples webmasters de sites oficiais de governos e de empresas...
A América Latina continuaria com o seu cortejo de miséria, de desigualdades sociais, de corrupção e, claro, com o seu lote habitual de caudilhos histriônicos e de demagogos candidatos a qualquer coisa, a dilapidar os recursos públicos e a enganar populações de pobres e dependentes. O Haiti, provavelmente, não teria conseguido evitar sua trajetória de desastres naturais e humanos, e continuaria a depender da ajuda humanitária para evitar cenários ainda mais pavorosos. A África, muito pior, continuaria seu itinerário horroroso de conflitos étnicos, guerras civis, ditadores bilionários e doenças endêmicas, com alguma recuperação aqui e ali, e muita assistência pública internacional, como tem sido o caso no último meio século. Russos e cidadãos das repúblicas da Ásia central ainda teriam remanescentes dos antigos aparatchiks comunistas no poder, sobrevivendo na “maldição do petróleo” e continuando a construir o “modo capitalista-mafioso de produção”, uma modalidade não exatamente prevista por Marx.

O mundo, enfim, não seria muito diferente do que ele foi, na década que passou desde o Onze de Setembro, e do que ele é, hoje, com seu desfile de grandezas e misérias, grandes invenções e pequenos acidentes de percurso, filmes de Hollywood (e, cada vez mais, de Bollywood), prêmios Nobel e prêmios igNobel (alguns imerecidos, numa e noutra categoria), avanços dramáticos nas ciências, nas artes e na tecnologia (certamente iPod, iPhone e iPad), outros recuos não menos dramáticos na ética pública e na gestão governamental. Ou seja, certos desenvolvimentos naturais, certos processos sociais e alguns eventos contingentes teriam sido inevitáveis, em função da flecha do tempo e da roda impessoal da História. Resta ver, então, o que o mundo NÃO seria, no sentido de poder ter sido melhor do que ele foi, efetivamente, ou, eventualmente, de ter sido mais “ameno” ou simplesmente mais tranquilo, pelo menos potencialmente, na ausência daqueles fatídicos ataques.

Bem, os EUA não teriam atacado o Afeganistão – devidamente autorizados pelo Conselho de Segurança, relembre-se – e provavelmente não teriam tido “escusas” para invadir o Iraque e derrubar Saddam Hussein – não autorizados pelo CSNU, relembre-se – e não estariam envolvidos, com alguns aliados da OTAN, em duas guerras intermináveis, que já provocaram mais vítimas inocentes do que vários atentados terroristas reunidos. Claro, George Bush talvez tivesse buscado outras escusas, e outros expedientes, para terminar a missão inconclusa de seu pai na primeira guerra do Golfo. Mas provavelmente não teria ocorrido uma revisão radical nas estratégias de segurança dos EUA, como a “doutrina Bush” e a noção de “guerra preventiva”. Guantánamo não teria sido convertida em prisão para “inimigos combatentes”, à margem das convenções multilaterais relativas à guerra e “prisioneiros” de guerra. A própria noção de “guerra ao terror” provavelmente não teria existido, continuando apenas o trabalho habitual das agências de inteligência na prevenção aos ataques terroristas, seguido de uma ou outra ação tópica, de caráter militar, no desmantelamento de bases e eliminação de agentes em alguns hotspots do planeta.
Mais importante, talvez, para os cenários econômicos da globalização capitalista, os EUA não teriam acumulado 5 ou 6 trilhões de dólares adicionais de dívida pública e não estariam em tão má postura, como atualmente, para continuar a servir de “locomotiva econômica planetária”, nos momentos de recuperação da sempre esquizofrênica economia mundial. A ciclotimia habitual do capitalismo continuaria igual, claro, e crises financeiras continuariam a ocorrer com sua regularidade habitual, e nem sequer seríamos poupados dos desastres da bolha imobiliária, da crise financeira de 2008-2009 e da atual crise do endividamento público dos países avançados, que obedecem a uma lógica própria, sem nada dever a qualquer tipo de ataque terrorista de qualquer grupo religioso ou político. O capitalismo financeiro sempre produz seus próprios desastres, com quedas espetaculares dos valores das ações, sem necessidade de derrubada física dos papéis.
O único vínculo entre a crise atual e os ataques terroristas talvez seja o excessivo endividamento americano, mas o enorme buraco provavelmente não existiria, se Bush não tivesse lançado o país, irresponsavelmente, em duas custosas guerras de nation building e de construção de democracias em países já por si problemáticos. Os EUA, que obtiveram, espontaneamente, a imediata solidariedade de todo o mundo, no imediato seguimento dos ataques – Nous sommes tous américains!, escreveu em letras garrafais o Le Monde de 12 de setembro de 2001 – e que tiveram o apoio na luta contra o terror mesmo de competidores estratégicos, passaram a ser odiados em vários quadrantes, por causa de ações arrogantes, irrefletidas, unilaterais. Obviamente que não se pode combater grupos terroristas apenas com base no diálogo, na cooperação e na coordenação multilateral – que são instâncias ineficientes, ineficazes ou inexistentes, simplesmente –, mas a escolha de uma estratégia de “enfrentamento imperial” dilapidou rapidamente o crédito de confiança que eles tinham conquistado na conjuntura dos ataques.
Não é seguro que uma estratégia de maior coordenação e consulta com aliados habituais e parceiros circunstanciais teria evitado, por exemplo, os ataques terroristas de Madrid e de Londres – para ficar apenas em dois dos mais mortíferos – mas talvez fosse possível obter um ambiente de luta clandestina, nos bastidores e por ações mais de inteligência do que pelo uso da força bruta, que evitasse o antiamericanismo militante que surgiu a partir da invasão do Iraque. Grupos militantes e outros fundamentalistas espalhados ao redor do mundo talvez não tivessem se organizado em torno do rótulo Al Quaeda para perpetrar alguns desses ataques e tentativas de ações terroristas que foram, em parte, estimuladas pela resposta imperial americana.
O próprio conceito de “guerra ao terror” e o caráter punitivo a que esse tipo de enfrentamento conduz superestimam a capacidade dos grupos terroristas e realçam um hipotético status de combatentes, no plano do direito internacional, o que eles obviamente não são, no sentido próprio da palavra. O inteiro arcabouço jurídico internacional da luta contra o terrorismo poderia ter avançado mais, na ausência de uma resposta militar dos EUA aos ataques, ou mais exatamente, na ausência da estratégia americana de “guerra preventiva”, materializada especialmente pela invasão do Iraque. Ditadores e ditaduras foram poupados em certos cenários de “cooperação” na “guerra ao terror”, e muitos deles sobreviveram e sobrevivem ainda hoje, em função das tensões acumuladas nesse ambiente unilateralista criado pelos EUA.

Em qualquer hipótese, é extremamente difícil dizer se o mundo, sem o Onze de Setembro, teria sido muito diferente do que ele foi, pois forças impessoais continuam se movimentando na mesma direção, provocando, talvez, efeitos semelhantes, ou processos similares, aos que ocorreram a partir dos ataques terroristas e das respostas imperiais. Deve-se, em todo caso, relevar a parte dos fatores contingentes, dos imponderáveis humanos no desenvolvimento que efetivamente tivemos, desde antes do Onze de Setembro. Na ausência de homens como Osama Bin Laden e de George W. Bush – este aqui cercado dos “falcões” do unilateralismo americano, pois o próprio presidente era conceitualmente muito fraco e intelectualmente débil para conceber a sua “guerra ao terror”– provavelmente não teríamos tido nem os ataques do Onze de Setembro, nem as respostas desproporcionais que se seguiram, e que marcaram indelevelmente estes dez anos como uma das mais problemáticas décadas desde o final da Segunda Guerra Mundial.
A vida continua, os impérios se sucedem, o capitalismo se renova, os governos continuam acertando e errando na construção de sociedades mais seguras e mais estáveis, a prosperidade se instala lentamente num mundo de mercados cada vez mais unificados e é este último fator, finalmente, que vai conduzir, senão à eliminação do terrorismo, pelo menos à atenuação das vocações, ao arrefecimento dos ardores militantes e à diminuição do número de candidatos a ações terroristas. Quando todos os jovens miseráveis do planeta tiverem sido alçados a uma pobreza aceitável, e passarem a desfrutar dos equivalentes dos iPhones e iPads da atualidade, todos eles devidamente conectados, podemos ter certeza de que o mundo terá menos ditadores, menos miséria e menos terrorismo. Minha visão é, sim, economicista a este respeito, pois acredito que o espaço das crenças irracionais – e o terrorismo fundamentalista é basicamente uma crença irracional – será diminuído pela educação universal. E não existe melhor antídoto contra esses fenômenos reacionários, e melhor remédio à miséria educacional, do que o processo irrestrito da globalização de mercados.
Mais um pouco e eu diria que os antiglobalizadores são os inocentes úteis do terrorismo fundamentalista, mas não vou ofender gratuitamente uma tribo de jovens ingênuos (ainda que animados por velhacos de má-fé e intelectualmente desonestos). Vou apenas torcer para que essas “crenças irracionais” da globalização – aliás animadas pelas próprias ferramentas da globalização – sejam rapidamente revertidas e colocadas a serviço do único processo que vai diminuir, progressivamente, os fervores terroristas.

Brasília, 10 setembro 2011
Paulo Roberto de Almeida é diplomata, professor universitário e autor de Globalizando.

O Onze de Setembro visto do Brasil - Paulo Roberto de Almeida

O artigo abaixo, sobre o "recebimento" do Onze de Setembro no Brasil, foi escrito para um site de opiniões políticas (Observador Político) e aproveitou, apenas parcialmente, algumas partes deste artigo: 

Onze de Setembro, dez anos: recepção no mundo, reações no Brasil”, Revista Espaço Acadêmico, dossiê especial Onze de Setembro (ano 11, n. 124, setembro de 2011, p. 21-26; ISSN: 1519-6186, link: http://www.periodicos.uem.br/ojs/index.php/EspacoAcademico/article/view/14042/7731). Relação de Originais n. 2290   
mas é original em sua maior parte, senão em sua quase totalidade.
Paulo Roberto de Almeida

O Onze de Setembro visto do Brasil


Paulo Roberto de Almeida
Diplomata, professor universitário.
Blog do Paulo Roberto de Almeida (http://www.observadorpolitico.org.br/blogs/pralmeida/) no Observador Político (10/09/2011; link: http://www.observadorpolitico.org.br/2011/09/o-onze-de-setembro-visto-do-brasil/). 

Três, basicamente, foram as atitudes dos brasileiros – cidadãos, personagens políticos e governantes – em relação aos ataques do Onze de Setembro. Todos, é claro, tomados de surpresa, ficaram chocados com a violência das imagens dos aviões, das explosões em New York e Washington e da derrubada das torres gêmeas de Manhattan.
Passada a surpresa inicial, começaram as reações públicas. Os cidadãos comuns expressaram de diversas maneiras seu horror em face de um dos mais espetaculares ataques terroristas de todos os tempos. Quantidade apreciável de brasileiros de classe média conheciam New York e muitos visitaram as torres gêmeas, marco visual e arquitetônico do sul de Manhattan: a solidariedade foi imediata, mas a estupefação dominou os sentimentos durante vários dias.
O presidente Fernando Henrique Cardoso falou imediatamente em “guerra”, curiosamente o conceito que seria retomado – equivocadamente, do ponto de vista político, tático, ou até estratégico – pelo presidente George Bush, em sua “guerra ao terror”. Seu chanceler, Celso Lafer, retomou, de seu lado, uma instituição da Guerra Fria, o Tratado Interamericano de Assistência Recíproca (1947), para invocar, na OEA, o princípio da solidariedade hemisférica, oportunamente lembrado desse vetusto instrumento pelo presidente Vicente Fox, do México, que em visita a Washington, uma semana antes, havia pedido, simplesmente, a eliminação formal de um ato internacional que parecia desadaptado aos novos tempos de globalização e de fim do socialismo.
Os atores políticos reagiram cada qual à sua maneira, mas cabe o registro de declarações moralmente abjetas de certos militantes de esquerda que responsabilizaram os próprios Estados Unidos, e sua “política imperialista”, pelos ataques terroristas. O mais conhecido desses personagens, Aloísio Mercadante, então deputado do PT e secretário de relações internacionais do partido, depois senador, hoje ministro, desdenhou o número de vítimas, afirmando expressamente que não se deveria “exagerar na dimensão do episódio. Qualquer terremoto ou furacão na Flórida faz mais vítimas e provoca estragos muito maiores” (Jornal da Tarde, 18/09/2001). Trata-se de um tipo de afirmação – no mínimo insensível e, no limite, eticamente inaceitável – que revela um desprezo dificilmente admissível em face da perda de vidas humanas, quando elas resultam de algum tipo de “enfrentamento político” que possa colocar num dos lados da balança o alegado “opressor imperialista”.
Passado o choque dos eventos a quente, e iniciada a “guerra ao terror” do presidente Bush, o governo brasileiro atuou cautelosamente, num primeiro momento, apoiando, obviamente, a resolução do Conselho de Segurança da ONU que determinou a responsabilidade do regime talibã do Afeganistão pelo abrigo dado à rede terrorista Al Qaeda. Depois, nas “reações a frio” do governo que sucedeu à administração FHC, a atitude foi bem menos cooperativa. O governo Lula não apenas se empenhou ativamente, no plano diplomático, em obstar as iniciativas de Bush no sentido de vincular a administração iraquiana de Saddam Hussein ao fenômeno terrorista – o que poderia ser considerado como razoável, uma vez que nunca se provou a existência das famosas “armas de destruição em massa” ou os alegados vínculos – como também demonstrou pouca vontade de cooperar, no plano operacional, com a administração americana na ofensiva contra grupos terroristas eventualmente presentes na região.
Essa atitude do governo Lula pode estar fundamentada nos laços de cooperação que o PT, enquanto um dos partidos promotores do Foro de São Paulo, junto com o Partido Comunista Cubano, sempre manteve com as FARC, identificadas como grupo terrorista tanto pelo governo colombiano quanto pelo americano. Ao contrário, o assessor presidencial em temas internacionais, Marco Aurélio Garcia, um homem de confiança dos cubanos e um dos fundadores do Foro de São Paulo, ofereceu-se junto ao governo colombiano para servir de “intermediário no conflito” entre o governo de Álvaro Uribe e aquele grupo guerrilheiro, na verdade narcoterrorista, colombiano, no que foi imediatamente repudiado por nota diplomática daquele governo. Depois de dois anos, as FARC foram discretamente aconselhadas a não mais participar publicamente das reuniões do Foro de São Paulo, o que não quer dizer que elas tenham deixado de assistir informalmente a esses encontros da esquerda latino-americana anti-imperialista.
Mas o Brasil do governo Lula nunca associou-se formalmente aos esforços de definição de movimentos terroristas, como também sempre repudiou, pelo menos abertamente, as alegações dos EUA sobre a eventual ação de grupos terroristas na tríplice fronteira de Foz de Iguaçu (o que não impediu a existência de contatos informais entre os órgãos de segurança dos dois países a esse respeito). Na verdade, o governo brasileiro manteve, nas instâncias diplomáticas internacionais, uma atitude defensiva a respeito da caracterização de grupos ou ações terroristas, preferindo insistir nas causas supostamente “sociais” do fenômeno terrorista – injustiça, pobreza, dominação ocidental – e na necessidade de iniciativas “reparadoras” dessas situações por meio do diálogo e da cooperação, não por meio de ações militares ou taticamente ofensivas. De forma geral, esse tipo de atitude se mantém até hoje.
Brasília, 9/09/2011

O antiamericanismo da esquerda brasileira e o Onze de Setembro - Paulo Roberto de Almeida

O artigo abaixo, sobre o antiamericanismo da esquerda brasileira em relação ao Onze de Setembro, foi escrito há mais tempo e incorporado, apenas parcialmente, a este artigo: 


“Onze de Setembro, dez anos: recepção no mundo, reações no Brasil”, Revista Espaço Acadêmico, dossiê especial Onze de Setembro (ano 11, n. 124, setembro de 2011, p. 21-26; ISSN: 1519-6186, link: http://www.periodicos.uem.br/ojs/index.php/EspacoAcademico/article/view/14042/7731). Relação de Originais n. 2290 
 
publicado em formato resumido, podendo, portanto conter passagens de um e outro, mas com cortes.
Reproduzo agora essa seção de forma integral, mas que é apenas um subconjunto de um ensaio maior.



O antiamericanismo da esquerda brasileira e o Onze de Setembro

Paulo Roberto de Almeida

Como reagiu a esquerda brasileira aos atentados de onze de Setembro de 2001? Pelo menos uma parte da militância não hesitou em condenar os próprios Estados Unidos, pelo que foi identificado a uma “reação lógica” de grupos “oprimidos pelo imperialismo americano”. Vejamos alguns exemplos.
No próprio dia dos atentados, o deputado estadual Roque Grazziotin (PT-RS), disse que considerava o atentado a “consequência do processo de dominação” norte-americana no mundo (O Estado de São Paulo, 12/09/2001). Outro deputado do PT gaúcho, Edson Portilho, disse que, “por coerência”, lamentava que “milhares de vidas tenham sido ceifadas” nos Estados Unidos, mas comparou o atentado a outros episódios em que o governo norte-americano foi responsável: “São as mesmas cenas que o mundo repudiou no Vietnã e no Oriente Médio e que foram patrocinadas pelos Estados Unidos”, afirmou. Por sua vez, a então deputada estadual (depois federal) Luciana Genro (PT-RS e, posteriormente, PSOL) disse que “essa tragédia é de responsabilidade do governo norte-americano, porque os Estados Unidos promovem o terrorismo de Estado no mundo inteiro” (OESP, 12/09/2001).
O Sindicato dos Bancários de Porto Alegre, filiado à CUT, distribuiu uma nota com o seguinte título: “Atentados em Nova York: trabalhadores continuarão combatendo o imperialismo”. Os sindicalistas afirmavam que, “numa consulta a lideranças políticas e sindicais”, concluíram que “a unanimidade das lideranças condena esse tipo de iniciativa, cuja grande massa de vítimas são inocentes [sic]. No entanto, também há um consenso de que a política externa dos Estados Unidos é um agente provocador de tal reação”. O presidente estadual do PT-RS, Silvino Heck, disse que respeitava “as posições dos movimentos sociais” e concordava que o episódio “nos obriga a repensar a política americana”, mas considerava “injustificável qualquer ato de terrorismo”. Ainda assim, ele condenou antecipadamente a decisão americana de retaliar o atentado, que já apontava para o papel do regime talibã no Afeganistão (OESP, 12/09/2001).
O deputado (depois senador) Aloízio Mercadante (PT-SP), então secretário de Relações Internacionais do partido, tentou minimizar os atos terroristas, afirmando que não se deveria “exagerar na dimensão do episódio. Qualquer terremoto ou furacão na Flórida faz mais vítimas e provoca estragos muito maiores” (Jornal da Tarde, 18.09.01). Trata-se de um tipo de afirmação – no mínimo insensível e, no limite, eticamente inaceitável – que revela um desprezo dificilmente admissível em face da perda de vidas humanas, quando elas resultam de algum tipo de “enfrentamento político” que possa colocar num dos lados da balança o tradicional “opressor imperialista”.
Essas reações da esquerda brasileira aos atentados de 2001 conformam o padrão típico do anti-imperialismo primário e no mais das vezes ignorante (para não dizer moralmente abjeto) que caracteriza a esquerda comunista em geral e a latino-americana em especial quando o que está em jogo é o “império”. Na ocasião elas espelhavam – e provavelmente ainda refletem – o ódio instintivo que esses grupos de “antiamericanos profissionais” mantêm em relação à grande potência imperial, capitalista e arrogante, que simboliza tudo o que esses grupos consideram negativo no plano político mundial.
Os exemplos mais frequentes, atualmente, de terrorismo político, são de extração basicamente islâmica. Ele é totalmente negativo e se situa no terreno do niilismo político e da negação de qualquer norma civilizada. Isso não parece ter sido compreendido pela esquerda, em parte porque os fundamentalistas também deblateram contra a dominação ocidental e o imperialismo americano, tradicionais demônios ideológicos da esquerda. Com isso elas acabam sendo coniventes com os piores crimes já cometidos contra civis de que se tem notícia e que não se resumem aos bárbaros atentados de setembro de 2001.
A esquerda parece ter deixado de lado imperativos morais que se colocam acima e além das conveniências políticas. Ela não parece ter refletido sobre o terrorismo especificamente islâmico e não consta que de seus meios tenha emergido uma condenação in totum desse tipo de “luta política”. Na verdade, é difícil atribuir-se a classificação de “luta política” a ações armadas cujo único objetivo é precisamente esse: infundir o terror, com base numa distinção étnica ou religiosa que nos remete aos piores momentos das guerras de religião, das cruzadas de reconquista ou do genocídio hitlerista.
A denúncia dos “crimes americanos” é atávica nesses grupos, que também passam sob silêncio os atentados aos direitos humanos que se cometem em várias ditaduras do Terceiro Mundo. No próprio Brasil, aliás, o sentimento antiamericano parece ser disseminado, na imprensa e nos meios acadêmicos em geral, por razões por vezes primárias, mas geralmente contraditórias. De fato, as mesmas pesquisas que indicam uma rejeição muito forte aos EUA e a seus dirigentes (pelo menos aos republicanos conservadores) – e que podem ou não corresponder aos estereótipos geralmente mantidos contra a potência imperial, por mais equivocados que sejam – também confirmam uma aceitação acrítica de produtos, modismos e outros símbolos culturais da sociedade americana: ainda que odiando os EUA, terroristas e esquerdistas do mundo inteiro não rejeitam os gadgets e os meios de comunicação inventados pela potência imperial.

[Brasília, 4/09/2011]
Publicado, sob o título de “Antiamericanismo primário”, no jornal Notícias do Dia (Florianópolis, ano 6, n. 1715, Fim de Semana, 10 e 11 de Setembro de 2011, p. 19; www.NDonline.com.br). Relação de Publicados n. 1051.


Onze de Setembro: pletora de leituras...

Estamos enfrentando um verdadeiro dilúvio de artigos, notas, depoimentos, testemunhos, comentários, opiniões, dos mais inteligentes aos... menos...
Enfim, não quero competir com ninguém.
Eu também já escrevi muito sobre o processo e vou apenas postar aqui o que me parece mais interessante.


O site Observador Político traz muito material interessante (o menos interessante são os comentários de certos visitantes, mas mesmo quando são desinteressantes essas notas são muito reveladoras do que pensam, ou não exatamente, alguns brasileiros que frequentam esse tipo de site).
Ver aqui: http://www.observadorpolitico.org.br/


E agora, livros sobre o 11 de Setembro, do Wall Street Journal


Book Shelf:

A Decade After

The Wall Street Journal, September 10, 2011
On the gleaming morning of Tuesday, Sept. 11, 2001, I was shaving in my apartment in Manhattan before heading downtown to work at the Daily News. I had WINS, the all-news station, on the radio. At about 10 minutes to 9, in the midst of the traffic and weather updates, a voice broke in with a weird report of a small, private plane crashing into one of the World Trade Center's twin towers. Twelve surreal hours later, we published a million copies of a newspaper with a page-one picture of a jetliner knifing into the South Tower and a stark red headline: IT'S WAR.
Indeed, it was. The attacks on the World Trade Center and the Pentagon, and the aborted mission likely against the U.S. Capitol, killed 2,977 people and ushered in one of the most corrosive periods in American history—a miserable decade of warfare, financial catastrophe, fear, mistrust and rancid politics that has left Americans feeling pessimistic and vulnerable. If 9/11 doesn't resonate as vividly in the American soul as the firing on Fort Sumter or Pearl Harbor, it plainly matches the assassination of John F. Kennedy 38 years before as a trauma that altered forever how Americans feel about themselves and their place in a remorseless world.
Ten years later, a thick scab has formed over the wound. It's almost impossible to recapture the shock, pain and agonized emotions of those days. The raw feelings are submerged, but daily life offers unavoidable clues—the cliché this time proving true—that things have irrevocably changed, and not for the better. If you doubt it, shuffle along for a half hour in any airport security line.
Much of this results from the inadequate resolution of what was essentially mass murder of innocent civilians in an act of war. The hijackers perished with their victims—no satisfaction there. The two wars that George Bush launched in retaliation for the attack have turned out to be the longest in American history, nearly the costliest, and among the most inglorious. Even the afterglow of the daring execution of Osama bin Laden in May barely lasted into the summer.
What's more, the airliner missiles—a truly new weapon of mass destruction—left a trail not only of blood and tears but of nagging questions, both peripheral and profound. A decade on, despite all the investigations and reports, they still tantalize: Why didn't the FBI brass follow up on field reports of visiting young Arabs trying the learn how to fly jumbo jets? Why didn't the New York fire department equip its men and women with radios that worked in skyscrapers before sending them into the burning towers? Most provocative: Did the Saudi Arabian elite finance bin Laden and his murderous crew with cash and nurture them with U.S.-based spies?
The spate of new books timed to the 10th anniversary of the attacks can't neatly secure these and so many other loose ends, but the best of them reanimate the tragedy of the day and its emotional impact on the survivors and doggedly track lines of investigation that the 9/11 Commission left muddled or unpursued.
"As soon as we got across the first street going south, the first tower collapsed," recalls high-school principal Ada Rosario Dolch, who led her 600 students to safety from their building two blocks from the World Trade Center. "I heard snaps, crackles and pops. Snapping, snapping. I looked back and saw this tsunami wave of blackness coming towards us. It was the first time, I remember, thinking, I'm going to die now. Phew. And then I saw that all the kids were running. It's the end of the world."
Principal Dolch, whose sister perished that day, is one of 25 contributors to Dennis Smith's oral history, "A Decade of Hope" (Penguin, 384 pages, $26.95). An ex-fireman and a prolific author, Mr. Smith aims to show how 9/11 survivors repurposed their sorrow into good works designed to keep alive the spirit and memory of those who were lost. But the book's real impact is its resurrection of the anguished efforts of husbands and wives, parents and children, to get news of the fate of their family members that day and later to search the smoldering pile for traces of their dead. (Eventually, only 174 bodies were found intact; 21,744 body parts were collected.)
Lee Ielpi, a highly decorated, retired FDNY chief, found his son Jonathan's body after three months, but stayed for six more looking for others—so long that a writer named him "ambassador to the dead." And there are glimpses of carnage that instantly etch themselves into memory. Fireman Ken Haskell describes finding a body sheared perfectly in half from head to toe: "His eye was open; expressionless . . . his face didn't have a mark on it."
It is impossible to read Lee Ielpi's narrative and others like it and the messages to the dead from kin in "The Legacy Letters" without weeping. And, for all the redemptive talk, the anger and politically-incorrect analyses of the survivors and like-minded politicians is a bracing reminder of how deeply the trauma of 9/11 is embedded in many hearts.
"They say the [extremist] imams don't speak for them," Rep. Peter King tells Mr. Smith about some of his Muslim constituents on Long Island. "If Catholic priests got up and said to kill all the Jews, I hope some Catholic leaders would stand up and say, This is wrong. When I ask why nobody in the Muslim community stands up, they say, That is not our tradition."
Many 9/11 families and others were incensed at the plan to build a mosque and cultural center close to Ground Zero. Even more fury was unleashed over the design of the National September 11 Memorial in the footprint of the fallen towers. The passionate battle over the memorial is nearly bleached out in "A Place of Remembrance" (National Geographic, 224 pages, $19.95) an anodyne picture-and-text album about the memorial. An elite design panel chose "Reflecting Absence," an austere pair of hollow square fountains set in a grove of 400 swamp oaks with the names of the victims inscribed on bronze parapets surrounding the pools. Relics from Ground Zero were to be displayed below ground in a museum on the site.
Architect Michael Arad's elegant abstraction infuriated many of the survivors. "You wouldn't go to Auschwitz and remove the death camp remnants and artifacts in order to better express our feelings," the brother of a lost fire officer fumed to Mr. Smith. The families were further outraged by the initial decision not to identify by unit the 406 firefighters, police and other first responders who died and to mix their names with those of the victims they tried to rescue. Ultimately, the first responders' affiliations were added, but not everyone was mollified.
There are more tales of heroism and slaughter in "The Eleventh Day" (Random House, 624 pages, $30) a detailed chronicle by the British journalists Anthony Summers and his wife, Robbyn Swan. But the book's essential contribution to the annals of the attack is its painstaking examination of questions the 9/11 Commission finessed in its 2004 report and in its newly published update: Did Saudi princes, charities or the military fund bin Laden and his hijackers, help them after they reached the U.S., and withhold intelligence that might have thwarted the attack or clarified the investigation afterward?
Fifteen of the 19 hijackers were Saudi as, of course, was bin Laden. With American airspace still closed, dozens of Saudi royals and members of bin Laden's extended family were airlifted back to Riyadh, most after only perfunctory questioning by the FBI. And just two days after the attacks, President Bush was smoking a cigar on the Truman balcony of the White House with Prince Bandar, the Saudi ambassador and man about Washington, in the company of Dick Cheney and Condoleezza Rice.
Pureeing their own research with published sources, Mr. Summers and Ms. Swan confect a circumstantial case involving protection money paid by members of the huge royal family to keep bin Laden's terrorism outside the kingdom's borders, intercession by Saudi cultural agents—likely spies—to help two of the hijackers in California, and stonewalling by Saudi intelligence after the attacks.
Provocatively, a 28-page section of the findings of the Joint Congressional investigation of 9/11 dealing with the Saudi connection was redacted on national security grounds, Mr. Summers and Ms. Swan report, by order of the White House. Former Florida Sen. Bob Graham, the one-time chairman of the Senate Intelligence Committee who headed the joint inquiry and is no liberal firebrand, told the authors that the Saudi government and elite helped some of the hijackers, if not all. The authors quote an official who saw the text before it was eviscerated saying: "If the 28-pages were to be made public, I have no question that the entire relationship with Saudi Arabia would change overnight."
These questions will recede again into the background this weekend when the memorial is dedicated and opens to visitors. One World Trade Center—mercifully no longer designated the Freedom Tower—is already 80 stories toward its ultimate height of 104. Ground Zero will be no more. But the nightmare of 9/11 will shadow the American imagination forever.
Mr. Kosner, a longtime magazine editor, was the editor in chief of The New York Daily News on September 11, 2001.

Franca: eleicoes presidenciais de 2012 - a sombra de Bin Laden...

As eleições presidenciais do ano que vem, na França, podem ser movimentadas. Vamos ver. Aliás eu vou estar lá para ver...

Oussama ben Laden avait laissé des consignes aux militants d'Aqmi (la branche d'Al Qaïda au Maghreb islamique) leur demandant de s'en prendre aux intérêts français et d'utiliser les Français retenus en otage pour peser sur la campagne présidentielle. Selon nos informations, la DCRI (direction centrale du renseignement intérieur) aurait été alertée il y a quelques jours par les services de renseignement américains. 


Son : Une quantité importante de preuves des menaces de ben Laden contre la France a été retrouvée dans la maison d'Abottabad. - Roland Jacquard, président de l'Observatoire international du terrorisme, en fait le détail. (2'24")

http://www.france-info.com/monde-afrique-2011-09-09-exclusif-quand-ben-laden-voulait-perturber-la-campagne-presidentielle-560873-14-18.html

FMI reconhece CNT da Libia: ufa!, a Libia se salvou...

Bem, não é nada, não é nada, esse reconhecimento representa alguns pequenos bilhões de dólares a mais nas caixas provavelmente combalidas do novo regime líbio, ainda funcionando como Conselho Nacional de Transição.
Não apenas o "Cauby Peixoto do deserto" (sim, ele mesmo Kadafi) raspou os cofres do governo, como ele tinha já bilhões acumulados em todas as partes, mas ele também vendeu, nas últimas semanas, algumas toneladas de ouro.
Paulo Roberto de Almeida


El FMI reconoce a los rebeldes libios


 EFE – 10/09/2011.
La directora gerente del Fondo Monetario Internacional (FMI), Christine Lagarde, anunció hoy el reconocimiento del Consejo Nacional de Transición (CNT) de Libia como nueva instancia representativa de ese país norteafricano.
Lagarde señaló que el CNT pasará a ejercer la representación de Libia ante el FMI, en una conferencia de prensa al término de la reunión en Marsella (sureste de Francia) de los responsables de Finanzas del G8 con los países del llamado Partenariado de Deauville (Túnez, Egipto, Marruecos y Jordania).
La directora gerente del FMI insistió en su voluntad de prestar asistencia al CNT con todos los medios de que dispone el fondo y avanzó que se enviará un equipo allí, en cuanto lo permitan las condiciones de seguridad.

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Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida

Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...