Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
O que é este blog?
Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.
terça-feira, 13 de setembro de 2011
O Mundo SEM o Onze de Setembro - Paulo Roberto de Almeida
Paulo Roberto de Almeida
Mundorama (boletim n. 48, 12/09/2011; ISSN: 2175-2052; link: http://mundorama.net/2011/09/12/o-mundo-sem-o-onze-de-setembro-explorando-hipoteses-por-paulo-roberto-de-almeida/; Twitter: http://t.co/0cLk2qk).
segunda-feira, 12 de setembro de 2011
O farol brasileiro da liberdade? - Sergio Leo (VE)
O farol brasileiro Sergio Leo Valor Economico, 12 de Setembro de 2011 - |
"A America foi alvo de ataque porque somos o mais brilhante farol para liberdade e oportunidade no mundo", discursava, há dez anos e um dia, em cadeia nacional de TV, um atônito George Bush, para a população dos Estados Unidos, traumatizada com o atentado terrorista que derrubou as torres do World Trade Center e matou quase três mil pessoas. O trauma e a bandeira da liberdade e democracia seriam sequestrados pelo governo Bush, em seguida, para servir a outros propósitos, como a derrubada de Saddam Hussein, no Iraque, que nada tinha a ver com o atentado às torres gêmeas. Mas há pelo menos uma importante lição de política externa para o Brasil nesse episódio.
Bush não estava apenas ensaiando uma resposta retórica. Em meio à perplexidade mundial, apelou a um importante mito de formação da sociedade americana, de contornos religiosos: a condição excepcional de farol moral para o mundo. A crença no excepcionalismo dos EUA é real, não hipocrisia em defesa de interesses inconfessáveis e bem materiais - ainda que, a pretexto da luta pela democracia, suspeitos de terrorismo tenham até sido enviados por órgãos de inteligência americanos à Líbia, para interrogatório nas masmorras de Muamar Gaddafi, como se soube após a queda do ditador africano.Mesmo o mais duro realismo geopolítico em Washington busca nesse mito positivo as justificativas para ação. Os valores morais são uma referência para a sociedade americana julgar o sucesso de sua política externa. O povo americano apoiou a guerra no Iraque não pelos lucros que traria à Halliburton ou por considerações sobre o xadrez político da região, mas pela convicção de que estaria combatendo uma ameaça à paz e democracia no mundo. No Brasil, as opções da diplomacia não consolidam apoio Implicitamente, a presidente Dilma Rousseff reconheceu a força desse argumento idealista, quando cobrou dos diplomatas, em seu governo, uma ação menos ambígua do Brasil na defesa dos direitos humanos. A tentativa de dissipar ambiguidades foi atropelada, porém, pela complexidade das questões em que o Brasil se envolveu, na busca de um papel mais importante no jogo mundial de poder. Por muito tempo, o governo brasileiro recorreu principalmente a argumentos pragmáticos quando questionado sobre sua ação internacional. O Mercosul e a aparente leniência com a hostilidade de governos vizinhos, como a Argentina protecionista, por exemplo, são defendidos com a lembrança dos crescentes saldos comerciais mantidos pelo Brasil em sua relação com os países da América do Sul. Não faz muito tempo, os mercados africanos em expansão eram apontados como uma das principais justificativas para viagens presidenciais e abertura de embaixadas na África. Esses argumentos perderam o apelo, porém, com o incômodo revelado pelos países vizinhos em relação ao expansionismo brasileiro no continente, e com a emergências de casos exemplares de desrespeitos aos direitos humanos em países como Líbia e Síria. O Brasil não consegue se eximir de cobranças pela atuação nas Nações Unidas agitando a lembrança de que há um padrão duplo na ação dos países desenvolvidos, que fecham olhos para violações de aliados como a Arábia Saudita - onde, como lembra o ditador sírio, Bashar al-Assad, as mulheres sofrem opressão não vista na Síria mais ocidentalizada. É evidente a ação do Planalto na vacilação do Itamaraty em condenar mais severamente o ditador Gaddafi, em queda. A falta de pronunciamentos mais veementes no caso líbio não se explica sem uma disposição explícita da presidente Dilma Rousseff em fixar limites, nesse caso, ao compromisso oficial com os direitos humanos. É de se imaginar, ainda, a influência de empresas brasileiras com interesses no país de Gadaffi. Na busca por um papel mais ativo nas Nações Unidas, o Brasil não é o único a contrariar potências ocidentais. A Índia, por exemplo, aparentemente interessada em reatar laços com o Irã, com quem tem fortes laços comerciais, e preocupada em não perturbar sua grande população de credo muçulmano, tem se aliado a China, Rússia, Brasil e África do Sul na resistência contra a pressão para a saída de Assad, vinda de França e Estados Unidos. Já Rússia e China não precisam conquistar apoio interno para defender Assad. O Brasil tem recorrido à tradição diplomática de respeito à soberania e à autonomia dos países. Também argumenta que a intervenção armada não garante a paz para a população; pode ser o contrário, como mostra o exemplo do Afeganistão. A solução de conflitos pela via diplomática é outro dos discursos orientadores da ação diplomática brasileira. Diferentemente da simplicidade do mito do excepcionalismo americano, porém, nenhuma dessas narrativas tem se mostrado capaz de consolidar apoio interno para a diplomacia brasileira, criticada pela falta de atitudes mais firmes em casos tão distintos quando a crise política na Síria ou as ações de países sul-americanos contrárias a interesses privados. Sergio Leo é repórter especial e escreve às segundas-feiras Fonte: Valor Econômico |
sábado, 10 de setembro de 2011
Nine Eleven: the View From Abroad - Claire Berlinski
Then came September 1, 1939, when I found myself in the uniform of the French Foreign Legion. The legion disregarded my skill as a pianist and composer and proceeded to train me to play the following instrument with more or less perfection: A Hotchkiss machine gun, model 1916. Of this instrument, one can say that one is expected to play it with deadly accuracy. And I always had some talent with instruments, musical or otherwise . . .When we arrived in the United States in late 1941, the immigration officer looked at our documents, stamped with a dozen stamps bought with blood and tears, and said, “Welcome Home.”
My grandfather is at Sibley Hospital, which my father says is strangely empty—I guess all the casualties were taken to other hospitals, or maybe there are no casualties, because they’re all dead.Paris is not quite under martial law, but it’s close, the city is on the highest possible anti-terrorist alert. There are soldiers with automatic weapons on the streets.French people are coming up to me in the street with tears in their eyes and telling me that they love America.*It’s 4:24 in the morning here, and I can’t sleep. . . . I don’t know why it didn’t dawn on any of us before that crazed and demonic people might long to plough a human payload of terrified souls into a building in the heart of New York City.*Note from Paris: New Yorkers may have been taken aback by Chirac’s use of the word “drama” to describe the attacks and their aftermath. He probably didn’t realize the connotations of this word in English. I doubt he meant to suggest that the events were theatrical; in French the worddrame means tragedy. It’s one of those faux amis they warn you about. He’s not actually a completely insensitive, inappropriate moron. I know this because after nearly going out of my mind with rage at French newscasters for calling this a drame, I finally looked it up.*M—, basically I agree with you, and I think Bush will handle this fine. He’s calm, he’s in control, and he’s surrounded by the right people. I don’t think we’re leaderless, as S— said. But I also agree with S— that words and oratory count at a moment like this. It is simply grotesque to describe the perpetrators as “folks,” even if it is an unstaged first reaction, or to describe this as a “tragedy,” as if someone had been bitten by a shark. S— is right; the word he needed was “evil.” He used it, later. The word he needed was “murder,” not tragedy. Thousands of innocent men, women and children were murdered by men of unfathomable evil; no one succumbed to “tragedy” at the hands of “folks.”Thanks everyone for the kind thoughts about my grandfather; we’re still not sure what’s wrong.*My phone has been ringing non-stop; all of my French friends are grief-stricken and appalled and overwhelmed, and they all wanted to talk to me because I’m American and they wanted to tell me that they love America, would enlist today if they could to avenge these murders. Today all of Europe shut down for three minutes of silence; 200,000 Germans stood outside the Brandenburg Gate; thousands stood silent in the streets of Paris, Toulouse, Rome, Warsaw . . . then the French and British leadership sang the U.S. national anthem, which was eerie and profoundly moving.Le Monde ran an editorial that said “Today we are all Americans,” and “France owes America its liberty”—two phrases I never thought I’d see in Le Monde in my lifetime. All trace of subtle anti-American sentiment seems to have disappeared. Of course, 200 French people are missing in the rubble, too.*What I haven’t seen in the press, what I’d like to see, is a specific discussion of the details of various military options. I’d like to see a detailed statement of our war aims, for a start: “Ridding the world of evil” is great, but it won’t happen in our lifetimes. Neither, for that matter, will “whipping terrorism”—are we going to go after the IRA, the Basque separatists, while we’re at it? I want to see a clear, intelligible formulation of plausible objectives. I cannot find one anywhere in the press.Then I’d like to see a detailed analysis of the various military options we might employ: What would it take to occupy, say, Kabul, Baghdad and every terrorist training camp or military facility related to this attack, all facilities for the manufacture of weapons of mass destruction in Iraq, Iran, Libya, Syria, Sudan? How many carrier groups, what kind of aircraft, artillery, missiles would we need, how many ground troops, how long would it take to effectuate this kind of campaign, what kind of casualties would we take; do we have what it takes now or will we have to enter a prolonged phase of military production first? How many men do we currently have under arms, what weapons are battle ready, what would the numbers be if the whole of the NATO alliance is involved; a full-fledged international coalition? How should the battle be waged, geographically and strategically? There would be a sustained air campaign first, obviously, followed by a ground campaign—but of what kind? Where should forces be concentrated? What kind of civilian casualties would we inflict? What scenarios are more and less likely to lead to a wider Mideast war, a nuclear holocaust involving India and Pakistan?I hear, “level Kabul,” but there’s nothing in Kabul but a few cripples and a pathetic one-eyed lion in the Kabul Zoo. We can’t bomb Kabul back to the Stone Age because it’s already there. So does it make sense to waste time, money and life eviscerating Kabul, when there are so many more targets of real strategic significance?If you’ve seen any intelligent analysis of these questions, tell me where. The media are full of stirring calls to war and animadversions that this time, we must mean business, and God knows I agree, I just want to know exactly how we’re going to do it.*Things aren’t so good here; my grandfather did have a heart attack and it looks unlikely that he will live very long. I want to fly to Washington to be with him, but he and my grandmother have demanded I not get on a plane (for obvious reasons). He was 91 and in fragile health before this happened.They’ve been side by side for 70 years. How will she cope?
O mundo sem o Onze de Setembro: explorando hipóteses - Paulo Roberto de Almeida
Blog do Paulo Roberto de Almeida (http://www.observadorpolitico.org.br/blogs/pralmeida/) no Observador Político (10/09/2011, às 23:15; link: http://www.observadorpolitico.org.br/2011/09/o-mundo-sem-o-onze-de-setembro-explorando-hipoteses/).
O Onze de Setembro visto do Brasil - Paulo Roberto de Almeida
“Onze de Setembro, dez anos: recepção no mundo, reações no Brasil”, Revista Espaço Acadêmico, dossiê especial Onze de Setembro (ano 11, n. 124, setembro de 2011, p. 21-26; ISSN: 1519-6186, link: http://www.periodicos.uem.br/ojs/index.php/EspacoAcademico/article/view/14042/7731). Relação de Originais n. 2290
mas é original em sua maior parte, senão em sua quase totalidade.
Paulo Roberto de Almeida
Blog do Paulo Roberto de Almeida (http://www.observadorpolitico.org.br/blogs/pralmeida/) no Observador Político (10/09/2011; link: http://www.observadorpolitico.org.br/2011/09/o-onze-de-setembro-visto-do-brasil/).
O antiamericanismo da esquerda brasileira e o Onze de Setembro - Paulo Roberto de Almeida
“Onze de Setembro, dez anos: recepção no mundo, reações no Brasil”, Revista Espaço Acadêmico, dossiê especial Onze de Setembro (ano 11, n. 124, setembro de 2011, p. 21-26; ISSN: 1519-6186, link: http://www.periodicos.uem.br/ojs/index.php/EspacoAcademico/article/view/14042/7731). Relação de Originais n. 2290
publicado em formato resumido, podendo, portanto conter passagens de um e outro, mas com cortes.
Reproduzo agora essa seção de forma integral, mas que é apenas um subconjunto de um ensaio maior.
Publicado, sob o título de “Antiamericanismo primário”, no jornal Notícias do Dia (Florianópolis, ano 6, n. 1715, Fim de Semana, 10 e 11 de Setembro de 2011, p. 19; www.NDonline.com.br). Relação de Publicados n. 1051.