sábado, 5 de novembro de 2011

Mon sejour en France (1): preparando o terreno (economico)...

Muita gente já sabe, mas para quem não sabe anuncio agora: vou passar o primeiro semestre de 2012 na França, dando aulas de mestrado e doutorado na Universidade de Paris 3, Sorbonne (Institut de Hautes Etudes de l'Amérique Latine), no segundo semestre do ano acadêmico 2011-2012, que vai de Fevereiro a Maio. Serão dois cursos simultâneos, um comparando as políticas externas de FHC e Lula, o outro tratando da inserção do Brasil na globalização. Já estão prontos, estou apenas separando o material de leituras, para não dar virtudes dormitivas aos alunos...
Nada mau ficar quatro meses em Paris, com uma eleição presidencial no meio de tudo, e a crise econômica subjacente a todos os movimentos políticos e econômicos. Tudo o que eu gosto de fazer: ler, dar aulas, escrever, passear, descansar, viajar, enfim, flâneries à Paris, en France, ailleurs.
Por isso pretendo iniciar uma série especial, dentro deste blog, exclusivamente dedicada a esse séjour francês (não exclusivamente, pois pretendo viajar, cada vez que puder). Aqui colocarei material de imprensa e textos próprios, de cunho informativo, analítico ou simplesmente de interesse acadêmico ou turístico, até gastronômico (pois ninguém é de ferro).
Começo com as notícias do momento: crise econômica e medidas de política econômica do governo francês, o que também vai servir de reflexão, para saber o que se pode, se deve, ou não, fazer, em termos de ajustes ao quadro de crise econômica e financeira internacional, especificamente europeia, e um pouco francesa também (já que o país é impossível a reformar, e não consegue deixar de amar o Estado, um pouco como no Brasil).
Veremos como a conjuntura evolui, aqui e lá, com destaque para as ações e iniciativas dos governantes, que, aqui como lá, fazem demagogia política e só tomam medidas quando pressionados pelos eventos.
Paulo Roberto de Almeida

Plan de rigueur : une deuxième journée de solidarité serait à l'étude

LEMONDE.FR avec AFP et Reuters | 04.11.11 | 18h05   •  Mis à jour le 05.11.11 | 15h20
François Fillon à l'Elysée le 28 octobre.
François Fillon à l'Elysée le 28 octobre. AFP/LIONEL BONAVENTURE
Selon une source parlementaire, le premier ministre tiendra lundi une conférence de presse à l'issue du conseil des ministres, prévu à 10 heures. Ce conseil des ministres remplace celui de mercredi, annulé pour préparer le G20, a confirmé vendredi Nicolas Sarkozy à Cannes.
François Fillon avait déjà annoncé un plan d'économies le 24 août. La prévision de croissance pour 2012 ayant été abaissée la semaine dernière de 1,75 % à 1 %, les pouvoirs publics ont dû trouver six à huit milliards d'euros pour permettre à Paris derespecter ses objectifs de réduction de déficits. "Le budget 2012 sera l'un des budgets les plus rigoureux que la France ait connu depuis 1945. Grâce à ces efforts, nous restons l'un des dix pays au monde avec la meilleure crédibilité financière", a déclaré le premier ministre à l'occasion de l'assemblée générale des maires de Haute-Savoie, à Morzine.
UNE DEUXIÈME JOURNÉE DE SOLIDARITÉ ENVISAGÉE
Bercy a laissé entendre à plusieurs reprises qu'un relèvement de la TVA dans certains secteurs qui bénéficient d'un taux réduit à 5,5 %, comme la restauration, la construction ou les services à la personne notamment, était à l'étude.
Selon les informations du Journal du dimanche, confirmées de sources gouvernementales à l'AFP, une nouvelle journée de solidarité serait à l'étude. Elle s'ajouterait à celle mise en place en 2004 après la canicule de l'été 2003. Cette journée consiste en un jour de travail non rémunéré, dont les fruits financent la prise en charge des personnes âgées et handicapées. Initialement fixée au lundi de Pentecôte, la journée de solidarité, qui a rapporté 2,4 milliards d'euros en 2010, est depuis 2008 organisée "à la carte".
La ministre du budget, Valérie Pécresse, a toutefois récemment souligné que le gouvernement privilégierait les économies de dépenses. Le ministre des affaires étrangères, Alain Juppé, a laissé entendre pour sa part que les personnes aux revenus les plus modestes seraient épargnées. 

"Temos que nos proteger. Não é protecionismo..." -- ???? Confesso que nao entendi

A presidente, sempre clara em suas preleções, disse duas coisas dignas de nota: 
1) "Temos que nos proteger. Não é protecionismo, mas cada um faz o que pode."
2) "Nós temos uma taxa, o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Nós não somos contra a taxação global. Se todos os países adotarem uma taxa, o Brasil não é contra. Se tiver uma taxa global, o Brasil adota também. Tem países que são contra, porque fazem das finanças seu melhor negócio."
Primeiro transcrevo a matéria, depois faço meus comentários: 



Dilma reclama do câmbio chinês e não dará dinheiro a fundo europeu
Deborah Berlinck
O Globo, 5/11/2011


CANNES (França). A presidente Dilma Rousseff queixou-se ontem que passa “o tempo todo” reclamando do câmbio desvalorizado da China, mas que não tem como obter garantias dos chineses nem “de ninguém” que esta situação vá mudar. O yuan desvalorizado criou uma vantagem competitiva extra para os produtos chineses, que estão chegando de forma crescente ao mercado brasileiro, sob protestos da indústria nacional. O país asiático já é o maior parceiro comercial do Brasil.
— Passamos o tempo inteiro dizendo isso, que não pode ser assim, que tem que mudar. Não somos só nós a falar isso — disse a presidente.
Dilma, que se encontrou com o presidente chinês Hu Jintao em um reunião privada, paralela à cúpula do G-20 (maiores economias do mundo), disse que é por causa do câmbio chinês que o Brasil tem insistido na Organização Mundial do Comércio (OMC) que as discussões sobre livre comércio “passam pela questão do câmbio”.
— Temos que nos proteger. Não é protecionismo, mas cada um faz o que pode — disse Dilma ontem. No encontro com Hu Jintao, ela teria pedido que a relação comercial seja baseada na agregação de valor também para os produtos comprados do Brasil.
Ajuda pelo FMI é mais garantida, diz presidente
A presidente Dilma descartou ontem qualquer possibilidade de o Brasil participar do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF) — criado para ajudar os países europeus em crise. Ela reafirmou que o país só vai ajudar por meio do Fundo Monetário Internacional (FMI). E explicou o motivo, sem rodeios:
— Eu não tenho nenhuma intenção de fazer uma contribuição direta para o Fundo de Estabilização Europeu. Por que? Nem eles (os europeus) têm… por que eu teria? — indagou.
Dilma disse que a opção do Brasil pela ajuda via FMI é simples: o Fundo Monetário, ao contrário do fundo europeu (que é privado), dá garantia total. E como a ajuda é feita com reservas brasileiras — ou seja, dinheiro do contribuinte — não se pode arriscar.
A respeito da taxação sobre operações financeiras — uma das bandeiras do governo francês na presidência do G-20 — Dilma explicou porque o Brasil retirou sua oposição à proposta:
— Nós temos uma taxa, o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Nós não somos contra a taxação global. Se todos os países adotarem uma taxa, o Brasil não é contra. Se tiver uma taxa global, o Brasil adota também. Tem países que são contra, porque fazem das finanças seu melhor negócio.
A taxa global sobre operações financeiras, entretanto, está longe de ser aprovada pelo G-20. A proposta, contudo, tem ganhado mais adesões, como o Brasil.
Dilma pede adiamento de 16 dias para início da Rio+20
O governo brasileiro pediu ontem o adiamento da Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, dos dias 4 a 6 de junho para 20 a 22 do mesmo mês, no ano que vem. A presidente Dilma Rousseff afirmou que a mudança tem por objetivo garantir a presença de chefes de Estado e de governo no Rio de Janeiro.
— Nos dias em que estávamos prevendo a Rio+20, haverá a comemoração dos 60 anos da coroação da rainha Elizabeth II. Qual é o problema que isso acarreta? Os países da área do Commonwealth não iriam à Rio+20 — disse a presidente. — Além disso, os países da Ásia pediram para que a gente fizesse aproximar (a Rio+20) do próximo G-20, que será no México, nos dias 18 e 19 de junho.
Com o adiamento da Rio+20, Dilma espera que as lideranças dos países do G-20 possam sair do México e vir para o Brasil participar da conferência.
— A proposta foi um consenso entre o Brasil e a ONU, entre mim e o (secretário geral da ONU) Ban Ki-moon — disse Dilma.



Agora vamos examinar esta duas frases da presidente:
1) "Temos que nos proteger. Não é protecionismo, mas cada um faz o que pode."
Confesso que não entendi. Tampouco entendo como, falando nisso (ou seja, desequilíbrio comercial entre o Brasil e a China) o tempo todo, a situação venha a mudar, apenas por "influência" das palavras.
Pode ser que as palavras, nesse mundo bizarro da política, tenham um poder muito maior do que ações concretas, tomadas no plano das atividades industriais e comerciais, mas acho que não vai adiantar muito só falar.
Quem sabe diminuindo o custo Brasil e expondo as empresas à competição a situação melhore um pouco?


2) "Nós temos uma taxa, o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Nós não somos contra a taxação global. Se todos os países adotarem uma taxa, o Brasil não é contra. Se tiver uma taxa global, o Brasil adota também. Tem países que são contra, porque fazem das finanças seu melhor negócio."
Confesso que essa eu também tampouco entendi. Acho que a presidente tem um raciocínio econômico um pouco falho, para não dizer completamente maluco. Senão vejamos.
Temos o IOF, claro, mas ele é feito para evitar o excesso de fluxos exclusivamente financeiros entrando no Brasil, que podem multiplicar o meio circulante, causar inflação e "aproveitar" nossas taxas de juros excessivamente altas (mas aqui os culpados somos nós mesmos, certo?; se oferecemos taxas generosas de juros aos emprestadores de capital, depois não podemos reclamar que eles chegam justamente para aproveitar isso).
Mas o assunto agora é adotar não mais um imposto interno (que isso podemos e sabemos fazer como ninguém), e sim uma regra multilateral, não determinada por nós, de taxação sobre capitais financeiros sabe-se lá com quais alíquotas, para quais tipos de capital, e com qual destinação, exatamente. Ou seja, IOF somos nós que aplicamos, quanto e quando assim o decidirmos. Taxa Tobin, ou qualquer outro nome, seria uma baliza comum, ao qual o Brasil aderiria. Mas por que, e com quais objetivos?
A mim, me parece completamente estapafúrdia a ideia. Se nos abrimos a capitais financeiros, é porque, supostamente, precisamos acolher capitais, de todos os tipos: IED, aplicações em bolsa, ou emissões globais, ou seja, empréstimos soberanos.
Que diabos teríamos como vantagem taxar esse capital que queremos atrair?
Confesso que não entendi.
Se os países europeus pretendem taxar esses fluxos porque os governos irresponsáveis gastaram muito dinheiro do contribuinte, já não conseguem arrecadar mais por meio de impostos sobre a população, e decidem então tirar uma casquinha do sistema bancário (que será paga pelos contribuintes e usuários do sistema, não tenham dúvida disso), que diabos teríamos nós como interesse seguir a mesma política de taxação?
Por que deveríamos dar um tiro no pé apenas por que outros o estão fazendo?
Política maluca essa...
Me parece que certos dirigentes não pensam antes de falar...
Mas isso é o próprio de políticos...
Paulo Roberto de Almeida 

G20: todos os documentos oficiais, de 1999 a 2011


Communiqués

Building Imperialism: the British East Indian Company

How Maritime Routes Led to Cultural Exchanges

A striking example of how the East India Company influenced Chinese culture is this 19th-century Chinese painting, "A Trading Junk," with a ship in the background flying the Company flag.

LONDON — Sir John R. Seeley, the 19th-century British historian, famously remarked that “the British Empire was acquired in a fit of absence of mind.”
The greatest single force in the expansion of that empire was the East India Company. Although in theory dedicated to trading by sea, the company gradually acquired vast areas of territory in Asia and found itself the ruler of a sixth of humanity.
A further unplanned consequence was that the Company became the primary conduit for carrying Asian art and artifacts to the West, and European art and manufactures to the East, profoundly influencing the development of the arts at both ends of the long and arduous trading routes of the day.
After its somewhat inglorious demise following the Indian Mutiny, the Company was abolished in 1858. Its grandiose headquarters at East India House in the City of London were demolished in 1863, and much of the former contents of the Company museum found their way to the Victoria and Albert Museum in 1879.
But at last there is a new permanent gallery, “Traders: the East India Company and Asia,” inaugurated in late September at the National Maritime Museum in the London borough of Greenwich, which relates the Company’s remarkable story with more than 125 fascinating historical pieces, including paintings, artworks, artifacts and manuscripts.
The initiative is accompanied by an exemplary, highly readable and handsomely illustrated book by H.V. Bowen, John McAleer and Robert J. Blyth: “Monsoon Traders: The Maritime World of the East India Company.”
When the Company made its first tentative foray into the Indian Ocean in 1601, it was entering seas that had been the scene of commerce for thousands of years, whose activities were regulated by the monsoon winds. Owing to contrary winds nearer home, it took the first Company fleet of four small ships nearly two months to leave the shores of England. But the expedition returned successfully after 939 days with 500 tons of pepper and its commander, James Lancaster, was knighted by King James I. The only known portrait of Lancaster, from the museum’s own collection, is now on show in the gallery.
The Company was competing in an arena that was already dominated by Arab, Ottoman, Portuguese and Dutch fleets. The Dutch East India Company managed to exclude the English company from the lucrative Spice Islands, now part of Indonesia, forcing it to carve out a niche for itself in India: trading in textiles and spices from the Asian subcontinent.
The ancient overland Silk Roads had carried examples of the Eastern arts to Europe for many centuries. But the rise of maritime trade vastly increased the variety and sheer quantities of these goods that made it to European shores, and guaranteed their wider distribution and appreciation.
While spices remained a staple, by 1664 textiles accounted for 70 percent of the value of the Company’s imports. And by 1699 a writer was commenting on the calico “craze” in England among both men and women with “Calico shirts, Neckcloths, Cuffs, Pocket-handkerchiefs” for the former, and “Hoods, Sleeves, Aprons, Gowns, Petticoats” for the latter; and “India stockings for both sexes.” By 1750 the Company was importing 11 million yards of handwoven Indian cloth, by then an essential element in everyday dress and high fashion, as illustrated here by historic textiles and contemporary paintings and prints.
The diarist Samuel Pepys records tasting tea as early as the 1660s. Even after the Company gained regular direct access to Canton in 1711, tea drinking was a luxury. But the practice gradually became popular at every level of society. In the early 1750s the Company was shipping around three million pounds, or 1.36 million kilograms, of tea annually. By the end of the century this had risen to more than 30 million pounds. And, as was noted in 1812, China was now “the most important branch of the Company’s concerns.”
The craze for tea and the imported paraphernalia involved in its drinking had a similar effect on decor and furniture that the earlier craze for Indian textiles had on fashions. Chinese ceramic and porcelain teapots, cups, saucers and bowls helped fuel the mania for Chinoiserie.
This also gave rise to China-export wares, styled for Western markets, a trend that produced some of the extraordinary hybrids on show in the “Traders” gallery. Among these are a teapot with additional decoration added in Holland (probably in Rotterdam), a bowl and beer mugs owned by Capt. James Cook and his wife, Elizabeth; and a breakfast service that belonged to Lord Nelson. Although supposedly based on “Japan” patterns, this garish, gilded ensemble, which mixes Japanese floral motifs with crowns and images of ships’ sterns, was made in Worcester, England, by Chamberlain’s China Factory, which Lord Nelson visited in 1802.
No less curious is a punch bowl presented to an English shipyard owner in the 1780s. Made in China, the bowl is decorated with Western sailing ships under construction, probably taken from technical drawings, but with a delicate, inescapably Chinese landscape backdrop.
Such local orders gave rise to a thriving Western-inspired school of Chinese paintings of marine, river and port scenes, some splendid examples of which expand the gallery’s horizons into the artistic influences that the Company's presence played a large part in introducing into China. One of the most richly colored and atmospheric of these is “A Trading Junk” from the 19th century, with an Indiaman flying the Company flag anchored in the background.
Many of the art pieces and artifacts brought back from the East were essentially souvenirs, like a Qianlong period miniature Chinese garden in the gallery, made of coral, carved wood and ivory, of the kind that a visiting artist like William Alexander, who joined a diplomatic mission in the 1790s, might have dismissed as “knick knacks.” But objects of high quality were also sought out and exported for discriminating Western buyers, reaching Europe in the Company’s vessels.
Lavish diplomatic gifts presented to Asian rulers in the hope of gaining advantageous trade concessions arrived in impressive quantities every year on the Company’s ships and were a principal means through which Western tastes were introduced into the region. Among the gifts delivered by King James I’s ambassador, Sir Thomas Roe, to the Mogul emperor Jahangir was a coach, with which the emperor was so pleased he had two copies made. Emperor Jahangir was no less delighted when, as a wager, he had a copy made of a miniature given to him by Sir Roe and the disconcerted ambassador found himself unable to say which was the original.
War booty was another source of Asian art exported to the West, as witnessed in the museum by an Imperial Chinese silk flag with a gold-leaf winged lion, carried off when Canton was captured in the Second China War in 1857. In the same year, one of the prizes taken from the King of Oudh’s palace, when Lucknow was stormed, was a fine 17th-century Persian astrolabe, also on display.
The largest exhibit on show is the colorful painted wooden figurehead of H.M.S. Seringapatam, built at the Bombay Dockyard in 1819. The vessel took its name from the capital of the then ruler of Mysore, Tipu Sultan. After a protracted and bloody struggle, the city was overcome by the Company’s troops in 1792. The colossal booty amassed, valued at more than £1 million, included numerous artworks, quite a number of which are now in the Victoria and Albert Museum, the Royal Collection and various country houses in Britain.

Postagem em destaque

Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida

Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...