domingo, 17 de junho de 2012

Energia no Brasil: do verde ecologico ao preto fossil Xico Graziano


Abaixo transcrevo um artigo de um dos melhores especialistas brasileiros do agronegocio, sobre o desastre do etanol: depois de reclamar enormemente dos subsídios americanos e das barreiras protecionistas ao etanol de milho americano, estamos importando milhões de hectolitros de etanol americano, por problemas exclusivamente de política equivocada do governo, por manipulações das contas da Petrobras, (inclusive em função dos preços da gasolina, que afetam uma parte apenas dos consumidores (classe média alta, em sua maior parte), e por uma série de outros equívocos, que costumam misturar manipulação grosseira da Petrobras (para fins politicos) e uma desinteligência notável no justo equilíbrio entre matriz energética e considerações de mercado.
O retrato do biodiesel é ainda pior, com perdas imensas mais uma vez mascaradas pelo governo, que lançou programas inexequíveis e antieconômicos de produçao de biodiesel a partir da mamona (o produto menos indicado para isso), apenas porque é endêmica no Nordeste e pode ser plantada ou colhida por pequenos camponeses de nível de subsistência. Isso representa confundir o aspecto técnico de uma matriz energética com problemas sociais, tradicionais nessa faixa de agricultores de subsistência; a base produtiva do biodiesel de mamona é totalmente equivocada, e nunca houve um cálculo econômico muito claro sobre o custo final desse biodiesel de mamona e os diferenciais de custo para outras variedades. Sem que isso fosse feito, o governo promulga lei obrigando a Petrobras a comprar o oleo de agricultores familiares. Um desastre total, e como sempre, as perdas da companhia são mais uma vez maquiadas nas contas do governo.
De toda forma, o governo parece ter há muito tempo abandonado qualquer veleidade ecológica, ambientalista ou de sustentabilidade, no plano da matriz energética; como bons gigolôs do petróleo que são todos os políticos, eles já viraram rentistas do pré-sal. A matriz energética brasileira, que era muito sustentável, está ficando preta, como um fóssil.
Paulo Roberto de Almeida 

Vexame Ambiental
Xico Graziano *
O Estado de S. Pauloterça-feira, 12 de junho de 2012
Que Código Florestal, nada. O grande fiasco brasileiro na Rio+20 se esconde no etanol. O país que ensinou ao mundo como trocar a gasolina fóssil pelo álcool renovável engata marcha ré na utilização do combustível limpo. Um vexame ambiental.
Pode-se comprovar facilmente esse retrocesso na bioenergia. Em 2011, o consumo dos combustíveis derivados de petróleo - gasolina principalmente - cresceu 19%, enquanto o uso do etanol nos veículos despencou 29%. Não precisa dizer mais nada. Anda na contramão da história a matriz energética dos transportes no Brasil.
Aconteceu que os consumidores reagiram ao desequilíbrio de preços a favor da gasolina. Duas razões básicas explicam a mudança do mercado. Primeiro, o governo federal tem reduzido o encargo da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) sobre a gasolina, taxa que nos últimos anos recuou de 14% para 2,6%. Em consequência, acabaram praticamente equiparados os custos tributários de ambos os combustíveis. Uma política moderna de sustentabilidade, como buscada em todo o mundo, procederia ao contrário, ou seja, reduziria a carga tributária sobre o biocombustível, não sobre o derivado de petróleo.
Trata-se, obviamente, de uma decisão política, arcada pelo governo federal desde 2002. Com a redução da referida taxa, a Petrobrás, que normalmente deveria ter elevado o preço dos derivados de petróleo para manter sua competitividade global, se compensa pela perda de rentabilidade recolhendo menos imposto ao governo. Tudo dissimulado. Conta paga pela sociedade.
Em segundo lugar, a gasolina barata segura, obviamente, o preço do etanol na bomba, roubando margem dos produtores. Pouco lucrativa, a atividade alcooleira vê sua matéria-prima se direcionar para a fabricação de açúcar, movimento que se observa há tempos nas usinas. Bastante rentável no mercado internacional, o açúcar estimula a pauta das exportações. Resultado: a oferta de etanol se retrai, tendendo a elevar seu preço no posto de combustível, espantando a freguesia. Elementar.
O Brasil produziu cerca de 28 bilhões de litros de etanol nesta última safra (2010/2011). Nos EUA o volume já ultrapassou 50 bilhões de litros. Incrível. O país que inventou o Proálcool, obtido a partir da cana-de-açúcar, está tomando poeira dos gringos, que destinam 40% de sua safra de milho para a fermentação alcoólica. Mais ainda. A necessidade de manutenção de estoques confiáveis começou a exigir volumosas importações de etanol. Sabem de quem? Dos norte-americanos, claro. No ano passado, o Brasil comprou acima de 1,1 bilhão de litros de etanol dos EUA. Acredite se quiser.
Não é à toa que paira desilusão no setor sucroalcooleiro. Estimulados pela agenda da economia verde, nos transportes viabilizada definitivamente com a geração dos motores flex fuel, inéditos e fortes grupos, nacionais e multinacionais, entraram na atividade. Anunciaram planos formidáveis que, após quatro anos, micaram, roubando o fôlego do parque alcooleiro. Notícia ruim chega dos canaviais. E quem pensa que é chororô de usineiro se engana feio. Corretores garantem que 20% das usinas do Centro-Sul estão à venda. Sem comprador. As chamadas greenfields, novas plantas a serem construídas, em vários Estados, ficaram no papel. O pouco dinamismo existente advém da ampliação e modernização de fábricas já instaladas. Passos de tartaruga no etanol.
Milhares de estudiosos, ambientalistas e jornalistas se encontrarão logo mais na Rio+20. O governo brasileiro fará ginástica para justificar o inexplicável. Enquanto as nações se debruçam para encontrar soluções capazes de esverdear sua (suja) matriz energética, por aqui se desperdiça uma oportunidade de ouro, retrocedendo no uso do combustível renovável.
Os produtores de cana-de-açúcar e os usineiros de etanol, por sua vez, lançaram por aqui o Movimento Mais Etanol, querendo influenciar a mídia e sensibilizar o governo para sua agenda. Eles se propõem a dobrar de tamanho até 2020 - o que, ademais, geraria 350 mil empregos diretos -, mas precisam viabilizar uma estratégia de política pública que devolva ao etanol a competitividade roubada pelo controle dos preços da gasolina. Basta, de cara, reduzir a carga tributária sobre o biocombustível.
Gasolina barata e etanol caro acabam criando um círculo vicioso contra o meio ambiente, prejudicando a saúde pública. Segundo a Agência de Proteção Ambiental norte-americana (EPA, na sigla em inglês), o etanol derivado da cana-de-açúcar pode ajudar a reduzir até 91% o efeito estufa da Terra, quando comparado com as emissões advindas da queima de gasolina. Mas, curiosamente, o ambientalismo pouca bola dá para essa tragédia da poluição urbana. O foco de sua ferrenha atuação, conforme se verificou na questão do novo Código Florestal, mira no assunto da biodiversidade. Contra o desmatamento.
A intolerância dos ambientalistas agride os agricultores, como se do campo partisse todo o mal contra a natureza. Citadinos, eles poupam as desgraças ecológicas provocadas pela urbanização, a começar pelos escapamentos veiculares. Novos estímulos públicos ao setor automobilístico favoreceram agora as montadoras. Nenhum compromisso ambiental se firmou. Pouco importa, tristemente, aos radicais verdes.
Tal miopia do movimento ambiental, infelizmente, ajudará o governo a esconder, na Rio+20, o retrocesso na agenda do etanol. Seria interessante, aliás, como subproduto da reunião, discutir para onde caminha o ambientalismo brasileiro.
A incrível capacidade fotossintética do Brasil garante enorme vantagem na produção de biocombustível, energia renovável misturada com geração de empregos. Desprezá-la significa maltratar o etanol, um filho da Pátria.
* AGRÔNOMO, FOI SECRETÁRIO DE AGRICULTURA E SECRETÁRIO DO MEIO AMBIENTE DO ESTADO DE SÃO PAULO. 

A Alianca do Pacifico e a integracao regional - Stratfor

Existem hoje, na América Latina, três grupos de países, simplificando um pouco: os globalizados (tipo Chile e México); os reticentes (tipo Brasil e Argentina), e os bolivarianos (enfim, não encontrei termo melhor para designar os malucos que estão querendo voltar meio século atrás, como Venezuela, Equador, Bolívia, e alguns outros). Peru e Colômbia estão entre os globalizadores e os reticentes, dependendo de quem governa e de quais são as políticas econômicas: atualmente estão mais próximas da integração global, mas sempre pode mudar.
Enquanto alguns se inserem no mundo, outros preferem a política do avestruz. Pior: procuram encontrar bodes expiatórios para os problemas que enfrentam. Nunca é culpa deles, apenas dos outros, do capitalismo perverso, do tsunami financeiro, da guerra cambial, enfim, qualquer coisa, menos as bobagens internas.
Assim vai a América Latina: alguns realistas, outros surrealistas...
Paulo Roberto de Almeida

Stratfor, June 8, 2012 | 0554 GMT
Leaders from Colombia, Chile, Peru and Mexico gathered in the Chilean Atacama Desert this week to sign an agreement pledging unity under the newly minted Pacific Alliance. First envisioned a year ago during a meeting in Lima, the alliance's first move will be to remove all bilateral visa restrictions, and the countries hope that the bloc will evolve into a multilateral free trade area. The Pacific Alliance unites four of Latin America's most trade- and business-friendly countries. According to Chilean President Sebastian Pinera, the bloc intends to focus explicitly on developing a trade agenda with Asia. The agreement is also sure to impact trade with the United States, a major export destination for all three countries.


Perhaps the most striking aspect of the agreement is the way it contrasts with Latin America's other major trade grouping: Mercosur, or the Market of the South. Mercosur groups Brazil, Argentina, Paraguay and Uruguay, and its trade policies inevitably cater to the needs of the two biggest partners -- Brazil and Argentina. The group's reaction to global economic turmoil has been to withdraw behind trade barriers in an economic policy that closely mirrors the import substitution industrialization theory that heavily influenced Latin American policy during the middle of the 20th century.
The contrasts between the Pacific Alliance and Mercosur reveal historical divisions and political orientations. They also highlight the extreme geographic barriers to integration within the region.
Latin America can be loosely conceptualized as a string of habitable "islands" separated by the massive geographic barriers formed by the Caribbean Sea, the Andean mountain chain and the impenetrable Amazon rainforest. The most contiguous fertile territory with the potential for development exists in the Rio de la Plata river basin, which is divided among the Mercosur members. Mexico is a part of North America and is naturally more oriented toward the United States and Canada than it is toward Latin American states.
The Andean nations should be considered in two separate groupings. The Caribbean Andes comprise Colombia and Venezuela and fit squarely into the geopolitical and economic backyard of the United States. The South American Andes, on the other hand, find themselves isolated not only from the Rio de la Plata countries, but also from the direct attention of the United States -- being as they are squarely located in South America.
What all the Pacific Alliance members share is a shoreline on the Pacific Ocean and an abiding interest in trade with Asia and the United States. Certainly interbloc trade will create opportunities to generate wealth. The opportunities for multilateral trade are inherently limited, however, as the Andean members are primarily reliant on commodity exports, and Mexico is the only country in the grouping with a well-developed industrial base. These countries do not have the same kind of natural geographic linkages that characterize a grouping like Mercosur, and nothing like Mercosur's initial intentions for a customs union should be expected out of the Pacific.
The Pacific Alliance is in many ways simply a maritime trading pact that will attempt to present a united regional front in trans-Pacific trade issues. This is a political and economic arena that is inherently dominated by the agendas of the United States and China, a fact exacerbated by growing U.S. attention to East Asia. But even four countries that display so many similar characteristics will find it difficult to forge a united bargaining position. Like many Latin American trading blocs before it, the Pacific Alliance will face the challenge of attempting to smooth over divergent and competing domestic interests while remaining geographically isolated from one another.

O brejo acadêmico: quanto pior melhor? - Editorial Estadao

A universidade brasileira, sobretudo as federais, estão indo para o brejo há muito tempo, sobretudo em termos de qualidade, embora muitos podem discordar de minha opinião. Eu apenas me baseio no que vejo na área de Humanas, o que há de mais próximo do sindicalismo exacerbado que também contribui para mandar a universidade para o brejo. Minha previsão seria a de uma decadência bem clamorosa, para ver se, com uma supercrise, se poderia pensar em reformar esse monstro sem controle. Mas sou pessimista...
PRA

Impasse nas federais

Editorial O Estado de S.Paulo, 17 de junho de 2012 | 3h 05
A greve das universidades federais, que paralisa as atividades de graduação e pós-graduação de 55 das 59 instituições de ensino superior da União, completa o primeiro mês com um impasse e um incidente.
O impasse foi causado pelo fracasso da última reunião entre representantes do Sindicato Nacional dos Docentes do Ensino Superior (Andes) e da Secretaria de Relações do Trabalho do Ministério do Planejamento, realizada em Brasília. Depois de mais de três horas de discussões, o governo pediu uma trégua de 20 dias para apresentar um novo projeto de carreira para os professores, mas a proposta foi rejeitada. O governo quer adotar um plano de cargos e salários semelhante ao dos servidores da área de ciência e tecnologia e tem pressa em chegar a um acordo. O Palácio do Planalto teme que a greve se espalhe para outros setores do funcionalismo público, justamente num ano eleitoral. Os grevistas, contudo, acusam os Ministérios do Planejamento e da Educação (MEC) de insistir em diretrizes que já foram recusadas pelo Andes há pelo menos um ano e meio.
Já o incidente ocorreu no câmpus de Guarulhos da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Protestando contra a superlotação das salas de aula e a falta de um mínimo de infraestrutura, os estudantes invadiram as dependências da diretoria acadêmica e 26 foram presos, depois de um confronto com a Polícia Militar (PM). Eles foram levados à sede da Polícia Federal e indiciados pelos crimes de dano ao patrimônio e constrangimento ilegal.
Os líderes estudantis acusam os dirigentes da Unifesp de terem chamado a tropa de choque. Mas, vinculados ao PT e não querendo criar problemas políticos para o ex-ministro Fernando Haddad, candidato do partido à Prefeitura de São Paulo, os dirigentes alegaram que a PM teria ido ao câmpus de Guarulhos por "conta própria". A informação foi desmentida pela PM. Segundo o alto comando, foi o setor de segurança da Unifesp que pediu providências para preservar o patrimônio da instituição. Uma semana antes, os dirigentes da Unifesp haviam pedido à Justiça que convocasse a PM para promover a reintegração de posse, autorizada pela Justiça, das dependências da diretoria acadêmica em Guarulhos.
Os professores das universidades federais têm duas reivindicações. A primeira é a exigência de um novo plano de carreira docente. A segunda reivindicação está diretamente atrelada aos seis anos em que Haddad esteve à frente do MEC. Durante sua gestão, foram criadas 14 novas universidades e autorizada a ampliação de muitos campi já existentes. A expansão da rede federal de ensino superior foi uma das bandeiras da campanha eleitoral de Lula e de sua candidata, Dilma Rousseff, no pleito de 2010.
O problema é que quase todas as universidades inauguradas com muita pompa e comício, por Haddad e Lula, estão ocas até hoje. "As condições de trabalho não acompanharam a expansão. Faltam bibliotecas, prédios, professores em número adequado. O ambiente de aprendizado está com prometido", afirma Marina Barbosa, presidente do Andes - entidade que durante anos esteve sob o controle do PT. Esse também é o entendimento dos especialistas em educação. "A política de expansão acelerada não obedeceu a nenhuma avaliação cuidadosa sobre prioridades, abrindo instituições onde não havia demanda, admitindo alunos antes de existirem edifícios e instalações adequadas, forçando as universidades a criar cursos noturnos e contratar mais professores, mesmo quando não havia candidatos qualificados, e sem preparar as universidades para lidar com alunos que chegavam do ensino médio cada vez menos preparados", diz Simon Schwartzman, do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade.
A última greve dos professores foi em 2005, ano em que começou a expansão da rede de universidades federais. Sete anos depois, o setor está em crise e não há sinais de que será uma crise de breve duração. Pelo contrário, os docentes acabam de receber o apoio dos técnicos da educação federal - uma categoria que cruzou os braços por mais de cem dias, em 2011.

Os horrores da Segunda Guerra Mundial - The Economist

Pelas minhas informações, a IIGM teria produzido mais de 60 milhões de vítimas.
Esta matéria da Economist, resenha de dois livros, coloca a conta um pouco mais acima, perto de 70 milhões. Provavelmente, a conta é mais acurada, com base nessas obras.
De longe, o país que fez mais sacrifícios foi a União Soviética, com 27 milhões de mortos, mas isto também porque Stalin queria compensar a desvantagem em material em face dos soldados nazistas enviando mais gente para combatê-los. A partir de certa massa humana, mesmo os tanques e metralhadoras mais eficientes não dão conta.
O segundo país em número de vítimas na Europa (pois a China sofreu terrivelmente, com 15 milhões de mortos) foi a Polônia, aliás vitimada pelos dois lados, tendo seu oficialato sido simplesmente eliminado pelos soviéticos logo no começo da guerra. Mais de 5,3 milhões de poloneses foram vítimas da guerra, em suas diversas frentes.
A Alemanha vem em seguida, com 5,2 milhões de mortos, muitos soldados...
Os judeus colocam o número de vítimas, especificamente por serem dessa religião, ou raça, como preferiam os nazistas, em 6 milhões, o que os eleva à terceira maior cifra absoluta.
Em todas as direções, o número de mortos, a maior parte civis, é absolutamente estarrecedor.
Esses dois livros contam um pouco da tragédia, ou muito, já que são de centenas de páginas, cada um.
Paulo Roberto de Almeida 


The second world war

Counting the cost

Two British historians analyse the 20th century’s worst conflict

All Hell Let Loose: The World at War 1939-1945. 
By Max Hastings. HarperPress; 748 pages; £30. 
The Second World War. 
By Antony Beevor. Little, Brown; 863 pages; $35. Weidenfeld & Nicolson; £25.
HISTORY is full of wars that were bloodier than the second world war. As a proportion of the population, more people were killed during the An Lushan rebellion in eighth-century China, for example, or by the Thirty Years War in 17th-century central Europe. But the sheer magnitude of the human tragedy of the second world war puts it in a class of its own, and its relative closeness to the present day makes claims on the collective memory that more remote horrors cannot.
The statistics of the war are almost mind-numbing. Estimates differ, but up to 70m people died as a direct consequence of the fighting between 1939 and 1945, about two-thirds of them non-combatants, making it in absolute terms the deadliest conflict ever. Nearly one in ten Germans died and 30% of their army. About 15m Chinese perished and 27m Soviets. Squeezed between two totalitarian neighbours, Poland lost 16% of its population, about half of them Jews who were part of Hitler’s final solution. On average, nearly 30,000 people were being killed every day.
Partly because it is so hard to grasp what these numbers mean, recent historians have tended to concentrate on particular theatres or aspects of the war with an emphasis on trying to describe what it was like for the human beings caught up in it. Both Antony Beevor and Max Hastings are distinguished exemplars of this approach. Mr Hastings has written books on Britain’s strategic bombing campaign, the Allied invasion of Normandy and the battles for Germany and Japan in the closing stages of the war. With several books already under his belt, Mr Beevor became known in 1998 for his epic account of the siege of Stalingrad, and went on to produce accounts of D-Day and the fall of Berlin. Now both writers have tried something different: single-volume narrative histories of the entire war. In doing so, they are following in the footsteps of Andrew Roberts and Michael Burleigh, who made similar attempts in, respectively, 2009 and 2010.
Mr Hastings got there before Mr Beevor. “All Hell Let Loose” was published seven months ago (it is now out in paperback) to justifiably rave reviews. Mr Hastings’s technique is to mine the written record of those who took part both actively and passively. His witnesses range from the men whose decisions sent millions to their deaths to the ordinary soldiers who carried out their orders and the civilian victims who found themselves on the receiving end. Cynicism and idealism, suffering and euphoria, courage and terror, brutalisation and sentimentality—all find expression through their own testimony. From the Burma Road to the Arctic convoys, the killing fields of Kursk and the London Blitz, their voices are heard. Mr Hastings’s achievement in organising this unwieldy mass of material into a narrative that sweeps confidently over every contested corner of the globe is impressive.
Less so are some of his judgments. Although delivered with verve and economy (Mr Hastings is, above all, an accomplished journalist), they are often unfair. For example, he argues that the decision by Britain and France to declare war because of the German attack on Poland was an act of cynicism because they knew they could do nothing to help the Poles. That was never in doubt, but the Allies hoped the stand against Germany’s naked aggression would persuade Hitler to step back from the brink of all-out war, a motive that was neither base nor ridiculous.
Mr Hastings’s repeated admiration for the fighting qualities of German, Japanese and Soviet soldiers compared with British and American forces is especially trying. Germany and Japan were militarised societies that glorified war and conquest, held human life to be cheap and regarded obedience to the state as the highest virtue. Russian soldiers were inured to the harsh brutalities of Soviet rule and driven on by the knowledge that they were fighting “a war of annihilation” against an implacable enemy. If they wavered, they knew they would be shot by NKVD enforcers. More than 300,000 were killed pour encourager les autres.
The majority of the civilian soldiers of the Western democracies, by contrast, just wanted to survive and return to normal life as soon as possible. That also meant that American and British generals had to eschew the dashing aggression of their Russian and German counterparts, who could squander lives with impunity. Thanks to the bloodbath in Russia, where the Wermacht was broken and nine out of ten German soldiers who died in the war met their end, they could permit themselves to be more cautious.
Mr Hastings excessively admires two German field-marshals: Gerd von Rundstedt and Eric von Manstein, whereas only Bill Slim and George Patton rise above the general mediocrity of Allied field commanders. Luckily, the tactical virtuosity of the Germans and Japanese was more than matched by their strategic incompetence in declaring war against Russia and America. Less hubristic and more informed leaders would have realised that both countries had the manpower and industrial resources to prevail in a war of attrition.
Close connections
Overall, however, Mr Hastings does an admirable job of weaving together deeply personal stories with great events and high strategy. This raises the question of whether another book covering essentially the same ground is necessary. The answer depends on what the reader is looking for. Mr Beevor, who is known for using the sometimes unbearably moving diaries and letters of ordinary soldiers to shed new light on old battles, is otherwise less generous than Mr Hastings in the space he gives to primary sources. He has written what is in many ways a more conventional military history. But where he is good, he is very good.
Mr Beevor is full of insight about the connections between things—he sets out “to understand how the whole complex jigsaw fits together”. Thus the relatively little-known Battle of Khalkhin-Gol, in which Japan’s plans to grab Soviet territory from its base in Manchuria were undone in the summer of 1939 by the Red Army’s greatest and most ruthless general, Georgi Zhukov, had profound consequences. The Japanese “strike south” party prevailed over the “strike northers”, ensuring that Stalin would not have to fight a war on two fronts when the Germans launched Operation Barbarossa in 1941. Mr Beevor decries the rebarbative “Bomber” Harris’s attempt to win the war by bringing death and destruction to every major German city as a moral and strategic failure. But he also points out that by forcing the Nazis to move squadrons of Luftwaffe fighters from Russia to defend the Fatherland, Harris’s campaign allowed the Soviet air force to establish vital air supremacy.
Mr Beevor also has a surer hand than Mr Hastings in describing how the great land battles of the war unfolded. Although his judgments are less waspishly entertaining than his rival’s, they are also more measured. He is notably more generous about Britain’s contribution to defeating Hitler, which Mr Hastings at times appears to think was mainly confined to the code-breaking centre at Bletchley Park and, after defeating the Luftwaffe in 1940, providing an “unsinkable aircraft-carrier” for the build-up of American military power.
Mr Beevor is keener than Mr Hastings on detailing the horror. He is particularly vivid in describing the barbarities that became commonplace during the carnage on the Eastern front. Frozen German corpses littering the battlefield were frequently missing their legs, not because they had been blown off, but because Red Army soldiers wanted their boots and could only pull them off after the legs had been defrosted over camp fires. Outside the besieged city of Leningrad, amputated limbs were stolen from field hospitals and bodies snatched from mass graves as a source of food. Within the city, 2,000 people were arrested for cannibalism. Those most at risk were children, who were eaten by their own parents.
The cruelties perpetrated by the Japanese against civilians in China (Mr Beevor sees the Sino-Japanese conflict that began with the Nanking massacre in 1937 as the true opening chapter of the second world war) and any of the countries unfortunate enough to come within the “Greater East Asia Co-Prosperity Sphere” were nearly as systematic as any of the crimes committed by the Nazis. Japanese commanders actively encouraged the dehumanisation of their troops in the belief it would make them more formidable. Prisoners were burned on huge pyres in their thousands and killing local people for meat was officially sanctioned.
Mr Beevor also gives more attention than Mr Hastings to the appalling acts of violence suffered by women when invading armies arrived. Again, it was the Japanese who set about mass-rape with methodical zeal. Hundreds of thousands of Chinese and Korean girls were press-ganged into becoming “comfort women”; 10,000 women were gang-raped after the fall of Hong Kong. But revenge-fuelled Red Army soldiers were little better. Soviet forces looting and pillaging their way through East Prussia on their way to Berlin raped around 2m women and girls.
This is, however, a less satisfying book than Mr Beevor’s earlier, more focused works. There is an unevenness of quality. The author has a tremendous grasp of the things he has written about before, in particular the titanic struggle between Hitler and Stalin. But he is dutiful rather than exhilarating when dealing with some other passages and theatres of the war. The account of the campaign in north Africa plods, and American readers may be disappointed by his handling of the war in the Pacific. The battle of Midway, arguably the defining naval engagement between Japan and America, gets two pages. At other times, there is too much detail: a succession of generals, armies and battles come and go. Second world war anoraks and students of military history will get more of what they are looking for from Mr Beevor, but less committed readers will find Mr Hastings’s work easier to get to grips with and a better read. Is there room for both books? Absolutely.


A crise que se ve e a crise que nao se ve - Bastiat tupiniquim

Gosto de citar o "cacoete" metodológico de Frédéric Bastiat, segundo quem em economia existe o que se vê, mas também existe o que não se vê, que são os efeitos ou condições subjacentes ao mundo econômico que os homens, os responsáveis governamentais, os empresários ou os simples cidadãos ignoram ou fingem não ver.
Pois no Brasil existe uma crise que se vê, externa, mas se ignora a crise que o governo prefere não ver, que é interna, como sublinha este editorial do Estadão.
Paulo Roberto de Almeida

A crise que Dilma não vê

17 de junho de 2012 | 3h 05
Editorial O Estado de S.Paulo
Em mais um esforço para desencalhar a economia nacional, a presidente Dilma Rousseff convocou os governadores e ofereceu-lhes financiamento e facilidades fiscais para investir. O País só escapa de uma crise mais grave, neste momento, porque as famílias ainda consomem - ninguém sabe até quando - e o governo federal continua gastando, embora com a ineficiência costumeira. A indústria vai mal, o nível de emprego nas fábricas é menor que no ano passado e o setor de serviços, segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV), começa a fraquejar. A agricultura, mesmo com pequena redução nas safras de grãos e oleaginosas, continua garantindo um abastecimento tranquilo. Além disso, o agronegócio garante algum superávit no comércio exterior, enquanto o conjunto das exportações empaca e as importações ocupam fatias crescentes do mercado interno. Apesar disso, a presidente se permite bravatas. A economia brasileira está no aquecimento e no fim do ano ganhará medalha pelo Produto Interno Bruto (PIB), disse ela num encontro com atletas classificados para os Jogos Olímpicos de Londres.
Mas não há sinal desse aquecimento. Com o aumento de 0,2% entre março e abril, o índice de atividade econômica do Banco Central (BC), divulgado na sexta-feira, continua inferior ao de dezembro e praticamente igual ao de um ano antes. A FGV reduziu de 3% para 1,8% sua projeção de crescimento do PIB em 2012. Na semana passada, a pesquisa Focus, do BC, realizada com instituições financeiras e consultorias, apontava uma previsão de 2,5%. Um mês antes, o crescimento estimado era de 3,2%.
Não só a presidente se permite bravatas. Segundo o ministro da Fazenda, Guido Mantega, a ação dos governadores deverá somar-se "ao esforço do governo federal para ampliar seus projetos de investimentos. O Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) tem batido recordes, disse o ministro na sexta-feira, ao divulgar as medidas de financiamento aos Estados.
Houve, de fato, um recorde nos desembolsos do PAC orçamentário, financiado diretamente pelo Tesouro Nacional: R$ 14,2 bilhões até maio, 45% mais que em igual período de 2011. Mas R$ 13,2 bilhões foram restos a pagar. Além disso, o aumento dos desembolsos dependeu essencialmente da liberação de recursos para o programa Minha Casa, Minha Vida, isto é, de financiamentos habitacionais. Esses créditos, R$ 7,4 bilhões, corresponderam a 55% dos pagamentos do PAC no período.
Pode-se discutir se é correto classificar como investimentos os desembolsos para a compra de casas, mas agora o ponto mais relevante é outro. O programa habitacional serve a mais de um propósito, mas outras ações são necessárias, com urgência, para aumentar o potencial de crescimento econômico do País.
O ministro da Fazenda e a presidente da República mostram-se preocupados com o impacto da crise internacional, mas parecem desconhecer ou menosprezar a questão mais grave: a enorme coleção de ineficiências da economia brasileira, a começar pela baixa qualidade da gestão pública, pelo mau uso dos pesados tributos recolhidos em todos os níveis de governo e pela incompetência da maior parte da administração indireta. Um dentre muitos exemplos: a estatal Valec precisará gastar pelo menos R$ 400 milhões para corrigir defeitos da Ferrovia Norte-Sul, um investimento já muito atrasado. Não adianta contabilizar valores investidos, se o dinheiro for mal aplicado.
Diante da crise, o governo reage como se os problemas de crescimento do Brasil fossem conjunturais. É um equívoco. A crise global apenas agrava uma situação já muito ruim. Mesmo sem recessão no mundo rico e desaceleração na China, a indústria brasileira teria dificuldade para competir com fabricantes menos onerados por impostos absurdos, favorecidos por infraestrutura melhor e fortalecidos por políticas educacionais e tecnológicas muito mais eficientes - para mencionar apenas algumas diferenças. O apoio financeiro aos governos estaduais poderá ter algum efeito conjuntural. É preciso mais que isso para aumentar o potencial de crescimento e garantir uma expansão continuada por vários anos.

sábado, 16 de junho de 2012

Politica economica: ingenuidade dos neofitos governamentais...

Que o governo do PT, desde sua origem (digamos, perdida nas brumas do século XIX), e mais especificamente desde sua assunção ao poder, em 2003, tenha uma política econômica esquizofrênica, disso ninguém duvida, só os próprios petistas.
Foi por isso que Lula -- no único gesto sábio que ele teve durante TODA a sua vida -- preservou quase inteiramente as bases da política econômica anterior, que ele e seus companheiros (aloprados economicamente) chamavam de neoliberal. Mas como não tinham nada para colocar no lugar, foi deixada tal qual.
As modificações introduzidas foram obviamente para pior, como no crescimento contínuo das despesas públicas, alimentadas por uma também continua expansão da extorsão tributária, combinado a uma exacerbação do ativismo e do intervencionismo estatais, consubstanciados na criação de dezenas de novas empresas públicas (mais para abrigar marxistas desempregados do que para elevar a reconhecidamente baixa (in)eficiência dos serviços públicos.
Tudo o que se distanciou da pauta da política econômica anterior, foi para pior, o que foi mascarado pelo crescimento inédito da economia mundial entre 2003 e 2008 e pela enorme demanda, jamais interrompida, mesmo com a crise de 2008-2009, de commodities brasileiras pela China. Ou seja, a novidade consistiu em converter o Brasil em semi-periferia da economia chinesa, o que só foi surpresa para os ingênuos do PT.
A ingenuidade, ou a ignorância econômica, simplemente, são notáveis, e se manifestam a cada passo improvisado da política econômica.
Por exemplo, os grandes "estrategistas" econômicos do keynesianismo de botequim que aprenderam na Unicamp e nos bares adjacentes ignoram que toda medida econômica sempre têm side-effects, ou seja, consequências involuntárias, geralmente opostas às que eles pensavam criar com suas medidas mal pensadas e mal implementadas.
Essa ingenuidade congenital também ignora que efeitos que eles atribuem apenas a causas externas, na verdade, têm sua origem em medidas internas, tomadas na ignorância do contexto econômico global.
Os petistas, por exemplo, acham que a volatilidade, ou seja, os influxos e saídas rápidas de capital estrangeiro (eles ignoram que os nacionais saem mais cedo...), são o resultado de uma conspiração perversa de loiros de olhos azuis de Wall Street, ou seja, dos especuladores do grande capital monopolista financeiro internacional, ou da tal de "financeirização" do capitalismo, um monstro metafísico que eles criaram, mas não sabem o que é e sequer explicam como ele surge, vem atacar nossos belos fundamentos econômicos, e depois sai, repentinamente, nos deixando a ver navios.
Eles ignoram que a volatilidade é propriamente interna, criada por eles mesmos, com todas essas mudanças de políticas, improvisadas, ingênuas, unilaterais. Eles ignoram que a estabilidade de regras é o principal trunfo de uma economia madura, estável, acolhedora de capitais de investimento e outras oportunidades de negócios.
Eles criam a volatilidade e depois se espantam que os capitais sejam, como é mesmo?, voláteis...
Santa ingenuidade, ou melhor, pobre ignorância...
Paulo Roberto de Almeida 

A pressa de desvalorizar o real levou agora ao recuo



Editorial O Estado de S.Paulo, 16 de junho de 2012
Em março, a presidente Dilma Rousseff, denunciava o "tsunami" monetário provocado pelas autoridades monetárias de países ricos que inundava o Brasil e favorecia maior valorização do real em relação ao dólar. Prontamente, o governo brasileiro impôs um IOF de 6% sobre os empréstimos estrangeiros inferiores a dois anos, prazo que logo elevou para cinco anos. Agora, o prazo retornou a dois anos, e o IOF é de 0,38%.
Realmente, conseguiu desvalorizar a moeda nacional para uma taxa que aumentou o preço das importações, mas que não favoreceu uma nítida elevação das exportações por causa da redução do preço das commodities. E a indústria nacional, não tendo competitividade, não pôde tirar proveito da desvalorização.
Porém, a pressa do governo em obter finalmente a desvalorização da moeda nacional, limitando a entrada de recursos com o IOF, teve um efeito nitidamente negativo que apareceu no saldo das operações de câmbio do mês de maio, com uma saída líquida de US$ 2,7 bilhões, a maior registrada em dois anos.
A imposição do IOF de 6% para as operações inferiores a 5 anos transformou o tsunami em seca, apesar das pequenas correções para o financiamento das exportações.
O que fica é que o governo demonstrou ingenuidade ao pensar que, num período de crise internacional, o Brasil poderia captar com facilidade empréstimos externos de prazo superior a 5 anos. Se ainda existia uma certa admiração no exterior pela magia que presidia a condução da política econômica do País, que já não engana os observadores, era irrealista a avaliação de que, no contexto mundial atual, seria fácil captar recursos, por um prazo tão grande, para um país emergente.
Mas o governo, na sua ansiedade de resolver o problema da valorização da moeda nacional, minimizou os efeitos da sua decisão. Afastou as médias empresas do mercado internacional, inclusive os pequenos e médios bancos, e o efeito foi reduzir a oferta de crédito. Isso obrigou as empresas maiores a recorrer à emissão de debêntures, mais custosas e de prazo menor, e deixou o comércio externo sem os instrumentos financeiros que lhe permitem sustentar as suas atividades, notadamente a obtenção de linhas de crédito renováveis. Fato mais importante, mostrou que podia mudar as regras da noite para o dia. A decisão apressada permitiu o aumento das receitas, que agora vão cair. É de esperar que com essa turbulência o governo aprenda a prever melhor as consequências das suas decisões.

Universidades brasileiras: refens do sindicalismo exacerbado

Este é apenas um dos problemas da universidade brasileira, e não dos mais graves.
O sindicalismo político, exacerbado, corporativo, em algumas unidades quase mafioso, pelas seitas políticas ultra-minoritárias e ultra-radicais que dominam os aparelhos sindicais dessas unidades, está contribuindo, isto é evidente, para a deterioração das condições de ensino no ciclo superior do Brasil
Mas esta é talvez apenas a superfície de um problema mais grave: a deterioração qualitativa do conteúdo mesmo do ensino.
Pelo que constato, por crescente número de propostas de artigos da minha área destinados a publicação, e que tenho de, como parecerista, rejeitar por falta absoluta de qualificação (seja simplesmente pelo Português deficiente, seja ainda pela falta de lógica elementar nos argumentos, seja, o que é mais grave, pelo desconhecimento total do objeto do artigo), só posso chegar à conclusão de que nosso ciclo superior está se aproximando dos padrões lamentáveis que sabemos existir nos ciclos precedentes das instituições públicas.
O grevismo inconsequente é apenas o reflexo de tudo isso.
O Brasil vai pagar muito caro pela republiqueta sindical que foi criada nos últimos dez anos...
Paulo Roberto de Almeida 

Alunos em aula na UnB lamentam greve

Poucos estudantes que continuam indo às aulas apoiam professores que mantêm atividade e acham que serão prejudicados

Priscilla Borges - iG Brasília  - Atualizada às 
Quem chega à Universidade de Brasília (UnB) percebe logo os reflexos da greve: estacionamentos com mais vagas disponíveis, corredores vazios, salas sem atividade. Apenas pequenos grupos se dividem entre papos nos jardins ou em algumas turmas ainda em aula.
Os poucos estudantes se sentem prejudicados pela paralisação parcial dos professores. Têm poucas aulas, em horários e dias intercalados, e sabem que, quando todos voltarem à ativa, continuarão frequentando a universidade, para repor o restante das aulas.
Priscilla Borges
Corredores vazios na UnB. Universidade aderiu à greve dos professores federais
“Por causa de uma aula, temos de continuar vindo. Melhor seria não ter aula nenhuma. Nós, que somos de fora, não podemos ver a família agora e nem em julho”, reclama Daniel Barretto, 18 anos, que é de Salvador (BA), falando em nome dos colegas.
Do grupo de sete universitários que conversava após uma aula no Minhocão (prédio principal da UnB), todos calouros do curso de Relações Internacionais, quatro vieram de longe para estudar atraídos pela fama da graduação, a mais antiga do País na área. Agora, sentem-se frustrados.
Além de Daniel, Maria Fernanda Lopes, 19 anos, Laís Sachs, 18, e Anaïs Ferreira, 18, também deixaram as famílias em Minas Gerais, São Paulo e Piauí para estudar. “O Brasil faz o inverso do que deveria fazer uma potência econômica: não investe na qualidade da educação, não valoriza os professores”, protesta Laís.
Isabela Nunes, 19 anos, acredita que a qualidade de ensino não está entre as prioridades nem de professores, nem de servidores. “É a última coisa que estão se importando”, desabafa. Para ela e os amigos, a reposição dos conteúdos será feita de qualquer jeito.
Quem insiste em dar aulas o faz por convicção. Como os grevistas, que deixaram as salas de aulas desde 21 de maio. Uma professora de Ciência da Computação, que prefere não se identificar com medo de represálias, diz que “não se sente bem fazendo greve”.
Ela diz que concorda com as reivindicações dos professores, mas não com os “meios”. “Greve é horrível. Essa interrupção não é boa para o processo de aprendizagem dos alunos. Não consigo parar pelo meu compromisso com eles”, afirma.
Direito ou dever?
A professora, assim como outros que continuam as atividades acadêmicas, sentiu-se coagida a paralisar as atividades nos últimos dias. No dia 31 de maio, o Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe) suspendeu o calendário acadêmico, reconhecendo a greve.
Priscilla Borges
Alunos calouros de Relações Internacionais lamentam começar o curso com greves

Com isso, as discussões sobre o direito à reposição das aulas foram acalouradas. A resolução nº 138/2012, que suspende o calendário, não detalha a reposição. O tema foi debatido na reunião e colocado em ata, que ainda precisa ser aprovada na próxima quinta-feira.
Priscilla Borges
Vanessa, Alexandre, Thaís e André acreditam que a greve é um direito dos professores, mas acham que a paralisação atrapalha a aprendizagem
De acordo com o decano de Ensino de Graduação, José Américo Garcia, a definição é que “os professores que estão ministrando aulas precisam saber que será necessário repor as aulas, já que muitos estudantes não estão em aula (há uma greve estudantil na UnB)”.
Em tese, isso significa que quem continua dando aulas terá de repor, quando todos voltarem às atividades normais, as mesmas aulas a um ou outro aluno que decidiu fazer greve também. Para professores e alunos, a decisão fere o direito de quem não concorda com a paralisação.
“Greve é um direito e não um dever. Eu ia parar de dar aulas, mas agora desisti. Não posso ser obrigado a isso”, ressalta Antônio Luciano, professor do Instituto de Física. Ele discorda dos critérios do plano de carreira proposto pelos grevistas e acredita que a greve mais prejudica do que ajuda a universidade. “Todos perdem o ânimo com tanta greve”, diz.
Alunos e professores contam que a maioria dos docentes só parou as atividades após essa decisão do Cepe. Alexandre Cruz, 18, e Vanessa Alves, 19, não acham justo que o professor tenha de repor as aulas para quem optou por não frequentar as aulas.
“O professor parar ou não é uma opção dele. Não acho que seja do aluno”, pondera Vanessa. Muitos, no entanto, com medo de que os alunos faltassem e tivessem trabalhado dobrado, desistiram de continuar dando aulas.
O decano de Ensino de Graduação afirma que, além de a decisão ainda precisar de aprovação do Cepe, uma comissão foi designada para avaliar os casos. “Quem continua dando aula é porque tem excelente adesão dos estudantes. Casos específicos serão avaliados”, garante.
Marcelo Hermes, professor do Instituto de Biologia lidera um grupo que decidiu procurar a Justiça para garantir o direito de quem não quer parar as atividades. Primeiro, eles entraram com um pedido de interpelação à universidade. Querem entender melhor a decisão do Cepe. Se preciso, continuarão com as ações judiciais. “A maioria dos professores parou depois disso. Estão querendo nos forçar a entrar em greve”, protesta.

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Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...