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sábado, 16 de junho de 2012

Universidades brasileiras: refens do sindicalismo exacerbado

Este é apenas um dos problemas da universidade brasileira, e não dos mais graves.
O sindicalismo político, exacerbado, corporativo, em algumas unidades quase mafioso, pelas seitas políticas ultra-minoritárias e ultra-radicais que dominam os aparelhos sindicais dessas unidades, está contribuindo, isto é evidente, para a deterioração das condições de ensino no ciclo superior do Brasil
Mas esta é talvez apenas a superfície de um problema mais grave: a deterioração qualitativa do conteúdo mesmo do ensino.
Pelo que constato, por crescente número de propostas de artigos da minha área destinados a publicação, e que tenho de, como parecerista, rejeitar por falta absoluta de qualificação (seja simplesmente pelo Português deficiente, seja ainda pela falta de lógica elementar nos argumentos, seja, o que é mais grave, pelo desconhecimento total do objeto do artigo), só posso chegar à conclusão de que nosso ciclo superior está se aproximando dos padrões lamentáveis que sabemos existir nos ciclos precedentes das instituições públicas.
O grevismo inconsequente é apenas o reflexo de tudo isso.
O Brasil vai pagar muito caro pela republiqueta sindical que foi criada nos últimos dez anos...
Paulo Roberto de Almeida 

Alunos em aula na UnB lamentam greve

Poucos estudantes que continuam indo às aulas apoiam professores que mantêm atividade e acham que serão prejudicados

Priscilla Borges - iG Brasília  - Atualizada às 
Quem chega à Universidade de Brasília (UnB) percebe logo os reflexos da greve: estacionamentos com mais vagas disponíveis, corredores vazios, salas sem atividade. Apenas pequenos grupos se dividem entre papos nos jardins ou em algumas turmas ainda em aula.
Os poucos estudantes se sentem prejudicados pela paralisação parcial dos professores. Têm poucas aulas, em horários e dias intercalados, e sabem que, quando todos voltarem à ativa, continuarão frequentando a universidade, para repor o restante das aulas.
Priscilla Borges
Corredores vazios na UnB. Universidade aderiu à greve dos professores federais
“Por causa de uma aula, temos de continuar vindo. Melhor seria não ter aula nenhuma. Nós, que somos de fora, não podemos ver a família agora e nem em julho”, reclama Daniel Barretto, 18 anos, que é de Salvador (BA), falando em nome dos colegas.
Do grupo de sete universitários que conversava após uma aula no Minhocão (prédio principal da UnB), todos calouros do curso de Relações Internacionais, quatro vieram de longe para estudar atraídos pela fama da graduação, a mais antiga do País na área. Agora, sentem-se frustrados.
Além de Daniel, Maria Fernanda Lopes, 19 anos, Laís Sachs, 18, e Anaïs Ferreira, 18, também deixaram as famílias em Minas Gerais, São Paulo e Piauí para estudar. “O Brasil faz o inverso do que deveria fazer uma potência econômica: não investe na qualidade da educação, não valoriza os professores”, protesta Laís.
Isabela Nunes, 19 anos, acredita que a qualidade de ensino não está entre as prioridades nem de professores, nem de servidores. “É a última coisa que estão se importando”, desabafa. Para ela e os amigos, a reposição dos conteúdos será feita de qualquer jeito.
Quem insiste em dar aulas o faz por convicção. Como os grevistas, que deixaram as salas de aulas desde 21 de maio. Uma professora de Ciência da Computação, que prefere não se identificar com medo de represálias, diz que “não se sente bem fazendo greve”.
Ela diz que concorda com as reivindicações dos professores, mas não com os “meios”. “Greve é horrível. Essa interrupção não é boa para o processo de aprendizagem dos alunos. Não consigo parar pelo meu compromisso com eles”, afirma.
Direito ou dever?
A professora, assim como outros que continuam as atividades acadêmicas, sentiu-se coagida a paralisar as atividades nos últimos dias. No dia 31 de maio, o Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe) suspendeu o calendário acadêmico, reconhecendo a greve.
Priscilla Borges
Alunos calouros de Relações Internacionais lamentam começar o curso com greves

Com isso, as discussões sobre o direito à reposição das aulas foram acalouradas. A resolução nº 138/2012, que suspende o calendário, não detalha a reposição. O tema foi debatido na reunião e colocado em ata, que ainda precisa ser aprovada na próxima quinta-feira.
Priscilla Borges
Vanessa, Alexandre, Thaís e André acreditam que a greve é um direito dos professores, mas acham que a paralisação atrapalha a aprendizagem
De acordo com o decano de Ensino de Graduação, José Américo Garcia, a definição é que “os professores que estão ministrando aulas precisam saber que será necessário repor as aulas, já que muitos estudantes não estão em aula (há uma greve estudantil na UnB)”.
Em tese, isso significa que quem continua dando aulas terá de repor, quando todos voltarem às atividades normais, as mesmas aulas a um ou outro aluno que decidiu fazer greve também. Para professores e alunos, a decisão fere o direito de quem não concorda com a paralisação.
“Greve é um direito e não um dever. Eu ia parar de dar aulas, mas agora desisti. Não posso ser obrigado a isso”, ressalta Antônio Luciano, professor do Instituto de Física. Ele discorda dos critérios do plano de carreira proposto pelos grevistas e acredita que a greve mais prejudica do que ajuda a universidade. “Todos perdem o ânimo com tanta greve”, diz.
Alunos e professores contam que a maioria dos docentes só parou as atividades após essa decisão do Cepe. Alexandre Cruz, 18, e Vanessa Alves, 19, não acham justo que o professor tenha de repor as aulas para quem optou por não frequentar as aulas.
“O professor parar ou não é uma opção dele. Não acho que seja do aluno”, pondera Vanessa. Muitos, no entanto, com medo de que os alunos faltassem e tivessem trabalhado dobrado, desistiram de continuar dando aulas.
O decano de Ensino de Graduação afirma que, além de a decisão ainda precisar de aprovação do Cepe, uma comissão foi designada para avaliar os casos. “Quem continua dando aula é porque tem excelente adesão dos estudantes. Casos específicos serão avaliados”, garante.
Marcelo Hermes, professor do Instituto de Biologia lidera um grupo que decidiu procurar a Justiça para garantir o direito de quem não quer parar as atividades. Primeiro, eles entraram com um pedido de interpelação à universidade. Querem entender melhor a decisão do Cepe. Se preciso, continuarão com as ações judiciais. “A maioria dos professores parou depois disso. Estão querendo nos forçar a entrar em greve”, protesta.

3 comentários:

Anônimo disse...

Ilustre Paulo Roberto de Almeida, penso que seria interessante expor mais detalhadamente as razões pelas quais o Sr se opõem ao direito de greve dos professores universitários. Este "grevismo inconsequente" é ruim tanto no curto e no longo prazo? Se os efeitos da greve não serão positivos, qual sria a solução para a turma do "portugês deficiente" que com greve ou sem greve, continuará a enviar-lhe propostas de artigos desqualificadas ?
Saúdo suas ideias. Abç

Paulo Roberto de Almeida disse...

Não me oponho ao direito de greve, apenas considero que se trata de férias remuneradas para professores corporativos.
Minhas soluções para a Universidade, assim como para o funcionalismo de modo geral, são muito radicais para serem aplicadas no Brasil no horizonte previsível.
Sou contra a estabilidade, ponto.
Sou contra universidade gratuita, ponto.
Sou pela responsabilidade individual.
Acho que nenhuma dessas propostas tem qualquer chance de serem implementadas.
Portanto, só posso prever decadência continuada.
Paulo Roberto de Almeida

Guilherme disse...

Sr Paulo Roberto, admiro suas idéias e gosto de ler seus artigos.
Concordo contigo quanto a estabilidade, o que esta faz de mal para com o funcionalismo público é algo relevante.

Mas discordo do senhor quanto a gratuidade do ensino universitário, acho que ele é um forma de democratizar o acesso a informação, , capacitação profissional e científica, mesmo que no atual estado brasileiro ele não cumpra esse papel de forma efetiva.
Ainda com relação ao ensino universitário público, vejo que não há uma integração entre universidade e sociedade. É raro ver não-alunos frequentando as bibliotecas, quadras esportivas e outros espaços existentes nos campus.
Penso que deveria haver um maior compromisso do formando com os serviços públicos. O recurso gasto para formar um aluno deveria ser revertido (pelo menos uma parte) em serviços, como em escolas, hospitais e outras empresas públicas.