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sábado, 30 de junho de 2012

Pequeno desabafo moral - Paulo Roberto de Almeida

Trecho de uma correspondência enviada a quem me consultou sobre um problema anódino. Não tenho receitas, ou melhor, tenho, mas não adianta nada prescrevê-las agora, pois não teriam aplicação. No momento, me contento com este diagnóstico:

O Brasil, infelizmente, enfrenta uma fase de decadência institucional e de deterioração moral que vai se refletir profundamente em seu desempenho econômico nos próximos anos. 
Nada disso é excepcional historicamente. Outros países já enfrentaram esse declínio estrutural, que por vezes é essencialmente moral e mental: a China, durante pelo menos dois séculos; a Grã-Bretanha, nos oitenta anos que precederam Margareth Thatcher; e a Argentina, pelo menos desde 1930, e continuando...
Ou seja, o Brasil também enfrenta sua decadência moral, e infelizmente vamos ter de sofrer um pouco até que a sociedade se recomponha e que líderes mais preparados assumam o comando da nação.
Estas são as consequências da nossa má educação, da desiguadade social, da corrupção moral das elites. E vamos pagar um alto preço por isto.
Não creio que a situação tenha reversão no curto prazo: dependeria ou de uma educação política dos cidadãos que não está próxima de acontecer, ou de grandes desastres econômicos que tampouco vão acontecer.
Então, é o afundar lento na decadência. Infelizmente.
Enfim, aqueles que tomam consciência da situação podem refletir sobre isso e colaborar para a conscientização de outros.
Mas, as forças políticas que nos comandam, e toda a máquina publicitária em torno disso, são mais fortes do que os alertas morais de uma minoria extremamente reduzida. Vamos ter de atravessar nossa decadência, esperando apenas que consigamos preservar nossa dignidade moral frente a tantos descalabros da elite política (que aliás não merece esse substantivo) que nos desgoverna.
Paulo Roberto de Almeida 


Addendum extra-moral:
Existem muitas maneiras de se fazer um país crescer, com ditadura, ou sem, pela via do Estado ou dos mercados. Existem muitas maneiras de se distribuir renda, pelo emprego, ou por subsídios estatais. Todas essas modalidades podem ser analisadas economicamente, por seu custo-benefício e algumas conclusões empíricas sobre as formas mais eficientes de se conduzirem essas políticas. Enfim, mesmo a ciência aparentemente "científica" da economia está sujeita a interpretações e modalidades diversas sobre o que fazer, quanto disso ou daquilo, o que se quer exatamente como resultado (e isso é matéria a discussão).
O que não é matéria de discussão, são certos critérios morais. Por exemplo: um bandido é um bandido, e não existe nada que me possa levar a apertar a mão de um bandido, ou melhor, uma pessoa que roubou recursos públicos para seus fins particulares. Este norte moral, acima da economia dos ganhos, eu possuo. Não posso dizer o mesmo de certos membros de nossas elites políticas.

6 comentários:

Anônimo disse...

Sr. Paulo, sou vestibulanda do curso de Direito, e, visitante assídua de seu blog, que além de me possibilitar rechear minhas redações com argumentos atualizados, alimenta o meu interesse pela diplomacia. Parabéns pelo blog, de linguagem clara e escrita dinâmica que conscientiza, sem sensacionalismo ou influência partidária subliminar, haha. O senhor têm me ensinado a pensar melhor! Obrigada. Boa tarde!

amauri disse...

Boa tarde Paulo!
Sempre achei que é o poder que elege um presidente, o voto apenas legitima. Os meios de comunicação faz este elo.
O Brasil adota um sistema de governo que carteliza o setor privado, planeja centralizadamente a economia subsidiando grandes empresários com boas conexões políticas, exalta o poder estatal como sendo a fonte de toda a ordem, nega direitos e liberdades fundamentais aos indivíduos e torna o poder executivo o senhor irrestrito da sociedade. Sendo assim o topo da piramide este muito satisfeito, e a base é facil de agradar e manipular. Diclinio moral só percebe que sabe e tem o sentido de moral.
abs

Antonio disse...

E quando foi diferente?

Paulo Roberto de Almeida disse...

Antonio,
O Brasil já foi um pouco mais moral, melhor, com políticas mais racionais, do que atualmente.
Se você se acha representado pelos nossos políticos atuais, se você acha que a classe política é a melhor possível, se você acha que a corrupção agora é menor, então existem duas hipóteses:
1) você está plenamente satisfeito com a situação de descalabro moral que vivemos atualmente, talvez por ignorância ou cegueira voluntária, falta de informação, ingenuidade, ou uma variante dessas possibilidades;
2) você concorda com tudo isso, acha o governo uma maravilha e talvez até trabalha para ele, vota por ele e quer mais.
Em qualquer hipótese, eu lamento...
Paulo Roberto de Almeida

Anônimo disse...

Quando foi essa época, então? Na ditadura? No império? República velha? Não consigo achar tantas diferenças..

O "descalabro moral" é fênomeno mundial, a meu ver, basta olhar para os EUA.

Paulo Roberto de Almeida disse...

Anonimo,
Se vc e' do PT ou do governo, basta ver o numero de processos criminais envolvendo figuras do Partido. Olhe a sua volta.
Quando foi que tivemos, em eras geologicas anteriores, um ex-primeirissimo ministro, o grao-vizir do Cerrado central, o Stalin sem Gulag, sentado no supremo banco dos reus, sendo julgado como "chefe da quadrilha"?
Se vc nao acha que isso e' degradacao moral, entao vc e' um deles, com todo o respeito.
Se vc nao e', nao tem a impressao de que estamos sendo governados por uma entidade mafiosa?
Paulo Roberto de Almeida