A que nos conduzem certas ações mal pensadas...
Mas como diriam os ingleses,
honni soit qui mal y pense...
Então eu sou...
Paulo Roberto de Almeida
Crise no Paraguai gera tensão e esvazia comércio na fronteira com Brasil
BBC – 25/06/12
dos maiores shopping centers de Ciudad del Este amanheceu com corredores vazios
A crise política que sucedeu a
destituição do presidente paraguaio Fernando Lugo na sexta-feira,
provocando ameaças de sanções ao Paraguai por nações vizinhas, já gera
impactos na fronteira do país com o Brasil.
Em Ciudad del Este, polo comercial que
atrai milhares de compradores brasileiros diariamente, ao menos dez
lojistas consultados pela BBC Brasil calculam que houve queda de até 50%
nas vendas neste fim de semana. Eles atribuem o fraco movimento, entre
outros motivos, aos rumores de que o Brasil poderia fechar a fronteira
com o Paraguai em resposta ao impeachment relâmpago de Lugo.
O governo
brasileiro, que considerou a destituição do presidente um “rito sumário”
sem direito adequado de defesa, anunciou que sanções ao Paraguai por
eventual quebra de compromisso com a democracia (previstas em acordos
regionais) estão sendo avaliadas pelos membros do Mercosul e da Unasul.
Questionado neste domingo pela BBC Brasil
se as medidas poderiam incluir o fechamento de fronteiras, o Itamaraty
afirmou que a ação está prevista em protocolos multilaterais e que ela
está sob discussão, mas que até o momento não há definição sobre o
assunto. Atualmente, o trânsito de pessoas entre Brasil e Paraguai
ocorre livremente pela ponte da Amizade, sobre o rio Paraná.
Corredores vazios
Os rumores, no entanto, bastaram para que
muitos brasileiros adiassem os planos de fazer compras no país vizinho.
No shopping Corazón, o mais moderno de Ciudad del Este, a clientela era
tão escassa que vendedores saíam para os corredores para conversar com
colegas de lojas vizinhas.
“Estamos todos muito preocupados”, diz,
sentada ao sofá, a vendedora paraguaia Luz Ruiz. “Para Ciudad del Este,
fechar a fronteira seria a morte”.
Segundo Ruiz, que trabalha numa loja de
lingeries, no sábado pós-impeachment os clientes só apareceram depois
das 20h. No dia seguinte, diz ela, o movimento continuava bem abaixo do
normal. “Como os domingos costumam ser mais fracos, só saberemos do
impacto real durante a semana”.
Ao seu lado, a vendedora brasileira Marta
de Paula, que mora em Foz do Iguaçu (PR), mas cruza a fronteira
diariamente para trabalhar em Ciudad del Este, teme perder o emprego
caso a divisa seja fechada. “Muitos brasileiros que trabalham em Ciudad
del Este e paraguaios que trabalham em Foz seriam afetados”, diz. “O
desemprego nas duas cidades explodiria”.
Além disso, ela afirma que, assim como os
brasileiros se abastecem de perfumes, brinquedos e eletrônicos no
Paraguai, os paraguaios compram do Brasil máquinas agrícolas e
automóveis, gerando receita para o país.
As duas disseram crer, porém, que o
Brasil não levará a cabo qualquer ação que possa prejudicar brasileiros.
“Não faria sentido, eu acredito no bom senso dos governantes”, diz
Ruiz.
Nem todos os vendedores, porém,
consideram a crise política a principal razão para o fraco movimento.
Segundo Mercedes Capdevilla, vendedora de uma loja de eletrônicos, nas
últimas semanas o Brasil aumentou o controle na fronteira, para fazer
valer o limite de US$ 300 (R$ 600) em compras por pessoa. Quem excede o
valor deve pagar multa.
A atitude, diz ela, tem prejudicado o comércio. “Quando voltar ao procedimento antigo, as vendas vão subir de novo”.
‘Presa no Paraguai’
Num dos raros grupos de turistas
brasileiros que passeavam pelo shopping, a fotógrafa Soraya Reichert diz
que teve de convencer uma tia de que não correriam riscos se cruzassem a
fronteira.
“Ela estava com medo de ficar presa no
Paraguai, sem conseguir voltar para Foz”, diz ela. “Acho que se forem
mesmo fechar a fronteira, vão avisar com antecedência, para evitar o
caos”.
Assim como os comerciantes, porém, ela
espera que o governo brasileiro não tome essa decisão. “Foz do Iguaçu
depende tanto daqui quanto eles dependem de nós”.
Reichert diz que muitos brasileiros de
Foz têm negócios na cidade vizinha, como empresas de aluguel de
veículos, lojas e construtoras. Ela afirma ainda que o bloqueio da
fronteira seria um terrível golpe para o turismo que sustenta a cidade
paranaense. Isso porque, segundo a fotógrafa, boa parte dos viajantes de
várias regiões do Brasil que se hospedam em Foz o fazem para realizar
compras no Paraguai.
“As duas regiões estão tão conectadas que qualquer ruptura seria uma catástrofe, e para os dois lados.”
Disponível em:
http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2012/06/120624_ciudad_este_paraguai_jf.shtml
Nenhum comentário:
Postar um comentário