La France ou la religion de l'impôt
LE MONDE01.05.2013 à 18:45
Editorial du "Monde". Dans leur brutalité, les chiffres en disent souvent plus que les traités d'économie. Ils livrent un diagnostic cru, l'état des lieux avant que le discours politique vienne embellir ou assombrir la réalité selon que l'on est au gouvernement ou dans l'opposition.
La dernière livraison d'Eurostat, l'organisme de statistiques de l'Union européenne, lundi 29 avril, vient ainsi confirmer ce que l'on savait depuis quelque temps déjà : la France est malade de sa fiscalité. Pathologie lourde, à laquelle ni la droite ni la gauche n'ont jamais réellement voulu remédier.
Là est, pourtant, une partie du "mal français" : la globalisation de l'économie et les nouvelles conditions de concurrence n'ont fait, ces dernières années, que l'exacerber davantage.
L'impôt, ce n'est pas toujours une simple affaire de taux, ou pas seulement. Eurostat rappelle que le taux global d'imposition, en pourcentage du produit intérieur brut, situe la France dans le peloton de tête de l'UE. Avec un taux de 43,9 % en 2011, elle est à la quatrième place, derrière le Danemark, la Suède et la Belgique.
Ce chiffre ne dit pas tout. Il n'a de sens que rapporté à la qualité des services publics obtenue en contrepartie de l'impôt. Contrairement à ce qu'on serine aux Français, ils n'en n'ont pas pour leur argent. Les prestations publiques dans la plupart des pays d'Europe du Nord sont supérieures à ce qu'elles sont en France.
Qu'il s'agisse de l'éducation en général, de la sécurité, de l'intégration des quartiers défavorisés, des transports publics, de l'état des prisons, de la justice et de la police et, même, parfois, de la santé, l'Etat-providence est plus performant au Danemark ou en Suède qu'il ne l'est en France. Pourquoi ? La question, celle du bon usage de l'argent public, est trop rarement posée.
Dans un pays taraudé par le chômage de masse, la droite et la gauche ont-elles mené depuis quinze ans une politique fiscale favorable aux entreprises ? La réponse est non. En 2013 comme en 2012, la France détient le record d'Europe pour l'impôt sur les sociétés avec un taux maximal de 36,1 % contre 29,8 % en Allemagne. Elle est aussi le pays européen où le capital est le plus taxé, loin au-dessus de la moyenne européenne.
Pas étonnant que les marges de nos entreprises figurent parmi les plus faibles de l'UE. Si les profits d'aujourd'hui sont les investissements de demain, alors il est urgent de revenir sur les mécanismes d'imposition du capital : en France, ils découragent l'entrepreneuriat.
Le 29 avril, François Hollande a annoncé pour les entrepreneurs une batterie de mesures allant dans le bon sens. Il détricote partiellement ce qu'il a mis en oeuvre en arrivant à l'Elysée... Alléger la charge pesant sur les entreprises, c'est ce qu'ont fait nos voisins du Nord, sans démolir l'Etat-providence.
Cela devrait être à la portée d'un gouvernement qui se veut social-démocrate.
Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas. Ver também minha página: www.pralmeida.net (em construção).
quinta-feira, 2 de maio de 2013
quarta-feira, 1 de maio de 2013
A frase da semana: a Argentina tem tudo e esta' prosa... (CK)
“Temos papa, rainha e Messi, não nos falta nada”.
Cristina Kirchner, ao comemorar a coroação da conterrânea Máxima Zorreguieta como rainha consorte da Holanda.
Bem, acho que falta, falta, muita coisa, mas vamos descobrir na próxima crise...
Paulo Roberto de Almeida
O Itamaraty e a imprensa - Matias Spektor
MATIAS SPEKTOR
Boa luta
O problema do Itamaraty está, em parte, no seu próprio modo de interação com a opinião pública
Folha de S.Paulo, 1/05/2013
Há mais de ano, a imagem de uma Dilma intolerante em face de um Itamaraty prostrado abriu temporada de golpes contra o ministério.
Os ataques cresceram nas últimas semanas, com notícias de abuso de passaportes diplomáticos, supersalários, diplomatas-fantasmas, a possível suspensão do concurso do Instituto Rio Branco e a leniência diante de uma grave acusação de assédio.
Se as denúncias em si são bem-vindas, o burburinho de onde se originam tem bafo de injustiça.
Afinal, a ordem para emitir passaportes diplomáticos vem de cima.
Na lista divulgada de funcionários-fantasmas, tem gente em trânsito normal para posto no exterior.
E, embora existam casos de salários nababescos em todo o serviço público, a maioria dos diplomatas brasileiros não vive na opulência.
Com apenas 1% do Orçamento federal, o Itamaraty está longe de ser perdulário. Faz milagre.
O tatibitate mais recente também traz algumas inverdades, como o suposto descaso diante da prisão de brasileiros na Bolívia. Nesse quesito, a diplomacia tem feito um trabalho verdadeiramente exemplar.
Dadas as circunstâncias, bem que o Itamaraty podia reagir com uma ofensiva de caráter tribal. Não para calar as críticas, que são essenciais, mas para tirar o debate público sobre política externa do fundo do poço em que se encontra.
Basta abrir as principais revistas e jornais do país para saber que é urgente restaurar o embate de grandes ideias a respeito dos desafios diplomáticos do Brasil.
Em parte, o problema atual está no próprio modo de interação do Itamaraty com a opinião pública.
Sem política de comunicação social, o ministério usa instrumentos ultrapassados para divulgar sua mensagem.
O contato com a imprensa, por exemplo, é concentrado no topo, modelo que funciona somente quando há material e disposição abundante para alimentar uma imprensa faminta. Quando a informação é distribuída a conta-gotas, no entanto, esse modelo apenas estimula vazamentos.
Sem material para trabalhar, jornalistas fracos reproduzem fuxicos, ao passo que os bons correm por fora, garimpando pautas em arquivos ou consultando fontes estrangeiras.
Além disso, os embaixadores brasileiros que poderiam estar operando a imprensa cotidianamente são orientados a evitá-la e a deixar tudo na mão do QG, em Brasília.
No ministério, o medo generalizado dos meios de comunicação produz também certo desprezo por jornalistas. Nesse jogo, o Itamaraty sempre sai perdedor.
O problema está bem ilustrado no uso que o ministério faz de Facebook e Twitter: ignorando a lógica dessa tecnologia, mantém a velha prática de notas áridas que pouco explicam e nada discutem. Idem no YouTube.
Se o Itamaraty aproveitar esta conjuntura negativa para sacudir a poeira, renovar as armas e partir para a boa luta, receber tantos golpes não terá sido em vão.
Ninguém sabe ao certo quantos brasileiros vivem nos Estados Unidos, mas é bem menos que os 2,5 milhões que escrevi na última coluna.
Salami science: quanto mais artigos melhor? - Fernando Reinach
| Darwin e a prática da 'Salami Science' | |
| Fernando Reinach O Estado de São Paulo, 29/04/2013
Em 1985, ouvi pela primeira vez no Laboratório de Biologia Molecular a expressão "Salami Science". Um de nós estava com uma pilha de trabalhos científicos quando Max Perutz se aproximou. Um jovem disse que estava lendo trabalhos de um famoso cientista dos EUA. Perutz olhou a pilha e murmurou: "Salami Science, espero que não chegue aqui". Mas a praga se espalhou pelo mundo e agora assola a comunidade científica brasileira.
"Salami Science" é a prática de fatiar uma única descoberta, como um salame, para publicá-la no maior número possível de artigos científicos. O cientista aumenta seu currículo e cria a impressão de que é muito produtivo. O leitor é forçado a juntar as fatias para entender o todo. As revistas ficam abarrotadas. E avaliar um cientista fica mais difícil. Apesar disso, a "Salami Science" se espalhou, induzido pela busca obsessiva de um método quantitativo capaz de avaliar a produção acadêmica.
No Laboratório de Biologia Molecular, nossos ídolos eram os cinco prêmios Nobel do prédio. Publicar muitos artigos indicava falta de rigor intelectual. Eles valorizavam a capacidade de criar uma maneira engenhosa para destrinchar um problema importante. Aprendíamos que o objetivo era desvendar os mistérios da natureza. Publicar um artigo era consequência de um trabalho financiado com dinheiro público, servia para comunicar a nova descoberta. O trabalho deveria ser simples, claro e didático. O exemplo a ser seguido eram as duas páginas em que Watson e Crick descreveram a estrutura do DNA. Você se tornaria um cientista de respeito se o esforço de uma vida pudesse ser resumido em uma frase: Ele descobriu... Os três pontinhos teriam de ser uma ou duas palavras: a estrutura do DNA (Watson e Crick), a estrutura das proteínas (Max Perutz), a teoria da Relatividade (Einstein). Sabíamos que poucos chegariam lá, mas o importante era ter certeza de que havíamos gasto a vida atrás de algo importante.
Hoje, nas melhores universidade do Brasil, a conversa entre pós-graduandos e cientistas é outra. A maioria está preocupada com quantos trabalhos publicou no último ano - e onde. Querem saber como serão classificados. "Fulano agora é pesquisador 1B no CNPq. Com 8 trabalhos em revistas de alto impacto no ano passado, não poderia ser diferente." "O departamento de beltrano foi rebaixado para 4 pela Capes. Também, com poucas teses no ano passado e só duas publicações em revistas de baixo impacto..." Não que os olhos dessas pessoas não brilhem quando discutem suas pesquisas, mas o relato de como alguém emplacou um trabalho na Nature causa mais alvoroço que o de uma nova maneira de abordar um problema dito insolúvel.
Essa mudança de cultura ocorreu porque agora os cientistas e suas instituições são avaliados a partir de fórmulas matemáticas que levam em conta três ingredientes, combinados ao gosto do freguês: número de trabalhos publicados, quantas vezes esses trabalhos foram citados na literatura e qualidade das revistas (medida pela quantidade de citações a trabalhos publicados na revista). Você estranhou a ausência de palavras como qualidade, criatividade e originalidade? Se conversar com um burocrata da ciência, ele tentará te explicar como esses índices englobam de maneira objetiva conceitos tão subjetivos. E não adianta argumentar que Einstein, Crick e Perutz teriam sido excluídos por esses critérios. No fundo, essas pessoas acreditam que cientistas desse calibre não podem surgir no Brasil. O resultado é que em algumas pós-graduações da USP o credenciamento de orientadores depende unicamente do total de trabalhos publicados, em outras o pré-requisito para uma tese ser defendida é que um ou mais trabalhos tenham sido aceitos para publicação.
Não há dúvida de que métodos quantitativos são úteis para avaliar um cientista, mas usá-los de modo exclusivo, abdicando da capacidade subjetiva de identificar pessoas talentosas, criativas ou simplesmente geniais, é caminho seguro para excluir da carreira científica as poucas pessoas que realmente podem fazer descobertas importantes. Essa atitude isenta os responsáveis de tomar e defender decisões. É a covardia intelectual escondida por trás de algoritmos matemáticos.
Mas o que Darwin tem a ver com isso? Foi ele que mostrou que uma das características que facilitam a sobrevivência é a capacidade de se adaptar aos ambientes. E os cientistas são animais como qualquer outro ser humano. Se a regra exige aumentar o número de trabalhos publicados, vou praticar "Salami Science". É necessário ser muito citado? Sem problema, minhas fatias de salame vão citar umas às outras e vou pedir a amigos que me citem. Em troca, garanto que vou citá-los. As revistas precisam de muitas citações? Basta pedir aos autores que citem artigos da própria revista. E, aos poucos, o objetivo da ciência deixa de ser entender a natureza e passa a ser publicar e ser citado. Se o trabalho é medíocre ou genial, pouco importa. Mas a ciência brasileira vai bem, o número de mestres aumenta, o de trabalhos cresce, assim como as citações. E a cada dia ficamos mais longe de ter cientistas que possam ser descritos em uma única frase: Ele descobriu...
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Venezuela: fascismo do seculo XXI - Blog Venezuela News and Views
Blog Venezuela News and Views, Wednesday, May 01, 2013
XXI century fascism in full blown action in Venezuela
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| Representatives Machado and Borges after a working day |
I am not going to go into the beating up details, there are articles already up, and already in English. I am just putting the basic video below where you can see clearly that Venezuelan flagged jackets wearing chavista representatives are brutally attacking opposition Representatives It says it all, this was not a "spur of the moment angst expression".
Exclusivo: Video muestra la golpiza que ocurrió... por Globovision
You also need to know that while the brawl took place the TV cameras went up to the ceiling, while the microphones amplified the voice of the chavista speaker pretending that all was normal. Of course Maduro was in national cadena so we had to wait a while until thecadena was over so finally Globovision showed the violence. No word yet as tot he Televen or Venevision mentioning "the incident". The deliberate set up, with the stupid aim that just maybe the country would not find out.....
Now, rather than go into the gory details that regular readers of this blog already know happened, let's try to think about the why.
The first thing to note is that the Speaker, Diosdado Cabello, not selected by Chavez to succeed him, was presiding over it all, did not try to stop it, had armed body guards just in case and even laughed at the thing. So yes, he did all what a fascist would be expected to do.
But surely he cannot be THAT stupid not to know that this is going to have repercussions internationally (and at home as apparently chavismo numbers would be already dropping in surveys). Why is Diosdado thus doing something which in the end can only damage Maduro as the opposition representatives are already pointing out? Well, those able to comment, because 7 are reported injured and one in a hospital tonight. We must also comment that even if Cabello and Carreño argument that the opposition representatives are in open rebellion, there are legal mechanisms available to silence them fast without having to make such a public PR disaster. What gives?
It is possible that it is the order from Cuba and that they are trying to go as far as they can to silence the opposition through repression (1). But this is dangerous because a delegation of 3 representatives with that video in hand would be enough to go to the OAS and demand that the Chart for democracy and human rights is applied to Venezuela. Small comfort you may say but forcing people like Dilma or Santos to take position at the OAS in favor a Maduro can bring them quite a lot of grief at the time where they are planning their reelection.... (2)
Or, it is possible that a scorn Cabello, knowing that Maduro is getting ready to do him in, who knows that he is unelectable, is doing such idiotico-fascist antics to sink along with Maduro. With an even crazier variation, that he may be able to replace Maduro through a coup, because Maduro cannot silence the opposition. This has to be the reason, there is no other one that makes sense. I am open to suggestions and will add them below this line if any reader comes up with something original and believable.
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1) It is possible that this hypothesis is operating as unaccountably the Venezuelan american has arrested for terrorism a rather naive "gringo" making a documentary. This last week end, pre-Tuesday night parliament battle is already picked up by a very strongly worded Washington Post Editorial that covers this week end repressive actions including the arrest of General Rivero (while the New York Times seems concerned elsewhere?).
2) In Colombia not only Uribe but now Pastrana is attacking Santos policies on Venezuela.
Labels: XXI century fascism
Terminou sua Declaracao de Imposto de Renda? Nao pense que a Receita vai descansar...
Impostos sobre o consumo não substituem a tirania dos impostos sobre a renda
Embora todos os meses tenhamos de lidar com o monstro "retendo na fonte" uma considerável fatia da nossa renda, é no final do mês de abril que o imposto de renda se torna uma forma de espoliação ainda mais explícita e ainda mais insultuosa para o cidadão, que é obrigado a entregar ao governo — tal qual um cidadão da Alemanha Oriental perante o STASI — um relato minucioso de todas as suas movimentações e fontes de renda.
por Lew Rockwell, terça-feira, 30 de abril de 2013
A declaração do imposto de renda tanto de pessoa física quanto de pessoa jurídica é um exercício que mostra perfeitamente por que somos duplamente escravos do governo: além de termos de entregar parte da nossa renda para os burocratas, o governo ainda nos força a fazer todo o trabalho de declaração gratuitamente, sob ameaça de encarceramento caso algum detalhe seja esquecido.
Exatamente por isso, é compreensível que alguns economistas pró-livre mercado defendam a abolição de todas as formas de imposto sobre a renda, substituindo essa modalidade de espoliação por um imposto sobre o consumo, algo supostamente menos tirânico. Afinal, com um imposto sobre o consumo, diz o argumento, você pelo menos pode evitar a tributação: basta não consumir determinado produto.
Recentemente, fui perguntado por um jornalista sobre essa questão de uma alternativa aos impostos sobre a renda. Eis a minha resposta.
______________
A alternância de impostos é um dos truques favoritos do governo. Sendo assim, economistas que defendem esta política estão atuando exatamente como o governo deseja.
Quando incorre neste engodo, o governo se utiliza do prospecto de reduzir um determinado tipo de imposto para ganhar apoio popular para elevar outro tipo de imposto. Frequentemente, ele reduz alguns impostos sobre o consumo com o intuito de elevar outros impostos sobre a renda do cidadão e a receita das empresas [no Brasil, há o truque de reduzir o IPI, a CIDE e o IOF e elevar a COFINS e a CSLL]. Mas há também exemplos da medida inversa: uma redução de impostos sobre a renda do cidadão e a receita das empresas e uma subsequente elevação de impostos que incidem sobre o valor final dos bens de consumo. [Como quando o governo concede uma redução da contribuição para o INSS, ou uma redução das alíquotas do imposto de renda de pessoa jurídica ou alguma outra isenção fiscal para um determinado setor em troca de um aumento do IPI e da CIDE em outros setores].
O segredo para entender o real objetivo desta trapaça é saber que o governo está sempre atrás de mais dinheiro, e ele irá conseguir este dinheiro adicional de um jeito ou de outro. Fazer um zigue-zague entre um método e outro não altera a realidade. Mas é indiscutivelmente um método que pode enganar os mais tolos. E pode também arrancar uma substancial quantia de dinheiro dos grupos afetados durante o período de transição.
Uma maneira particularmente útil de entender esse processo é imaginando um ladrão que promete que irá parar de arrombar a sua casa pela porta da frente se você deixar aberta a porta dos fundos. Quando o estado promete reduzir a tributação da sua renda em troca de um aumento da tributação do seu consumo, ele está agindo de maneira idêntica a este assaltante. A questão não é o método do assalto, mas sim a quantia auferida pelo roubo.
O argumento dos economistas em prol de os impostos incidirem majoritariamente sobre o consumo em vez de sobre a renda dos indivíduos e das empresas se baseia nestas cinco alegações:
1. O imposto sobre o consumo ao menos é voluntário: só paga quem consome
Embora a afirmação seja verdadeira, o fato é que um imposto sobre o consumo é tão coercivo quanto qualquer outro imposto. Com um imposto sobre a renda, se eu tenho uma receita e não pago o imposto sobre ela, posso ser multado e encarcerado. Com um imposto sobre o consumo, se eu consumir um item tributado e o comerciante não pagar o tributo, ele será multado e encarcerado. Em ambos os casos, um cidadão está sendo punido pelo estado.
É verdade que eu posso optar por não consumir aquele item. Mas, pelo mesmo raciocínio, com um imposto sobre a renda, eu posso optar por não ter renda nenhuma.
O fato é que nada é voluntário se eu não posso me eximir de participar. Não existe esse negócio de 'imposto voluntário'. Se existisse, seria chamado por algum outro nome. [No Brasil, país em que o governo é mais avançado, o termo 'contribuição' já é corriqueiro, o que mostra que a população caiu no engodo do governo].
2. Impostos sobre o consumo não oneram a produção.
Falso. Oneram sim. As empresas — principalmente as pequenas, que operam em ambiente concorrencial — não determinam seus próprios preços, o que significa que elas não podem simplesmente repassar integralmente o imposto sobre o consumo para o consumidor. Se elas pudessem aumentar seus preços sem que isso afetasse seus lucros, elas já teriam feito isso; não seria necessário utilizar a desculpa do imposto para encarecer seus produtos.
Quando o governo impõe um novo tributo sobre os produtos de uma empresa, tudo o mais constante, essa empresa terá de absorver em suas operações o custo deste novo imposto. Desta forma, o imposto sobre o consumo é um imposto sobre a produção, sobre os salários, sobre o investimento, sobre a pesquisa e sobre todos os outros aspectos da vida econômica.
3. O imposto sobre o consumo é mais simples e menos oneroso para ser coletado
Supondo que isso seja verdade, por que isso seria algo bom? Um imposto difícil de ser coletado significa que a tentação para se elevá-lo é menor. No que mais, um imposto sobre o consumo pode ser fácil de ser coletado a uma alíquota de 1%. No entanto, substituir o imposto de renda por um imposto nacional sobre o consumo exigiria uma alíquota acima de 20%. Isso jogaria os mercados no caos e criaria da noite para o dia um mercado paralelo em absolutamente todos os bens e serviços, o que daria ao governo uma perfeita desculpa para aumentar maciçamente seu despotismo e seus controles, o que certamente levaria à imposição de um registro compulsório de informações de transações.
4. Um imposto sobre o consumo não tributa a poupança
No geral, isso é verdade. Mas o governo não tem de assumir para si o papel de incitar a população a um determinado padrão de consumo e de poupança. Isso cabe a cada indivíduo decidir para si próprio. Poupar é ótimo quando tal ato reflete uma preferência individual. O mesmo pode ser dito para o consumo. Mas não há como saber a priori qual deve ser a proporção correta entre poupança e consumo.
E vale a pena refletir o seguinte: o grau em que um imposto sobre o consumo desestimula o consumo é o mesmo em que ele reduz as receitas do governo. Como é que um governo ávido por arrecadação vai lidar com esse paradoxo?
5. O imposto sobre o consumo, quaisquer que sejam seus problemas, ao menos não é progressivo.
Muito barulho é feito com essa questão das alíquotas progressivas do imposto de renda, de modo que vários economistas liberais se dizem a favor de uma alíquota única para o imposto de renda. Mas pense desta forma: você preferiria pagar um imposto de renda com uma alíquota única de 40% ou preferiria tentar encontrar brechas em um sistema que possuísse 20 alíquotas diferentes indo de 1% a 39% (tudo o mais constante)? Se você soubesse que pagaria menos sob um sistema progressivo, é este que você iria preferir.
Os defensores do imposto sobre o consumo, principalmente aqueles que alegam defender o livre mercado, devem urgentemente redirecionar suas energias: esqueçam o método da tributação e concentrem-se no nível da tributação. Adotem aquele princípio geral e universal que diz que, quaisquer que sejam os impostos existentes, eles têm de ser reduzidos. Voltando àquela analogia do assaltante de residências, o sistema ideal é aquele que deixaria todas as portas e janelas completamente lacradas.
Defensores da liberdade e do livre mercado não devem querer reformar impostos. Nossa batalha deve se concentrar na redução — e posterior eliminação — de todos eles, começando pelo imposto de renda. Isso não é nada irrealista. Uma abolição do imposto de renda de pessoa física e jurídica deixaria o governo [do Brasil] com a mesma arrecadação total de 2006. Por acaso o governo era tão intoleravelmente pequeno naquela época?
_____________________________________
Leia também:
Lew Rockwell é o presidente do Ludwig von Mises Institute, em Auburn, Alabama, editor do website LewRockwell.com, e autor dos livros Speaking of Liberty e The Left, the Right, and the State.
Petrobras: politizada, a servico do governo
Uma companhia prejudicada pela política econômica esquizofrênica do governo.
Paulo Roberto de Almeida
Mantega é reeleito na Petrobrás e minoritário protesta
29 de abril de 2013 | 20h 37
Sabrina Valle, da Agência Estado
Acionistas atacaram influência do governo nas decisões da companhia; nome do ministro, reconduzido à presidência do conselho, foi vaiado
RIO - Acionistas minoritários da Petrobrás aproveitaram nesta segunda-feira a assembleia anual da companhia para protestar contra a influência do governo na gestão. Um dos acionistas chegou a vaiar, de forma relativamente tímida, mas sendo escutado pelos mais de 100 presentes, a reeleição do ministro da Fazenda, Guido Mantega, como presidente do conselho de administração da petroleira.
"Fora Mantega", disse o investidor João Antonio Lian, arrancando alguns risos de apoio de investidores e petroleiros ao seu redor. Minoritários também elegeram nesta segunda o presidente da Associação de Investidores do Mercado de Capitais (Amec), Mauro Cunha, para uma cadeira no conselho de administração voltada a acionistas minoritários detentores de ações ordinárias (ON, com direito a voto).
Avanço. A eleição de Cunha para uma das dez cadeiras do conselho teve o apoio de investidores estrangeiros. Apesar de ocorrer sem surpresas, o movimento foi visto no mercado como um avanço em termos de governança na companhia. Até hoje, o governo garantia nomes de seu agrado no cargo com voto de instituições como BNDES e BNDESPar, que desta vez se abstiveram.
Os ataques, em sua maioria lidos ao microfone com pedido de registro em ata, se direcionaram à influência do governo nas decisões da companhia, e não à presidente Graça Foster.
Acionista minoritário, Luís Eduardo Potsch chegou a perguntar se Graça não seria apenas uma "executora das determinações de Brasília". Perguntou ainda se Guido Mantega não seria o verdadeiro CEO (presidente) da Petrobrás.
Em todas as vezes, Graça agradeceu as colocações de forma cordata e não teceu comentários. A executiva não participou dos outros dois compromissos da agenda de relações com investidores desta segunda: a teleconferência com analistas de mercado, pela manhã, para comentar os resultados obtidos pela Petrobrás no primeiro trimestre, e a entrevista coletiva com jornalistas realizada a seguir, com o mesmo propósito. Mas Graça fez questão de conduzir, pela primeira vez desde que tomou posse no cargo, a assembleia. Foi elogiada por parte dos críticos.
Despedida. "Quem manda na Petros (fundo de pensão dos funcionários) é a Petrobrás; e quem manda na Petrobrás é o governo", declarou o presidente do conselho fiscal da Petros, Silvio Sinedino.
Sinedino, que se despede do cargo de membro do conselho de administração da Petrobrás em vaga reservada a representante de empregados, contestou voto da Petros na condição de minoritário.
Os fundos de pensão que integram o grupo de acionistas da empresa, por serem patrocinados por estatais (Petrobrás, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal), têm seus votos questionados pelos demais minoritários. Costumam acompanhar as decisões da União, controladora da petroleira.
Fernando Siqueira, da Associação de Engenheiros da Petrobrás (Aepet), protestou contra o estrangulamento financeiro da companhia por meio do congelamento do preço dos combustíveis.
"Não se pode fazer controle de inflação transferindo todo o ônus para uma única empresa", disse Siqueira.
Paulo Roberto de Almeida
Mantega é reeleito na Petrobrás e minoritário protesta
29 de abril de 2013 | 20h 37
Sabrina Valle, da Agência Estado
Acionistas atacaram influência do governo nas decisões da companhia; nome do ministro, reconduzido à presidência do conselho, foi vaiado
RIO - Acionistas minoritários da Petrobrás aproveitaram nesta segunda-feira a assembleia anual da companhia para protestar contra a influência do governo na gestão. Um dos acionistas chegou a vaiar, de forma relativamente tímida, mas sendo escutado pelos mais de 100 presentes, a reeleição do ministro da Fazenda, Guido Mantega, como presidente do conselho de administração da petroleira.
"Fora Mantega", disse o investidor João Antonio Lian, arrancando alguns risos de apoio de investidores e petroleiros ao seu redor. Minoritários também elegeram nesta segunda o presidente da Associação de Investidores do Mercado de Capitais (Amec), Mauro Cunha, para uma cadeira no conselho de administração voltada a acionistas minoritários detentores de ações ordinárias (ON, com direito a voto).
Avanço. A eleição de Cunha para uma das dez cadeiras do conselho teve o apoio de investidores estrangeiros. Apesar de ocorrer sem surpresas, o movimento foi visto no mercado como um avanço em termos de governança na companhia. Até hoje, o governo garantia nomes de seu agrado no cargo com voto de instituições como BNDES e BNDESPar, que desta vez se abstiveram.
Os ataques, em sua maioria lidos ao microfone com pedido de registro em ata, se direcionaram à influência do governo nas decisões da companhia, e não à presidente Graça Foster.
Acionista minoritário, Luís Eduardo Potsch chegou a perguntar se Graça não seria apenas uma "executora das determinações de Brasília". Perguntou ainda se Guido Mantega não seria o verdadeiro CEO (presidente) da Petrobrás.
Em todas as vezes, Graça agradeceu as colocações de forma cordata e não teceu comentários. A executiva não participou dos outros dois compromissos da agenda de relações com investidores desta segunda: a teleconferência com analistas de mercado, pela manhã, para comentar os resultados obtidos pela Petrobrás no primeiro trimestre, e a entrevista coletiva com jornalistas realizada a seguir, com o mesmo propósito. Mas Graça fez questão de conduzir, pela primeira vez desde que tomou posse no cargo, a assembleia. Foi elogiada por parte dos críticos.
Despedida. "Quem manda na Petros (fundo de pensão dos funcionários) é a Petrobrás; e quem manda na Petrobrás é o governo", declarou o presidente do conselho fiscal da Petros, Silvio Sinedino.
Sinedino, que se despede do cargo de membro do conselho de administração da Petrobrás em vaga reservada a representante de empregados, contestou voto da Petros na condição de minoritário.
Os fundos de pensão que integram o grupo de acionistas da empresa, por serem patrocinados por estatais (Petrobrás, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal), têm seus votos questionados pelos demais minoritários. Costumam acompanhar as decisões da União, controladora da petroleira.
Fernando Siqueira, da Associação de Engenheiros da Petrobrás (Aepet), protestou contra o estrangulamento financeiro da companhia por meio do congelamento do preço dos combustíveis.
"Não se pode fazer controle de inflação transferindo todo o ônus para uma única empresa", disse Siqueira.
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