quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Iran: novas sancoes EUA ao programa nuclear; vai funcionar?

Sending Message to Iran, House Approves Tougher Sanctions



The 400-to-20 vote to approve the legislation, known as the Nuclear Iran Prevention Act, came four days before the inauguration of Iran’s President-elect Hassan Rouhani, a moderate cleric who won on a tide of dissatisfaction with the conservative hard-liners who have been in power in Iran for the past eight years. Mr. Rouhani, a former nuclear negotiator, has said he will seek to ease tensions with the United States.
“Iran may have a new president, but its march toward a nuclear program continues,” Representative Ed Royce, a California Republican who was a main sponsor of the bipartisan legislation, said after the vote. “The economic and political pressure on Tehran must be ratcheted up.”
There had been little doubt that the bill, which now goes to the Senate for consideration in September after the Congressional summer recess, would be approved, given the widespread antipathy in Washington for Iran’s government since the 1979 Islamic Revolution.
But the timing of the vote had raised alarm among some lawmakers who contended it would be viewed in Iran as a blatantly hostile signal at a delicate time. Experts in Iranian politics said they feared the vote could embolden Iran’s hard-liners and weaken Mr. Rouhani’s ability to ease the estrangement with the United States.
“They have a strong case to make that they can’t trust us,” said Gary G. Sick, an Iran expert who teaches at Columbia and served on the National Security Council under the Ford, Carter and Reagan administrations, which included the break with Iran. “What the Congress is trying to do is confirm that.”
Mr. Royce and other supporters of the bill rejected that view, arguing that Mr. Rouhani will have limited power under Iran’s supreme leader, Ayatollah Ali Khamenei, who deeply mistrusts the United States. “Cngressional efforts to impose new sanctions should not be based on the Iranian political calendar,” Mr. Royce said.
There appeared to be a cold reception to a letter, signed by 16 representatives, that had urged a delay in the vote. “I hope the recent election makes a difference in Iran, but the only way to ensure it doesn’t is to tell the Iranian people, ‘We don’t care what you do,’ ” said Representative Earl Blumenauer, an Oregon Democrat who signed the letter.
The legislation, if enacted and fully enforced, would theoretically devastate what remains of Iran’s ability to export oil, its most important product, by threatening customers with heavy penalties if they do not find other suppliers. It would also eliminate Iran’s already diminished ability to access money in overseas accounts, and would expand the American sanctions blacklist to include Iran’s automotive, mining, construction and engineering industries. Anyone doing business with those industries would be penalized in the American market, effectively ostracizing them internationally.
The National Iranian American Council, a group that has faulted Iran’s government but opposes sanctions as a negotiation strategy, said the House vote risked squandering a major chance to engage with Iran.

Indio no Brasil, ja' era..., nao sabem mais pescar ou produziralimentos...

Manchete de uma das notícias do jornalzinho do PT na Câmara dos Deputados:

Índios pedem apoio para produzir alimentos e criar peixes


Quiquéisso minha gente???!!!
Indio já não sabe mais pescar, nem plantar mandioca?
Onde é que nós vamos parar?
Mais um pouco, eles só vão querer administrar cassinos...
Paulo Roberto de Almeida

Evasao fiscal no Brasil: ricos tem quase meio PIB em paraisos fiscais

Ricos brasileiros têm quarta maior fortuna do mundo em paraísos fiscaisBBC Brasil, 31/07/2013

Os super-ricos brasileiros detêm o equivalente a um terço do Produto Interno Bruto, a soma de todas as riquezas produzidas do país em um ano, em contas em paraísos fiscais, livres de tributação. Trata-se da quarta maior quantia do mundo depositada nesta modalidade de conta bancária.

A informação foi revelada este domingo por um estudo inédito, que pela primeira vez chegou a valores depositados nas chamadas contas offshore, sobre as quais as autoridades tributárias dos países não têm como cobrar impostos.

O documento The Price of Offshore Revisited, escrito por James Henry, ex-economista-chefe da consultoria McKinsey, e encomendado pela Tax Justice Network, mostra que os super-ricos brasileiros somaram até 2010 cerca de US$ 520 bilhões (ou mais de R$ 1 trilhão) em paraísos fiscais.

O estudo cruzou dados do Banco de Compensações Internacionais, do Fundo Monetário Internacional, do Banco Mundial e de governos nacionais para chegar a valores considerados pelo autor.

Em 2010, o Produto Interno Bruto Brasileiro somou cerca de R$ 3,6 trilhões.

'Enorme buraco negro'

O relatório destaca o impacto sobre as economias dos 139 países mais desenvolvidos da movimentação de dinheiro enviado a paraísos fiscais.

Henry estima que desde os anos 1970 até 2010, os cidadãos mais ricos desses 139 países aumentaram de US$ $ 7,3 trilhões para US$ 9,3 trilhões a "riqueza offshore não registrada" para fins de tributação.

A riqueza privada offshore representa "um enorme buraco negro na economia mundial", disse o autor do estudo.

Na América Latina, chama a atenção o fato de, além do Brasil, países como México, Argentina e Venezuela aparecerem entre os 20 que mais enviaram recusos a paraísos fiscais.

John Christensen, diretor da Tax Justice Network, organização que combate os paraísos fiscais e que encomendou o estudo, afirmou à BBC Brasil que países exportadores de riquezas minerais seguem um padrão. Segundo ele, elites locais vêm sendo abordadas há décadas por bancos, principalmente norte-americanos, pára enviarem seus recursos ao exterior.

"Instituições como Bank of America, Goldman Sachs, JP Morgan e Citibank vêm oferecendo este serviço. Como o governo americano não compartilha informações tributárias, fica muito difícil para estes países chegar aos donos destas contas e taxar os recuros", afirma.

"Isso aumentou muito nos anos 70, durante as ditaduras", observa.

Quem envia

Segundo o diretor da Tax Justice Network, além dos acionistas de empresas dos setores exportadores de minerais (mineração e petróleo), os segmentos farmacêutico, de comunicações e de transportes estão entre os que mais remetem recursos para paraísos fiscais.

"As elites fazem muito barulho sobre os impostos cobrados delas, mas não gostam de pagar impostos", afirma Christensen. "No caso do Brasil, quando vejo os ricos brasileiros reclamando de impostos, só posso crer que estejam blefando. Porque eles remetem dinheiro para paraísos fiscais há muito tempo".

Chistensen afirma que no caso de México, Venezuela e Argentina, tratados bilaterais como o Nafta (tratado de livre comércio EUA-México) e a ação dos bancos americanos fizeram os valores escondidos no exterior subirem vertiginosamente desde os anos 70, embora "este seja um fenômeno de mais de meio século".

O diretor da Tax Justice Network destaca ainda que há enormes recursos de países africanos em contas offshore.

quarta-feira, 31 de julho de 2013

Brasil corporativo: SBPC nao concorda com reserva de mercado para historiadores

Não se trata apenas de não concordar com o projeto de lei na forma em que está, como afirma a SBPC em seu comunicado e decisão cheios de dedos, de pruridos e de cuidados para não ferir as suscetibilidades dos colegas historiadores.
Ela poderia ter dito que o projeto é um atraso, é um absurdo, é um passo a mais no caminho do fascismo, do Brasil corporativo, das guildas medievais, de que tanto gostam esses profissionais que se julgam exclusivos.
Ele deveria ser liminarmente rejeitado.
Também sou contra, por exemplo, qualquer legislação profissionalizando o bacharel em relações internacionais, como sou absolutamente contrário à reserva de mercado para jornalistas, cuja lei foi derrubada pelo Supremo e que os corporativos tentam fazer renascer em bases constitucionais, colocando essa exclusividade estúpida na Carta constitucional.
Se dependesse desses medievais, o Brasil seria um país totalmente corporativo, reforçando ainda mais o fascismo que já existe patrocinado pelo partido no poder e máfias associadas.
Paulo Roberto de Almeida

SBPC reafirma posição contra o Projeto de Lei que regulamenta a profissão do historiador
Jornal da Ciência, 31/07/2013

A proposta foi discutida e aprovada no dia 25 de julho em Recife

No dia 25 de julho, em Recife, durante a 65ª Reunião Anual da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência), foi realizada a Assembleia Geral, durante a qual foi reafirmada a manifestação da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência) e da ABC (Academia Brasileira de Ciências), de 10 de julho, em relação à tramitação do Projeto de Lei 4699/2012 que trata da regulamentação da profissão de historiador.

Através da proposta discutida e recomendada na Assembleia Geral do dia 25 de julho, a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência apoia e reforça a posição de diversas sociedades científicas e associações profissionais que se posicionaram contra a aprovação do referido Projeto de Lei, na forma em que está, e para que haja um processo de discussão ampla com todos os setores envolvidos antes de sua aprovação.

 Veja o texto completo recomendado pela Assembleia Geral:

A Assembleia Geral da 65ª Reunião Anual da SBPC reafirma a manifestação da SBPC e da ABC, de 10/07/2013, em relação à tramitação do PL 4699/2012 que trata da regulamentação da profissão de historiador. Nela, a SBPC e a ABC apoiam e reforçam a posição de diversas sociedades científicas e associações profissionais pela não aprovação do PL mencionado, na forma em que está, e para que haja um processo de discussão ampla com todos os setores envolvidos antes de sua aprovação. Se o projeto for aprovado, na forma atual, trará sérios prejuízos à educação e à pesquisa no Brasil, particularmente nas inúmeras disciplinas de ensino superior relacionadas com a História. Ele estabelece que apenas portadores de diploma de História (graduação ou pós-graduação) poderão ministrar disciplinas de História, em qualquer nível, organizar informações para publicações, exposições e eventos sobre temas históricos, bem como elaborar pareceres, relatórios, planos, projetos, laudos e trabalhos sobre temas históricos. No entanto, existem diversas áreas de pesquisa e ensino cujo nome inclui "História" e que, no Brasil e no exterior, possuem atividades que podem e são desenvolvidas por profissionais de outras áreas que não têm diploma em História. Por exemplo: História da Medicina, da Física, da Biologia, da Psicologia, do Direito, da Arte, da Filosofia, da Literatura, da Matemática, da Computação, da Educação e História Militar, entre várias outras. Solicitamos aos senhores parlamentares que não aprovem o PL 4699/2012 antes de uma discussão ampla com todos os setores envolvidos, que permita que as diversas entidades e profissionais envolvidos no ensino e pesquisa de temas históricos se posicionem e contribuam com o aprimoramento do projeto.

(Blog Profissionalização do Historiador)
http://profissao-historiador.blogspot.com.br/2013/07/assembleia-geral-da-65a-reuniao-anual.html

A seguir, algumas matérias sobre o assunto publicadas neste mês pelo Jornal da Ciência:

SBPC e ABC encaminham carta aos deputados pedindo que seja interrompida a tramitação do projeto de lei que regulamenta a profissão de historiador
http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=88100

Comitê Brasileiro de História da Arte encaminha carta aos deputados federais pedindo emendas à lei que regulamenta a profissão de historiador
http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=88086

Sociedade Brasileira de História da Educação divulga manifesto contra projeto de lei que regulamenta a profissão de historiador
http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=88040

Sociedade Brasileira de História da Ciência divulga carta aberta sobre regulamentação da profissão de historiador
http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=87891

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São Paulo, 10 de julho de 2013
SBPC-077/Dir.

Aos Excelentíssimos Senhores
Deputados Federais
Câmara dos Deputados
RE: PL 4699/2012

Senhor Deputado,

     A Academia Brasileira de Ciências (ABC) e a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) apoiam e reforçam a posição das diversas sociedades científicas e associações profissionais, em relação à tramitação do PL 4699 de 2012, de autoria do senador Paulo Paim. Solicitamos que a tramitação seja imediatamente interrompida, para que debates amplos e audiências públicas possam ser realizados com toda a sociedade brasileira.
     O projeto tem problemas graves e, se aprovado na forma em que está, trará sérios prejuízos ao Brasil e ao ensino superior de inúmeras disciplinas relacionadas com a História.
     O PL 4699/2012 estabelece que apenas portadores de diploma de História(graduação ou pós-graduação) poderão ministrar disciplinas de História, em qualquer nível, bem como elaborar trabalhos sobre temas históricos. No entanto, existem diversas áreas de pesquisa e ensino cujo nome inclui “História” e que, no Brasil e no exterior, são atividades que podem ser desenvolvidas por profissionais de outras áreas que não tenham diploma em História. Como exemplo, citamos: História da Medicina, História da Física, História da Biologia, História da Psicologia, História do Direito, História da Arte, História da Filosofia, História da Literatura, História da Matemática, História da Computação, História da Educação, História Militar, entre várias outras. 
     A atual redação do Projeto de Lei 4699/2012 proíbe todos os atuais professores de ensino superior que não possuem diploma de História e que ministram disciplinas citadas acima de continuarem a ministrar essas aulas. E para aumentar nossa preocupação em relação ao impacto deste projeto, informamos aos senhores deputados que os cursos de graduação em História não incluem qualquer daquelas disciplinas; e raramente os cursos de pós-graduação em História incluem alguma delas. Portanto, senhores deputados, ter um diploma de História não garante o domínio do conhecimento das áreas mencionadas acima, podendo consequentemente, comprometer a qualidade do ensino e da pesquisa de tais áreas.
     Diante do exposto, solicitamos aos senhores deputados que não votem o PL 4699/2012 antes da realização de audiências públicas que permitam que os diversos profissionais envolvidos no ensino e pesquisa dos diversos temas históricos se posicionem de forma a contribuir com o aprimoramento do projeto e com a tomada de decisão dos senhores.

                                               Atenciosamente,

           HELENA B. NADER                                                JACOB PALIS
          Presidente da SBPC                                                    Presidente da ABC

Paulo Roberto de Almeida na Biblioteca da Universidade de Yale

Preparando uma palestra para dar na Universidade de Yale, fui verificar quais livros meus a universidade possui em suas coleções (são várias). Não todos, mas vários. Vou levar o último (sobre Integração Regional) para agregar.
E passar algumas horas do dia de amanha na biblioteca da Law School, para ler mais alguns livros para um outro trabalho meu...
Paulo Roberto de Almeida

Mais esquizofrenias da politica economica - Alexandre Schwartsman

Chico e Francisco
Alexandre Schwartsman
Folha de S.Paulo, 30/07/2013
Não tem nada a ver, juro, com a visita do Papa, mas lendo a entrevista dominical da presidente da República à Folha de S. Paulo me lembrei do ditado favorito da minha amiga, e economista de respeito, Tatiana Pinheiro (que, às vezes, também produz pérolas inesquecíveis, como a “menina dos ovos de ouro”): “pau que bate em Chico, também bate em Francisco”. A frase é geralmente citada quando surge uma assimetria grave na análise, isto é, quando determinado argumento é formulado sem muita noção de suas consequências lógicas caso a premissa seja alterada.

Lendo o parágrafo anterior noto que a última frase não é um primor de clareza, mas acredito que o ponto pode ser facilmente ilustrado pelos inúmeros casos que pululam na fala presidencial.

Questionada, por exemplo, sobre o baixo crescimento, a presidente saiu-se com: “O mundo cresce pouco. Não somos uma ilha”.

Trata-se de resposta aparentemente sensata, mas que não passa no teste de simetria, pois, quando o Brasil viveu um período de crescimento mais acelerado, em momento algum se ouviu a presidente dizer que nosso desempenho resultava do bom momento mundial. Pelo contrário, o mérito era do governo, embora o PIB brasileiro tenha se expandido a uma taxa pouco inferior à média global. Da mesma forma, quando o país se encontrou entre aqueles que saíram de forma mais vigorosa da crise dizia-se que era uma ilha de prosperidade. Somos e deixamos de sê-lo ao sabor das conveniências do governo.

Igualmente, a presidente enche a boca para falar da inflação baixa de julho, resultado pontual, fortemente influenciado pela redução das tarifas de transporte urbano, mas não veio a público para externar sua preocupação com a inflação alta no primeiro quadrimestre do ano. A inflação alta é “sazonal”, ou “resultado de um choque agrícola”, mas a inflação baixa (em um único mês!) é mérito governamental. E, posso apostar, quando a inflação voltar a se acelerar mais para o final do ano, a presidente não assumirá a responsabilidade, mas voltará a invocar razões sazonais e pontuais, que, na visão do governo, só são importantes para explicar a inflação alta; jamais a inflação baixa.

Segundo a presidente, tudo também vai bem no campo do gasto público (“O déficit da Previdência é 1% do PIB. As despesas com pessoal, de 4,2%, as menores em dez anos.”), apesar do dispêndio, medido como proporção do PIB, se encontrar no nível mais alto da história (18,3% do PIB). Já o investimento federal, mesmo vitaminado desde o ano passado com a contabilização dos recursos do programa “Minha Casa, Minha Vida”, cresce como rabo de cavalo e responde por modestos 1,3% do PIB nos últimos 12 meses, insuficiente para atender os requisitos de expansão da infraestrutura.

Na verdade, na primeira metade deste ano os gastos correntes aumentaram (descontada a inflação) cerca de R$ 26 bilhões; o investimento caiu R$ 1,8 bilhão. Assim, mesmo o aumento das receitas, pouco superior a R$ 5 bilhões, não foi capaz de impedir a visível redução do superávit primário federal (oficial), de R$ 52 bilhões no primeiro semestre de 2012 para R$ 35 bilhões no mesmo período de 2013. 

Este aumento do gasto, porém, é ainda “vendido” como uma atuação anticíclica, convenientemente deixando de lado que, mesmo nos anos bons, em momento algum houve sequer tentativa de redução da despesa pública, em particular a despesa corrente, que, a valer o que dizia a Ministra Chefe da Casa Civil do governo Lula, “é vida”. Só a visão persistentemente assimétrica pode explicar a tentativa de negar o caráter expansionista da política fiscal.

Ao final, a entrevista da presidente é reveladora: se alguém ainda imaginava ser possível uma correção de rota no rumo da política econômica, seu conteúdo deve ter convencido mesmo os otimistas mais renitentes a removerem o proverbial cavalinho da chuva. Vai sobrar para Chico e também para Francisco.


Total falta de confianca na politica economica esquizofrenica - CelsoMing

Confiança abalada
Celso Ming
O Estado de S.Paulo, 31/07/2013

Em dois dias, três índices diferentes, medidos por institutos diferentes, apontaram para uma forte redução da confiança no governo por parte do consumidor, da indústria e do comércio.
Há duas semanas, a presidente Dilma Rousseff, criticou os propagadores do pessimismo que azedam tudo e criam um ambiente ruim para recuperação da atividade econômica. E culpou os analistas da economia, sem precisar melhor o seu alvo.
O governo é incapaz de reconhecer seus erros na condução da economia, divulga só o que lhe interessa, maquia resultados e distorce fatos.
Nenhum estrago à credibilidade do governo foi maior do que as práticas argentinas do secretário do Tesouro, Arno Augustin, de submeter as contas públicas de 2012 a artifícios contábeis. Até agora, ninguém entendeu como o ministro da Fazenda, Guido Mantega, pode garantir um superávit primário (sobra de arrecadação para pagamento da dívida), em 2013, de 2,3% do PIB.
As contas públicas são opacas. O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, admitiu em entrevista ao Estadão (21/7) que "a política fiscal não é clara". E, antes dele, o ex-ministro da Fazenda Delfim Netto declarou ao Estadão (8/6) que a percepção do mercado é de que "a situação fiscal do Brasil é uma esculhambação". E, ainda ontem, o próprio Delfim advertiu que essa contabilidade criativa distorce as estatísticas da dívida pública líquida.
Também ontem, o economista-chefe do Grupo Credit Suisse, Nilson Teixeira, advertiu que, para a recuperação da confiança é necessário que o governo aponte o resultado real das contas públicas, "sem manobras contábeis".
O governo não apenas gasta demais, mas, sobretudo, gasta mal; investe pouco e administra pior ainda seus projetos de investimento. Em praticamente todos eles, temos a síndrome das obras de transposição do Rio São Francisco, que não terminam nunca e custam cada vez mais, para benefício sabe-se lá de quem.
Por que, por exemplo, a presidente Dilma insiste em afirmar que a inflação fechará este ano "na meta", quando se sabe que a meta de inflação é de 4,5% e não os 6,5% (que incluem a margem extra de tolerância) a que ela se refere? Todas as projeções apontam para uma inflação acima dos 5,5% em 2013. Por que não admitir que esse estouro é gol contra e não uma vitória sobre a alta de preços, especialmente quando se leva em conta a deterioração do poder aquisitivo do assalariado.
Não há comentário da área econômica do governo que não atribua os números ruins da atividade econômica aos graves problemas externos - que os analistas, é claro, acabam piorando com seu pessimismo. Apesar disso, também o governo garante que a virada vem vindo aí e que tudo vai melhorar, inclusive as avaliações da população em relação ao desempenho da presidente Dilma. Ora, se estamos mal porque o mundo vai mal, então como é que se pode esperar pela melhora, se os prognósticos são de uma piora do comportamento da economia mundial?
A maneira como o governo administra a economia e as contas públicas é parte essencial do problema da falta de confiança. E as críticas que lança a esmo contribuem para a prostração.

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Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...