quinta-feira, 22 de maio de 2014

Ministro barata-tonta, quando nao complacente, ajuda criminosos e retrocede o respeito que se deve ter a Justica...

Um ingênuo, um cúmplice, ou simplesmente um idiota?
Paulo Roberto de Almeida

O zigue-zague do ministro

22 de maio de 2014 | 2h 12
Editorial O Estado de S.Paulo
A regra vale para todas as instâncias da convivência humana: atos incompreensíveis podem gerar interpretações equivocadas, mas, ainda assim, compreensíveis. É o caso das reações que emergem nas páginas da imprensa e nas mídias sociais, atribuindo motivos escusos às desencontradas decisões do ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), sobre o destino dos 12 acusados de participar do megaesquema de lavagem de dinheiro desmantelado em março pela Operação Lava Jato da Polícia Federal.
Chefiada pelo notório doleiro Alberto Youssef, a quadrilha teria cometido fraudes financeiras da ordem de R$ 10 bilhões. Entre os seus parceiros, clientes e beneficiários estariam dirigentes de grandes empresas, executivos federais e parlamentares. Os 12 estavam detidos por ordem de um juiz federal do Paraná, Sérgio Moro. Dois deles haviam sido presos em flagrante: a doleira Nelma Mitsue Penasso Kodama, presa em Guarulhos quando tentava embarcar para a Itália com € 200 mil na calcinha, e o ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás Paulo Roberto Costa, quando tentava destruir provas que o incriminavam.
O imbróglio jurídico começou no domingo, quando o ministro Zavascki acolheu pedido da defesa de Costa para que ele fosse libertado em razão de um vício processual. Dado que os nomes de três deputados - André Vargas, sem partido, ex-PT; Cândido Vaccarezza, do PT; e Luiz Argôlo, do SDD - apareciam em trechos das oito ações penais propostas pelo Ministério Público, alegaram os advogados, o material deveria ter seguido diretamente para o STF, onde são processados os detentores do direito ao chamado foro privilegiado por prerrogativa de função pública. Não tendo isso acontecido, impor-se-ia a soltura do detento.
Zavascki não titubeou. Mandou libertar Costa e também Youssef e seus dez comparsas. Fez mais: ordenou a suspensão dos inquéritos e das ações em curso e a entrega dos autos a ele. Além disso, criticou o juiz Moro pela suposta iniciativa de desmembrar o conjunto, enviando ao STF apenas as peças referentes aos políticos - algo que só a Corte poderia fazer. Moro retrucou que não houve "desmembramento de ação penal ou inquérito, mas encontro fortuito de provas relacionadas a fatos completamente diversos". E lembrou que Vargas "jamais foi investigado".
O juiz aproveitou para advertir o ministro dos riscos da libertação da gangue de Youssef: aqueles ligados ao narcotráfico, titulares de alentadas contas no exterior, poderiam fugir do País. Zavascki, não querendo "tomar decisões precipitadas" por desconhecer os processos, como disse, sustou a soltura do pessoal, que ainda não se consumara. Costa, que já deixara a cadeia, em liberdade continuará. Por que, não se sabe. É de perguntar se, tivesse recuado antes disso, o ministro o manteria preso ou o libertaria ainda assim. De uma forma ou de outra, o trabalho da Polícia Federal e do Ministério Público pode acabar no museu dos deveres cumpridos em vão.
No plano normativo, o zigue-zague de Zavascki reflete a incapacidade do Supremo de estabelecer de uma vez por todas e com a necessária clareza os critérios para o desmembramento (ou não) de ações penais que incluem aspirantes ao foro privilegiado. No mensalão, políticos e outros acusados ficaram no mesmo balaio. Mais recentemente, o deputado tucano Eduardo Azeredo, acusado no mensalão mineiro, renunciou ao mandato para ser julgado em primeira instância e ganhar tempo. Embora a Corte tivesse decidido anteriormente que não cairia no golpe da renúncia, dessa vez o aceitou.
Isso produz uma perigosa consequência, advertem os professores Rubens Glezer e Eloísa Machado, da Escola de Direito da Fundação Getúlio Vargas. É que "depender da posição de um ministro em um ou outro dia, neste ou naquele caso, afasta-nos do governo das leis e nos coloca sob o governo dos homens". Não espanta que, com tantas decisões judiciais opacas, muitos acabem fazendo ilações ad hominem sobre os autores daquelas que fogem à compreensão. As suspeitas podem ser ocas, mas a confiança na Justiça sai ferida.

Eleicoes europeias: fragmentacao, confusao, cacofonia...

Parece...
28 paises, loucuras politicas, populistas à solta, é o que vai dar...
Paulo Roberto de Almeida 





Europe's Ugly Election

Fringe parties don't have to be coherent to win protest votes in a stagnant economy

Foreign Policy, May 21, 2014 6:31 p.m. ET


Voters in 28 countries will have the chance in the next four days to seat 751 representatives in the European Parliament for the next five years. The polls project heavy losses for the center-right European People's Party, currently the largest group in parliament with 274 seats. The multi-nation coalition may be overtaken by the second-largest group, the center-left Socialists & Democrats, though the center-anything is projected to shrink sharply in favor of various fringe groups.
The U.K. Independence Party, running on the single issue of extracting Britain from the European Union, is expected to win one-third of the U.K.'s 73 seats. French voters are set to give nearly one-quarter of their 74 seats to the anti-immigrant National Front. The upstart "Alternative für Deutschland" is polling around 6% for Germany's 96 seats, after forming last year on an anti-euro platform. The anti-immigrant Freedom Parties of Austria and the Netherlands are also polling well, as is Hungary's radical nationalist Jobbik.
The prospect of these groups gaining ground is not—or not yet—proof that Europeans have collectively gone off a political ledge. Turnout for these elections hasn't broken 50% since 1994 and is expected to barely scrape 40% this week. Nor is the supposed rise of the European "far right" the unified phenomenon it might appear. Populists of different stripes are lumped together for their shared tactic of dumping on EU bureaucrats and the mainstream parties that enable them.
Jobbik's priorities include "protecting" Hungarian farmland from foreign buyers and investigating the "security risk" posed by resident Jewish nationals. The Dutch and Austrian Freedom Parties are broadly okay with private commerce, and mostly limit their anti-immigrant views to Muslims. UKIP's Nigel Farage opposes wealth redistribution for most purposes, and especially to fund pan-European transfers and welfare for immigrants. Marine Le Pen's National Front, meanwhile, pits itself just to the left of the Socialists in most economic matters, and targets EU-prescribed welfare cutting as the root of French economic malaise.
Chairman of the far-right parliamentary JOBBIK (Better) party Gabor Vona (C) reacts for the result of the parliamentary election with his party members at Budapest Congress Center in Budapest on April 6.Agence France-Presse/Getty Images
Their protest-voters are united mainly in their outrage at the failure of the political elite to provide any notable improvement in economic opportunity. In the latest Eurobarometer poll, 65% of respondents believed their national economy to be "rather bad" or "very bad," with 49% ranking unemployment as one of the top two most pressing issues, followed by "the economic situation" (29%) and inflation (20%). For all the talk of rising European xenophobia, only 11% of respondents cited immigration as a top issue; in most countries foreigners ranked far below taxes and crime as urgent concerns.
In this regard, the British are outliers, having ranked immigration (25%) as the second-most important issue after unemployment (33%). That may explain why UKIP is campaigning primarily against the droves of Romanian criminals supposedly plaguing Britain. By contrast, 9% of French respondents care much about immigration, and only 4% of Dutch. Hungarians, for all of Jobbik's terrifying rhetoric, are by far most concerned about unemployment, the economy and crime, in that order. Germans are worried most of all by the prospect of inflation.
There is talk of a post-election alliance between the Dutch and Austrian Freedom Parties and the French National Front, which could produce a blocking minority in the European Parliament for some pan-European policy areas. But these parties have already rejected the idea of linking up with Jobbik. Mr. Farage, for his part, has ruled out any partnership between his UKIP and Ms. Le Pen's National Front. And the new German "Alternative" party—which opposes the "failed" euro currency but not the EU—won't ally with any of these groups.
Unified or not, Europe's fringes look set to become a little less fringe after this weekend. Their popularity reflects a failure at the heart of Europe, both political and technocratic, to improve the prospects of average Europeans. Parties don't have to be coherent or even sane to win protest votes. The best way for the European mainstream to deflate these parties is to learn to grow their economies again.

Estados totalitarios sempre tem medo de espiritos independentes: Cubavs Yoani Sanchez


Cuba blocks Yoani Sanchez's dissident newspaper

Cuban dissident Yoani Sanchez, 15 May 14Yoani Sanchez was one of the activists allowed to travel abroad after the government eased restrictions in 2013

Related Stories

The Cuban government has blocked an online newspaper launched by well-known dissident blogger Yoani Sanchez, hours after it went live.
Web users in Cuba are being diverted to another website, which accuses Ms Sanchez of having hidden political interests.
Ms Sanchez said her website, called 14ymedio, would provide daily news about the communist-run country.
She insisted it would not be a platform against the government.
But web users in Cuba reported that they were being diverted to a website calling itself "yoani$landia", which accuses Ms Sanchez of being "obsessed with money".
"This website is from a group of people who had enough of seeing Yoani Sanchez presenting herself as the Mother Teresa of Calcutta of Cuban dissidents," says an article on the site.
It adds that Ms Sanchez is "probably the richest Cuban on the island" and is funded by Spanish and Brazilian media outfits.
The editors of yoani$landia do not identify themselves, but they are believed to be Cuban government officials.
Man reads the Granma newspaper in HavanaMost people in Cuba still rely on official media, such as Granma newspaper, as their main source of information
Cuban media, including the country's three national newspapers, are under strict state control.
But President Raul Castro has eased restrictions on dissidents in recent years, allowing opponents of the government - including Sanchez - to travel abroad.
In her blog published in the online paper's first edition, Sanchez says 14ymedio has been an obsession for her for more than four years.
She says she wants the paper to "contribute information so that Cubans can decide with more maturity their own destinies".
Its first edition also features a report from a Havana hospital, describing the work of nurses and other staff on night duty and the victims of violence they attend to.
It also showcases a lengthy interview with jailed opposition writer Angel Santiesteban.
But not all its contents is of a political nature.
There is also advice on how to deal with dry or damaged hair and a sports feature on why Cuban football is getting less coverage and state backing than baseball.
Sanchez achieved international recognition with her prize-winning blog Generation Y, in which she criticised the restrictions on freedom of speech and movement imposed on the island since the 1959 revolution.

Os mandarins da Republica estao destruido a republica (e vice-versa) -salarios dos potentados

A pretexto de exercer cargos especiais, os novos marajás vão produzir mais abusos e jogar mais confusão no que já é o caos salarial do setor público, ademais de roubar todos os os outros brasileiros.
Paulo Roberto de Almeida 

Barbosa defende PEC que eleva salário de ministros do STF a quase R$ 40 mil

Proposta, que cria ganho adicional para cada cinco anos de trabalho de juízes, deve ser votada hoje em comissão do Senado
Um ministro do Supremo Tribunal Federal poderá receber quase R$ 40 mil por mês, uma elevação de 35% sobre o salário atual, caso a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 63 seja aprovada no Congresso Nacional. O aumento, defendido publicamente pelo presidente do STF, Joaquim Barbosa, em nota técnica enviada aos senadores no último dia 22, é considerado explosivo pelo governo Dilma Rousseff.
Tendo os parlamentares no meio do caminho, a questão virou uma espécie de guerra fria entre o Executivo e o Judiciário.
Com votação prevista para hoje na Comissão de Constituição e Justiça do Senado, a PEC 63 cria um adicional por tempo de serviço de 5%, aplicado a cada cinco anos, até o limite de 35%, para todos os magistrados brasileiros e também ao Ministério Público federal e estadual.
Este universo, hoje, é de aproximadamente 30 mil servidores na ativa. Mas a proposta vai além: o benefício que será somado ao salário valerá também para aposentados e pensionistas.
Avanço- Segundo cálculos obtidos pelo Estado, todas as categorias de juízes do Brasil passarão a ganhar acima do teto constitucional, de R$ 29,4 mil mensais. Com isso, os salários dos ministros do STF – chamados de “subsídios” na nomenclatura orçamentária – irão extrapolar o teto já no primeiro quinquênio. Com o primeiro adicional de 5%, seus subsídios passarão a R$ 30,9 mil por mês.
A cada cinco anos, o adicional de 5% será aplicado, e ao final de 35 anos, o salário total chegará a R$ 39.774,04 por mês, em valores atuais. Um ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) vai extrapolar o teto no segundo quinquênio, e chegará ao final com salário de R$ 37,7 mil. Hoje, o teto salarial do STJ é de R$ 27,9 mil por mês.
Estados- Os juízes de tribunais estaduais sairão do atual patamar de R$ 26,5 mil para R$ 35,9 mil. Este é o maior grupo de juízes do país, onde estão quase 12 mil magistrados.
Juízes federais, por sua vez, verão seus rendimentos pularem a R$ 34,1 mil por mês, e os juízes substitutos, que hoje estão na base da pirâmide de vencimentos, com salários de R$ 23,9 mil, passarão a R$ 32,4 mil, no máximo – valor que é 10% superior ao que os ministros do STF recebem hoje.
Em nota enviada ao Senado, o presidente do STF e também do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Joaquim Barbosa, afirma ser “recomendável” a criação do adicional por tempo de serviço. Barbosa argumenta que a medida é uma forma de “garantir a permanência e estimular o crescimento profissional na carreira”.
Além do efeito imediato sobre as contas públicas federais e estaduais, seja pelo gasto com os magistrados e integrantes do Ministério Público que estão na ativa, seja pelo gasto com aposentados e pensionistas (já que os efeitos da PEC 63 são retroativos), a proposta de emenda constitucional também é temida pelo governo por seu efeito indireto.
A iniciativa pode se multiplicar para as outras carreiras que ganham subsídios, tanto na esfera federal como na estadual, tais como advogados públicos, defensores, delegados, auditores e diplomatas.
Fonte: O Estado de S. Paulo

Detroit: uma cidade destruida pela incompetencia politica e pelacorrupcao dos politicos...

Agora sendo objeto de atenção de banqueiros. O problema não é o dinheiro, mas os que fazem a gestão da cidade.
Preparando-me para visitar a cidade, justamente para ver até onde pode chegar a decadência induzida por incompetentes e corruptos, geralmente os dois combinados.
Paulo Roberto de Almeida 


The Answer to Detroit's Problems: Rich Guys Calling Each Other to Discuss Their 'Neat' Ideas


"When the head of the world's largest bank called the local billionaire bent on Detroit's revival, good things happened," reads the lede to a story in the Detroit Free Press by Business Writer John Gallagher. The "billionaire bent on Detroit's revival" is Dan Gilbert, the co-founder of Quicken Loans, and the "head of the world's largest bank" is Jamie Dimon, the CEO of J.P. Morgan Chase, who just announced that his bank is making a $100 million "investment" in the Motor City.Jamie Dimon, CEO of J.P. Morgan Chase. |||
"Obviously, Detroit was having issues," Dimon told Gallagher in an "exclusive" interview. "I got together some of our senior people and said, 'What can we do that's really neat, that could be really creative?'"
If only super rich guys would pick up the damn phone more often to talk about their neat ideas, maybe Detroit wouldn't be an urban disaster area currently embroiled in the largest municipal bankruptcy in American history.
Gallagher explains to his readers that J.P. Morgan decided to spend $100 million in Detroit as a public relations move and to "revitalize one of its major markets." He doesn't mention that in forking over all that money the bank is actually fulfilling its obligations under its $13 billion settlement with the U.S. Department of Justice related to its role in securitizing toxic mortgages. As part of the deal, some of the money goes towards combating urban blight, and other distressed cities have also been vying for a piece.
A typical scene in Detroit. |||With the announcement of its gift, the bank released a pamphlettouting its "commitment" to the area that's filled with some of the worst clichés of urban redevelopment. J.P. Morgan will be "strengthening workforce readiness," "tackling blight," and "rolling up [its] sleeves." What could go wrong?
The J.P. Morgan money will undoubtedly do some good, though I'm particularly skeptical of the $12.5 million allocated to job training programs, based on the track record of such initiatives. And the $5.5 million that the bank will contribute to the light rail project on Woodward Avenue would be better spent on improving Detroit's unreliable albeit less glamorous public bus system, which is what residents actually use to get around.
Speaking of "seeding future economic growth" on Woodward Avenue, Nick Gillespie and I looked at the rationale behind that light rail boondogle back in 2010. In his recent Reason TV series, "Anarchy in Detroit" (which he elaborated on with an article in our print mag), Zach Weissmueller looked at how bottom up initiatives, like mower gangs and experiments in alternative living, are actually Detroit's best hope at a comeback.

Alberto Oliva: um intelectual como poucos existem no Brasil... Revista de Filosofia

Vale a pena ler a entrevista completa, cuja dica me foi passada pelo blog do amigo Orlando Tambosi, cujo resumo da matéria completa é transcrita ao final desta primeira parte da entrevista.
Paulo Roberto de Almeida 
Revista Filosofia

Entrevista

Obsessão pelo conhecimento


Professor da UFRJ, o filósofo Alberto Oliva disserta sobre teoria do conhecimento, pensadores fundamentais, educação, política e, claro, sua trajetória


por Daniel Rodrigues Aurélio*


IFCS/UFRJ
Site do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IFCS/ UFRJ):www.ifcs.ufrj.br. No Departamento de Filosofia da instituição lecionam nomes como Maria Clara Dias, Roberto Machado e Susana de Castro. Alberto Oliva dá aulas no Programa de Pós-Graduação em Lógica e Metafísica.
"Eu te amo"
Dirigido por Arnaldo Jabor, vencedor do Urso de Prata no Festival de Berlim (por "Toda nudez será castigada", de 1973), o drama "Eu te amo" (1981) teve em seu elenco Paulo César Peréio, Sônia Braga, Regina Casé, Vera Fischer e Tarcísio Meira.
Nascido na cidade do Rio de Janeiro no dia 10 de fevereiro de 1950, Alberto Oliva é um dos mais respeitados filósofos brasileiros no campo da filosofia da ciência e da teoria do conhecimento. Professor do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro ( IFCS-UFRJ) desde 1979, Oliva lecionou cursos na Escola de Comando do Estado-maior do Exército (ECEME), instituição que lhe concedeu o título de professor emérito. Outra honraria recebida das Forças Armadas veio da Marinha do Brasil, que ofereceu ao professor a medalha Mérito Tamandaré.
Graduado em filosofia, mestre em comunicação e doutor em filosofia, titulações obtidas na UFRJ, Alberto Oliva cursou pós-doutorado Universitá Degli Studi di Siena na Itália. Consultor ad hoc da Capes, parecerista e membro do conselho editorial de revistas e editoras prestigiadas, Oliva publicou livros sofisticados, mas nem por isso deixou de lançar-se em um esforço de divulgação da filosofia e da ciência, seja como colunista de jornais, seja como autor de livros como "Teoria do conhecimento", lançado pela Zahar em 2011.
Na entrevista a seguir, Alberto Oliva narra seu período de formação, ocorrido em uma época complicada da história do Brasil, além de falar sobre seus autores favoritos, teoria do conhecimento, política e o panorama da educação no país.
Conhecimento Prático Filosofia: Para começar, conte-nos como foi o seu "despertar" para a filosofia.
Alberto Oliva: De família italiana pobre, sempre estudei em escolas públicas. Tive a ventura de ser aluno do Colégio Pedro II. No primeiro ano do curso clássico, em 1966, fui brindado com um excelente curso de história da filosofia ministrado por Eduardo Prado de Mendonça, que também era professor do IFCS (Instituto de Filosofia e Ciências Sociais) da UFRJ. Eduardo tinha a virtude de ensinar filosofia expondo seus grandes problemas e salientando a riqueza das respostas dadas pelas diferentes escolas de pensamento. Para o neófito, é o ideal. No segundo ano do curso clássico já tinha me decidido a fazer filosofia. Quando comuniquei a Eduardo minha opção, ele tentou me dissuadir. Argumentava que não deveria fazer filosofia em razão de minha família ser pobre e das dificuldades que encontraria para me profissionalizar. De fato, não eram nada alvissareiras as perspectivas de trabalho para o bacharel em filosofia. Nossa pós-graduação era incipiente. Capes e CNPq ainda não tinham uma política de fomento à pesquisa como a que se consolidou nas quatro últimas décadas. Mesmo atento à preocupação de Eduardo Prado, comecei a me preparar sozinho para o vestibular. Àquela altura já estava profundamente envolvido com a filosofia e seus fascinantes problemas. Acabei arrastado pelo maravilhamento - o thaumaston a que se refere Aristóteles no início da Metafísica - que leva à filosofia. Passei minha adolescência jogando futebol, embevecido com o cinema, principalmente com o neorrealismo italiano, e lendo avidamente histórias da filosofia. Meu envolvimento com a filosofia foi de tal ordem que dediquei os três anos de meu curso clássico quase que exclusivamente ao seu estudo. Pude fazê-lo porque as provas do vestibular eram exclusivas ao curso de filosofia. Lembro-me que fiz uma prova dissertativa de filosofia cuja principal questão era sobre as diferentes concepções de causa esposadas por Aristóteles e Spinoza. A prova de inglês foi a tradução de um texto. O resultado dado pelo próprio Departamento de Filosofia. Estou convencido de que esse tipo de vestibular possui regras de avaliação pedagogicamente superiores às hoje vigentes.


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O petismo, de pretenso partido renovador a arauto do patrimonialismo

O filósofo Alberto Oliva, professor da UFRJ e um dos raros intelectuais liberais do Brasil, fala de sua experiência como articulista do Jornal da Tarde nos anos 90, período em que viu o petismo se expandir para, mais tarde, já no poder, sofrer de "dogmatite aguda" e se converter em alavanca do patrimonialismo, acentuando a nossa tradição autoritária. Segue abaixo parte da entrevista que Oliva concedeu à revista Filosofia:
Quando fui convidado a escrever no Jornal da Tarde a direção tinha por objetivo ter dois grupos de articulistas: um afinado com as linhas mestras do pensamento de esquerda, outro com as do pensamento social-democrático, liberal ou conservador. Em nenhum de meus artigos desqualifiquei o governo Lula. O que entendia ser necessário à época fazer continua momentoso: uma crítica às ideias rançosas de uma esquerda que se recusa a sair do século 20. O Partido dos Trabalhadores (PT) em determinado momento de sua história se pretendeu renovador, crítico que foi de muitos aspectos do socialismo real. Só que com a chegada ao poder passou a sofrer de dogmatite aguda e começou, de forma saudosista, a querer fazer retroceder o relógio da história retomando, ainda que de forma gradualista, o estatismo, o controle da mídia, a crescente concentração de poder, o intervencionismo econômico. 

Como articulista, meu objetivo era promover um debate não entre direita e esquerda, mas entre dirigismo e liberalismo. Na Itália se travou um fecundo debate entre Croce, um liberal na política, mas não na economia, e Einaudi, um liberista, defensor da indivisibilidade e inseparabilidades das liberdades. Lamentavelmente, no Brasil a esquerda sempre depreciou as duas liberdades a ponto de considerar a velha e boa democracia ocidental como formal ou burguesa. Lula fareja as trilhas da política como poucos. Se tivesse usado todo seu carisma para fazer as reformas estruturais, complementares às introduzidas por Fernando Henrique Cardoso (FHC), o Brasil hoje estaria crescendo mais e de forma consistente. O que aconteceu é que diante do velho e arraigado patrimonialismo tupiniquim, o PT, por esposar uma visão estatista, quis fazer uma revolução "por dentro", isto é, alavancada pelo próprio patrimonialismo. A consequência, ainda que não pretendida, é a de levar o patrimonialismo às últimas consequências. Com o agravante de que, por sua matriz de pensamento, o PT tende a confundir (seu) governo com Estado. 

A meu juízo, o debate sobre isso é urgente. Só que ninguém deseja fazê-lo. Os intelectuais brasileiros são tão ideologizados que acham que, dependendo de quem está no governo, precisam optar pelo silêncio obsequioso. Dada a força do PT, discutir seu projeto de poder é de extrema importância para o futuro de nossa sociedade. Infelizmente, no Brasil quase tudo fica artificialmente polarizado. Em parte, porque o nível intelectual é baixo. Além do mais, nossa longa tradição autoritária sempre, disfarçadamente, dá um jeito de penetrar no mundo das ideias. Os grupos intelectuais hegemônicos procuram desqualificar a alteridade, a visão contrária. Dá menos trabalho, além de servir para arregimentar grupos ideologizáveis, rotular o outro, satanizá-lo. Sem falar que é uma forma sutil de desprestigiar a liberdade. (O texto na íntegra).

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Estado brasileiro: um ogro famelico, extorsivo, injusto, irracional, impenitente, cego, surdo e cruel

Uau! Inventei um monte de impropérios, que não vão resultar em absolutamente nada, pois o Estado que aí está, aperfeiçoado pelos companheiros, continuará um extrator compulsivo, irrefreável, incontido, desavergonhado, cara-de-pau, de todos os brasileiros, especialmente os empresários.
Pronto, inventei mais algumas ofensas, mas volto a repetir: não vai adiantar nada, pois o ogro famélico continuará avançando sobre suas vítimas, que, idiotas, não reagem.
Bem, eu não posso fazer nada, nem os capitalistas individualmente.
Mas todos eles juntos poderiam, sim, se tivessem coragem, protestar e se recusar a pagar impostos extorsivos.
Já falei várias vezes da necessidade de uma fronda empresarial, a única maneira de conter o monstro que nós mesmos criamos e alimentamos, como o famoso dragão da floresta que exige sempre uma vítima inocente (dizem que seria uma virgem, espécie praticamente inexistente nos dias que correm) para não destruir toda a aldeia.
Quem será o nosso São Jorge, ou seja lá quem for. Não pode ser São Jorge, tem de ser um batalhão de empresários corajosos.
Nada do que está escrito no editorial do Estadão é desconhecido das pessoas bem informados.
Os que não são podem achar que se está falando do roteiro de um filme de terror série B (C, seria mais apropriado). Mas o fato é que já passamos do limite de suportar esse monstro...
Paulo Roberto de Almeida

Impostos contra o País

21 de maio de 2014 | 2h 13
Editorial O Estado de S.Paulo

Com um dos mais pesados, complicados e irracionais sistemas de tributação do mundo, as empresas brasileiras gastam em média 2.600 horas, a cada ano, só para se manter em dia com os impostos e contribuições, segundo levantamento do Banco Mundial. Todo esse trabalho é apenas para manter informações atualizadas, atender à burocracia do Fisco e processar as operações necessárias. São necessárias 291 horas no Chile, 338 na China, 207 na Alemanha, 243 na Índia e 175 nos Estados Unidos. Não há muita surpresa, portanto, quando a tributação é classificada como o maior problema das empresas e uma enorme desvantagem para competir no mercado internacional. Essa avaliação - o maior problema - foi apresentada na terça-feira pelo gerente executivo de Políticas Econômicas da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Flávio Castelo Branco. Ele participou de mais um debate do Fórum Estadão Brasil Competitivo, promovido em colaboração com a CNI.
A análise do economista Flávio Castelo Branco é especialmente significativa, por se tratar de um técnico da mais importante associação industrial do País. Empresários do setor frequentemente dão mais importância a outros fatores quando o assunto é a competitividade. Reclamam do câmbio, cobram maior desvalorização do real e pedem ao governo mais barreiras contra os concorrentes estrangeiros. Mas a taxa de câmbio oscila, o câmbio real depende também da inflação e barreiras comerciais, destinadas apenas a fechar o mercado interno, em nada contribuem para tornar a empresa nacional mais competitiva no exterior.
Capacidade para competir nos mercados globais depende principalmente de fatores estruturais, como a produtividade, a inovação, a eficiência da logística, a oferta de mão de obra qualificada e, de modo especial, a tributação. "A complexidade do sistema tributário brasileiro traz custos elevados de recolhimento de impostos e incerteza quanto a regras, gerando contenciosos e dificuldade de harmonização com outros sistemas." Esta dificuldade, ressaltou o economista, pode resultar em bitributação. A reforma tributária, segundo ele, deveria equacionar competências federativas e proporcionar a desoneração dos investimentos, da folha de salários e das exportações.
Não se trata apenas do peso dos impostos e contribuições, mas também de sua qualidade. Os tributos incidem de forma irracional, dificultando os ganhos de produtividade (ao encarecer as máquinas, por exemplo) e impondo uma barreira à saída dos produtos nacionais. O governo protesta contra a imposição de obstáculos ao ingresso de mercadorias brasileiras em outros países, mas também joga contra a exportação nacional ao cobrar pedágio na saída.
A irracionalidade se manifesta igualmente na guerra fiscal entre Estados, fator de distorção no uso de recursos, como lembrou o diretor de Políticas Públicas e Tributação da LCA Consultores, Bernard Appy.
A disfunção é visível também na concessão de benefícios, isto é, na redução de impostos a favor de alguns segmentos e no protecionismo. A indústria automobilística brasileira tem 60 anos, mas é tratada como infante, observou o economista Marcos Lisboa, ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda e atual vice-presidente do Insper. Além disso, os benefícios setoriais se prolongam sem avaliação de resultados, acrescentou.
Outros países têm tributação tão pesada quanto a do Brasil e até mais pesada, mas com menos distorções e com melhores serviços à população. No caso do Brasil, a contrapartida dos enormes impostos e contribuições é a prestação de serviços ineficientes e de baixa qualidade. A uma tributação de Primeiro Mundo corresponde um Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) miserável: 85.º lugar numa lista de 187 países, observou Lisboa.
Seria preciso, concordaram os debatedores, complementar a reforma com melhor uso do dinheiro arrecadado e maior parcimônia na despesa. São condições para um aumento geral da eficiência, para uma distribuição mais justa de encargos e de benefícios e até para uma eventual diminuição da carga. 

Postagem em destaque

Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida

Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...