quinta-feira, 20 de agosto de 2020

04) "Franjas lunáticas" - um cronista secreto do Itamaraty bolsolavista

Franjas lunáticas 

(semana 4)

Saravá, meu bom Rubens, sempre perspicaz. Escrevo-lhe para dizer que errei. Ri na primeira vez que usaste a expressão "lunáticos" para se referir aos atuais formuladores - ou destruidores - da política externa. Ri, mas não cri. Tinha ainda esperanças de que nossas tradições, princípios e valores prevaleceriam sobre o discurso ideológico e, acreditava eu, apenas oportunista. Ledo engano. 

Estavas certo, como de costume. Lunatismo é mesmo a principal característica desses quase dois anos de morticínio de nossa tradição diplomática. É, amigo, estão matando o Barão pela segunda vez; agora, de vergonha. 

Veja você, Rubens, por esses dias senti uma pontada nas costas, e das fortes. Bem na lombar, como comentávamos outro dia. Achei que fosse a hérnia. Mas era só o texto que lia no celular. Tratava de um “comunavírus”.

Pois é, nesses tempos de anti-política externa, já ouvimos de tudo e já exigimos muito de nossas lombares. O nazismo é de esquerda, o coronavirus é uma invenção da mídia e os extraterrestres visitam a ONU. Céus!

Rubens, amigo, apareça mais. Tenho saudades de você e de nosso Itamaraty racional. Quero crer que ainda o teremos de volta. Afinal, a diplomacia é a arte do encontro, embora hoje haja tanto desencontro.

A você Rubens, e a todos que ainda têm fé na razão, saravá!

Ministro Ereto da Brocha, OMBUDSMAN


03) "Pela restauração" - um cronista secreto do Itamaraty bolsolavista

Pela restauração! 

(Semana 03)

Fui um Liberal! Então a democracia era jovem no país; estava nas aspirações de todos. Meu espírito liberal embalava meu esforço por um Itamaraty prestigioso e por um país de ordem e de progresso, livre do flagelo ditatorial e dentro de uma liberdade ampla. E fizemos a constituinte. E fizemos um país soberano. E fizemos a integração do nosso continente; e fizemos a Rio 92. E o mundo nos via como um país forte, aberto, respeitado.

Hoje sou um Restaurador! Diante de toda a destruição que tenho visto de nossa diplomacia, que nem mesmo a ditadura militar provocou, preciso erguer minha caneta contra os que vilipendiam todo o patrimônio que nos legou nosso barão! 

Não são nem conservadores nem liberais estes que hoje bradam impunemente o pendão do liberalismo econômico e do conservadorismo social. São falsos profetas. São revolucionários. E no torpor de sua revolução, põem abaixo toda a tradição diplomática que encontram pela frente.

Precisamos restaurar nossos vínculos com o interesse nacional, com o pragmatismo, com a soberania de nosso país; com nossa Constituição. Não podemos nos rebaixar ao papel de vassalo de outros países, por simples ideologismo revolucionário.

Precisamos construir uma política externa que defenda os verdadeiros interesses nacionais, não as fantasias alucinadas de um grupelho pós-integralista. 

Pela Restauração de nossa Casa, resistam.

Ministro Ereto da Brocha, OMBUDSMAN.

02) "Gusmão rendido" - Um cronista secreto do Itamaraty bolsolavista

Gusmão rendido  

(semana 02)
            
Em caricato seminário, o atual presidente da FUNAG afirmou que embaixadores antigos, por ignorância ou por má-fé, confundem globalização com globalismo. Lamentável.

Veja aqui se um homem da minha idade pode aceitar esse tipo de desaforo. Eu, que tanto trabalhei pela nossa FUNAG, tenho o dessabor de vê-la transformada em agência de notícias falsas. Não, seu ministro, não é ignorância nem má-fé. O que ocorre é que esse globalismo que Vossas Senhorias vociferam por aí não passa de um conto de lunáticos.

Pasmem, palestrantes iluminados, não existe governo mundial! Não, o Itamaraty nunca foi uma filial servil da ONU, a cumprir ordens ocultas que sequer Vossas Inteligências conhecem.

Qual não é a revolta de um velho ao ouvir que o Brasil não era sequer anão diplomático, porque anão pelo menos é adulto. E, vejam vocês, que éramos “adolescente diplomático”. Ainda mais quando dito por aqueles tremebundos com mitos infantis de “comunismo cultural”. Queria eu ignorar os obtusos e voltar ao meu Homero. Mas logo na nossa FUNAG?

Sinto como se fanáticos houvessem sequestrado a FUNAG. Sua bandeira prega a destruição da coerência, da razão e do livre pensar. São terroristas do intelecto. Visam incutir em nossas mentes o medo da razão, da real intelectualidade.

Pelo resgate da FUNAG, reflitam.

Ministro Ereto da Brocha, OMBUDSMAN.

01) "O papel do asno na sociedade brasileira" - um cronista secreto do Itamaraty bolsolavista

O papel do asno na sociedade brasileira 

(semana 01)

Sérgio Buarque, no seu magistral Raízes do Brasil, dizia que, no Império, no engatinhar da nossa pedagogia, não se falava em ensinar ou educar as crianças, mas, sim, em desasnar os pequenos. Acreditava-se que os primeiros passos da educação era arrancar os meninos da condição animalesca que a infância os relegava.

Muito evoluímos desde então para saber que nem são as crianças tão ignóbeis, nem os asnos tão animalescos. O asno, o nosso carinhoso burro, não é o grande malandro da praça, mas é a primeira força motriz estruturante de nossa sociedade. Que meu amigo Synésio me perdoe, mas sua obra Navegantes, Bandeirantes e Diplomatas não fez justiça a esses nobres colegas. Foi no lombo de jumentos, burros, asnos e mulas que ampliamos as fronteiras deste país, que construímos nossa economia e que consolidamos nossas fronteiras.

O ávido leitor deve estar se questionando: “Mas Ministro Ereto, por que tantos elogios a este nobre?”. Ora, amigo leitor, é-me essencial elogiar esta nobre besta para que eu possa pedir perdão pelo vocabulário que me falta ao descrever nossa diplomacia atual. Falta-me intelecto para descrever as bravatas atarantadas de Ernesto. E, por esta razão, peço desculpas às nobres bestas, pois utilizarei seus epítetos para descrever estes quase dois anos de desgoverno, entre eleição e concretização nefasta, e de seu psicopata-chanceler ou chanceler-esquizofrênico, como prefiram. 

Explico. Venho por meio deste declarar-me ombudsman da psicose de Ernesto e dos poucos, muito poucos, que com ele compactuam. Imbuído da tradição e do valor não só de meus contemporâneos, mas também dos diplomatas que me precederam e daqueles que hão de reconstruir o Itamaraty quando o bolso-olavismo vier a se esvair no tempo, relatarei periodicamente minhas impressões sobre esta nova idade das trevas acéfala.

Em nome de um Itamaraty ereto, reflitam. 

Ministro Ereto da Brocha, OMBUDSMAN

Um cronista secreto do Itamaraty bolsolavista: as armas da crítica sarcástica - Introdução

Um cronista secreto do Itamaraty bolsolavista: 
as armas da crítica sarcástica


Paulo Roberto de Almeida
[Objetivopublicação de “crônicas secretas”finalidadedisseminar divertimento]


Introdução pessoal às “crônicas” listadas abaixo
Fui apresentado, nesta quinta-feira 20 de agosto de 2020, a uma série de “crônicas” da mais fina qualidade literária, ainda que no gênero sarcasmo, as quais eu desconhecia completamente. Segundo me relatou o “expedidor”, essas saborosas crônicas têm circulado desde algumas semanas, e estão sendo distribuídas metodicamente a seus felizes destinatários, entre os quais eu não me incluo (daí ter sido contemplado, apenas tardiamente, e indiretamente, com a remessa de uma dúzia completa, que devorei imediatamente, com grande prazer, aliás). 
Segundo depreendo das palavras do autor, trata-se de um diplomata aposentado, grande conhecedor não apenas da cultura do Itamaraty, mas da cultura tout court, capaz de finas alusões literárias, musicais, históricas e de uma grande dose de ironia, para não dizer de sarcasmo, puro e direto. Mas tem muito mais do que isso. Pelo que me ensinam os dicionários, os sinônimos de sarcasmo podem ser os seguintes: zombaria, brincadeira, burla, caçoada, chacota, deboche, derrisão, escárnio, galhofa, gozação, ironia, malhação, mangação, sátira, troça, apupo, gracejo, jocosidade (entre vários outros). Tem tudo isso nestas crônicas, mas sempre com muita elegância, típica de um diplomata de la vielle école, desses que praticamente já não existem mais.
Em todo caso, as tiradas do nosso cronista misterioso são muito bem vindas no atual estado depressivo no qual vivem o Itamaraty e os itamaratecas, uma vez que ele revive o espírito gozador do nosso povo, não os humoristas de ocasião, estilo Casseta e Planeta, mas os maiores e os mais inteligentes, desde Lima Barreto e Mendes Fradique, passando pelo Barão de Itararé e por Stanislaw Ponte Preta, até chegar no inesquecível Millôr Fernandes (também conhecido como “Vão Gogo, um escritor sem estilo”). 
O cronista aqui descoberto – êpa!; ainda não: desconheço sua identidade por completo, nem quero conhecer – ainda tem uma longa carreira pela frente, tanto quanto durar o besteirol governamental, e mais precisamente aquilo que eu já denominei de “miséria do Itamaraty”. O personagem aqui visado, merecidamente digamos assim, vai ficar muito desconfortável ao ler estas saborosas crônicas, se ainda não as leu. Suponho que ele vai pedir aos arapongas do regime bolsonarista, aos esbirros do Gabinete do Ódio (que já lhe forneceram farto material para atacar seus antecessores e supostos adversários políticos) que lhe façam a busca, e não será uma grande surpresa se ele descobrir quem se esconde atrás desse nome bizarro escolhido pelo “cronista dos absurdos” da diplomacia bolsolavista.
Não importa agora quem seja o Batman, o Fantasma, o herói temporário de tantos diplomatas discretamente satisfeitos com estas crônicas de tempos miseráveis. O objeto destas crônicas vai tentar identificar quem ele considera um êmulo do Fantômas, ou do Arsène Lupin, mas o nosso cronista é na verdade um grande diplomata, um defensor das melhores tradições do Itamaraty, apenas que armado da mais fina ironia que é possível a um experiente cultor da literatura, da música, da cultura brasileira.
Vou postar, sistematicamente, a dúzia de crônicas a que tive acesso nesta quinta-feira, 20 de agosto (mês de cachorro louco, segundo velhos mitos políticos), e postarei outras mais, se por acaso for contemplado com mais peças de refinado sabor sarcástico.

Índice das “crônicas”: 
01) O papel do asno na sociedade brasileira (semana 01)
02) Gusmão rendido  (semana 02)
03) Pela restauração! (Semana 03)
04) Franjas lunáticas (semana 4)
05) O Anti-Barão (semana 05)
06) Alienáveis alienígenas (semana 06)
07) Nobel (semana 07)
08) Sussurram os Corredores (Semana 08)
08bis) Bolo de Laranja Lima (semana 08-bis)
09) Meu caro amigo (semana 09)
10) Aos fatos (Semana 10)
11) Kejserens nye Klæder (semana 11) [As Roupas Novas do Rei]
12) A Era do Rádio (semana 12)

Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 3736, 20 de agosto de 2020

Instituto General Villas Bôas - Conselho Editorial: publicações de coleção sobre o Brasil Nação

GENERAL VILLAS BÔAS PARTICIPA DE REUNIÃO DO CONSELHO EDITORIAL

O Conselho Editorial do IGVB reuniu-se pela primeira vez na tarde dessa última quarta-feira, 19 de agosto, para alinhar as primeiras providências dos trabalhos que têm por objetivo o lançamento da Coleção General Villas Bôas,  como parte de um projeto cultural que visa a publicação de consagradas e importantes obras do cenário intelectual brasileiro, dos últimos duzentos anos,  até o Bicentenário da Independência do Brasil, em 2022. Via plataforma on-line, o General Villas Bôas abriu a reunião com a citação de Monteiro Lobato: "Um país se faz com homens e livros". E continuou: "Este trabalho é o início de um projeto muito maior - um Projeto de Nação. Queremos resgatar grandes pensadores para que as novas gerações conheçam suas ideias e vejam-se, portanto, como cidadãos estratégicos e atuantes na construção do Brasil que merecemos".
Composto por profissionais renome e respaldo no cenário acadêmico, o Conselho Editorial agendou a segunda reunião já para a próxima segunda-feira, por videoconferência. Estão na pauta as primeiras ideias sobre as diversas coleções que irão compor o Projeto, assim como detalhes referentes aos possíveis prefácios das edições, que buscarão apresentar e comentar as ideias dos diversos clássicos. Como ideia inicial, o Conselho trabalha com a hipótese da publicação de duas primeiras Coleções, tratando sobre os Fundamentos do Pensamento Estratégico Brasileiro e sobre a Amazônia Brasileira do Século XXI. 
            O Diretor do Instituto General Villas Bôas, General Marco Aurélio Vieira, ressalta que o Conselho Editorial vem desenvolvendo os trabalhos iniciais desse Projeto contando com a prestimosa colaboração voluntária das pessoas, e mesmo de algumas instituições: “...entretanto, não há qualquer apoio ou cooperação de órgãos de Governo concretizada até o presente. Trata- se de uma iniciativa cultural, baseada nos próprios objetivos do Instituto General Villas Bôas, sem conotação política, ideológica ou partidária”. Ele assinala que os trabalhos estão no início e que as atividades ainda se resumem à escolha dos conselheiros, divisão das tarefas, na seleção e indicação das obras a serem apresentadas ao General Villas Bôas. “Depois disso, decidiremos em comum acordo quais os títulos a serem publicados”, finaliza.   

INTEGRAM O CONSELHO EDITORIAL DO IGVB:
General Eduardo Dias da Costa Villas Bôas
General Marco Aurélio Costa Vieira, diretor do Instituto General Villas Bôas
General Alberto Cardoso, do Conselho Superior do Instituto General Villas Bôas
Professor Doutor Antônio Flávio Testa, UnB, Senado 
Embaixador Carlos Henrique Cardim, Professor Doutor, UnB, Itamaraty
Professor Doutor Carlos Hugo Studart Corrêa, UnB
Professor Doutor Jorge Henrique Cartaxo, Câmara dos Deputados
Professor Doutor José Theodoro Menck, Câmara dos Deputados
Professor Doutor Marcelo Grangeiro Quirino, Capes/MEC
Professor Doutor Marcus Vinícius Rodrigues, FGV
General Luis Eduardo Rocha Paiva, Sagres
General Ridauto Lúcio Fernandes, Sagres
Professor Doutor Paulo Roberto Kramer, UnB
Professor Doutor Ronaldo Britto Poletti, UnB, presidente do Instituto Histórico e Geográfico do Distrito Federal (IHGDF)

INSTITUTO GENERAL VILLAS BÔAS
O Instituto General Villas Bôas – IGVB foi idealizado pelo próprio General de Exército Eduardo Dias da Costa Villas Bôas, com o objetivo de desenvolver temas estratégicos e trazer à luz pautas que envolvem a vida profissional e pessoal do antigo Comandante do Exército. Assim, o IGVB vem desenvolvendo seu trabalho segundo três pilares: o próprio Acervo do General Villas Bôas, o chamado Projeto de Nação, e as iniciativas que favorecem o emprego da Tecnologia Assistiva, visando à inclusão produtiva. 
Desde julho, o IGVB está de portas abertas em sua sede, no Setor Bancário Norte. A Presidente do Conselho Superior é a senhora Maria Aparecida Villas Bôas. A Diretoria Executiva tem à frente o Diretor Marco Aurélio Vieira. 
CONTATO: 

Brasil: de país agrícola a... país agrícola, passando pela indústria - Stephen Kanitz

Na minha infância, u seja, anos 1950, o Brasil era definido como um país essencialmente agrícola, e isso era uma vergonha para nós. Era uma agricultura atrasada, incapaz de alimentar o país, e tínhamos de importar muito alimento, a despeito do imenso território.
Aí embarcamos na aventura industrializante, uma espécie de stalinismo industrial, contra as recomendações de Eugênio Gudin, que preconizava modernização e capitalização da agricultura – que correspondência a nossas vantagens comparativas naturais, adquiridas (mas bem mal até ali), relativas – e educação da mão-de-obra, para melhorar a produtividade, contra as recomendações de Roberto Simonsen, dos militares, dos tecnocratas, dos industriais, que ganharam tudo o que queriam: proteção tarifária, câmbio favorável, subsídios, políticas setoriais. 
Deu certo: ou seja, o Brasil se industrializou, mas o custo para o país foi enorme.
Apenas nos anos 1990, com fracasso das políticas econômicas industrializantes, que o Brasil começou a mudar suas políticas, e a agricultura deslanchou, de maneira impressionante.
É ela hoje que SALVA o Brasil, e ficamos essencialmente agrícolas outra vez.
Mas, a agricultura atual é uma verdadeira indústria, ou melhor um complexo econômico que abrange TODAS as áreas da economia e da sociedade.
O artigo de Stephen Kanitz exagera nos contrastes, mas reflete a realidade, que não tem nada a ver com o governo atual, com a "bancada ruralista", a devastação ambiental. É uma realidade ESTRUTURAL, que aproxima o Brasil daquilo que pretendia Eugênio Gudin desde os anos 1940 e 50: ele venceu, embora com mais de meio século de atraso.
Um pouco como Raymond Aron, em relação ao debate socialismo-capitalismo dos anos 1950. Algumas ideias sensatas demoram para entrar na cabeça dos brasileiros.
Paulo Roberto de Almeida

É O Poder Mudando De Mão
Por Stephen Kanitz
09/06/2020 13:25

Stephen Charles Kanitz é consultor de empresas e conferencista brasileiro, mestre em Administração de Empresas da Harvard Business School e bacharel em Contabilidade pela Universidade de São Paulo
Essa súbita polarização na política, que deve estar assustando muitos dos meus seguidores, na realidade é simplesmente um fim de ciclo.

O poder reinante nesse pais nos últimos 25 anos está sucumbindo, lutando com todos os seus meios para impedir o inevitável.

Usam jogo sujo sim, mas é por puro desespero.

Quem está perdendo miseravelmente é a indústria, os sindicatos, os partidos desses trabalhadores chão de fábrica, as grandes cidades, os industriais cada vez mais falidos e subsidiados.

Quem está crescendo e ganhando é a Agricultura.

A agricultura por si já representa 25 % do PIB, contra 10% anos atrás.

O agro negócio, que incorpora as indústrias que a fornecem, como mineração de fertilizantes, a indústria de tratores, os bancos, as seguradoras, as transportadoras passa a ser 40% do PIB, tranquilo.

Ter 40% do PIB significa dinheiro, crescimento, poupança, prosperidade.

Significa crescente poder político, que ao contrário que a maioria das pessoas pensam, o setor Agrícola não tinha comensurável a esses 40%.

Foi sempre a agricultura que gerou exportações e superávit no câmbio, foi sempre a indústria que importava máquinas estrangeiras.

A Indústria sempre foi muito mais forte do que a Agricultura, mas agora ela definha, não apresenta lucros, não tem mais poder financeiro.

Isso explica as alianças desesperadas, como a do Paulo Scaf com Partido Socialista, da Globo com o Psol, da Folha com o PT, do Abílio com a Dilma.

Desespero total.

Foi sempre a Indústria que indicava os Ministros da Fazenda, normalmente economistas ligados a Fiesp como Delfim Neto e Dilson Funaro, por exemplo.

Foi esse total descaso pela nossa Agricultura que resultou no enorme êxodo rural, que tanto empobreceu esse país e fortaleceu esses partidos de esquerda.

Nada menos que 45% de nossa população teve que abandonar a agricultura, abandonada que foi pelos Ministros da Fazenda.

Que nem sabem mais o significado de “Fazenda”, apropriado para um país destinado a agricultura, como o Brasil e a Argentina.

Foi Raul Prebish, que convenceu economistas argentinos e brasileiros como Delfim, Celso Furtado, Jose Serra, FHC e toda a Unicamp, a esquecerem nossa agricultura a favor da “industrialização” para o mercado interno.

Por isso investirem fortunas com incentivos, leis Kandir, subsídios via o BNDES em indústrias antigas mas que “substituiriam as nossas importações”, dos mais ricos, num país constituído de pobres.

Somente a partir de 1994 , que passaram a produzir para a Classe C e D, movimento do qual fiz parte.

Foi esse êxodo rural que gerou a pobreza e as favelas nas grandes cidades, e que permitiu a esquerda cuidar dos mais pobres e se elegerem por 24 anos.

Mas não tendo percebido o erro de Prebish, é essa “substituição das importações” que irá gerar nossa estagnação e não inovação, e lentamente destruiu a nossa indústria nascente a partir de 1987.

De 27% do PIB, 45% com seus agregados, a Industria entrou numa espiral descendente para 14,5% hoje.

Em 40 anos passa de 45% do PIB para 14,5%.

Que reviravolta.

Essa atual crise política no fundo é a crise da indústria e das famílias ricas desesperadas, empobrecidas mas ainda com certo poder político.

É a crise dos sindicatos trabalhistas que vivia dessas contribuições sindicais.

Perderam poder econômico e percebem que estão perdendo o político, da qual nunca mais se recuperarão a curto prazo.

Quem acha o contrário que pense nos números.

Isso explica esse desespero da imprensa, dos artistas subsidiados, dos intelectuais das grandes cidades.

Ela é violenta por ser desesperada.

Mas é simplesmente o canto da sereia desse grupo que vivia da indústria e de seus impostos.

Os números que apontei são inquestionáveis e só tendem a crescer.

A Agricultura, justamente por ter sido esquecida pelo Estado, venceu a Presidencia em 15 Estados.

Ronaldo Caiado, representante eterno dos agricultores, vence em Goiás. As grandes cidades foram contra, elegendo Doria e Witzel.

“Bolsonaro é quase unanimidade no setor”, disse Bartolomeu Braz Pereira, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja).

Mais Brasil Menos Brasília, é o brado mais campo menos cidades em decadência.

Bolsonaro foi eleito não pelos liberais nem pelos conservadores das grandes cidades, que hoje se sentem enganados, e só falam mal dele.

Bolsonaro foi eleito pelo seu apoio aos anseios da Agricultura.

Que com esse sucesso da Agricultura em 2020 só irá crescer.

Com o Covid, haverá uma fuga das cidades para o campo, dos apartamentos para casas, dos escritórios para o Zoom.

E em mais 4 ou 5 anos, a Agricultura terá o poder político que merece, elegerá quem quiser, com ou sem Bolsonaro em 2022.

O poder da esquerda e da indústria vinham ultimamente pelo saque ao Estado, vide o mensalão e o petróleo.

E todos sabemos que no Brasil dinheiro é poder político.

“Follow the money”, como diria Sérgio Moro.

Moro não percebeu que não foi o combate a corrupção que elegeu Bolsonaro.

Foi a Agricultura.

Na cidade Agronômica, Bolsonaro ganhou com 79% dos votos.

Na cidade de Sorriso teve 74% dos votos.

Na cidade Rio Fortuna teve 68% dos votos.

Em Mato Grosso do Sul teve 61% dos votos.

Vejam os mapas da fronteira agrícola e os votos dados ao Bolsonaro em 2018.

Quem elegerá os nossos Presidentes em 2022, 2026, 2039 sera a bancada agrícola, não a bancada industrial quebrada e falida.

Quem mandará nesse pais será o pequeno agricultor, e não a FIESP, os Marinhos, os Gerdaus, os intelectuais e artistas da Globo que viram seus impérios empobrecerem de 1987 para cá e nada fizeram.

Que elegeram o Lula e a Dilma, achando que assim permaneceriam no poder político, manipulando os via corrupção.

A tese que Bolsonaro não foi eleito mas que foi Haddad que foi rejeitado, não se sustenta numericamente.

Haddad tinha 41% de rejeição contra 40% de Bolsonaro. Ou seja a diferença é de somente 1%.

Não são Bolsonaro e seus filhos que são a grande ameaça à esquerda, como a imprensa e o Supremo acham.

É a Agricultura.

E ninguém dará um golpe nela.

Ricardo Salles é que está dando um chega para lá aos ecologistas que querem destruir nossa agricultura, e foi quem ajudou termos esse superávit colossal.

Bolsonaro colocou uma engenheira agrônoma como Ministra Da Agricultura, em vez de um político e advogado como Wagner Rossi, indicado por ambos Lula e Dilma.

Será o constante crescimento do Comunitarismo da pequena cidade daqui para a frente, em detrimento da Esquerda das grandes cidades.

É o crescimento do interior Comunitário e Solidário, do Brasil e menos Brasília.

Um mais Brasil administrável, em detrimento das grandes cidades frias, solitárias, sem compaixão que alimentou os votos da esquerda.

Não é o Liberalismo e a Direita que são a grande ameaça para a esquerda, como a imprensa e o Supremo acham.

É a Agricultura.

Uma batalha que ela já ganhou, mas poucos perceberam.

Stephen Kanitz

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Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...