sexta-feira, 27 de janeiro de 2023

Retrato de um Brasil desconhecido e inesperado: o orgulho de ser uma "prisioneira política" - Mauro Ventura

 Matéria do jornalista Mauro Ventura:

"Vejo o vídeo de uma senhora chegando de viagem. Deve ter seus 60 anos, um pouco mais talvez. Usa óculos, tem uma aparência normal, é sorridente, daquele tipo comum que você encontra tantas vezes na rua, no mercado, na praça. Não parece oferecer perigo algum.

Parentes e amigos estão no aeroporto para recepcioná-la. Assim que a veem, eles pulam, gritam, se abraçam, se beijam, batem palmas, numa euforia incontida. O que será que ela fez para merecer tamanha recepção? Talvez esteja há muito tempo fora, morando no exterior, antes até da pandemia. 

- Maravilhosa! - grita uma moça. 

Pela idade, não deve ter sido aprovada em concurso nem ter conseguido um emprego. Mais provável é que tenha conquistado um grande prêmio que justifique tamanha festa. 

- Muito orgulho de você! - diz outra mulher.

De fato, ela carrega um troféu, como iremos perceber. Não nas mãos, mas no tornozelo. Ela é uma das vândalas que protagonizaram algumas das cenas mais lamentáveis da história recente do país. Foi detida no acampamento golpista no QG do Exército, acaba de sair da prisão em Brasília e está de volta a seu estado, Mato Grosso. De inofensiva ela não tem nada.

O que para nós é motivo de indignação, repulsa e constrangimento para ela e para seus familiares é pretexto para comemoração.

- Obrigada por tudo, viu? – diz alguém, sinalizando que ela fez o que os demais gostariam de ter feito.

Ou seja, tentar dar um golpe de estado, invadir, depredar, agredir, destruir, vandalizar, atentar contra a democracia. 

A cerca altura, ela levanta a barra da calça, aponta a tornozeleira eletrônica e brinca:

- Estou com wifi com muito orgulho.

Ela se sente uma revolucionária, uma presa política, e não uma criminosa comum. Uma amiga completa, referindo-se ao adereço prisional:

- Olha aqui, gente, isso aqui não é um rastreador, é um símbolo de guerra!

De fato, a chegada dela mais parece aquela recepção de herói aos soldados que voltaram do front. Só que aqui, no caso, eles estão do lado do inimigo. 

- Muita luta e muito orgulho de usar (a tornozeleira) – afirma uma mulher. 

As cenas desmontam duas vergonhosas fake news da extrema direita. A primeira de que a prisão era um campo de concentração. A julgar pela aparência daquela senhora, parecia mais uma colônia de férias. Também desconstrói a farsa de que os baderneiros e extremistas eram petistas infiltrados. Longe disso, são bolsonaristas orgulhosos. 

Não há nenhum remorso, nenhum arrependimento nessa senhora. Pelo contrário. Ela exibe uma sensação de dever cumprido, de ter lutado pela pátria, de ter tentado salvar o Brasil das garras do comunismo. Num outro vídeo, ela fala das colegas de cela, "patriotas do Brasil todo e do exterior". E recorre à religião para explicar sua "missão": "É um propósito de Deus para cada um de nós." E dá a entender que vai ser reincidente: "Nossa bandeira continua levantada."

Curioso é que os supostos patriotas, que dizem que “bandido bom é bandido morto”, que se autointitulam “cidadãos de bem”, que zombam Lula chamando-o de “ex-presidiário”, celebram agora uma ex-presidiária – ou melhor, uma golpista em liberdade provisória mediante medidas cautelares.

A prisão não ensinou nada a essa gente. Ser fichado e ter antecedentes criminais também não. Não sei se na hora em que doer do bolso a ficha vai cair. Tomara, mas não tenho muitas esperanças."


O populismo reacionário: resenha de Christian Lynch e Paulo Henrique Cassimiro: O populismo reacionário - Arnaldo Sampaio de Moraes Godoy

Excelente resenha de um livro magistral 

O populismo reacionário

Imagem: Kartick Chandra Pyne

Por ARNALDO SAMPAIO DE MORAES GODOY*

Comentário sobre o livro de Christian Lynch e Paulo Henrique Cassimiro

O populismo reacionário, de Christian Lynch e Paulo Henrique Cassimiro, é um dos livros nacionais mais importantes para uma tentativa de compreensão da situação política atual. Os autores são professores e pesquisadores no Rio de Janeiro. Em quase 200 páginas apresentam uma radiografia do populismo reacionário que levou quase a metade dos votos nas últimas eleições (o livro é anterior ao pleito). Não tratam de uma aventura política transitória e passageira. Tratam de um assunto sério que exige enfrentamento.

A partir da crise da Nova República, e com foco no judiciarismo lava-jatista, os autores exploram nosso tempo político, tateiam uma obtusidade que desdenhamos (e hoje pagamos por isso) e apontam para uma aporia intransponível: o paradoxo do parasita. O parasita precisa do corpo invadido para sobreviver, não pode destruí-lo. A destruição do corpo invadido tem como pressuposto e resultado a morte do parasita. Essa metáfora implica na relação ambígua entre o líder populista reacionário e a democracia. No último dia 8 de janeiro essa tensão chegou ao limite.

Os autores identificam essa nova onda populista (especialmente brasileira) no contexto da crise do liberalismo democrático, que se desdobra da ressaca da euforia da globalização, dos atentados às torres gêmeas e da crise econômica de 2008. Nesses últimos tempos discutiu-se seriamente sobre o destino da agenda democrática, isto é, se haveria uma revitalização desse projeto ou se a ameaça era realmente verdadeira. O que acha o leitor?

Parece-me, venceu esse último postulado. A ameaça transcendeu o espaço digital e foi para a praça com porretes na mão (literalmente). Tudo condimentado por perigos potencializados por um universo de informação paralela, no qual um comunismo idealizado, a imigração estrangeira, um sentido recorrente de injustiça e de mudanças sociais foram fomentados pelo compartilhamento de valores identitários.

Para os autores, o populista reacionário não se interessa por assuntos de governo e de administração. Comanda um partido digital disperso e ao mesmo tempo unido em torno de uma conta também digital. Lê-se nesse corajoso livro que a conta digital do populista reacionário não é lugar democrático com espaço aberto para a crítica do cidadão. A conta digital do populista reacionário “é um altar, cujo acesso é privativo dos fieis para fins de adoração de seu ídolo”. Quando materializado, e agora a opinião é minha, esse espaço de veneração é concomitante ao entorno topográfico oficial: é o cercadinho.

O populista radical, segundo os autores, apresenta-se como o herói antissistema. Gerencialmente é incompetente. Vale-se dessa incompetência como um selo de autenticidade. Entre a competência e a autenticidade (ainda que fingida, o que possível) o medíocre insatisfeito com a mediocridade de sua vida não pensa duas vezes: quer o autêntico.

Que caminho histórico pavimentou o populista reacionário, porta-voz de uma utopia regressiva de restauração a tempos imaginados? Era latente essa utopia? Na tentativa de explicar essas duas perguntas os autores primeiramente exploram uma revolução judiciarista, que se dizia instrumento de uma suposta capacidade regenerativa da Nação. O Judiciário resolveria tudo. Aplicaria a lei.

É o lavajatismo, em sua versão mais completa, que assumiu o padrão de um tenentismo togado. O ex-juiz de Curitiba e o ex-procurador da República que lá atuava tentaram ser versões contemporâneas de Juarez Távora e de Eduardo Gomes. Creio que não conseguiram, ainda que incensados na imprensa e nas redes, aplaudidos em aviões e restaurantes, ouvidos em gravações suspeitas.

Na tese dos autores de O populismo reacionário o judiciarismo escorava-se em legitimidade oriunda do acesso meritocrático ao serviço público. Acrescentaram também o tema do neoconstitucionalismo, que resultou na valorização das corporações jurídicas e, paradoxalmente, na massificação do ensino de Direito. Havia uma multidão de bacharéis que falavam o tempo todo em regras e princípios, citavam autores alemães em tradução (Hesse, Häberle, Müller e Alexy) e remoíam o aspartame jurídico anglo-saxão (Dworkin e Rawls). Defendiam uma maior participação do Judiciário em detrimento dos demais poderes. A restauração se dava no curul, a cadeira dos altos dignitários romanos que ditavam a jurisprudência.

Segundo os autores, basta que consultemos os livros de Direito Constitucional para constatarmos que o espaço dedicado ao Legislativo é ínfimo em relação ao espaço dedicado ao Judiciário e às corporações jurídicas. O judiciarismo que já se verificava em Rui Barbosa e em Pedro Lessa voltou para o proscênio. O moralismo recorrente da UDN, na voz de Afonso Arinos, Bilac Pinto e Aliomar Balleeiro estava na espinha dorsal dessa revolução do judiciário, que também, o que mais paradoxal, escorou-se em intepretações padronizadas do Brasil, como lemos em Sérgio Buarque de Holanda, Raymundo Faoro e Roberto DaMatta.  Esse diálogo seria impossível. Os autores nos lembram que os udenistas de Carlos Lacerda pularam do barco em 1965, do mesmo modo que Sergio Moro e o MBL o fizeram em tempo próximo.

No argumento de O populismo reacionário o núcleo da nova expressão de poder orbitava em torno do culturalismo reacionário de Olavo de Carvalho e do neoliberalismo de Paulo Guedes. Do primeiro apreendeu-se uma concepção petrificada de cultura, centrada na obsessão em face do marxismo cultural, contra o qual se opôs o decadentismo, a crítica à globalização e a âncora da metapolítica, para a qual a cultura vem depois da política. Do segundo, de acordo com os autores, sabe-se que o ponto fraco dos neoliberais tem sido sempre a impopularidade do programa.

O populismo reacionário distancia-se muito da referência e da reverência que tem para com a tecnocracia militar. É que o conservadorismo estatista de Golbery do Couto e Silva subordinou e dominou o culturalismo de Gilberto Freyre e de Miguel Reale, bem como o neoliberalismo de Roberto Campos e de Octávio Bulhões. Os autores não chegam a conjecturar sobre uma explicação para essa disfunção. Talvez, a adesão do populismo reacionário ao negacionismo estrutural possa ser uma chave interpretativa para o enigma.

Os autores dão pistas. A negação do aquecimento global, do holocausto, a fé no terraplanismo, a crença na hipótese de que nazismo e fascismo seriam de esquerda, o racismo reverso, o conspiracionismo, a pandemia, a eficiência da vacina, a ortodoxia das urnas e o tema da ideologia de gênero transitariam nesse quadro explicativo. Na pergunta de Fernando Gabeira, “por que se afastam tanto da realidade e quando se dão conta dela ficam tão revoltados?”.

O populista reacionário cerca-se de quadros medíocres e servis, fomentando um macarthismo administrativo. Os dissidentes são perseguidos. Na construção do caminho para o populismo reacionário formulou-se uma teoria constitucional de sustentação, sempre servida por juristas desfrutáveis (a expressão é dos autores) que retomaram o tema da razão do Estado, agora justificativa de segredos quase perpétuos (100 anos).

Acrescento ao argumento dos autores o papel de certa teologia da prosperidade. Para Carl Schmitt (o príncipe dos juristas desfrutáveis) o milagre estaria para a fé como a jurisprudência para o direito. Para sua quase versão brasileira (Francisco Campos) o Estado totalitário seria uma técnica a serviço da democracia. É a união entre o templo e o palácio da justiça.

Penso que a grande mensagem de Christian Lynch e Paulo Henrique Cassimiro nesse belíssimo livro consiste na constatação de que se abandonou a busca racional da verdade como fundamento da vida coletiva. Os autores instigam mais para a busca racional da verdade do que para a própria verdade. Afinal, sobre essa última, e a questão é bíblica (João 18:38) nem mesmo Pilatos sabia do que se tratava.

*Arnaldo Sampaio de Moraes Godoy é livre-docente em Teoria Geral do Estado pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP).

Referência


Christian Lynch e Paulo Henrique Cassimiro. O populismo reacionário. São Paulo, Contracorrente, 196 págs.

Do site A Terra é Redonda

Brasil volta à cena externa com diplomacia passadista - Editorial Valor Econômico

 Brasil volta à cena externa com diplomacia passadista


Os primeiros passos de Lula indicam mais do mesmo, da política externa “ativa e altiva”. O pragmatismo pode forçá-lo em outras direções

Valor Opinião, 27/01/2023


O presidente Lula escolheu os parceiros certos para dar início a suas viagens internacionais oficiais e imprimir uma marca distinta em relação à desastrosa diplomacia de seu antecessor.

Lula visitou a Argentina e o Uruguai e já tem agenda para próximos encontros com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e o presidente da China, Xi Jinping. O vigor da retomada diplomática, porém, não parece até o momento se refletir no conteúdo das mensagens brasileiras, que deixam no ar a impressão de que se trata apenas de uma volta ao passado.

As relações com o Mercosul são prioritárias e Lula retomou os vínculos com a Argentina, rompidos por Jair Bolsonaro, uma ruptura que foi até recebida com alívio pelo presidente argentino, o peronista Alberto Fernandez. Mesmo no tempo em que os Kirchners governavam o país, o relacionamento do Brasil o país vizinho foi conflituoso. A economia argentina se dilacera de crise em crise e de novo não tem fontes de financiamento externo, sustentando-se apenas em um acordo com o FMI, com empréstimos com carência de US$ 45 bilhões - e criticado pela vice-presidente, Cristina Kirchner.

Com escassez de divisas, a Argentina argumenta com um motivo a mais para não abrir sua economia - o outro é a resistência ideológica dos peronistas em fazer isso. As reticências se refletem no acordo União Europeia-Mercosul, cujas negociações foram iniciadas no primeiro governo de Lula e só concluídas no governo Bolsonaro. AArgentina ainda quer negociar mudanças pois vê pontos negativos para sua indústria no acordo. A posição expressa por Lula é de fechar o acordo, embora sinais diplomáticos indiquem que o Brasil também gostaria de fazer reparos nele.

Como gesto de boa vontade, Lula acenou com medidas de efeito duvidoso. A primeira foi a moeda para transações comerciais externas, como forma de driblar a escassez de financiamento para o país vizinho. Deficitária na balança comercial com o Brasil, a Argentina tampouco tem reais para suprir diferenças da liquidação contábil. O Brasil propôs, além disso, financiamentos do Banco do Brasil, com base em um Fundo Garantidor. Não há mais detalhes sobre isso.

Problemático também foi a oferta de Lula de o BNDES financiar gasodutos para escoamento do gás de Vaca Muerta até o Brasil. No fim do governo Lula e princípio do de Dilma, o BNDES foi abarrotado de funding por transferências do Tesouro. Sem o Tesouro, os desembolsos do banco encolheram muito. O país vive uma penúria fiscal e há que escolher criteriosamente para aonde vão os recursos, já que são escassos internamente também. Vaca Muerta, além disso, é um pesadelo ecológico para ambientalistas, e seu gás cobriria primordialmente déficits de abastecimento da Argentina. Não seria vital para o Brasil, que desperdiça gás do pré-sal.

No Uruguai, Lula tentou apagar incêndios. O presidente Lacalle Pou, de centro-direita, abriu negociações com a China para ingressar na Parceria Transpacífico. O Uruguai tomou a atitude unilateralmente, o que fere o Tratado do Mercosul, que obriga à negociação conjunta. Lula argumentou que o Mercosul deveria se concentrar no acordo com a UE para depois tratar da China, que também ofereceu um acordo comercial com o Brasil, mas parece não ter convencido o parceiro uruguaio. Sem uma tarifa externa comum, o bloco se fragmentará.

No campo político, Lula propagandeou sua versão da história, ao mencionar o “golpe” de Estado que depôs Dilma e chamar o ex-presidente Michel Temer de “golpista”, passando por cima do fato de que o Congresso, com assistência do Judiciário, removeu Dilma do poder pelas pedaladas fiscais. Lula reatou laços com a Celac (Comunidade dos Estados LatinoAmericanos e do Caribe), com elogios à defesa que fizeram da democracia quando esteve ameaçada no Brasil. Da Celac fazem parte Venezuela, Cuba e Nicarágua, países que estão longe de ser democráticos. Coube a Lacalle Pou dizer na reunião que a defesa da democracia não era monopólio da esquerda, referindo-se aos três países, que o Brasil apoia, que não tem práticas democráticas.

A diplomacia sob Lula terá de se adaptar a um novo mundo, mais hostil. A opção pelas relações Sul-Sul pode se mostrar inviável diante da rivalidade aberta entre EUA e China, e da invasão da Ucrânia pela Rússia, dois parceiros do Brasil nos Brics, grupo que tende à implosão. Os primeiros passos de Lula indicam mais do mesmo, da política externa “ativa e altiva”. O pragmatismo pode forçá-lo em outras direções.


Dia Internacional em Memória das vítimas do Holocausto

 27 de Janeiro, dia de luta contra o esquecimento.


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Atos internacionais do Brasil, desde 1822: acesso à Base de Dados Concórdia

 Acesso aos atos internacionais do Brasil desde 1822:

O principal arquivo de documentos diplomáticos é a Divisão de Atos Internacionais do Ministério das Relações Exteriores: 

Atos Internacionais
Segundo definiu a Convenção de Viena do Direito dos Tratados, de 1969, tratado internacional é "um acordo internacional concluído por escrito entre Estados e regido pelo Direito Internacional, quer conste de um instrumento único, quer de dois ou mais instrumentos conexos, qualquer que seja sua denominação específica" (Art. 2, a).
Atos internacionais correspondem, segundo a prática brasileira, a tratados, acordos, memorandos de entendimento, ajustes complementares, convenções ou protocolos que criem normas e regulamentos.
A rigor, a Divisão de Atos Internacionais é responsável pelo processo de revisão formal anterior à celebração e o procedimento necessário à tramitação desses atos, com vistas à sua incorporação ao ordenamento jurídico brasileiro. No âmbito do Ministério das Relações Exteriores, cabe às áreas responsáveis pelo acompanhamento do tema objeto do texto a negociação e a posterior implementação dos dispositivos de cada acordo.
A tradição constitucional brasileira não concede o direito de concluir tratados aos Estados-membros da Federação. Nessa linha, a atual Constituição diz competir à União, "manter relações com Estados estrangeiros e participar de organizações internacionais" (art. 21, inciso I). Por tal razão, qualquer entendimento que um estado federado ou município deseje concluir com Estado estrangeiro, ou unidade dos mesmos que possua poder de concluir tratados, deverá ser feito pela União, com a intermediação do Ministério das Relações Exteriores, decorrente de sua própria competência legal.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2023

Querido coelho de Páscoa,

Eu sou a Yasmin. Eu não chorei, eu não fiz bagunça, eu estudei, já estou aprendendo a escrever, e queria que você trouxesse um ovo do coelho da Páscoa, na verdade dez ovos.


YASMIN

quarta-feira, 25 de janeiro de 2023

Quanto custa cada grande embaixada dos EUA: o circuito milionário dos doadores - Robbie Gramer (Foreign Policy)

 So You Want to Buy an Ambassadorship

The United States is the only Western government that routinely rewards mega-donors with top diplomatic posts.

Robbie Gramer

Foreign Policy, January 24, 2023, 2:23 PM


So you want to be a U.S. ambassador? Broadly speaking, there are two ways to do that.

The first is to make a career in policy or diplomacy and gain lots and lots of experience related to foreign affairs. The second is to have money. Lots and lots of money.

Running for president is really expensive, and presidential candidates in both parties require massive fundraising machines to bankroll campaigns that are becoming all the more so. A pattern has emerged under modern Republican and Democratic administrations alike where presidents will tap deep-pocket campaign donors or “bundlers” who directly donate or help raise hundreds of thousands or even millions of dollars for the winning presidential candidate for plum ambassador posts.

Successive administrations argue that these donor ambassadors have the requisite skills and experience—even if outside the realm of foreign policy—through their work in philanthropy, finance, business, politics, or other career paths.

Critics of the practice, including former senior career diplomats, say it’s a form of “thinly veiled” corruption.

U.S. President Joe Biden has continued the trend of tapping mega-political donors for ambassador posts, albeit to a lesser extent than former U.S. President Donald Trump did—despite a push by at least one Democratic presidential hopeful in the 2020 campaign cycle to ban the practice altogether.

Around 44 percent of Trump’s ambassadors were political appointees, many of whom were deep-pocketed campaign donors, compared to around 31 percent under former U.S. President Barack Obama and 32 percent under former U.S. President George W. Bush. Biden has said he will keep the number of political appointee ambassadors at around 30 percent of the total. The practice is often a source of friction and anger within the U.S. State Department, where career diplomats who spent decades working on foreign policy are passed over for important ambassador assignments to make way for a handbag entrepreneur, a soap opera producer, a car dealership owner, or a consultant who happens to be married to an ultra-wealthy campaign donor.

There’s no clear-cut answer on whether donor ambassadors or career ambassadors are better at their jobs, as even the most disgruntled career diplomat would tell you. Some political donor ambassadors end up being highly effective and are even sought after from foreign governments for their close ties to the White House and political connections that few career State Department ambassadors can offer. Some career diplomats, by comparison, flounder in ambassador posts despite their decades of experience building up to the most sought-after senior assignment.

But granting ambassador posts to mega-campaign donors is a practice that no other Western government has—and one that has come under increased scrutiny as the United States slips in its role as the undisputed global leader with the rise of China on the world stage. Donors typically get high-profile and plum ambassador assignments for countries in Western Europe, South America, and Caribbean nations, whereas career diplomats often get the less-than-plum assignments in sub-Saharan Africa, the Middle East, or Central Asia.

Washington’s closest allies offer a stark foil to this story. London’s ambassador to Washington, one of its most important diplomatic postings, Karen Pierce, has spent over four decades in the United Kingdom’s diplomatic service and previously served as the U.K.’s ambassador to the United Nations and envoy for Afghanistan and Pakistan. The United States’ ambassador post to the United Kingdom has been filled by investment bankers, oil company executives, former admirals, car dealership owners, presidential confidantes, billionaire heirs, and more. The United States has only ever had one career diplomat serve as a full-fledged ambassador to the United Kingdom: Raymond Seitz, who served in the post from 1991 to 1994.

Foreign Policy scoured public disclosure and campaign donation filings, many through the nonprofit transparency group OpenSecrets.org, to take a look at five countries where major donors to Biden were tapped to be ambassadors and totaled up the known available amount that they donated.

For the sake of simplicity, we focused only on the confirmed amount that each ambassador donated directly to Democrats or Biden’s campaign during the 2017 to 2020 election cycles. Where possible and where information was available, FP included information on funds bundled, sent through political action committees (PACs) or donated to broader Democratic causes and races over the past two decades to add additional context.

A caveat: In some cases, because of the convoluted nature of campaign donations in the U.S. political system, it’s difficult to assess how much an individual has given. Donors give directly to the candidate’s campaign as individuals (with a strict legal limit), to PACs that support the president’s campaign, to so-called super PACs that can engage in unlimited political spending, to the president’s party at local or national levels, or even to the president’s inauguration fund to bankroll swanky events coinciding with the president’s first day in office. Other times, these donations are all made in the ambassador’s spouse’s name or as individuals through an affiliated organization.

And even then, the Biden administration, like all administrations, insists that it does not “sell” ambassador posts but matches the right people for the right job overseas. “I’m going to appoint the best people possible,” Biden promised on the campaign trail. “Nobody, in fact, will be appointed by me based on anything they contributed.”

A White House spokesperson told Foreign Policy that Biden “takes selecting ambassadors who carry out our foreign-policy agenda across the globe very seriously” and characterized all of his ambassador picks—including those below—as “highly experienced individuals he has worked with and trusted for years.”

The spokesperson also cited examples of non-career diplomats who Biden tapped for ambassador posts, such as former U.S. Sen. Jeff Flake to Turkey and Julianne Smith, an expert on trans-Atlantic security, to NATO.

Still, nearly two dozen other people Biden chose to be ambassadors happened to raise or donate a lot of money to the Democratic cause. If you want to start putting a price tag on an ambassador post in the Biden era, here’s what it would look like.


Switzerland: $419,200

Biden’s ambassador to Switzerland, Scott Miller, and his husband gave $365,000 to funds helping elect Biden in 2020, and Miller himself gave a total of $54,200 directly to Democrats and Biden’s campaign between 2017 and 2020, according to news reports and campaign donation data from OpenSecrets.org. In total, however, Miller and his husband have donated around $3.6 million to Democratic candidates and causes for the Democratic Party since 2010. Miller is a former vice president at UBS Wealth Management firm based in Denver. He and his husband, Tim Gill, are also major LGBTQ rights activists and philanthropists. In 2016, they gave around $1.1 million to aid the election of then-Democratic presidential candidate Hillary Clinton. Miller was confirmed as Biden’s ambassador in December 2021. The White House spokesperson cited Miller’s “career in LGBTQ advocacy and philanthropy” as a factor in his nomination to be ambassador.


United Kingdom: $656,980

Biden tapped a longtime Democratic donor and former U.S. ambassador to France, Jane Hartley, to be the U.S. ambassador to the United Kingdom. According to campaign donations data from OpenSecrets.org, Hartley donated $645,780 to Democrats during the 2017 to 2020 election cycles and $11,200 specifically to Biden during that same time period. But this number doesn’t fully encapsulate how much money Hartley has sent or bundled to Democrats overall. Between 2007 and 2012, she reportedly raised around $2.2 million for Obama’s campaigns, when Biden served as vice president. Hartley is one of the few political appointee ambassadors in the Biden administration who has previous experience in a senior diplomatic post, which the White House spokesperson cited in defending Biden’s decision to nominate her for the post in London. Hartley—who worked for the Democratic Party, corporate broadcasting companies, and consulting firms over the course of her career—served as Obama’s ambassador to France and Monaco from 2014 to 2017.


Canada: $514,378

David Cohen, a former top Comcast executive and lobbyist, was a longtime fixture of Philadelphia’s political and philanthropic scenes. In the 2017 to 2020 election cycles, he donated $514,378 to Democrats and Biden, according to the data from OpenSecrets.org.


That number is the floor, not the ceiling, however, as Cohen was listed as one of 800 top “bundlers” for Biden’s 2020 campaign, a list of individuals who helped raise at least $100,000 for the presidential campaign, but it’s not clear just how much additional money he bundled for Biden.


Kenya: $917,599

Meg Whitman—a former top business executive who was once named one of Forbes Magazine’s 100 most powerful women in the world—currently serves as Biden’s ambassador to Kenya, considered one of Africa’s most economically powerful and diplomatically important countries. Whitman, the former CEO of eBay and Hewlett-Packard, used to be a Republican donor and ran as the Republican candidate for governor in California in 2010 but switched to backing Democrats after disavowing Trump and his rise to the top of the Republican Party. Whitman in 2020 gave $500,000 to the Biden Victory Fund, a joint fundraising committee, and separately donated $417,599 to Democrats and Biden directly during the 2017-2020 election cycle.

The White House spokesperson said for both Cohen in Canada and Whitman in Kenya, their “distinguished careers in business and their ability to advance U.S. economic interests abroad significantly informed their selection to their current posts.”


Argentina: $148,630

Biden picked Marc Stanley, a prominent Dallas lawyer, to be his ambassador to Buenos Aires. Stanley and his wife, Wendy, have donated at least $1.5 million to Democratic causes in the past two decades, according to the Dallas Morning News, and served as major bundlers for Biden and other Democratic candidates through fundraisers and bundling campaign donations. Stanley also led an arm of Biden’s 2020 campaign called Lawyers for Biden that helped organize lawyers to donate legal services to the president’s campaign run. During the 2017 to 2020 cycle, Stanley directly donated $148,630 to the Democratic Party. The White House spokesperson defended Stanley as Biden’s ambassador pick for Argentina for his “career as a leading lawyer and Jewish advocate [that] has spanned four decades.”


Robbie Gramer is a diplomacy and national security reporter at Foreign Policy. Twitter: @RobbieGramer

https://foreignpolicy.com/2023/01/24/campaign-donor-ambassadors-biden-diplomacy/

Postagem em destaque

Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida

Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...