sábado, 3 de junho de 2023

RCEP agreement in effect for all 15 members (Shanghai Daily)

Depois da saída dos EUA – pelo idiota do Trump – do TPP (que ficou a 11 membros apenas), o RCEP a 15 é o maior bloco comercial do mundo. Os EUA estão retrocedendo no impulso multilateralista que deram ao mundo desde Bretton Woods: simplesmente deixaram o campo livre à China, que atua pelos mesmos princípios que outrora fizeram a riqueza do Reino Unido e dos EUA. 

RCEP agreement in effect for all 15 members

Xinhua

The Regional Comprehensive Economic Partnership (RCEP) agreement took effect on Friday for the Philippines, confirming that the RCEP agreement is now in effect for all 15 members.

The full RCEP implementation reflects the determination and actions of its 15 members — 10 members of the Association of Southeast Asian Nations, China, Japan, the Republic of Korea, Australia and New Zealand — in supporting an open, free, fair, inclusive and rules-based multilateral trading system, China's commerce ministry commented.

The RCEP agreement was signed in November 2020 by the 15 Asia-Pacific countries after eight years of negotiations. It entered into force on the first day of 2022, creating the world's largest trade bloc.

The full implementation will inject strong momentum into regional economic integration, comprehensively enhance the level of trade and investment liberalization and facilitation in East Asia, and contribute to the long-term stable development of the regional and global economy, said the commerce ministry.

In 2022, trade between China and other RCEP members increased 7.5 percent year on year to 12.95 trillion yuan (US$1.82 trillion), while their investment in China, in actual use, went up 23.1 percent to US$23.53 billion, data showed.

China will continue to ensure solid RCEP implementation to give full play to its role in facilitating supply chain and industrial chain cooperation, as well as promoting high-standard opening up and high-quality development, the ministry said.

China will also work with other parties to fulfill its obligations, strengthen the RCEP mechanism, enhance the overall implementation of the agreement, and provide a strong guarantee for the steady development of RCEP cooperation, it said.

Source: Xinhua   Editor: Wang Qingchu

sexta-feira, 2 de junho de 2023

Mercosul e União Europeia: a longa marcha da cooperação à associação - Paulo Roberto de Almeida, introdução a livro sobre relações Mercosul-UE

 Meu trabalho mais recentemente publicado, embora tenha sido escrito dois anos atrás (com revisão atualizada para publicação em outubro de 2022, antes, portanto, da mudança de governo no Brasil):

4247. “Mercosul e União Europeia: a longa marcha da cooperação à associação”, Brasília, 2 outubro 2022, 20 p. Colaboração, publicada como Introdução ao livro: André Pires Gontijo, Camilo Negri; Elisa de Sousa Ribeiro (orgs.). (Cor)Relações entre Europa e América Latina: atualidades e perspectivas. Curitiba: CRV, 2023, 290 p.; ISBN Digital 978-65-251-4631-7; ISBN Físico 978-65-251-4630-0. Divulgado na plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/102774811/4247_Mercosul_e_União_Europeia_a_longa_marcha_da_cooperação_à_associação_2022_). Relação de Publicados n. 1510.

              

Disponível no site da editora, no link: https://www.editoracrv.com.br/produtos/detalhes/37887-correlacoes-entre-europa-e-america-latina-br-atualidades-e-perspectivas 


(COR)RELAÇÕES ENTRE EUROPA E AMÉRICA LATINA: ATUALIDADES E PERSPECTIVAS

Coordenadores:

André Pires Gontijo Elisa de Sousa Ribeiro Camilo Negri

Prefácio

Fernando Collor de Mello

Apresentação

André Pires Gontijo, Elisa de Sousa Ribeiro e Camilo Negri

Introdução

Paulo Roberto de Almeida

Autores
Adriana Dreyzin de Klor, Aline Beltrame de Moura, André Pires Gontijo, Beatriz Nunes Diógenes, Carlos Federico Domínguez Avila, Clarita Costa Maia, Dalia B. Carranco, Elisa Campo Dall’Orto Corrêa, Graciela R. Salas, Graziela Tavares de Souza Reis, Karina L. Pasquariello Mariano, Letícia Mulinari Gnoatton, Regiane Nitsch Bressan, Sérgio Martins Costa Coêlho, Stephanie Cristina de Sousa Vieira, Tarin Cristino Frota Mont’Alverne, Víctor Minervino Quintiere.


(COR)RELAÇÕES ENTRE EUROPA E AMÉRICA LATINA: ATUALIDADES E PERSPECTIVAS

Sumário:

APRESENTAÇÃO ..9
André Pires Gontijo
Elisa de Sousa Ribeiro
Camilo Negri

PREFÁCIO
32 ANOS DO MERCOSUL: um balanço para pensar o futuro ..13
Fernando Collor

PRÓLOGO
32 ANOS DE UMA EXPERIÊNCIA COMUNITÁRIA! ..19
Maria Elizabeth Guimarães Teixeira Rocha

INTRODUÇÃO
MERCOSUL E UNIÃO EUROPEIA: a longa marcha da cooperação à associação..21
Paulo Roberto de Almeida

HACIA LA PRÓXIMA CUMBRE CELAC-UE: continuidad, cambio y ruptura en la agenda de trabajo birregional ..41
Carlos Federico Domínguez Avila

ACUERDO MERCOSUR – UE ¿MÁS INTERROGANTES QUE CERTEZAS? EL DERECHO INTERNACIONAL EN MERCOSUR UNA PERSPECTIVA DESDE ARGENTINA ..67
Adriana Dreyzin de Klor
Graciela R. Salas

GOVERNANÇA AMBIENTAL REGIONAL E O ACORDO UNIÃO EUROPEIA-MERCOSUL ..95
Regiane Nitsch Bressan
Karina L. Pasquariello Mariano

AGRICULTURA SUSTENTÁVEL NO MERCOSUL: o desenvolvimento da agricultura familiar e de práticas agrícolas sustentáveis ... 117
André Pires Gontijo
Elisa Campo Dall’Orto Corrêa

UMA ANÁLISE DA RECOMENDAÇÃO 2020/2129 DO PARLAMENTO EUROPEU SOBRE A OBRIGATORIEDADE DO DEVER DE DILIGÊNCIA EMPRESARIAL: instrumento extraterritorial de proteção aos direitos humanos no Brasil? ..143
Beatriz Nunes Diógenes
Stephanie Cristina de Sousa Vieira
Tarin Cristino Frota Mont’Alverne

OS REFLEXOS INTERNACIONAIS DA REGULAMENTAÇÃO EUROPEIA EM MATÉRIA DE PROTEÇÃO DE DADOS PESSOAIS ..169
Aline Beltrame de Moura
Letícia Mulinari Gnoatton 

O PROJETO LATINO-AMERICANO DE INTEGRAÇÃO EM INFRAESTRUTURA E O PAPEL DA EUROPA: os corredores bioceânicos como vetores de desenvolvimento regional e política econômica anticíclica ..193
Clarita Costa Maia

QUESTÕES ATUAIS ENVOLVENDO O DIREITO AO VOTO DOS CONDENADOS EM DEFINITIVO: perspectivas e desafios para o Brasil frente ao cenário mundial ..233
Víctor Minervino Quintiere

SIN NACIÓN: la apatridia en américa latina y europa ..261
Dalia B. Carranco

A PERSPECTIVA DE GÊNERO NO SISTEMA INTERAMERICANO E O DIÁLOGO ENTRE CORTES REGIONAIS DE DIREITOS HUMANOS ..281
Graziela Tavares de Souza Reis

A INVENÇÃO DA AMÉRICA LATINA ..307
Sérgio Martins Costa Coêlho

COORDENAÇÃO DA OBRA .329

AUTORES E AUTORAS ..331


Introdução
Paulo Roberto de Almeida

Embaixador e professor. Atuou em diversas negociações do Mercosul, na primeira década de existência do bloco, e  representou o Brasil, como delegado alterno, perante a ALADI, presidiu e fez parte de grupos de pesquisa voltados à análise da União Europeia, do comércio internacional e de processos de integração econômica.

Início da Introdução: 

Mercosul e União Europeia: a longa marcha da cooperação à associação

 

 

Paulo Roberto de Almeida[1]

 

 

Resumo: Ensaio de caráter histórico analítico sobre as diferentes etapas do relacionamento inter-regional entre o Mercosul e a União Europeia, com ênfase na longa e lenta construção do acordo de associação comercial entre os dois blocos, os percalços existentes em duas décadas e as dificuldades remanescentes com a assinatura do acordo concluído em junho de 2019. A despeito de todos os obstáculos de natureza política e econômica, a densidade de relações de todos os tipos entre as duas regiões deve assegurar, no futuro previsível, a continuidade dessa associação entre as duas únicas uniões aduaneiras em vigor no contexto do sistema multilateral de comércio.

Palavras chaves: União Europeia; Mercosul; relações Europa-América Latina; acordo de associação; sistema multilateral de comércio.

 

 

Antecedentes históricos e quadro institucional da integração na Europa e nas Américas

A América Latina, ou melhor, o hemisfério americano, na sua configuração resultante dos descobrimentos, nos albores da era moderna, é uma criação legitimamente europeia, com todos os bonus et malus de um processo marcado por fenômenos e movimentos paradoxais: pela conquista violenta e pela colonização subsequente; pelo extermínio de povos originários (voluntário, em muitos casos, mas geralmente involuntário, pelo germes); pela exploração e pela extração de recursos naturais e produtos feitos no hemisfério; pela cultura e instituições que estiveram na origem dos novos Estados independentes; pelos investimentos, pela emigração maciça e pelo comércio mantidos em todas as épocas; pela ajuda generosa concedida em diferentes momentos da vida contemporânea; pela defesa da democracia e dos direitos humanos em países dominados por ditaduras e oligarquias predatórias; pela transferência (na maior parte das vezes não deliberada) de tecnologias proprietárias e patrimônio intelectual às nações e sociedades que ali se formaram desde o início do século XIX; enfim,  tudo isso e muitas outras coisas não detectadas, ou seja, bens invisíveis ou não mensuráveis, tudo o que existe de concreto e intangível, com a exceção da quase esquecida herança humana pré-existente aos primeiros contatos civilizatórios, todos esses fatores constituem o resultado da ocupação material e humana europeia, mais especificamente dos reinos ibéricos, com alguns aportes marginais de outros europeus, notadamente britânicos, franceses, italianos, holandeses, belgas, alemães e eslavos, assim como vários outros povos europeus. [2]

Não se pode esquecer, tampouco, que muito do que foi feito, desde o início da colonização, foi o resultado dos próprios povos ameríndios e, no caso do Brasil e de outros países, basicamente de escravos africanos, arrastados para uma vida infernal, curta, dolorosa e absolutamente indigna de nações cristãs, como se pretendiam os europeus. Não cabe jamais esquecer que grande parte, senão o essencial, do que foi construído num hemisfério que se encontrava entre o paleolítico e o neolítico foi obra dos povos originários submetidos à servidão ou de escravos africanos explorados num grau de crueldade poucas vezes visto no processo civilizatório da comunidade humana em todas as épocas e lugares. 

Que a América Latina seja europeia – depois enriquecida por diversos outros aportes humanos e materiais de outras fontes culturais, notadamente Ásia e Oriente Médio – não é, ou não deveria ser objeto de contestação, embora visões revisionistas da história pretendam oferecer uma outra visão do descobrimento (ou invasão), da colonização (ou exploração), das transferências tecnológicas ou culturais (para o próprio lucro ou enriquecimento) desses “fornecedores”, o que também faz parte do universo acadêmico europeu (e americano), ou seja, o remorso pela colonização, pelo extermínio vinculado à exploração violenta e pelo racismo associado, assim como as inovações politicamente corretas do “descolonização” terminológica e conceitual e outras invencionices do gênero. Mas, falar de correlações entre a América Latina e a Europa é muito genérico, e impreciso, para abordar o objeto desde ensaio, que toma como objeto as correlações específicas entre a União Europeia e o Mercosul, ou seja, um fenômeno e um processo dos últimos trinta anos apenas, com débeis raízes nos 500 anos anteriores de interações destrutivas e construtivas entre dois continentes. Mas, mesmo nessa dimensão mais reduzida geograficamente e temporalmente, pode-se dizer que também o Mercosul é um produto genuinamente europeu, na sua inspiração, no seu formato e, embora ainda não realizadas, nas suas intenções e objetivos. 

Três décadas antes da formação do bloco do Cone Sul, o primeiro experimento de integração na região também tomou como base experimentos anteriores na Europa, sob a forma de zonas de livre comércio ou de união aduaneira, como materializado na Tratado de Montevidéu de 1960, criando uma Associação de Livre Comércio da América Latina, fundado juridicamente no Artigo 24 do Gatt, que tomou como base o único experimento existente em sua elaboração, em 1947, o Benelux, a união aduaneira entre Bélgica, Países Baixos e Luxemburgo (formulada originalmente em Londres em 1944, e formalizado pelo Tratado da Haia de 1947). Já a integração negociada no âmbito da Cepal, na segunda metade dos anos 1950, era inspirada nos primeiros experimentos comunitários do Tratado de Paris de 1951, que criou a CECA (a Comunidade Europeia do Carvão e do Aço, entre França, Alemanha, Itália e os três do Benelux), e dos tratados de Roma de 1957, criando, entre outros órgãos e mecanismos de integração mais profunda, o mercado comum europeu.

A etapa seguinte, a substituição da Alalc pela Aladi, por meio do segundo Tratado de Montevidéu, de 1980, criando a Associação Latino-americana de Integração, tem mais a ver com desenvolvimentos no âmbito do Gatt – especificamente a decisão da Rodada Tóquio, de 1979, instituindo uma “cláusula de habilitação” –, do que com inovações europeias, uma vez que a nova faculdade de concluir acordos preferenciais e parciais, não mais submetidos aos requerimentos do Artigo 24 do Gatt, estava restrita às partes contratantes consideradas menos desenvolvidas. Mas, o processo que conduziu precipuamente ao Mercosul também pode ser considerado como um derivativo de movimentos inspiradores a partir do “berço” europeu, como agora se pode expor sucintamente. Depois de uma fase de relativa “euroesclerose”, do final dos anos 1970 a meados da década seguinte, o “Ato Único” europeu, de 1986, criando um mercado unificado num espaço de seis anos, representou um avanço bastante ousado na então Comunidade Econômica Europeia, já bastante ampliada em relação aos seis membros originais, o que significava desmantelar centenas de normas nacionais e outros dispositivos restritivos para realmente consolidar a livre circulação de bens e serviços no continente. Tal decisão apareceu a parceiros externos do outro lado do Atlântico como suscetível de criar uma “fortaleza europeia”, já particularmente protecionista na área agrícola.

A reação não tardou a se organizar. Na América do Norte, Estados Unidos e Canadá decidiram ampliar o livre comércio automotivo que já vigorava entre os dois países desde meados dos anos 1960 para um acordo geral de livre comércio, o que foi concretizado em 1988. No Cone Sul, Argentina e Brasil decidem, de seu lado, dar início a um cuidadoso processo de liberalização comercial recíproca – por meio do PICE, o Programa de Integração e Cooperação Econômica, de 1986 – que se consolidaria num Tratado de Integração em 1988, já prevendo um mercado comum em dez anos, mas baseado num roteiro gradual e flexível de conformação progressiva de cadeias de valor, por meio de protocolos setoriais, num total de mais de duas dúzias, que passaram a reger a abertura recíproca de indústrias e setores agrícolas dos dois países. A chegada de dois presidentes mais inclinados a um modelo mais liberal do que intervencionista de integração, Carlos Menem e Fernando Collor, levou a que esse modelo cauteloso de integração fosse substituído por um outro, de desmantelamento automático das barreiras existentes, o que foi feito pela Ata de Buenos Aires, de julho de 1990, já prevendo o estabelecimento de um mercado comum na metade do tempo, em 1995.

Na América do Norte, depois de uma proposta hemisférica de liberalização geral feita pelo presidente George Bush (pai) em 1990, a iniciativa evoluiu para um primeiro acordo tripartite, estendendo ao México o acordo de livre comércio já feito com o Canadá dois anos antes, o que resultou no NAFTA, aprovado em 1994, ao mesmo tempo em que o México era aceito para integrar a OCDE, alterando, portanto, sua tradicional postura desenvolvimentista. No caso da América do Sul, o anúncio de um projeto de mercado comum bilateral entre o Brasil e a Argentina estimulou os países vizinhos a se juntarem ao esquema da Ata de Buenos Aires e, em menos de um ano, Paraguai e Uruguai aderem ao esquema, que foi formalizado por meio do Tratado de Assunção, de março de 1991, nos mesmos termos do acordo anterior.[3]

 

Mercosul e União Europeia: vidas paralelas?

(...)

(...)

Final do texto: 

Numa conjuntura em que a desglobalização econômica e o acirramento das tensões geopolíticas parecem, novamente, ameaçar o mundo com uma nova fragmentação de blocos não convergentes entre si, a unidade de propósitos e o diálogo político entre o bloco europeu e o sul-americano constitui, possivelmente, um patrimônio diplomático que não seria conveniente descartar. Com efeito, o acordo de associação representa bem mais do que uma simples relação de interesse comercial, ao consolidar uma trajetória de laços históricos e de imbricações de povos e culturas de mais de cinco séculos de existência. Diferente da Ásia e da África, a América Latina, especialmente os países da América do Sul e os povos e nações do Mercosul constituem filhos legítimos da Europa ocidental, no pleno significado cultural e civilizatório do conceito. O acordo não é, portanto, um mero instrumento de intercâmbios econômicos, e sim uma interação natural e necessária. Trata-se, provavelmente, da mais intensa correlação entre a Europa e a América Latina que se possa conceber no plano da geopolítica mundial, tão relevante quanto têm sido, desde mais de 500 anos, as relações euro-atlânticas entre a Europa Ocidental e a América do Norte.

[Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 4247: 2 outubro 2022, 20 p.]

 


[1] Diplomata de carreira, professor universitário; doutor em Ciências Sociais; mestre em Planejamento Econômico; diretor de Relações Internacionais no Instituto Histórico e Geográfico do Distrito Federal; CV: http://lattes.cnpq.br/9470963765065128; Contatos: www.pralmeida.orgpralmeida@me.com.

[2] Para uma visão geral do relacionamento entre as duas regiões ao início dos anos 1980, cabe referir-se ao artigo de Wolf Grabendorff, “El papel de Europa en las relaciones internacionales de la América Latina”, revista Relaciones Internacionales(Universidad Nacional de Costa Rica, vol. 5, n. 2, 1982, p. 82-92; disponível: https://www.revistas.una.ac.cr/index.php/ri/article/view/7024; acesso: 10 jul. 2022).

[3] Para as origens e os fundamentos do processo de integração no Cone Sul, ver Paulo Roberto de Almeida, Mercosul: Fundamentos e Perspectivas (São Paulo: Editora LTr, 1998.


The impossible decoupling between China and the US (EP)

  

Today's WorldView
 
 

quinta-feira, 1 de junho de 2023

Chances de um encontro entre Lula e Zelensky diminuem sensivelmente, depois de entrevista de ucraniano - Eliane Oliveira, Alice Cravo (O Globo, Estadão)

 Itamaraty rebate Zelensky e diz que foram oferecidos três horários para reunião com Lula no Japão

Em entrevista publicada nesta quinta-feira, presidente da Ucrânia afirmou que desencontro com Lula não foi culpa dos ucranianos. Ele insinuou que o presidente brasileiro não tinha tempo para a reunião
Eliane Oliveira — Brasília
O Globo, 01/06/2023 13h13 

O Itamaraty rebateu as declarações do presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, publicadas em entrevista a sete veículos de imprensa da América Latina, incluindo a "Folha de São Paulo", de que o encontro que havia sido acertado com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante uma reunião do Grupo dos Sete (G7), não aconteceu por causa do brasileiro. O Ministério das Relações Exteriores reafirmou ao GLOBO que foram oferecidos três horários a Zelensky, que não foram aceitos pelos ucranianos.

A reunião do G7 aconteceu em Hiroshima, no Japão, no mês passado. Ao chegar ao evento, Zelensky pediu uma audiência com o presidente Lula. De acordo com uma fonte que acompanhou as negociações, o governo brasileiro tem registradas todas as mensagens trocadas pelos respectivos chefes de cerimonial dos dois países.

Na entrevista publicada nesta quinta-feira, Zelensky afirmou que "definitivamente não foi por nossa causa" que a reunião bilateral não ocorreu. Brasil e Ucrânia estavam entre os convidados para o encontro do G7, formado por Estados Unidos, Reino Unido, França, Japão, Itália, Alemanha e Canadá.

A ida do presidente ucraniano a Hiroshima já era esperada pelo governo brasileiro, que foi comunicado pelo menos duas vezes no dia 10 de maio: pelos japoneses, anfitriões do evento; e durante uma reunião, em Kiev, entre Zelensky e o assessor para assuntos internacionais de Lula, Celso Amorim.

Momentos antes de deixar o Japão, Zelensky foi irônico, ao dizer que Lula deveria estar "desapontado", porque o encontro não aconteceu. Na entrevista desta quarta-feira, ele afirmou que "Lula quer ser original", com sua ideia de criar um clube de paz para negociar a paz entre Rússia e Ucrânia. Ele insinuou que o presidente brasileiro não teve tempo para a reunião.

— Ele encontrará tempo para responder a essa questão [se Lula concordaria com a punição dos assassinos na guerra]? Ele não achou tempo para se reunir comigo, mas, talvez, tenha tempo para responder a essa pergunta — afirmou Zelensky.


'Lula acha que assassinos em massa deveriam ser condenados e presos?', questiona Zelenski
O Estado de S. Paulo, 01/06/2023

O presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski, cobrou nesta quinta-feira, 1, em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo uma posição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva uma posição sobre os crimes de guerra cometidos pela Rússia em seu país.

“Lula precisa responder a algumas perguntas muito simples. O presidente acha que assassinos devem ser condenados e presos? Creio que, se tiver a oportunidade, ele dirá que sim. Ele encontrará tempo para responder a essa questão? Ele não achou tempo para se reunir comigo, mas, talvez, tenha tempo para responder a essa pergunta”, questionou Zelenski, em referência aos relatos de execução em massa e tortura de civis nas cidades de Bucha e Mariupol. A Rússia também é acusada de roubar crianças ucranianas e tirá-las do país.

“Se milhares de pessoas foram assassinadas na Ucrânia —não sabemos quantas dezenas de milhares foram mortos e torturados nas partes de nosso território ocupadas pelos russos—, os assassinos estavam cumprindo ordens? Se foi um assassinato em massa, deveria ser presa a pessoa que mandou outras pessoas fazerem isso? Acho que [Lula] dirá: bom, provavelmente, os assassinos em massa são sádicos. E, portanto, deveriam estar na prisão”, prosseguiu Zelenski.

“Se o presidente quiser ser original, ele pode dizer: ‘O tribunal que a Ucrânia propõe não é adequado, mas eu sei –dirá o presidente Lula– como colocar os assassinos atrás das grades de uma maneira mais rápida, sem tribunal’. Bom, aí a Ucrânia ficará muito contente em receber este conselho do presidente Lula de como colocar os assassinos do Kremlin na prisão de forma ainda mais rápida. Estamos sempre abertos a qualquer inovação na aplicação das leis.”

Desencontros no G-7
Lula tem tentado desde que tomou posse intermediar um acordo de paz entre Rússia e Ucrânia e o Brasil tem adotado uma posição de neutralidade no conflito. Declarações públicas do presidente que responsabilizam Kiev pelo conflito, no entanto, foram interpretadas como um sinal de apoio ao Kremlin.

Lula e Zelenski chegaram a conversar por videoconferência no começo do ano e o presidente enviou seu assessor especial de política externa Celso Amorim para encontrar o líder ucraniano em Kiev. Apesar disso, na cúpula do G-7 em Hiroshima, no mês passado, os dois não se reuniram.

Segundo o Itamaraty, os ucranianos não apareceram ao encontro no horário sugerido, mas Zelenski deu outra versão. “No G-7, tive várias reuniões bilaterais. Disseram que a gente não havia tentado nem se esforçado para encontrá-lo, isto não é verdade. Não é gente séria, substantiva, que está dizendo isso”, disse o presidente da Ucrânia. “Reitero que quero me encontrar com ele. Já ofereci a realização de uma reunião em qualquer formato. Já convidei várias vezes o presidente Lula para vir à Ucrânia. Estivemos em contato com a equipe dele quando ele estava na Espanha e em Portugal, pensei naquele momento porque a distância era menor e talvez ele conseguisse encontrar um tempo.”


Lula recebe presidente da Finlândia, aliada da Ucrânia, e critica invasão do país pela Rússia
Presidente participa de uma bilateral com o presidente da Finlândia, Sauli Niinistö
Alice Cravo — Brasília
O Globo, 01/06/2023

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente da da Finlândia, Sauli Niinistö, discutiram nesta quinta-feira, durante uma reunião bilateral, sobre a guerra entre Ucrânia e Rússia. Em declaração à imprensa, Lula reforçou as críticas à ocupação territorial da Ucrânia e afirmou que o Brasil faz parte de um grupo de países que "quer se manter neutro" para construir possibilidade do fim da guerra.

— O Brasil desde que começou essa guerra fez crítica a ocupação territorial da Ucrânia — afirmou, completando: — Estamos tentando formular a oportunidade, quando convier aos dois presidentes, da Rússia e da Ucrânia, colocar uma proposta de paz na mesa que tem que ser combinada com os dois. Não acontecerá nada enquanto Ucrânia e Rússia não tomarem a decisão de que querem a paz. O Brasil, portanto, faz parte de um grupo de países que querem se manter neutro para construir a possibilidade do fim da guerra.

Em seu pronunciamento, Lula afirmou que ouviu com "interesse" as considerações do outro presidente sobre o conflito e que reafirmou a posição em defesa da integridade territorial da Ucrânia.

— Ouvi com muito interesse as considerações do presidente Niinisto sobre a guerra entre a Ucrânia e a Rússia, país este com o qual a Finlândia partilha mais de mais de mil e trezentos quilômetros de fronteira. Reiterei a posição do Brasil de defesa da integridade territorial da Ucrânia e de condenação da invasão. Afirmei também nossa convicção sobre a necessidade de criar espaços de diálogo, que contribuam para a busca de solução pacífica para o conflito.

O presidente da Finlândia, por sua vez, afirmou que está "plenamente com a mesma opinião" do presidente Lula e que a "paz é a coisa mais importante".

— Estamos plenamente com a mesma opinião. A paz é a coisa mais importante e toda tentativa pela paz é muito valiosa. O nosso pensamento é que a Ucrânia foi atacada ilegalmente pela Rússia e a Ucrânia precisa de uma paz que a Ucrânia tem que aceitar, mas é bastante óbvio que hoje a paz precisa chegar, mas precisa estar de acordo e é preciso discutir como garantir uma paz na região.

Lula ainda afirmou que assinou com Niinistö um acordo sobre serviços aéreos na reunião bilateral realizada no Itamaraty.

-- Estou certo de que a delegação empresarial que acompanha o presidente encontrará excelentes oportunidades de negócio e investimento no Brasil. O acordo sobre serviços aéreos que assinamos hoje reforça nossa vontade de aproximação.


The case for Ukraine (for America) - Marc Thiessen (WP)

 

War for Ukraine and the Rediscovery of Geopolitics - Sven Biscop (Egmont Institute)


Dear colleague,

I have the pleasure of sending you a new Egmont Paper, in which I travel around the world in 10 pages to assess the geopolitical consequences of Russia’s war against Ukraine:

 

War for Ukraine and the Rediscovery of Geopolitics


 

 

 The illustration shows the multipolar world of 1937. It is a period map that was given out as a supplement with a Belgian newspaper in that year. I picked it up at the Brussels flea market, and now it graces our bedroom. Nevertheless, geopolitics does not keep me awake at night, nor do I dream of Grand Strategy. Well, maybe a little bit…

Best wishes, 

Sven 

Prof. Dr. Sven Biscop

Director – Europe in the World Programme, Egmont

Professor – Ghent University 

Associate Member – Royal Academy for Overseas Sciences 

Egmont – Royal Institute for International Relations

Rue des Petits Carmes 15, B-1000 Brussels

s.biscop@egmontinstitute.be


 War for Ukraine and the Rediscovery of Geopolitics: Must the EU Draw New Battlelines or Keep an Open Door?

By Sven Biscop

 (1 June 2023) 

In Egmont papers



·       EU and strategic partners,

·       EU strategy and foreign policy,

·       Europe in the world,

·       European defence / NATO


Just like many Allied leaders during World War One could only see what was right in front of them, i.e., the continuous line of trenches in Belgium and France, so many EU leaders today see only the land war in Ukraine. They disregard, at their peril, that for Russia, one of the vital interests at stake is control over the Black Sea and access to the Mediterranean. For years, in fact, Russia has been doing what Churchill advocated the Allies do in the Great War. In the face of the perceived frontal onslaught of EU and NATO enlargement into Eastern Europe, Putin has been turning Europe’s flanks. Russia has forged a special relationship with Turkey; it has intervened successfully in Syria, safeguarding its naval base in Tartus; and it has established a military presence from the shores of the Mediterranean to Central Africa. Europeans are forever debating which flank, East or South, should receive priority. Seen from Moscow this is one vast theatre, where Russia constantly acts as a spoiler, thwarting Europe’s plans, with the aim of weakening the EU and NATO and diverting them from Eastern Europe.


View pdf: 


EGMONT PAPER 123 | WAR FOR UKRAINE AND THE REDISCOVERY OF GEOPOLITICS

Table of Contents

Introduction 

Entering the Game of Geopolitics 

A New Geopolitical Situation in Europe 

Wider Geopolitical Ramifications 7

Africa 7 The Gulf 7 

The Caucasus and Central Asia 8

China, Russia, and Eurasia 9 

A New World Order? 10 

Conclusion and Recommendations for Future EU Strategy 12

Endnotes, 13


Postagem em destaque

Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida

Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...