segunda-feira, 12 de junho de 2023

O Tribunal Penal Internacional investiga Putin por Crimes contra a Humanidade

 Mais um crime contra a humanidade perpetrado por Putin. Lula teria alguma opinião a respeito?


International Criminal Court investigates the destruction of Nova Kakhovka Dam

The International Criminal Court had already launched an investigation of Russia's destruction of the Nova Kakhovka Dam (NKD) in Kherson Oblast, Ukraine's President stated. 

The NKD "destruction could, in principle, be prosecuted under various provisions in the ICC Statute, including the war crime of intentionally directing attacks against civilian objects and a provision concerning attacks that cause serious damage to the natural environment. It could possibly also be prosecuted as a crime against humanity, potentially with reference to utilizing environmental destruction to attack the civilian population," Just Security made a preliminary assessment of the legal conditions of what could potentially become the Court's first environmental crimes investigation. 

Source: Centre for Defence Strategies (CDS) is a Ukrainian security think tank; 

Daily Brief, June 12, 2023

POLÍTICA EXTERNA: A diplomacia ‘repentista’ de Lula - José Eduardo Faria (Jota)

POLÍTICA EXTERNA

A diplomacia ‘repentista’ de Lula

Com a cabeça nos tempos da Guerra Fria, presidente tornou assertiva sua posição à esquerda na economia e na geopolítica

José Eduardo Faria
Jota, 11/06/2023

 

diplomacia de Lula
Lula recebe presidentes sul-americanos em Brasília. Crédito: Ricardo Stuckert/PR

Para um presidente da República inteligente mas pouco instruído que optou por priorizar a política externa, deixando a política interna para seus ministros, os primeiros cinco meses de mandato estão corroendo rapidamente sua autoridade e credibilidade. Com a cabeça nos tempos da polarização da Guerra Fria, Lula tornou assertiva sua posição à esquerda quer na economia quer na geopolítica.  

Na economia, por exemplo, criticou a hegemonia do dólar no comércio mundial, na viagem à China. Também defendeu a criação de uma moeda alternativa ao fim de seu encontro em Brasília com 11 presidentes de países sul-americanos em maio. “Por que hoje um país precisa correr atrás de dólar para exportar, quando ele poderia exportar em sua própria moeda, e os bancos centrais certamente poderiam cuidar disso”, indagou Lula na ocasião, não escondendo a pretensão de ser porta-voz dos interesses da região. 

No plano político, surpreendeu ao afirmar nos Emirados Árabes Unidos que o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, é tão culpado quanto o presidente russo, Vladimir Putin, pela invasão da Ucrânia pela Rússia. E, depois de dizer que “a construção da guerra foi mais fácil do que será a saída da guerra, porque a decisão da guerra foi tomada por dois países”, defendeu a criação de uma espécie de G20 político com o objetivo de restabelecer a paz naquela região. 

Além disso, durante o encontro com os líderes sul-americanos, também surpreendeu ao conceder ao presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, uma reunião fora da agenda oficial. Na ocasião, afirmou que esse país – classificado pelos relatórios da OEA como “um regime autocrático e sem garantias de liberdades fundamentais” – estaria sendo alvo de “narrativas, em referência às afirmações de que é uma ditadura”. E criticou Washington por desclassificar a legitimidade de Maduro e impor sanções contra seu regime. No dia seguinte, o presidente do Uruguai, um conservador, e do Chile, um esquerdista, protestaram. Não se pode tapar o sol com a peneira, violação de direitos humanos não é narrativa, alegaram. 

Muitas foram as críticas sobre os equívocos e bobagens que Lula vem cometendo e falando em matéria de política externa. Uma das mais felizes foi a do diplomata brasileiro Marcos Azambuja, ex-embaixador na França e na Argentina e ex-secretário-geral do Itamaraty. Em entrevista ao jornal Valor Econômico, ele lembrou, no plano formal, que diplomacia é feita com “palavras medidas milimetricamente, com precisão conceitual e rigor semântico”. E também disse que Lula vem primando pela desatenção à linguagem e pela imprecisão conceitual. “Não pode improvisar linguagem em temas de terreno minado”, como os de política externa. No plano substantivo, Azambuja enfatizou que a falta de “disciplina das ideias” do presidente está levando o Brasil a ter uma política externa “espontânea e improvisada”, o que tende a reduzir a estatura internacional do país. 

Como as críticas foram respeitosas e procedentes, e Lula ainda tem três anos e meio de mandato, o mais sensato é que ele as ouça enquanto é tempo. Sem ser pretensioso nem professoral, eu sugeriria a ele que aproveitasse uma manhã de sábado e se concentrasse por pelo menos meia hora na leitura de um discurso pronunciado na tribuna da Câmara em 26 de agosto de 1959 por um deputado que mais tarde seria ministro das Relações Exteriores e da Fazenda. Trata-se de San Tiago Dantas, e sua fala disse respeito a uma reunião de chanceleres sul-americanos da qual participou. Ocorrida no Chile, ela foi convocada para discutir uma política externa dos países da América do Sul capaz de defender a democracia em plena Guerra Fria.

A base do documento aprovado foi a proposta brasileira, apresentada pelo então titular do Itamaraty, ministro Horácio Lafer. A proposta enfatizava a importância do império da lei, da independência dos Poderes e do controle da legalidade dos atos de governo. Defendia eleições livres e classificava como antidemocrática a perpetuação dos governantes no poder. Enfatizava a importância dos direitos individuais, do direito de manifestação do pensamento e da liberdade de imprensa.

O argumento básico do documento era que apenas com base nesses princípios os governos sul-americanos conseguiriam adotar políticas capazes de promover o desenvolvimento econômico, reduzir desigualdades sociais e assegurar a independência dos povos. “Se o florescimento da democracia na comunidade regional depende do desenvolvimento econômico e se este por sua vez depende da cooperação internacional, é claro que entre esta e o fortalecimento da democracia há uma relação de causalidade indisfarçável, à qual cumpre dar adequada expressão jurídica”, concluiu San Tiago, um nome até hoje respeitado por suas posições avançadas em seu tempo, ao justificar e defender a posição  brasileira. 

Publicado em 1983 pela Câmara na série Perfis Parlamentares, um livro com 695 páginas, esse discurso tem 16 páginas. Mas, se concentrar atenção somente nas páginas 281, 282 e 283, Lula poderá seguir, para seu próprio sucesso político e em benefício do país, o conselho de Azambuja: “Na defesa de valores e de interesses os países precisam usar da sobriedade nas palavras e na moderação no tom; com valores, interesses, sobriedade e moderação costuma-se errar menos”, disse ele, após propor ao presidente que não se comporte mais como um repentista – o cantor nordestino que responde com naturalidade o verso que virá enquanto ainda está cantando o verso anterior. “Na diplomacia, esse é um exercício perigoso”, concluiu.

Como a Economia global pode ajudar novamente o governo Lula - Luiz Guilherme Gerbell (OESP)

 Como a Economia global pode ajudar novamente o governo Lula

Por Luiz Guilherme Gerbelli
O Estado de S. Paulo, 11/06/2023

O início da nova gestão de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem tido uma ajuda inesperada da economia global. Na virada do ano, o que boa parte dos analistas esperava era uma atividade mundial bem mais fraca do que os últimos indicadores têm revelado.

A conjuntura mais positiva deve fazer com que o Brasil colha um novo ano de bom resultado da balança comercial. Uma parte dos bancos e consultorias prevê um superávit acima de US$ 70 bilhões em 2023, o que marcará um recorde se confirmado.

O estágio atual da economia está longe de ter como pano de fundo a forte expansão observada na primeira década dos anos 2000, fundamental para sustentar o crescimento econômico nos dois primeiros mandatos de Lula (2003-2010). Mas o fato de o mundo ter se mostrado resiliente neste início de ano pode ajudar a repetir, ainda que em uma escala menor, o ambiente internacional favorável enfrentado pelo petista no passado.

“Há sinais de desaceleração na atividade global, mas não é um colapso”, afirma Julia Passabom, economista do Itaú Unibanco.

Os analistas ainda tentam entender o que explica essa força acima do esperado na atividade global. O mundo lida com um cenário pouco comum. Enquanto a confiança de consumidores e empresários está em queda - o que indica uma menor propensão para investir e comprar –, os dados de atividade, sobretudo no setor de serviços, ainda não apresentaram uma desaceleração tão acentuada.

“Há sinais de desaceleração na atividade global, mas não é um colapso”, afirma Julia Passabom, economista do Itaú Unibanco.

Os analistas ainda tentam entender o que explica essa força acima do esperado na atividade global. O mundo lida com um cenário pouco comum. Enquanto a confiança de consumidores e empresários está em queda - o que indica uma menor propensão para investir e comprar –, os dados de atividade, sobretudo no setor de serviços, ainda não apresentaram uma desaceleração tão acentuada.

A economia brasileira começou a registrar robustos resultados comerciais no início dos anos 2000, quando o gigante asiático ingressou no comércio internacional e passou a crescer de forma mais acelerada - em alguns anos, o avanço do PIB superou 10%. De 2001 a 2022, as exportações de produtos básicos do Brasil cresceram de US$ 23,8 bilhões para US$ 158,9 bilhões, de acordo com dados tabulados pela Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex).

Hoje, os sinais de desaceleração da economia global levam a uma queda nos preços, que subiram de forma acelerada depois de superada a fase mais aguda da crise sanitária. O Brasil, no entanto, tem conseguido compensar essa redução com o aumento na quantidade de produtos vendidos. O País colheu uma supersafra de grãos e é dono de um agronegócio que se destaca pela sua elevada produtividade.

“O Brasil está performando bem por conta própria, pelos próprios méritos”, afirma Fabio Akira, economista-chefe da BlueLine Asset. ”Houve um choque de oferta no setor exportador. É o que chamo de milagre de multiplicação. Consegue dar uma turbinada no PIB, simultaneamente alivia a inflação e beneficia as contas externas.”

Nos últimos anos, a subida da cotação das commodities ajudou a colocar o comércio internacional do País em outro nível. Um estudo feito pelo Bradesco mostra que o peso da corrente de comércio (soma da importação e exportação) no Produto Interno Bruto (PIB) ultrapassou a marca de 30% desde 2021, o maior patamar desde o início da série histórica, em 1960 - em média, essa relação sempre rondava os 20%.

“É verdade que esse movimento foi fruto do efeito da explosão de preços na pandemia, mas o fato é que houve um efeito multiplicador no crescimento da economia”, avalia Honorato, do Bradesco. “Parte importante da surpresa de crescimento tem a ver com o fato de a força do preço das commodities ter sido subestimada.”

Setor externo melhor
Os resultados da balança comercial devem contribuir para melhorar o resultado do setor externo brasileiro como um todo. Nas contas do Itaú, o déficit em conta corrente do País deve recuar dos atuais 2,7% do PIB no acumulado em 12 meses para 1,7% do PIB ao fim de 2023. “É um número melhor do que a média recente. Nos últimos três anos, ficou ao redor de 2,5% do PIB”, afirma Julia, economista do banco.

O setor externo brasileiro também se beneficia de uma situação confortável no volume de investimentos diretos no País (IDP). Em 12 meses até abril, o IDP somou US$ 82 bilhões (ou 4,17% do PIB), um pouco abaixo do apurado em março (US$ 89,7 bilhões ou 4,57% do PIB), mas muito superior ao verificado em abril de 2022 (US$ 54,3 bilhões ou 3,12% do PIB).

“Bem ou mal o Brasil se livrou dos desequilíbrios externos há algum tempo”, diz Barbosa, do Bradesco. “Hoje, o nosso déficit, comparativamente aos países da América Latina, não chega a chamar tanta atenção.”

O Brasil é um nova Suíça?
Nas últimas semanas, os resultados da balança comercial levaram o economista-chefe do Instituto de Finanças Internacionais (IIF, na sigla em inglês), Robin Brooks, a afirmar que o Brasil caminha para se tornar “a Suíça da América Latina”.

“Está surgindo um enorme superávit comercial, diferente de qualquer outro país da região. Isso vai dar ao Brasil estabilidade externa e uma moeda forte”, publicou o economista no Twitter.

Os números positivos mais recentes do setor externo não apagam o início confuso da gestão Lula na economia. Os ataques do governo ao Banco Central e a incerteza fiscal assustaram os investidores. A nova gestão petista ainda tentou rever o marco do saneamento e questionou a privatização da Eletrobras, o que não foi bem visto. No diálogo com o agronegócio, também houve entraves, com os atos do Movimento dos Sem Terra, que culminaram numa Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI). O ministro da Agricultura foi desconvidado da Agrishow, a maior feira do setor.

Do lado positivo, os fatores que ajudam a mitigar essas preocupações e ainda colocam o Brasil no radar do comércio internacional vêm da aprovação na Câmara dos Deputados do arcabouço fiscal - que reduziu o temor com o forte aumento do endividamento do País nos próximos anos -, a investida na reforma tributária, e o discurso ambiental.

“É um governo percebido pela comunidade internacional como tendo um compromisso com o meio ambiente e que tem falado mais da agenda de transição energética. Para o fluxo futuro, isso deve ser importante”, diz o economista-chefe do Bradesco.


O ''negócio'' do futuro e os conselhos de Kissinger - Pedro S. Malan (Estadão)

 O ''negócio'' do futuro e os conselhos de Kissinger

Por Pedro S. Malan
O Estado de S. Paulo11/06/2023

“It is the business of the future to be dangerous” (é o negócio do futuro ser perigoso) escreveu o grande matemático e filósofo Alfred Whitehead em 1926. Tempos atrás, cometi a ousadia de parafrasear o autor na forma “o futuro tem por ofício ser incerto”, porque penso que incerteza engloba não só perigos, como também imprevisibilidades, sonhos, expectativas e oportunidades que o futuro sempre encerra. Este artigo explora certas imprevisibilidades – e possibilidades – do futuro neste sexto e problemático mês do governo Lula 3.

Começo com o conselho de um grande investidor americano, Howard Marks: “Você pode não conhecer o futuro, mas é bom que tenha uma boa ideia sobre onde você se encontra” (you may not know the future, but you would better have a good idea of where you are). Sempre achei que esse conselho se aplica não apenas a pessoas, mas também a empresas, a países e ao mundo.

Em imperdível e longa matéria publicada na The Economist e em português neste jornal (20/5/2023), Henry Kissinger apresenta três lições a “aspirantes a líder”. A primeira: “Identifique onde você está”. E acrescenta a palavra-chave: impiedosamente (pitilessly). O que deveria englobar a compreensão de como e por que se chegou até o momento atual – base para vislumbrar futuros possíveis.

Os conselhos de Marks e Kissinger aplicam-se a Lula e seu “núcleo duro”, que deveriam estar impiedosamente avaliando a situação em que se encontram – e olhando à frente, com foco na governabilidade, para os cruciais 18 meses à frente, até outubro de 2024. Já em 2021, Marcos Mendes concluiu artigo (FSP, 3/12) com sugestões ao presidente da República a ser eleito em outubro de 2022: “Ou Vossa Excia. constrói e controla uma coalizão majoritária no Congresso ou alguém vai construí-la e inviabilizará o seu governo. E Vossa Excia. já terá um ponto de partida ruim, tendo de desfazer os erros que ora se acumulam”. Mendes não precisou lembrar ao futuro presidente que a composição do Congresso Nacional para a legislatura que se iniciaria (2023-2026) já estaria definida desde o primeiro turno. E que os então incumbentes teriam sobre novos candidatos a enorme vantagem decorrente dos bilionários Fundos Eleitoral e Partidário, bem como das crescentes emendas parlamentares transferindo maior poder ao Legislativo em matéria orçamentária.

A propósito, em excelente artigo recente (Governos e coalizões, FSP, 5/6), Marcus André Melo nota uma característica de nosso fragmentado sistema de presidencialismo multipartidário com partidos não programáticos: “Partidos diferentes ocupando o Executivo e Legislativo decorrem de suas bases eleitorais serem diferentes, e a estrutura de incentivos com que se deparam, radicalmente distinta. Para os deputados, a sobrevivência política é função dos recursos que alimentam redes locais via ministérios, cargos no segundo escalão e emendas orçamentárias. Para o presidente, ela é nacional e de outra natureza: ele (a) é punido (a) ou premiado (a) por desempenho econômico e políticas redistributivas”. O alinhamento entre incentivos tão díspares, nota o autor, não é orgânico. “Há espaço para ganhos de troca, embora o resultado social líquido seja marcado por grande ineficiência alocativa.”

Agora, o segundo conselho de Kissinger: defina objetivos capazes de agregar (enlist, no original) as pessoas. “Encontre meios que sejam enunciáveis (describable means, no original) para alcançar esses objetivos.” Esse conselho é particularmente relevante para o Brasil no momento atual. É importante, na expressão, o describable, porque não bastará enunciar uma longa lista de objetivos desejáveis, sem a preocupação de descrever os meios para alcançá-los. É na identificação destes que surgem os difíceis trade-offs.

O terceiro e último conselho de Kissinger para aspirantes a líder com pretensões de protagonismo global é também particularmente significativo para o Brasil de hoje, que tem claras (e legítimas) pretensões na arena global e que exercerá a presidência do G-20 em 2024. O conselho é: “Ligue tudo isto aos seus objetivos domésticos, sejam eles quais forem”. Afinal, o prestígio, a voz, a influência e o protagonismo de um país no mundo dependem fundamentalmente de sua capacidade de mostrar a si próprio, à sua região, e ao mundo que está sendo capaz de equacionar os seus numerosos problemas domésticos nas áreas econômica, social, ambiental e político-institucional.

A frase de Whitehead que citei no início tem uma importante segunda parte: “(...) and it is among the merits of Science that it equips the future for its duties” (e está entre os méritos da Ciência equipar o futuro para seus deveres). Os países mais bem-sucedidos do mundo foram aqueles que entenderam, ainda que em momentos históricos distintos, que seu desenvolvimento de longo prazo dependeria da força propulsora dada por educação de qualidade e facilitação de avanços científicos, tecnológicos e inovações que permitissem aumentos de produtividade e capacidade de inserção internacional. São estes os elementos que, em última análise, asseguram o desenvolvimento econômico social sustentável no longo prazo de qualquer país. O Brasil não é – e não será – exceção.

*

ECONOMISTA, FOI MINISTRO DA FAZENDA NO GOVERNO FHC. E-MAIL: MALAN@ESTADAO.COM


Russia’s New Rasputin (Yevgeny Prigozhin) - Nina L. Khrushcheva (Project Syndicate)


Russia’s New Rasputin

Project Syndicate, Jun 9, 2023


The chief of the feared Wagner Group, Yevgeny Prigozhin, has been attacking Russia's top military brass and warning that ordinary Russians, increasingly frustrated with the lack of progress in the Ukraine war, could revolt. Is Russian President Vladimir Putin's regime in real danger?

NEW YORK – Russia’s war against Ukraine has not gone as planned, to say the least. And now Yevgeny Prigozhin, the chief of the private military company Wagner Group, is escalating his public attacks on Russia’s military. At a time when the Kremlin is aggressively suppressing dissent, how does he get away with it?

Since launching his “special military operation” in February 2022, President Vladimir Putin has claimed to be pursuing a variety of objectives. After initially seeking the “denazification” and “demilitarization” of all of Ukraine (by seizing control of it), he aimed to “liberate” the eastern Donbas region. He has also spoken of defending Russia’s “historical frontiers” and insists that the West forced him to attack Ukraine.

These rhetorical shifts reflect battlefield dynamics – in particular, Russian forces’ repeated setbacks, mistakes, and miscalculations. Simply put, Putin is attempting to save face. But Prigozhin – on whom Putin has become increasingly dependent for battlefield victories – is not making it easy.

In a wide-ranging interview with the pro-Kremlin political blogger Konstantin Dolgov, published on May 24, Prigozhin railed against the special military operation. Instead of denazifying Ukraine, he noted, Russia made it “world famous.” And far from “demilitarizing” Ukraine, Russia militarized it: “If [the Ukrainians] had 500 tanks before, now they have 5,000. If 20,000 fighters were skillful then, now it’s 400,000.”

Prigozhin pinned the blame squarely on Russia’s elites, particularly senior military leaders, accusing them of lack of commitment to the war. And he warned that ordinary Russians, increasingly frustrated with the lack of progress, could revolt. The only solution, in his view, is to escalate the war effort, declare martial law, and launch “a new wave of mobilization.” Otherwise, “we could piss Russia away.”

Prigozhin is not wrong to question the commitment of Russia’s elites to the war effort. In early June, Konstantin Zatulin, State Duma deputy of Putin’s United Russia party, conveyed a similar sentiment – that “many goals of the operation have lost meaning… there is no result.” He insists that Russia needs to regroup and push on, but his comments expressed bewilderment at what is going on at the top of the Kremlin. Virtually the entire cabinet – including Defense Minister Sergei Shoigu, a favorite target of Prigozhin – would prefer to avoid further escalation, and the military may well be devising strategies to that end.

This is a pragmatic decision. Most of Russia’s ruling class believe that it is hard for Russia to “win” the war. The more it fights the more Russia could turn into a kind of North Korea, a country willing to sacrifice everything – living standards, security, even sovereignty, as the country becomes ever more dependent on a China that covets its resources – to satisfy its leader’s obsessions.

But Prigozhin is just fine with that outcome. He wants Russians to give up material comforts (never mind the huge sums he makes from the war) in the name of the mythical “unique country-civilization” that Russia and the broader Russkiy mir (Russian world) represent. In his view, the refusal of Russian elites fully to embrace jingoism is indefensible, especially in the face of rising civilian deaths from Ukrainian attacks on Russian territory. And he is not alone.

Relentless propaganda may not have convinced ordinary Russians to join the war effort, but it has fueled their rage. When I was in Moscow in January, one could freely express displeasure with the Kremlin – at least in relatively private social settings. Now, as in the Stalin era, enemies are everywhere. Friends and neighbors report on each other, and café workers eavesdrop on their customers.

Some of these enraged Russians are beginning to see enemies everywhere, and would no longer mind full militarization of Russia’s political and economic system. They are still pro-Putin, but as the war drags on, they increasingly doubt his might. So, is the revolt Prigozhin envisions – and appears to desire – becoming more likely?

To answer that question, one must consider Prigozhin’s influence, which rests on the Wagner Group’s fearsome record of battlefield victories and atrocities. Furious Russians may also be drawn to his ruthless rhetoric (“a dog receives a dog’s death,” he said of a video showing the execution by sledgehammer of a former Wagner mercenary who had switched sides in Ukraine).

The fact that Prigozhin can criticize the war effort without consequences – his interlocutor, Dolgov, was fired over the interview – only augments his mystique. In Saint Petersburg, his native city, one can take a guided tour of Nabokov’s or Pushkin’s Petersburg, and now of Prigozhin’s.

But Prigozhin is not using this influence to challenge Putin. On the contrary, when he attacks Russia’s military and political elites, he draws attention away from the man at the top. And, ultimately, Putin probably agrees with much of Prigozhin’s stance. After almost a quarter-century in power, Putin has no capacity to lead a revolution on the ground. But the war in Ukraine – and his often-unhinged rhetoric – have shown that he is an instigator at heart.

Prigozhin is outside the system, but the system is what he serves. In this sense, he is much like Grigori Rasputin, the “mystic monk” who befriended – and strongly influenced – Russia’s last imperial family, the Romanovs, before the 1917 revolution. In both cases, the state lacked coherence, and the man in charge failed to display adequate leadership, even as he dispensed orders. Fringe elements emerged to fill the void, not by attempting to guess what the boss wanted and executing it, but by establishing themselves as forces to be reckoned with – all against a backdrop of popular fury.

Putin might identify with Prigozhin and appreciate the Wagner Group’s contributions to the effort to destroy Ukraine. But he must understand that Prigozhin’s independence, boldness, and ambition subvert the social quiescence that is essential to the regime’s survival. Rasputin came to a grisly end after making himself the target of a decadent elite. Prigozhin could be on a similar path.

Nina L. Khrushcheva, Professor of International Affairs at The New School, is the co-author (with Jeffrey Tayler), most recently, of In Putin’s Footsteps: Searching for the Soul of an Empire Across Russia’s Eleven Time Zones (St. Martin's Press, 2019).

domingo, 11 de junho de 2023

Opinião pública russa apoia majoritariamente a guerra de agressão, "para salvar a Rússia", dizem até os que são contra a guerra e contra Putin

 Pesquisa de opinião na Rússia, refletida no boletim do CDS: 

"The very existence of my Motherland (Russia) is at stake. I don't want to see the collapse, the destruction of my country."

Meduza, a Russian media, conducted a poll that showed that even in its liberal audience, "there are people who continue to make excuses for the invasion, despite the fact that it's caused untold pain for millions of Ukrainians and has been destructive to Russia itself." 

"A war ends when one side wins. Russia's defeat will mean national humiliation, which we cannot allow. Therefore, we must win — we no longer have a choice," a 35 y.o. wrote. "The war was a mistake, but losing it is unacceptable," a 30 y.o. Russian living in Germany wrote. "I'm angry at both sides of the conflict. I'm angry at Russia because it started a stupid, bloodthirsty war leading to senseless killing daily. I'm angry at the countries that support Ukraine because they're not insisting on an immediate cessation of hostilities, on end to the senseless killing," a 38 y.o. wrote. "I don't support the war. But unfortunately, the very existence of my Motherland (Russia) is at stake. I don't want to see the collapse, the destruction of my country," a 38 y.o. wrote. "The only thing worse than a war is a lost war. Starting it was an insane mistake, but now we have to win it; otherwise, we'll be in the position of vae victis. I don't support Putin — damn him," a 35 y.o. wrote. " [I support the war] because, in my view, the "peace plan" presented by Zelensky and supported by the "collective West" is highly likely to do so much damage to Russia that we can't be sure it would survive," a 36 y.o. wrote. "As a resident of Russia, I believe that while sending troops into Ukraine was a mistake, withdrawing them would be a crime. I have no intention of paying reparations for the mistakes of others for the next 20 years," a 28 y.o. 

There's a growing understanding among the expert society of what kind of profound and long-lasting problem Russia and Russians pose to Europe and the globe. Furthermore, there are indications of an evolving understanding of the attitudes towards Russia and Russians in Ukraine and other Central and Eastern European countries. However, it will take a considerable time for this sober understanding to become widely accepted as the mainstream view. The genocidal war waged by Russia against Ukraine has compelled a thorough reassessment of the approaches to Russian studies, highlighting the urgent need for a profound revision.

Center for Defense Studies, Daily Brief, June, 11, 2023


A Igreja Ortodoxa Russa declara que o pacifismo é uma heresia e apoia o morticínio entre cristãos - Center for Defense Studies

 International and relevant Russia’s news 

CDS, June 11, 2023

In a politically motivated case, the Russian Orthodox Church's Court declared pacifism a heresy, alien to the Church. The reason for such a verdict was an anti-war statement made by Priest Ioann Burdin, "we Christians do not dare to stand aside when a brother kills a brother; a Christian kills a Christian. We cannot bashfully close our eyes and call black on white, evil on good, say that Abel was probably wrong when he provoked his older brother." 

"His pacifism is imaginary, one-sidedly oriented, his anti-Russian political position is clearly visible behind him, perceived in our country as unacceptable, and, it is important to emphasize, radically at odds with the position of the Russian Orthodox Church," the verdict reads. 

Meanwhile, Ukraine's Orthodox Church held a liturgy for the first time in more than three centuries, praying for the repose of Hetman (military ruler) Ivan Mazepa in the Kyiv-Pechersk Lavra. Hetman Ivan Mazepa was a close ally of Moscow's Tsar Peter I but turned to Swedish King Charles XII when the Muscovite refused to honor an agreement and help to defend Ukraine. "Ukraine's Hetman, calm and bold" inspired Lord Byron to write a poem in his name (Mazeppa). By order of Tsar Peter I, the Moscow Church imposed an anathema to the Hetman Ivan Mazepa. In September 2018, the Ecumenical Patriarch and the Synod of the Patriarchate of Constantinople stated that they never recognized the validity of the anathema of Ivan Mazepa because it was imposed purely for political reasons. 

Both cases prove that the Russian Orthodox Church has been a political tool of Russian rulers throughout the centuries.

"In Russia's wars, the very senselessness seems to be the sense," Peter Pomerantsev argued about the Russian death cult in the Guardian. "In a culture such as Russia's, where avoiding facing up to the dark past with all its complex webs of guilt and responsibility is commonplace, such oblivion can be especially seductive." 

"Putin's war has become the war of all Russians. His legacy will remain part of their legacy, and it will continue to weigh heavily on their domestic affairs and the country's relationship with the rest of the world," wrote Eugene Rumer of the Carnegie Endowment for Foreign Affairs. 

Source: Center For Defense Studies (Ukraine)

Daily Brief CDS cds.dailybrief@gmail.com

Postagem em destaque

Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida

Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...