domingo, 12 de janeiro de 2025

Envisioning Brazil: a Guide to the Study of Brazil in the United States, 1945-2000, ed. with Marshall C. Eakin - Royalties due

A editora da Universidade de Wisconsin me avisa que me devem 25 dólares, mas que só vão pagar quando os royalties do livro editado com meu amigo Marshall C. Eakin chegarem a 50 dólares. Bem, vamos esperar...

O livro é este aqui:
Envisioning Brazil: a Guide to the Study of Brazil in the United States, 1945-2000 (with Marshall C. Eakin, as co-editor). University of Wisconsin Press (Madison), 2005



Georgia: a primeira vítima do imperialismo de Putin, continua sob a pressão do ditador russo - Hudson Institute

Georgian President Salome Zourabichvili spoke virtually at Hudson amid mass demonstrations against the pro-Russia Georgian Dream party’s suppression of political opposition and its pivot away from the European Union.

Afterward, Representative Joe Wilson (R-SC) and an expert panel explained why supporting Georgians who are courageously standing up against Russian influence is in the United States’ interest. Key excerpts are below.

Watch the event, read the transcript, or listen here.

 
 

Key Insights

1. The Russia-China-Iran axis is expanding its influence in Georgia and the region.

If this Russian strategy were to win, it would be other countries that would be winning over this part of the world. China has very many interests linked with the ruling party. . . . We have seen the Georgian prime minister of the ruling party, Mr. Kobakhidze, going to Iran and siding with terrorist organizations. So, that is at stake. Not only democracy, not only Georgia’s future as a European country, but . . . the strategic control of this part of the world, of this Caucasus and of this Black Sea—because [the] Ukraine war is also about the Black Sea. . . . All of that is under challenge and threat by Russia in what it’s trying to do today in Georgia.

— President Salome Zourabichvili

 

2. Georgian Dream is aligned with Russia and China, and the US should not recognize its suspicious election victory.

We know that this regime corruptly gave the contract of a major deep-sea port to the Chinese Communist Party against bids of the EU and the United States. [Former Prime Minister Bidzina Ivanishvili] seeks to sell out Georgia and the Georgian people for the benefit of his dictatorship, which is maintained by rule of gun, instead of democracy, by rule of law. As war criminal [Vladimir] Putin continues his efforts to recreate the failed Soviet Union, the Georgian people want freedom. They show over and over again they are now in over 40 days of protests with [a] simple demand: free and fair elections.

— Representative Joe Wilson

 

3. The US has options to protect its interests in the region.

We need decisive action. I think we need bold action. We use our veto power inside NATO to block further cooperation at the NATO level with Georgia. This breaks my heart to say this as someone who’s spent more than a decade advocating for NATO [and] Georgia getting closer, but the situation warrants this. We should continue with our suspension of US-Georgian military cooperation. Again, it saddens me to say this. The Georgian military on a per capita basis suffered more casualties in Afghanistan than any country in the world when we were there. But we are at a point that, because of the illegitimate government, we cannot cooperate militarily with Georgia any longer. . . . We have to decide what is in America’s interest, what we want to do, and then we have to do it.

— Senior Fellow Luke Coffey

 

Quotes may be edited for clarity and length.

 

Lula esconde Maduro na conversa com Macron - Duda Teixeira (Crusoé)

Lula tem medo do PT? Dos militantes do Partido? Dos esquerdistas em geral? Do Maduro?

Escondeu que falou sobre a DITADURA venezuelana com o presidente Macron. Que vergonha!


 Lula esconde Maduro na conversa com Macron

Nota oficial do governo francês diz que os dois presidentes falaram sobre a Venezuela ao telefone, mas petista omitiu esse fato

Duda Teixeira

O Antagonista, 11/01/2025

O presidente Lula quer esconder que conversou sobre a ditadura do venezuelano Nicolás Maduro em telefonema com o presidente da França, Emmanuel Macron (foto).

Na sexta, 10, Maduro tomou posse para um terceiro mandato após uma fraude eleitoral, no dia 28 de julho.

Mais de onze países não reconheceram a vitória do ditador nas urnas, mas o Brasil de Lula tem preferido fugir do assunto.

Meia verdade

Lula e Macron conversaram por trinta minutos na sexta, 10.

Ao relatar sobre o telefonema na rede X, Lula só falou sobre a decisão da Meta de mudar a moderação nas redes sociais.

"Recebi ligação do presidente francês, Emmanuel Macron, para discutir as relações entre nossos países. Durante o telefonema, também conversamos sobre a decisão da Meta de reduzir a checagem de fatos e sobre o trabalho conjunto que podemos realizar para impedir que a disseminação de mentiras coloque em risco a soberania dos países e de nossas democracias", afirmou o presidente brasileiro.

Uma nota divulgada no site da Agência Brasil, do governo, também não fala nada sobre Maduro.

"Os governos do Brasil e da França compartilham de posicionamento similar na preocupação com o risco que a disseminação de notícias falsas, por meio de redes sociais, pode representar para a soberania dos países", diz o texto oficial.

Novamente, não há nenhuma frase sobre o ditador venezuelano.

A verdade inteira

Mas a nota divulgada na sexta, 10, pelo Palácio do Eliseu, sede do Executivo em Paris, conta outra história.

"O presidente da República (Macron) conversou por telefone nesta sexta-feira, 10 de janeiro de 2025, com o Sr. Luiz Inácio Lula da Silva, presidente da República Federativa do Brasil a respeito da situação na Venezuela. Os dois líderes expressaram primeiro o total apoio da França e do Brasil ao povo venezuelano. Condenaram nos termos mais veementes a tentativa de prisão de Maria Corina Machado, durante uma manifestação pacífica. Neste contexto, o chefe de Estado e o presidente Lula apelaram conjuntamente para que não fossem exercidas medidas de intimidação ou repressão contra membros da oposição. Os direitos dos cidadãos venezuelanos de se manifestarem e de se reunirem pacificamente devem ser respeitados. Afirmaram também que todos os detidos devido às suas opiniões ou compromissos políticos deveriam ser imediatamente libertados. O presidente da República e o presidente Lula apelaram a Nicolas Maduro para retomar o diálogo com a oposição. A França e o Brasil estão preparados para facilitar esta retomada do comércio, o que deverá permitir o retorno da democracia e da estabilidade à Venezuela", diz a nota francesa.

A nota oficial francesa dá um curto parágrafo para falar sobre a "luta comum contra a desinformação e pela regulamentação de conteúdos nas redes sociais".

Em seguida, o documento do Palácio Eliseu volta a se preocupar com a Venezuela, sem citar a conversa com Lula.

"Dando continuidade aos últimos intercâmbios com a oposição venezuelana, o chefe de Estado (Macron) voltou a falar hoje por telefone com Edmundo González Urrutia e depois com Maria Corina Machado para perguntar sobre o seu estado de saúde e a sua segurança. Lembrou toda a atenção que a França dedica ao respeito pelos direitos das mulheres e dos homens envolvidos na defesa da democracia na Venezuela", diz o texto oficial.

Macron tem a estatura moral que falta a Lula.

Reunião com representantes do governo

Também na sexta, Lula publicou a foto de uma reunião (foto) com onze "representantes do governo", para falar da Meta.

Entre os participantes estava Celso Amorim, o assessor especial para temas internacionais.

Ao ignorar a Venezuela e valorizar a questão da moderação nas redes sociais, Lula despreza um problema real e inventa outro que não existe.

Maduro prende, tortura e mata.

De acordo com a ONG venezuelana Foro Penal, ainda há 1.697 presos políticos na Venezuela.

Desses, três são adolescentes e 202 são mulheres.

Mas Lula prefere apontar o dedo para a empresa americana que permite a interação remota entre pessoas.

Na legenda da foto da reunião desta sexta, Lula escreveu:

"Reunião com os representantes do governo para tratar sobre os recentes anúncios da Meta e as implicações no Brasil. Duas decisões foram tomadas neste encontro. A primeira é uma notificação enviada pela AGU para que a Meta explique, em até 72 horas, as mudanças na política de checagem de fatos e notícias falsas, que podem afetar crianças, adolescentes e mulheres, por exemplo", afirma o presidente.

Não há nada na decisão da Meta que afete crianças, adolescentes e mulheres brasileiras.

A empresa só vai mudar a maneira de fazer moderação de conteúdo.

Em vez de recorrer às agências de checagem, que se mostraram tendenciosas, utilizará as notas de comunidade, que se provaram eficientes na rede X.

Não há nada que represente uma ameaça à sociedade civil no anúncio de Mark Zuckerberg.

"Eu não estou aqui para falar de Venezuela"

O presidente brasileiro sabe que falar de Maduro não cai bem e por isso quer evitar o tema a todo custo.

Vale lembrar que, quando apoiava a campanha para Guilherme Boulos para a prefeitura de São Paulo, no ano passado, o presidente aconselhou seu apadrinhado a não falar sobre a Venezuela.

"Eles não fazem pergunta para a gente responder mostrando que a gente tem competência. Eles querem fazer perguntas que não têm nada a ver com o papel do prefeito de São Paulo. Quando você for nesse debate, não responde provocação. Se perguntar para você: 'E a Venezuela?', você responde: 'A Venezuela é o seguinte: eu tô aqui para fazer casa para o povo, eu tô aqui para melhorar o transporte para o povo, para melhorar a saúde do povo. Eu não estou aqui para falar de Venezuela. Quer falar sobre a Venezuela, vai falar com o Ministério das Relações Exteriores ou vai falar com o Lula", disse o petista em um vídeo de outubro.

Leia em Crusoé: Maduro ainda está aqui

Leia em Crusoé: Lula quer falar tudo de Zuckerberg e nada de Maduro

Três grandes desafios dos novos diplomatas brasileiros - Aula Magna Paulo Roberto de Almeida (2024)

        No final de 2024, fui convidado para dar o que foi exageradamente chamado de "aula magna", destinada aos novos diplomatas aprovados no concurso do Itamaraty, para dar início a seus estudos no Instituto Rio Branco neste ano de 2025.

        Sem muito tempo para preparar uma verdadeira "aula magna", aproveitei um trabalho antigo, sobre dez novas regras de diplomacia, remetendo a um opúsculo do século XIX, de um diplomata português servindo à monarquia (ainda), e resumi o conjunto a três simples regras, a que dei o nome de "desafios", como registrei.

 4815. “Três grandes desafios dos novos diplomatas brasileiros”, Brasília, 20 dezembro 2024, 3 p. Notas para Aula Magna em curso preparatório a concurso para a carreira diplomática. Postado no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2024/12/tres-grandes-desafios-dos-novos.html). 

        Os interessados podem ler o texto inteiro no link acima, que remete aos links do original mais completo.

        Posto abaixo a apresentação-resumo: 





Crítica "afrobrasileira" à "Lei de Cotas" no Itamaraty - Frei David Santos (ICL)

Sociedade

Revogada a Lei de Cotas no Itamaraty?

Perfil que o Instituto Rio Branco deseja não comporta, nem na teoria nem na prática, o verdadeiro negro brasileiro 

Por Frei David Santos*

ICL Notícias, 28/12/2024

https://iclnoticias.com.br/revogada-a-lei-de-cotas-no-itamaraty/

 

O Instituto Rio Branco (IRBr), criado em 1946, é o principal projeto das elites, até os dias atuais. Neste projeto, nunca teve espaço para o povo afro-brasileiro.

Em 1959, jornais cariocas se solidarizaram com o professor da Universidade do Brasil (hoje, UFRJ), José Pompilio da Hora, outro homem brilhante, mas negro, preto retinto, que “foi barrado [pelo Instituto Rio Branco], sem que lhe dessem a menor satisfação ou explicação”. Em plena campanha presidencial, o Marechal Lott denunciou, publicamente, ao presidente Juscelino, o preconceito racial no Itamaraty.

Em seguida à repercussão da denúncia na opinião pública, em 1961, a política, não a burocracia, cedeu brevemente, quando o presidente Jânio Quadros nomeou Souza Dantas como primeiro embaixador negro do Brasil e o enviou para Gana (e, não, para um país europeu).

A pedra inaugural da posição do negro no Itamaraty foi então assentada: haveria, ainda que a contragosto da burocracia diplomática, negros na casa do Barão, porém distinguindo um negro desejável e um negro indesejável.

O ministério que apresenta a imagem do Brasil no exterior não quis e, ainda hoje, não quer que essa imagem reflita alhures a inegável africanidade do país para além do discurso.

O negro, se útil, seria em Gana, não na Suécia; se desejável, seria um pardo claro, não um retinto, independentemente de suas qualificações (foi a absurda negação da entrada no Itamaraty do ex Ministro Joaquim Barbosa – por três vezes) ou alguém é suficientemente superficial para dizer que o diplomata brasileiro é superior, em qualificação, a um ministro do STF – cargo atingido pelo Ministro Joaquim?

Por volta do ano 1970, um jovem afro-brasileiro, que sonhava lutar pela paz no mundo, hoje na atuação contra os equívocos do Itamaraty foi humilhado, ainda quando o Instituto Rio Branco funcionava no Rio de Janeiro: foi pedir orientação para ingressar na carreira de diplomata e a pessoa que o atendeu, o fez entender que estava num lugar errado. Buscou outro caminho (franciscanos) para lutar pela paz que vem pela conquista dos direitos iguais de todos/as – negros e brancos.

É verdade que, 40 anos mais tarde, em 2002, o Itamaraty foi pioneiro na implementação de uma política de ações afirmativas, provendo bolsas de estudos para financiar a caríssima preparação (que envolve provas de 4 idiomas e outras 7 disciplinas) a candidatos, sic, “afrodescendentes”, quase uma década antes da aprovação da Lei de Cotas de 2014.

É também verdade, porém, que, com esse pioneirismo, o Itamaraty pôde especificar – e garantir, antes de ser obrigado ao contrário – muito bem qual “tipo” de negro que, qualquer que fosse a lei decidida pelo legislador, o ministério aceitaria em seus quadros: o poliglota, o educado em cultura europeia, o representante da miscigenação e do mito da democracia racial, enfim, aquele que tivesse todas as características, exceto as físicas de um afro-brasileiro, para representar a diplomacia brasileira.

Nesse sentido, é muito conveniente ao Instituto e ao Ministério a autodeclaração do candidato. Visto que o objetivo da diplomacia não é e nunca foi incluir em seus quadros a diversidade racial afro-brasileira. Premia-se prioritariamente candidatos pardos claros, que nunca receberam um “enquadro” da polícia.

Nada muito diferente das respostas que a Educafro recebe, até hoje, em 2024.

Ora, o que ninguém parece querer questionar é o processo em si, ele próprio excludente. As cotas raciais poderiam ser de 50% e ainda assim não se teria um resultado favorável aos candidatos negros quando, até 2023, se exigia fluência em “inglês, espanhol e francês”. A reserva de vagas poderia ser de 80% e ainda assim não se ocupariam todas as vagas quando há provas ao longo de 4 dias e 9 ou 10 horas por dia, inclusive em dias úteis. A política de ação afirmativa poderia prever 100% das vagas e ainda assim não seria efetiva para os negros se o ministério repetisse, como fizeram em 2024, a convocação para a entrevista, presencial em Brasília, com apenas 15 horas de antecedência, impondo custos altíssimos de passagens de última hora aos convocados.

Mas o pior de tudo é a farsa de permitir a inscrição como negro, só com a autodeclaração dos candidados e só colocar a banca de heteroVerificacao no fim do processo. Escancara a porteira para a entrada de brancos desonestos que, com algumas seções de bronzeamento, enganam as bancas de heteroVerificacao.

Agora em 2024, foram aprovados, dentro das cotas, nada menos do que 4 apontados pela Educafro como potenciais fraudadores das cotas raciais, denunciados por não apresentarem, conforme comando legislativo, “traços fenotípicos negros”. E o mais grave: nos concursos anteriores se candidataram como brancos. Lembram do caso do ACM Neto, que pegou bronzeamento para roubar as verbas eleitorais do povo afro-brasileiro?

O perfil idealizado que o Instituto Rio Branco deseja não comporta, nem na teoria nem na prática, o verdadeiro negro brasileiro. E por verdadeiro negro não estamos falando apenas em pretos retintos como Barbosa e Pompilio da Hora, mas os negros com verdadeiros traços negros, e não só uma pele bronzeada e cabelos naturalmente lisos.

E isso porque inclusive os que chegam perto de alcançar os hercúleos padrões de admissão do concurso para diplomata são violentados pelas notas boas dos pardos claros que sempre pagaram cursinhos caros para atingirem excelentes notas e derrubar os afro-brasileiros.

Todos os candidatos que denunciamos, além de não terem fenótipo negro, nunca antes haviam concorrido pelas cotas raciais no concurso do Itamaraty. Sem falar que nunca moveram uma palhaçada na defesa do povo afro-brasileiro que é exterminado pela polícia.

Tentaram por anos, alguns por cinco anos consecutivos, a aprovação na ampla concorrência, e só agora, em 2024, mudaram de categoria e, motivados por seus cursinhos caros (que revelam a fragilidade do processo do Itamaraty), mudaram e concorreram nas cotas de negros.

Isso ocorre anualmente: candidatos não-negros da ampla concorrência cansam de não atingirem os elevadíssimos padrões de seleção e decidem usar as cotas de forma deturpada, não para corrigir desigualdades estruturais históricas, mas para limitar seu uso por seus verdadeiros destinatários, anulando seu objetivo de trazer mais diversidade racial às instituições públicas e de superar o preconceito racial de marca no Brasil.

Infelizmente, essa prática é incentivada pelo próprio Instituto, que não pune e, ao contrário, aprova ano após ano mais e mais candidatos que, “de repente”, descobrem-se negros e mudam de categoria. Isso deveria ser surpreendente, mas não é, visto que, na prática, a diversidade é uma meta secundária no ministério, instituição que prima por um negro desejável, muito bem representado por esses candidatos não-negros com plena passabilidade branca e que dificilmente sofreram qualquer restrição de acesso profissional ou atos racistas ao longo de toda uma vida.

Há relatos gravíssimos, plenamente e propositalmente ignorados pela Diretoria do IRBr, de que parte desses candidatos, todos aprovados, cometeu verdadeira fraude: alguns, sem qualquer traço negroide natural, apareceram bronzeadíssimos na entrevista, como se retornassem de férias no Nordeste; outros não economizaram em pomada de cabelo e baby-liss para criar cachos temporários e tentar um traço negro; há quem tenha ido de boné ou outros apetrechos para mascarar dos colegas cotistas sua não-negritude; há quem tenha sobrenomes (e traços!!) europeus mas tenha apresentado um suposto “laudo antropólogo” comprado na Internet por R$ 1.800,00 ou “exame dermatológico” que sequer fazem sentido nem como conceito nem como fator de identificação racial.

Ora, nunca vi um segurança racista de loja pedir qualquer laudo ou exame antes de me seguir pelos corredores.

De novo, não se trata de limitar a política de cotas raciais aos retintos, ainda que o Itamaraty tenha uma grande, enorme dívida em relação a eles. Trata-se, em verdade, de aplicá-la corretamente aos negros, sejam eles negros-pretos sejam eles negros-pardos. Jamais pardos-brancos, como alerta o voto do Ministro Lewandowisky, na ADPF 186.

E o Itamaraty não o faz porque não quer. Nisso, a diplomacia brasileira é sutil ao impor seu desejo e obsessão pelo pardo claro: o Instituto realiza entrevista presencial, (com data nao definida nos editais) e convocada menos de 24 horas antes. Mais de 90% dos verdadeiramente destinatarios das ações afirmativas não tem dinheiro para ascabsurdas passagens de avião e hotel.

Há apenas uma aparência de formalidade e de seriedade. Temos que combater esse absurdo!

A situação é ainda pior na comissão recursal, composta por três membros e que, para indeferir os recursos daqueles milagrosamente eliminados na primeira entrevista, só pode indeferir um recurso se houver unanimidade. Deste modo, com apenas um voto coringa de alguém despreparado tematicamente, a despeito de eventual oposição dos outros dois membros, defere-se automaticamente a apelação do candidato antes eliminado no resultado preliminar.

É assim que o Itamaraty consegue manter em seus quadros apenas o que entendem por desejáveis.

A Educafro continuará denunciando e acompanhando a aplicação da Lei por este ministério que aparentemente se vê e se posiciona acima dela. Não retrocederemos.

No curto prazo, não aceitamos menos do que a abertura de processos administrativos individuais para apurar cada um daqueles que acusamos como possíveis fraudadores nos concursos com resultado em 2024 (concurso 2023 e concurso 2024), listas já há muito tempo em mãos da Diretora do IRBr.

Especial atenção deve ser dada àqueles que foram negados por outras comissões, mais sérias, de outros concursos e àqueles que apenas agora, após anos na categoria de ampla concorrência, migraram (e ocuparam!) vagas de negros.

A exemplo da Ação Civil Pública n.º 1.16.000.002612/2017-78, de 2017, solicitada pela EDUCAFRO Brasil ao MPF pelas mesmas razões e problemas que, agora, 7 anos mais tarde, se repete.

Continuaremos denunciando e, se necessário, judicializando a antipolítica de ação afirmativa do Itamaraty.

No médio prazo, não aceitaremos menos do que um concurso exclusivo para negros, com vistas à reposição de todas as vagas que nos foram tolhidas ao longo dos últimos 10 anos pela má aplicação das cotas raciais. A AGU já autorizou uma universidade a adotar esse método.

O presidente Lula, em sintonia com o gesto da RAMPA da posse, em ato político, muito demonstraria seu compromisso com nosso povo se desse o primeiro passo nessa direção, contornando a burocracia diplomática desinteressada no povo negro, a exemplo de Lott, de Kubitschek e de Quadros.

Além de interromper as injustiças no concurso atual, é urgente que a Presidência encomende auditoria externa no MRE, com participação da sociedade civil, para apuração individual de todas as nomeações e promoções de candidatos como negros desde o advento da lei de cotas. Queremos, no concurso de 2025 a devolução, em concurso somente para negros/as, das vagas injustamente ocupadas.

No longo prazo, não aceitaremos menos do que um lugar permanente para o povo negro na diplomacia brasileira, povo este que deve ser desejável simplesmente por compor a população brasileira, e não por travestir-se de branco.

Perdoem-me a provocação no  título deste artigo. Não foi revogada a lei de cotas no Itamaraty; lá, na verdade, ela nunca teve plena vigência.

 

*OFM Diretor Executivo da EDUCAFRO Brasil


sábado, 11 de janeiro de 2025

EUA podem conseguir reverter a calamidade dos carros elétricos. Mas e o resto do mundo? - Wall Street Journal

EUA podem conseguir reverter a calamidade dos carros elétricos. Mas e o resto do mundo?

Culpe as “estruturas de permissão” da era Obama por trás de uma falsa solução climática

The Wall Street Journal, 9 de janeiro de 2025


Os anos continuam ficando mais quentes. Digo isso de forma jocosa porque, inicialmente, a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA (NOAA, na sigla em inglês) nos informou que 2016 foi 0,94 grau mais quente do que a média do século XX. Em seguida, a agência aumentou sua estimativa em várias etapas para 1 grau em 2020, antes de reduzi-la novamente para 0,99, talvez sob a influência de Trump. Com os democratas de volta ao comando do presidente Biden, 2016 começou a ficar mais quente novamente, chegando a 1,03 grau em 2023. O gráfico mais recente da NOAA mostra 1,04 grau mais quente do que a linha de base.

 

Considere isso uma pequena evidência do que David Samuels, em um artigo amplamente conhecido, chama de legado das “estruturas de permissão” da era Obama. Por estruturas de permissão, ele se refere a uma estratégia de pressão e intimidação sutil de “toda a sociedade” para forçar a adesão às metas de Obama. Cheguei a uma fórmula semelhante em 2012, quando expliquei que Obama impôs sua vontade dando aos eleitores “permissão para se considerarem muito bons por se considerarem bons para ele”.

 

Um resíduo, do qual a NOAA obviamente participou, foi a estrutura de permissão por trás do atual “elefante branco” criado pelo investimento obrigatório da era Obama em veículos elétricos.

 

Uma característica que o Samuels enfatiza é a capacidade de Obama de substituir ideias novas e instantaneamente aceitas por ideias antigas e instantaneamente aceitas. Em seus dois primeiros anos, Joe Biden justificou o aumento gigantesco em subsídios e exigências para veículos elétricos citando o “risco existencial” da mudança climática global. Depois, esse argumento foi descartado da noite para o dia. Os veículos elétricos se tornaram uma tecnologia “estratégica” que deve ser protegida da concorrência chinesa.

 

Ambos os argumentos não faziam sentido, mas foram repetidos sem problemas na mídia. Subsidiar o consumo de energia verde é simplesmente subsidiar o consumo de energia, inclusive a energia fóssil. Os carros elétricos são “estratégicos” apenas para a China, para reduzir sua dependência de petróleo importado em antecipação a um conflito militar com os EUA. Para o resto do mundo, inclusive para os EUA, os carros elétricos são uma tecnologia de consumo, embora promissora e de rápido crescimento. Sensatamente, eles também são uma tecnologia que deveria ter sido deixada para que os consumidores e as montadoras se adaptassem ao seu ritmo sem distorções subsidiadas e exigências legais.

 

O resultado está finalmente à vista: uma autodestruição colossal do setor automotivo ocidental, com a Alemanha no topo da fila. A Volkswagen está em pânico com a concorrência chinesa aos veículos elétricos que só dão prejuízo. Os mesmos carros que Berlim obriga a empresa a produzir. A economia alemã, liderada pelas exportações, está em queda livre. Sua gigante automobilística, a VW, está fechando fábricas e realizando demissões em massa.

 

Da mesma forma, o CEO da Ford, Jim Farley, vê a sobrevivência de sua empresa nos EUA ameaçada pelos veículos elétricos chineses, dadas as dezenas de milhares de dólares que a Ford já perde em cada um de seus veículos elétricos exigidos pelo governo. A autora da bagunça automobilística da Alemanha, Angela Merkel, agora é insultada como uma aproveitadora sem princípios. Não se iluda. O mesmo destino de reputação está chegando para Obama e Biden. O protecionismo aos veículos elétricos de Biden é a admissão da derrota dos Estados Unidos. Os EUA passaram de “Os americanos devem comprar veículos elétricos para salvar o planeta” para “Os americanos devem ser impedidos de comprar veículos elétricos chineses baratos e de alta qualidade para preservar uma farsa doméstica criada pelo governo”.

 

É verdade que uma economia dos EUA que gastou US$ 2 trilhões no Afeganistão e depois deixou outros US$ 7 bilhões em equipamentos militares para trás, provavelmente pode arcar com o resgate em criptomoedas do setor automotivo que está por vir. Não está claro se a Alemanha pode. Ainda assim, essa catástrofe política provavelmente não teria sido possível sem o New York Times, mesmo que sua influência esteja se esvaindo.

 

Em quase todas as edições, seus repórteres dizem que os veículos elétricos são uma solução para o clima, sem nunca se preocupar em entender como chegaram a esse chavão. Os editores do jornal nunca se deparam com as perguntas óbvias: Então, por que as emissões globais estão crescendo mais rápido do que nunca? Quando os EUA gastam o equivalente a US$ 20 ou até mesmo US$ 50 por galão de gasolina economizado para incentivar os americanos a dirigir veículos elétricos, como isso pode ser algo além de um subsídio exorbitante para o resto do mundo consumir a gasolina, agora mais barata, em nosso lugar?

 

De certa forma, o problema está se autocorrigindo à medida que os meios de comunicação tradicionais perdem a credibilidade e veem seu público diminuir. No entanto, jornais como o Times e alguns outros são os principais mantenedores de grandes equipes de reportagem da sociedade. Eles precisam entender que não estão mais no negócio de notícias – as notícias podem ser obtidas gratuitamente em qualquer lugar. Eles não estão mais no negócio de spin tendencioso, também disponível gratuitamente em qualquer lugar.

 

Eles estão no negócio da compreensão, para um público seleto que valoriza a inteligência e está disposto a pagar por ela. Ainda mais se parte de seus leitores realmente se preocupa com as mudanças climáticas. Nesse caso, o trabalho é manter a política governamental em um padrão sério, em vez de torcer servilmente pelos interesses partidários egoístas de seus favoritos políticos.

 

Exemplo: Uma equipe de reportagem séria poderia lançar uma investigação sobre como e por que a NOAA está constantemente ajustando 2016 para torná-lo um ano cada vez mais quente.


Traduzido do inglês por InvestNews

O incrível empreendedorismo da indústria evangélica no Brasil - Paulo Roberto de Almeida

 Não sou contra, nem a favor de qualquer religião. Na verdade, sou um irreligioso completo, que reconhece a religiosidade natural nas civilizações históricas, como fenômeno sociológico, e é assim que eu observo o incrível crescimento da indústria evangélica no Brasil. 

Aparentemente existem "n" mais "igrejas" do que municípios no Brasil, ou melhor, existem milhares, milhões mais igrejas evangélicas no Brasil do que escolas primárias, ou do que agências de correio, dois serviços públicos que não dispõem das vantagens comparativas dessas igrejas.

Deve haver alguma razão secreta para isso, que ainda não descobri, e tampouco descobrirei, pois não pretendo pesquisar sobre as razões dessa "fertilidade" extraordinária (talvez a Receita Federal possa saber, se é verdade que ela autoriza o funcionamento desses empreendimentos, sem cobrar nada como impostos e contribuições, mas deve saber quantos são).

Em todo caso, circulando por acaso nos arrabaldes de Brasília, decidi entrar para ver como era o comércio local, e acabei descobrindo um comércio muito mais pujante, várias "quitandas" religiosas, concorrendo umas com as outras. Por vezes, num espaço de MENOS DE 200 METROS, eu consegui fotografar MAIS DE CINCO empreendimentos religiosos.

Selecionei algumas fotos apenas para confirmar aos meus 18 leitores (apud Alexandre Schwartsman) como a concorrência entre esses empreendimentos é feroz: 

Estas cinco, abaixo, estavam a menos de dez metros uma da outra, numa pequena avenida comercial de Itapoã, DF: 






Estas outras um pouco mais distante, mas ainda assim, na mesma avenida: 



Já no Paranoá, DF, que tem um comércio mais robusto, e portanto ainda mais empreendimentos do gênero, só consegui fotografar algumas poucas, em uma rua muito secundária (mas não para o culto do Senhor): 






Já os diplomatas, gente da minha tribo, podem frequentar esta aqui: 

Finalmente, esta foi a que eu achei a mais sugestiva, obviamente pelo nome, de conotações sonoras, mas não sei se consegue atrair muitos fieis, pois se encontra, não no murundum onde o povo mora, mas numa marginal da estrada que vai do Paranoá a Sobradinho: 

Cabe, em todo caso, saudar a operosidade dos bravos pastores e a generosidade dos fieis, com seus dízimos e doações abundantes, que alimentam uma pletora de empreendimentos religiosos que estou certo que não tem paralelo em nenhum outro lugar do mundo (e isso graças à clarividência da bancada evangélica, que garante condições ótimas para tal proliferação de tantos cultos em competição aberta entre si, assim como à compreensão dos poderes públicos que permitem pleno desfrute, aos pastores-empresários, dos frutos de sua loquacidade bíblica).

Estou seguro que empreender no setor é muito mais lucrativo, e rentável, do que qualquer tráfico de substâncias ilícitas (drogas, armas etc.).

Salve o Senhor!

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 11/01/2025

Postagem em destaque

Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida

Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...