domingo, 20 de julho de 2025

Mal comparando duas personalidades: Lula e Trump - Paulo Roberto de Almeida

Mal comparando duas personalidades: Lula e Trump

P.S. ex-ante: Alguns dos leitores da postagem abaixo estão considerando que eu equiparei Lula e Trump, que supostamente considero ambos exatamente iguais, o que é totalmente errado. Eu falei da maneira de ser, não do caráter ou do efeito real de suas ações, no que eles são absolutamente diferentes, com ações frontalmente opostas no plano interno ou na esfera internacional.

Lula é um populista sinceramente engajado na promoção do povo pobre, ainda que com politicas equivocadas no plano econômico e mesmo social. Lula não é marxista, está longe de qualquer definição ideológica, mesmo se acredita ser um esquerdista, onde acredita devem estar todos aqueles que querem igualdade de oportunidades para aqueles que nunca tiveram nenhuma. 

Também é um anti-imperialista igual a tantos outros (como eu, por exemplo) e um antiamericano anacrônico, e por isso se alia a ditaduras execráveis ao redor do mundo, de direita e de esquerda, desde que sejam antiamericanas ao seu gosto, o que é exatamente o caso do extremista de direita, tirano cruel Vladimir Putin, que leva uma brutal guerra de agressão contra o povo ucraniano, contrária à Carta da ONU e a todos os princípios elementares do Direito Internacional, assim como aos valores constitucionais e aos padrões diplomáticos do Brasil, que Lula parece ignorar completamente. Nesse plano dos nossos valores e princípios, creio que Lula está profundamente equivocado, mas não na esfera de suas intenções. Espero que isso fique bastante claro, ponto.

Trump é um sujeito completamente diferente, de um caráter doentio e perverso, absorvido unicamente por suas próprias ambições mesquinhas e que está destruindo não apenas o seu próprio país, mas tudo aquilo que os EUA fizeram de positivo no mundo nos ultimos 110 anos (por certo muitas coisas erradas, Vietnã, Iraque etc., mas a maior parte certas, como salvando a Europa duas vezes de aventuras totalitárias de poderes agressivos). Trump é um sociopata perigoso, para os EUA e o mundo, que isso fique bastante claro, ponto.


Resumo e termino esta nota introdutória a uma postagem anterior: Eu fiz uma comparação entre duas personalidades pelo lado do egocentrismo megalomaníaco, não quanto a seus respectivos papeis no plano das políticas sociais. Se quiserem notas “diplomáticas” para ambos, Lula fica com 40/100 e Trump com um Zero absoluto (Putin tem menos 50, ou mais, e merece um Nuremberg só seu). PRA

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Aqui a postagem original:

No fundo, no fundo, Trump e Lula são muito parecidos, praticamente duas almas gêmeas separadas unicamente pela língua e pelo PIB de cada país, mas unidos pela mesma vocação palanqueira, bravatas mil, espíritos autocentrados, se encantam com as suas próprias palavras, se julgam extraordinariamente espertos e acreditam, piamente, que ninguém consegue ser como si próprios, cada um deles, respectivamente, dispostos a subir o tom quando são desafiados, não aceitam negativas e acham que podem transferir custos para terceiros desde que possam provar que estão certos e que não há nada melhor do que prevalecer sobre tudo e sobre todos, como se o mundo girasse em volta deles mesmos, a exclusão de qualquer concorrente, adversário, auxiliar ou subordinado, todos devidamente enquadrados e submissos à sua vontade exclusiva. Lula tem ligeira vantagem, pois está em 3, ao passo que seu espelho tropeça no 2. 

Cara de um, espelho do outro, perfeitamente simétricos, ainda que no formato reverso, comme il faut!


Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 20/07/2025


sábado, 19 de julho de 2025

A cláusula de nação-mais-favorecida está na origem do multilateralismo - Paulo Roberto de Almeida

 A cláusula de nação-mais-favorecida está na origem do multilateralismo

Paulo Roberto de Almeida, diplomata, professor.
Nota sobre o desmantelamento do multilateralismo contemporâneo por Trump.

        Mais de cinco séculos atrás, quando os Estados nacionais começaram a se estruturar no plano institucional, depois constitucional, a cláusula relativamente “recente” (na época) de nação-mais-favorecida (MFN) começou a ser introduzida nos primeiros acordos comerciais feitos entre países até aquela época relativamente fechados e autossustentados, saídos da grande ruptura do Império Romano, mergulhados na fragmentação da Idade Média, quase todos agrícolas, com alguma manufatura urbana e portos comerciais ativos (Liga Hanseática, por exemplo). Era uma cláusula legítima no plano do Direito Internacional nascente – ou seja, todos devem ser tratados igualmente – e que sinalizava uma realidade concreta para os fabricantes e comerciantes nacionais, mas de angústia para os protecionistas, fabricantes de manufaturas ou produtores de produtos agrícolas (grãos, vinhos, azeites).
        Mas os primeiros arranjos comerciais entre os países eram feitos em meio a guerras – civis, de religião, de conquista – tanto no continente europeu, quanto nas possessões coloniais, ainda sendo conquistadas nas Américas e na Ásia, impérios em formação, com fronteiras externas e continentais sempre sujeitas a alterações, o que repercutia em tratados intensamente debatidos nos parlamentos ou gabinetes dos governos. Os tratados comerciais eram necessariamente bilaterais (e assim permanecerão até o século XX) e nem sempre continham a cláusula MFN, que estava mais presente na Lex Mercatoria do que nos tratados entre os países. O tratado de Methuen, por exemplo, concluído pelo ministro inglês em Portugal em 1703 (e que demorou a ser ratificado em ambos os países) não continha essa cláusula MFN, que foi muito discutida nas negociações de Utrecht (1711-1713), que também abrigava discussões paralelas sobre tratados de fronteiras, reconhecimento e comerciais (como entre a França e a Inglaterra).
        O tratado de Methuen se tornou emblemático na história do comércio internacional, sendo usado e citado por Adam Smith, em sua famosa obra sobre a Riqueza das Nações, e também por David Ricardo, em seu discurso sobre o comércio internacional, e permanece até hoje como uma espécie de “página negra” que explicaria o não desenvolvimento industrial de Portugal, e até do Brasil, supostamente dependentes do imperialismo inglês, aceitando, assim, uma relação assimétrica, desigual, abrindo o acesso aos mercados da parte dependente, talvez condenando-a a não desenvolver todo o seu potencial industrializador. O tratado regulava a aceitação, pela Inglaterra, dos vinhos portugueses a uma tarifa preferencial, mas não livre, e o ingresso nos mercados portugueses dos panos ingleses, geralmente de lã (o algodão não estava ainda amplamente disseminado, o que veio algumas décadas mais tarde). Sua grande distinção não esteve tanto na sua assinatura, mas na sua não recusa, dez anos depois, quando se discutiu um tratado de comércio e navegação entre os reinos da Inglaterra (já unificada à Escócia, portanto Grã-Bretanha) e da França, que deveria a rigor reconhecer a cláusula MFN, mas que não foi aceito pelo Parlamento inglês, salvando, assim, o tratado de Methuen.
        A cláusula foi sendo usada, ao longo dos dois séculos seguintes, mas ao sabor dos interesses nacionais de cada parte, geralmente de forma condicionada ou condicional, não ilimitada, irrestrita e incondicional, como veio a ser inserida, sendo mesmo o primeiro grande princípio do sistema multilateral de comércio, no GATT-1947, negociado em Genebra nesse ano, e que deveria ter sido integrado à Carta de Havana (1948), que criou uma primeira Organização Internacional de Comércio (mas que nunca foi ratificada pela maioria dos países que participaram dessa conferência que deveria fechar o tripé aberto na conferência de Bretton Woods (1944).
        Pois bem, a cláusula MFN, junto com o tratamento nacional, não discriminação, reciprocidade, constituiu, ao longo de mais de 80 anos o eixo central do sistema multilateral de comércio, tendo estado na base do crescimento mundial, da prosperidade e das medidas de confiança que tornaram o mundo mais seguro para a paz e não para a guerra. Até que veio Mister Trump, que simplesmente dinamitou, literalmente, completamente, a cláusula MFN e todos os demais princípios do Gatt-1994, denunciando acordos de livre comércio (Nafta, bilaterais etc.) e introduzindo unilateralmente tarifas retaliatórias contra TODOS os países do mundo. Foi a mais completa destruição do sistema internacional desde a IIGM e as bombas de Hiroshima e Nagasaki. Ou seja, os países não mais estão sendo tratados de forma igual, ou igualitária, mas são obrigados a responder à vontade demencial do presidente americano, que não possui NENHUM critério racional para o estabelecimento de tarifas. O mais curioso, ou estranho, é que ele manipula tarifas como se os exportadores estrangeiros as tivessem de pagar, e não os importadores e consumidores americanos, o que revela, uma vez mais, o quão desequilibrado, ignorante e autoritário é esse mandatário, que se imagina o dono do mundo.
        O mundo está à deriva e à mercê da vontade errática do desequilibrado presidente.

Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 4999, 19 julho 2025, 2 p.

O Itamaraty e a guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia, e a questão das crianças sequestradas e enviadas para a Rússia - Pesquisa de Vitelio Brustolin por meio da IA

Numa breve postagem no Facebook, eu me perguntava se o Itamaraty havia feito, alguma vez, uma nota sobre o sequestro de crianças ucranianas e seu envio para serem adotadas, criadas e russificadas no país que se esvazia de gente, especialmente de homens, enviados para a guerra, e que não tem nascimentos suficientes para repovoar o maior território estatal do mundo.

Eu até havia feito uma pesquisa na seção de notas do MRE, buscando simplesmente o conceito "Ucrânia", e vieram 5 centenas de resultados, de 2006 à atualidade. Postei os resultados na minha página em Academia.edu, e repeercuti a busca neste blog Diplomatizzando, como abaixo: 

4993. “Notas sobre a Ucrânia no âmbito do Itamaraty (2006-2025)”, São Paulo, 15 julho 2025, 31 p. Levantamento efetuado na Base de Dados de Notas de Informação à Imprensa no Itamaraty: 499 notícias de todos os tipos, diretas e indiretas (link: https://www.gov.br/mre/pt-br/search?origem=form&SearchableText=Ucr%C3%A2nia). Íntegra da relação disponível na plataforma Academia.edu (Link: https://www.academia.edu/142908159/Notas_sobre_a_Ucr%C3%A2nia_no_ambito_do_Itamaraty_2006_2025_ ). Disponível no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2025/07/notas-sobre-ucrania-no-ambito-do.html). PRA


Veio em meu socorro o amigo acadêmico, especialista em geopolítica, professor de relações internacionais na UFF Vitelio Brustolin, que com a ajuda da AI enviou-me a seguinte mensagem:


"O Itamaraty, até o momento, *não emitiu uma nota específica sobre o sequestro de crianças ucranianas pela Rússia ou sua suposta ligação com Putin*. No entanto, fez declarações oficiais referindo-se ao tema em contexto mais amplo:

•⁠  ⁠O Itamaraty *reiterou condenação da invasão russa à Ucrânia*, também mencionando a preocupação com a situação humanitária, incluindo as crianças ucranianas removidas durante o conflito. A nota destacou ações como concessão de vistos temporários, doações humanitárias e acolhida de refugiados ucranianos no Brasil ([Gazeta do Povo][1]).

•⁠  ⁠O Ministério citou o *“Plano de Paz sino-brasileiro” de maio de 2024*, no qual consta que “a população civil, incluindo mulheres, crianças e prisioneiros de guerra, deve ser protegida” e que “esforços para assistência humanitária e prevenção de crise devem ser aumentados” — sem menção direta aos casos de sequestro de crianças ([Gazeta do Povo][1]).

Também houve pressão política interna:

•⁠  ⁠A senadora *Damares Alves solicitou reunião com o Itamaraty* no início de fevereiro de 2025 para discutir a mediação brasileira no resgate dessas crianças, após ter recebido informações sobre cerca de 20 mil delas sendo levadas de regiões ucranianas ocupadas ([UOL Notícias][2], [Gazeta do Povo][3]).

•⁠  ⁠A Ucrânia, por meio de seu chefe de gabinete Andriy Yermak, fez *pedido público para que o Brasil mediasse a devolução* das crianças, mas o governo brasileiro respondeu que “reconhece o problema” e está disposto a colaborar em acordos de paz, sem compromisso específico de mediação ou adesão à coalizão internacional “Bring Kids Back” ([Gazeta do Povo][1]).

Em resumo: *não há nota específica mencionando Putin ou se referindo diretamente ao sequestro das crianças*, apenas posicionamentos gerais e diplomáticos sobre a invasão e a situação humanitária.

Se quiser, posso buscar declarações mais recentes ou oficiais no site do Itamaraty. Deseja que eu procure diretamente no site do Ministério das Relações Exteriores?

[1]: https://www.gazetadopovo.com.br/republica/brasil-responde-a-pedido-de-ajuda-da-ucrania-para-resgatar-criancas-apontando-para-plano-pro-russia/?utm_source=chatgpt.com "Brasil não deve intermediar volta de crianças ucranianas raptadas"

[2]: https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/reuters/2024/02/08/onu-pede-a-russia-que-interrompa-transferencia-forcada-de-criancas-ucranianas.htm?utm_source=chatgpt.com "ONU pede à Rússia que interrompa transferência forçada de crianças ucranianas"

[3]: https://www.gazetadopovo.com.br/republica/damares-cobra-acoes-do-itamaraty-contra-sequestro-de-criancas-ucranianas-pela-russia/?utm_source=chatgpt.com "Damares cobra ações do Itamaraty contra sequestro de crianças ucranianas"

Retomo (PRA): O Itamaraty não faz absolutamente nada que não seja autorizado pelos "mestres da diplomacia", que não estão exatamente no Itamaraty, e não faz nada que possa de alguma maneira, mesmo a mais leve e sutil, contrariar os amigos russos, especialmente Putin e Lavrov.

Uma hipoteca negativa para o Brasil: uma reflexão pessoal sobre o BRICS+ - Paulo Roberto de Almeida

Uma hipoteca negativa para o Brasil: uma reflexão pessoal sobre o BRICS+

Paulo Roberto de Almeida

Minha posição sobre as aventuras diplomáticas de Mister Lula.


O BRIC, o BRICS e agora o BRICS+ são apenas ilusões equivocadas (o que é uma redundância, mas justificada) de uma certa diplomacia? 

Não, não se trata apenas disso, pois essas siglas sucessivas resultam dos compromissos assumidos em meados da primeira década do século pelo que eu já chamei, inúmeras vezes, de lulopetismo diplomático, mas que agora pesam na diplomacia nacional nesta terceira década do século XXI.


Não são apenas ilusões, mas grandes miragens de uma diplomacia em sua essência personalista, e que não foram impedidas (esse é o termo) de se tornarem políticas de Estado — em lugar de serem apenas aventuras passageiras de um chefe de Estado autoritário e megalomaníaco — por um Itamaraty muito mais submisso do que o habitual em sua longa história bissecular (mais longa, em todo caso, do que certas Instituições diplomáticas de grandes Estados que se unificaram décadas depois de nosso Estado imperial, que é mais antigo, por exemplo, do que a Itália e a Alemanha contemporâneas).


Os três blocos são totalmente artificiais — pois que não nasceram de reflexões técnicas da diplomacia profissional do Itamaraty — e, sim, foram impostos à instituição pelo então chefe de Estado e pelo seu chanceler “ativo e altivo”. Eles são equívocos desastrosos para à diplomacia de uma potência MÉDIA, como sempre foi o Brasil, em toda a sua história, mas que foi guindado a essa aliança mal concebida com duas grandes potências imperiais - Rússia e China —  pela megalomania de um populista obsecado pelo seu antiamericanismo primário e anacrônico (aqui em virtude de um gramscismo mal digerido pelos guerrilheiros reciclados que dominaram o aparelho político de um partido que era, em sua origem, basicamente sindicalista).


Não é natural que uma potência média, desejosa de preservar sua autonomia decisória e independência diplomática, conforme uma aliança com uma grande potência, a não ser para fins defensivos em um ambiente hostil, como pode ter sido o caso de Portugal, precocemente levado a conformar uma aliança com a Inglaterra, após a Restauração de 1640, para se defender de dois vizinhos incômodos, Espanha e França.

O Brasil imperial e o republicano nunca fizeram tais tipos de alianças desiguais, a não ser circunstancialmente nas duas grandes guerras gobais da primeira metade do século XX, da segunda vez de maneira informal com os EUA durante a Guerra Fria devido à ameaça real ou suposta do comunismo.

Mas nos desvencilhamos rapidamente dessa aliança incômoda ainda no segundo governo do regime militar, mesmo se não conseguimos estabelecer uma completa autonomia em matéria de defesa, ainda que rompendo um acordo de assistência militar no quarto governo da ditadura, por questões de soberania (críticas às práticas de DH pela potência imperial americana).


E assim preservamos a autonomia de nossa política externa e a credibilidade de nossa diplomacia no período imediatamente posterior ao regime militar, ou seja, nos primeiros quinze anos da Nova República. Foi aí que sobreveio o regime dos companheiros — sim, regime, e não apenas dois ou três governos —, cujos ideólogos tinham imensa raiva do império americano (por ter sido “golpista” em 1964, apenas em parte verdade), mas que também exibiam uma grande fidelidade a Cuba e outros regimes assimilados ao já referido antiamericanismo primário.

O primeiro BRIC nasce justamente dessa circunstância oportunista, a mera sugestão de um “bloco” de potências “emergentes”, mas que devia servir unicamente como uma espécie de plataforma financeira para investimentos rentáveis para fundos bilionários institucionais. O acrônimo era atraente e assim se formou, entre 2006 e 2009, primeiro em escala ministerial, depois em nível de cúpula, o bloco diplomática antinatureza que uniu o Brasil a duas grandes autocracias (mais a Índia, já parceira do Brasil lulopetista nessa outra aliança mais modesta, o IBAS).


Não vou retomar aqui todos os argumentos reflexivos que desenvolvi ao longo de 18 anos, desde a bizarra formação do BRIC em 2096 até a publicação de meu livro de 2022, “A Grande Ilusão do BRICS e o Universo Paralelo da Diplomacia Brasileira”, so a forma de artigos e ensaios ali reunidos. A importância relativa dessas reflexões está contida no prefácio e no posfácio dessa compilação, que acabo de tornar disponíveis a todos os interessados. Isso foi antes da ampliação irracional (e indesejada pela diplomacia profissional, e até mesmo pela diplomacia lulopetista, incapaz de resistir às pressões de China e Rússia) para o bloco completamente disforme do BRICS+, que poderia estar ainda meior, não fosse pela resistência de Índia e Brasil, que justamente não desejavam diluir sua importância e poder relativos no novo “bloco”.

Essa ampliação não invalida o teor e a substância desses dois textos, prefácio e posfácio, ao livro em questão.

Convido os interessados a lê-los, prometendo trazer uma nova reflexão abrangente em tempo hábil. Eles estão nesta postagem do meu quilombo de resistência intelectual que é o Diplomatizzando:

https://diplomatizzando.blogspot.com/2025/07/a-grande-ilusao-do-brics-e-o-universo_19.html?m=1 

Paulo Roberto de Almeida 

Brasília, 19/07/2025


No mundo dos “livros” (se é o caso de se dizer): Mein Kampf - Paulo Roberto de Almeida

No mundo dos “livros” (se é o caso de se dizer): Mein Kampf

Existe alguma outra obra mais execrável do que o Mein Kampf, completando 100 anos agora? 

Os Protocolos dos Sábios de Sion sempre foram reconhecidamente falsos, mas o “magnum opus” de Hitler, à parte sua criminosa carreira de tirano mais asqueroso de toda a humanidade, era um projeto de vida, que se transmutou em um projeto nacional, assustadoramente verdadeiro e consequente.

Não consigo imaginar obra mais “mortal” do que essa. E mesmo na sua vertente puramente geopolítica, como conceber que os bolcheviques tenham abastecido uma potência fundada sobre a promessa de sua eliminação da face da terra e ainda tenham mantido a ilusão de que poderiam conviver com Hitler?

Como a culta Alemanha se rendeu a um dos mais desvairados tiranos do século XX, junto com Stalin, Mao e Pol Pot? E, com livro ou sem livro, como admitir que um ser humano possa ter sido tão horrendo quanto Hitler?

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 19/07/2025


Lista de trabalhos sobre o multilateralismo (conceito estrito) - Paulo Roberto de Almeida

Lista de trabalhos sobre o multilateralismo

(conceito estrito)

Paulo Roberto de Almeida, diplomata, professor.
Relação dos trabalhos pessoais sob esse conceito.

        A lista abaixo, extraída da minha lista geral de trabalhos, recupera, apenas e tão somente, aqueles trabalhos que trazem em seu título ou descrição de conteúdo esse conceito estritamente redigido sob o conceito do multilateralismo, ou seja, à exclusão de outros trabalhos que também possam tratar da mesma temática (como multilaterais, ou simplesmente multilateral, por exemplo). É, portanto, uma lista limitada ao conceito estrito do título, e serve apenas para oferecer aos interessados uma ideia do que produzi, desde 1997 até a atualidade, mas reiterando que muitos outros trabalhos podem ter “escapado” à rede do “multilateralismo” enquanto tal.
        Outra deficiência, apenas uma parte limitada desta relação está devidamente linkada, permitindo, portanto, o acesso à íntegra do trabalho, o que seria difícil fazer neste momento (eu teria de colocar cada um deles, os mais extensos, nas minhas páginas nas plataformas Academia.edu ou Research Gate, o que demandaria um trabalho que não estou em condições de oferecer neste momento, ao passo que os menos extensos, até 10 páginas por exemplo, poderiam ser colocados no blog Diplomatizzando).
        Aqueles que gostariam de acessar um dos trabalhos não linkados, podem me solicitar diretamente (no e-mail pralmeida@me.com), e terei prazer em enviar a versão Word ou pdf, ou até indicar onde foram publicados ou estão disponíveis.
        Esta relação é oferecida ao alunos de RI, aos candidatos à carreira diplomática e outros interessados, e não pretende ser a “última palavra” em matéria de multilateralismo, inclusive porque eu não sou um especialista no assunto em sua vertente especificamente política, tendo trabalhado sobretudo sobre o multilateralismo econômico (e vários dos trabalhos não estão necessariamente classificados sob o conceito), mas ela pode dar uma ideia de minhas pesquisas, análises e reflexões sobre esse mecanismo central, axial, da diplomacia contemporânea, sobretudo do ponto de vista do Brasil.
        Espero que ela possa ajudar os interessados, pesquisadores, simples curiosos em torno da temática. Eu continuo trabalhando nessa vertente, sobretudo pelo lado do multilateralismo econômico, e poderei, talvez, fazer uma nova e atualizada edição de meu livro O Brasil e o Multilateralismo Econômico (Porto Alegre: Livraria do Advogado, 1999), que já deve estar esgotado na editora, mas que ainda é oferecido nos sebos eletrônicos. Tentarei satisfazer a curiosidade.
        A lista, falha e incompleta como ela pode ser, está ordenada na cronologia inversa, ou seja, os mais recentes em primeiro lugar, com alguma repetição ou aproveitamento (pelo método Lavoisier) dos mais antigos, listados ao final.

Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 4996, 19 julho 2025, 4 p.


4981. “O Brasil e o Direito Internacional desde Rui Barbosa”, Brasília, 8 julho 2025, 28 p. Considerações sobre a ordem internacional a partir de posicionamentos da diplomacia brasileira nos últimos cem anos.

4961. “O Brasil e o multilateralismo: construção e desconstrução”, Brasília, 22 junho 2025, 22 slides. Apresentação a partir do trabalho 4946, para aula magna para os candidatos à carreira diplomática em 28/06/2025.

4946. “O Brasil e o multilateralismo: construção e desconstrução”, Brasília, 9 junho 2025, 29 p. Nova elaboração ampliada a partir do trabalho 4616 (25 março 2024, 23 p.), para aula magna para os candidatos à carreira diplomática em 27/06/2025.

4939. “A política externa brasileira em face das ameaças ao multilateralismo e ao equilíbrio diplomático: itinerário desde o início do século XX”, Brasília, 26 maio 2025, 4 p. Exercício exploratório e análise crítica sobre os vieses introduzidos na política externa e na diplomacia do Brasil pelas correntes opostas do bolsonarismo e do lulopetismo. Postado no blog Diplomatizzando (27/05/2025; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2025/05/a-politica-externa-brasileira-em-face.html) e disponível na plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/129573018/4939_A_politica_externa_brasileira_em_face_das_ameacas_ao_multilateralismo_e_ao_equilibrio_diplomatico_2025_).

4930. “A política externa brasileira em perigo, sob a dupla deformação das diplomacias bolsonarista e lulopetista: ameaças conceituais e práticas”, Brasília, 18 maio 2025, 1 p. Postado parcialmente no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2025/05/a-politica-externa-brasileira-em-perigo.html).

4898. “A Grande Transformação (retomando o conceito de Karl Polanyi)”, Brasília, 15 abril 2025, 1 p. Nota sobre a fragmentação do multilateralismo político e econômico pela ação de dois autocratas. Postado no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2025/04/a-grande-transformacao-paulo-roberto-de.html).

4754. “O Brasil e o multilateralismo: notas para aula”, Brasília, 9 outubro 2024, 1 p. Seleção de trabalhos para aula no curso CACD, 11/10/2024; trabalhos disponíveis na plataforma Academia.edu.

4649. “A reforma da ONU, o sistema internacional e a postura do Brasil”, Brasília, 1 maio 2024, 32 p. Ensaio sobre a evolução do multilateralismo político e sobre os obstáculos atuais para uma reforma da estrutura política do poder mundial, num contexto diferente da criação da ONU. Para servir de base a aula no quadro de curso preparatório aos exames de ingresso na carreira diplomática.

4616. “O multilateralismo de dimensão universal: a ONU e os órgãos multilaterais”, Brasília, 25 março-2 abril 2024, 27 p. Texto base e bibliografia para curso preparatório aos candidatos à carreira diplomática, para aula em 5/04/2024.

4231. “O Brasil e o multilateralismo econômico, do século XIX ao XXI”, Brasília, 6 setembro 2022, 7 p. Breve síntese sobre a participação do Brasil nos esquemas multilateralistas do século XX, com ênfase na vertente econômica.

4134. “O itinerário do multilateralismo e o Brasil: da Liga das Nações à ONU”, Brasília, 20 abril 2022, 69 p. Terceira palestra no ciclo dedicado à política internacional e a política externa do Brasil, para candidatos à carreira diplomática. no dia 29/04/2022; Sumário: 1. As novas bases da diplomacia multilateral no século XX; 2. Acordos multilaterais e instituições, de 1815 a 2021; 3. Brasil: perfil institucional do multilateralismo, 1856-2021.

4105. “A construção da Ordem Mundial: do Bilateralismo ao Multilateralismo”, Brasília, 14 março 2022, 11 slides. Segunda aula do ciclo de palestras para o Curso de Preparação à Carreira Diplomática, em 1/02/2023, online.

4014. A construção do multilateralismo contemporâneo: do século XIX ao XXI: a participação do Brasil no sistema internacional, Brasília, 12 novembro 2021, 109 p. Apostila preparada para Curso de Pós-Graduação em Direito Internacional da Faculdade CEDIN, em 11/12/2021, com base no trabalho 3943. Revisto na parte das convenções da OIT em 25/11/2021.

3944. “Brasil: perfil institucional do multilateralismo, 1856-2019”, Brasília, 6 julho 2021, 9 p. Destaque da parte 7 do trabalho 3493, para informação aos estudantes de relações internacionais. Divulgado via plataforma Academia.edu (link; https://www.academia.edu/49573963/3944_Brasil_perfil_institucional_do_multilateralismo_economico_1856_2019) e informado no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2021/07/brasil-perfil-institucional-do.html).

3513. “Desconstruindo Bretton Woods: a fragmentação do multilateralismo econômico pelo novo nacionalismo antiglobalista”, Notas em voo Brasília-Navegantes, Balneário Camboriú, 18-19/09/2019, 9 p. Ensaio sobre a difícil transição da antiga Guerra Fria geopolítica para uma nova Guerra Fria Econômica que também apresenta aspectos geopolíticos, mas de natureza mais econômica e tecnológica do que propriamente militar. Disponibilizado no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2019/09/desconstruindo-bretton-woods.html).

3130. “Relações econômicas internacionais do Brasil: perspectiva histórica”, Brasília, 20 junho 2017, 318 p. Retomada do trabalho n. 3005 (“A construção do multilateralismo contemporâneo e a inserção internacional do Brasil”, Brasília, 4 julho 2016, 83 p.), agregando diversos trabalhos dentro da temática (entre eles o n. 3109), incluído como capítulo 9, “A sociologia institucional do multilateralismo brasileiro (1815-2011)”, ao livro Relações internacionais e política externa do Brasil: a diplomacia brasileira no contexto da globalização (Rio de Janeiro: LTC, 2012).

3006. “Rui Barbosa e o direito internacional”, Brasília, 7 julho 2016, 3 p. Artigo sobre os 100 anos da conferência realizada por Rui Barbosa em Buenos Aires, sobre os conceitos modernos do direito internacional, mais conhecida como o dever dos neutros, para publicação na imprensa local. Publicado no Correio Braziliense (14/07/2016), divulgado no blog Diplomatizzando (link: http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2016/07/rui-barbosa-e-o-direito-internacional.html). Postado no blog Diplomatizzando (28/02/2022; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2022/02/rui-barbosa-e-o-direito-internacional.html). Relação de Publicados n. 1234.

3005. “A construção do multilateralismo contemporâneo e a inserção internacional do Brasil”, Brasília, 4 julho 2016, 83 p. Relação atualizada dos atos e organizações internacionais, sobretudo de caráter econômico, constantes originalmente dos trabalhos 533/1996 e 585/1997, publicado uma primeira vez na revista Contexto Internacional (Rio de Janeiro: IRI/PUC-RJ, vol. 19, nº 2, julho-dezembro 1997, pp. 307-401), depois incorporado, com atualizações, ao livro Relações internacionais e política externa do Brasil: dos descobrimentos à globalização (Porto Alegre: EdUFRGS, 1998), e novamente, como capítulo 9, “A sociologia institucional do multilateralismo brasileiro (1815-2011)”, no livro Relações internacionais e política externa do Brasil: a diplomacia brasileira no contexto da globalização (Rio de Janeiro: LTC, 2012).

681. “A inserção internacional do Brasil”, Brasília, 11 maio 1999, 2 p. Resenha de livro: Paulo Roberto de Almeida: O Brasil e o multilateralismo econômico (Porto Alegre: Livraria do Advogado Editora, 1999, 328 p.). Publicado, com pequenas mudanças, por Alberto Tamer, n’O Estado de São Paulo (dia 28.06.99, caderno de Economia). Divulgada no blog Diplomatizzando (18/07/2025; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2025/07/livro-de-paulo-roberto-de-almeida-o.html).

621. O Brasil e o multilateralismo econômico, Brasília, 25 maio 1998, 219 p. Livro sobre as instituições multilaterais e a inserção internacional do Brasil, elaborado com base nas aulas de comércio exterior e de integração e nos trabalhos sobre a estrutura institucional do multilateralismo econômico brasileiro. Publicado pela Livraria do Advogado, de Porto Alegre, em 1999. Relação de publicados nº 235.

597. “A democratização da sociedade internacional e o Brasil: ensaio sobre uma mutação histórica de longo prazo (1815-1997)”, Brasília, 2 dezembro 1997, 32 p. Artigo sobre a construção do multilateralismo e a inserção internacional do Brasil, preparado com base na leitura de Craig Murphy e nas pesquisas efetuadas sobre os acordos econômicos internacionais. Publicado na Revista Brasileira de Política Internacional (vol. 40, nº 2, julho-dezembro 1997, p. 76-105; link: https://doi.org/10.1590/S0034-73291997000200004). Incluído, sob forma revista, no livro O Brasil e o multilateralismo econômico (Porto Alegre: Livraria do Advogado Editora, 1999). Relação de Publicados nº 211.

A grande ilusão do Brics e o universo paralelo da diplomacia brasileira - Paulo Roberto de Almeida, Prefácio e Posfácio

Em vista dos desenvolvimentos recentes no âmbito do BRICS+ (cúpula no RJ) e as ameaças do presidente Trump contra o bloco e especificamente contra o Brasil, assim como declarações tempestuosas dele e do presidente Lula sobre os embates em curso entre os dois dirigentes (certamente não entre os dois países, seus empresários e trabalhadores), resolvi transcrever o prefácio e o posfácio de meu livro sobre o bloco, publicado em formato Kindle em meados de 2022, antes, portanto, de sua transmutação em bloco de oposição ao Ocidente, sob pressão da China e da Rússia.


Eis o índice geral, sendo que o livro está disponível neste link da Amazon.com:
https://www.amazon.com/grande-ilus%C3%A3o-%20Brics-diplomacia-brasileira-%20ebook/dp/B0B3WC59F4/ref=sr11?keywords=A+grande+ilus%C3%A3o+do+Brics+e%20+o+universo+paralelo+da+diplomacia+brasileira&qid=1656513882&sr=8-1

A grande ilusão do Brics e o universo paralelo da diplomacia brasileira
Paulo Roberto de Almeida


Índice
Prefácio: Brics: uma ideia em busca de algum conteúdo
1. O papel dos Brics na economia mundial
2. A fascinação exercida pelo Brics nos meios acadêmicos
3. Radiografia do Bric: indagações a partir do Brasil
4. A democracia nos Brics
5. Sobre a morte do G8 e a ascensão do Brics
6. O Bric e a substituição de hegemonias
7. Os Brics na crise econômica mundial de 2008-2009
8. O futuro econômico do Brics e dos Brics
9. O Brasil no Brics: a dialética de uma ambição
10. O lugar dos Brics na agenda externa do Brasil
11. Contra as parcerias estratégicas: um relatório de minoria
Posfácio: O Brics depois da guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia
Indicações bibliográficas

O Prefácio pode ser lido aqui:
https://diplomatizzando.blogspot.com/2025/07/a-grande-ilusao-do-brics-e-o-universo_18.html

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