O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

Meu Twitter: https://twitter.com/PauloAlmeida53

Facebook: https://www.facebook.com/paulobooks

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

A diferenca entre pensar e simplesmente repetir - Roberto Da Matta

Uma pequena amostra de como e porque as universidades brasileiras continuarão a ser um lugar pouco adequado para se aprender alguma coisa.
A distância é enorme, e vai continuar aumentando.



Roberto DaMatta
Início do conteúdo

Uma lição para a vida

14 de dezembro de 2011 | 3h 07
Roberto DaMatta - O Estado de S.Paulo
Na minha primeiríssima e inesquecível - quem não se lembra de toda primeira e última vez? - estada nos Estados Unidos, em 1963, eu - um humilde e inseguro aprendiz de antropologia social numa portentosa Harvard - fiquei tão chocado quanto deslumbrado quando ouvia meninos e meninas com 20 e poucos anos de idade "discordarem" das ideias que saíam como cascata da obra dos grandes gênios das ciências sociais. Especialmente dos seus inventores, aqueles orgulhosos, persistentes, obsessivos e desafiadores Durkheim, Marx, Tocqueville, Frazer, Hocart, Mauss, Tylor, Maine, Weber... que em vez de policiarem e decretarem sobre o mundo, decidiram fazer o mais difícil: compreendê-lo em seus próprios termos. Esse modo mais complexo e profundo de transformá-lo.
Eu ficava apatetado e cheio de culpa quando meus colegas, uns merdinhas de olhos azuis claros como a inocência das louras que clamavam terem sido estupradas por negros, diziam em alto e bom som: "Eu discordo de Mauss!"; "Durkheim estava errado!"; "Preocupa-me a posição de Weber!"; "Marx perdeu o bonde!"; e assim por diante.
O modo tranquilo com que meus colegas, debaixo do olhar aprovador dos nossos professores, discordavam desses pioneiros me perturbava, pois quanto mais originais eram suas teorias, mais eles eram criticados. As opiniões não eram meras apreciações formais ou elogiosas de um iniciante ajoelhado diante de um mestre, mas uma assertiva sempre negativa e ostensivamente contrária ao que era discutido que, sendo boa ou profundamente enganada, promovia a discussão das ideias gerais contidas no livro em debate. Desse modo, todos (menos eu) faziam questão de bater de frente e essa atitude que para mim, surgia como hipercrítica, e até mesmo agressiva, passava por um crivo que eu não havia aprendido e certamente não existia no Brasil. O filtro de um ponto de vista individual e não a perspectiva pessoal que tende a atenuar ou arrefecer o debate e a apreciação do outro.
Entendi que estava no universo dos "eus". De fato, o que eu mais ouvia era o pronome pessoal "I" (eu). Entendi por que em inglês a primeira pessoa do singular, o "eu", é escrito com letra maiúscula...
Nesse contexto, passei por uma experiência decisiva.
Num seminário sobre a história da antropologia, dirigido pela professora Cora Du Bois, uma pioneira, ao lado de Margaret Mead e Ruth Bennedict na prática da antropologia social, uma mulher que havia feito trabalho de campo na Ilha de Alor, na Indonésia, quando nós, no Brasil, achávamos um problema ir a Niterói e impossível conhecer Manaus, eu apresentei um desses autores clássicos. Não me lembro mais quem era, mas não me esqueci da luz que essa experiência lançou na diferença entre o meu modo de aprender e o dos meus colegas harvardianos. Pois quando terminei o meu resumo, recebi da professora uma pergunta surpreendente.
- Sua apresentação está mais do que correta! - disse Cora Du Bois -, mas o que eu quero mesmo é saber o que você pensa sobre as teorias que acabou de apresentar.
A ênfase no "você" que individualizava e buscava a minha opinião íntima - o sentimento de um "eu" que mal sabia era autônomo e tomava partido - deixou-me embasbacado. Eu jamais havia pensado em me distanciar e me individualizar diante do autor estudado. Pelo contrário, eu havia feito exatamente o oposto e me identificava com ele preparando-me para defendê-lo a todo custo. Jamais havia passado pela minha cabeça que era possível e desejável formar uma opinião pessoal sobre ele e, eis o espanto, que essa opinião, mesmo sendo a de um jovem iniciante, contava e a experiente e sábia professora fazia questão de ouvi-la.
No Brasil eu era bamba em discutir ideias, projetos, leis e sistemas políticos sem ser obrigado a tomar posição em relação ao que estava em pauta. Aliás, o que eu aprendia era jamais criticar certos autores e, pela mesma moeda, elogiar outros. Mas entre o lado direito e o esquerdo, o alto e o baixo, o bom e o ruim não havia nenhum espaço para dizer o que eu realmente pensava de cada um deles.
Meu aprendizado não era individual. Era pessoal e grupal no sentido de que cada grupo ou turma tinha seus padrinhos e heróis, bem como seus inimigos e bandidos, como figuras para serem idolatradas e admiradas, a ponto de jamais serem apreciadas de modo individualizado. Sabíamos definir socialismo e liberalismo, mas não aprendíamos a tomar uma posição sobre cada um desses sistemas - e a exprimir o que eles diziam para cada um de nós.
Éramos, como ocorre em tantas outras esferas da vida social brasileira (e, imagino, latino-americana), contra ou a favor. Não líamos Marx, éramos marxistas! Ou reacionários, porque simpatizávamos com Durkheim, que jamais falou em luta de classes. Mas, entre um e outro, jamais fazíamos como aqueles meninos de Harvard que tomavam um partido individual relativamente a cada autor e assim mediam suas aversões e simpatias às suas ideias, métodos e teorias. E isso, parece, faz diferença. A diferença entre a repetição e o modismo e a verdadeira criatividade.

Cotas raciais no Brasil: a Economist faz enquete

Como vocês podem constatar abaixo, três quartos dos votantes nesta pesquisa da Economist se pronunciaram contra a política de cotas racistas.
Ainda assim, elas estão sendo implementadas.
Para maior pujança do Apartheid que está sendo construído, o racismo antibranco.
Paulo Roberto de Almeida


The Economist Asks

Are racial quotas at Brazilian universities a good idea?

Universities in the state of Rio de Janeiro reserve 20% of their places for black students. Do you support this requirement?
You voted: NoCurrent total votes: 887
24% voted for Yes and 76% voted for No
Voting opened on Jan 24th 2012 and closes on Jan 30th 2012


Readers' comments

The Economist welcomes your views. Please stay on topic and be respectful of other readers. Review our comments policy.

Meu comentário:


Racial quotas either for universities, or public offices, is the equivalent of an Apartheid system, in a country which, while having some grave inequalities touching mostly poor (and black ) people, never had policies separating its citizens according to racial or color lines.
This  modifies completely the political and social scenario in Brazil, for the worse, of course.
Paulo R. Almeida
Brasilia, Brazil

Venezuela: preludio para o caos (inevitavel, nas circunstancias atuais)


Venezuela Prepares as Chavez's Health Deteriorates


Geopolitical Diary, Stratfor, January 25th, 2012


According to a report published by Spanish newspaper ABC on Monday and Tuesday, Venezuelan President Hugo Chavez may only have 9-12 months to live as a result of his decision to prioritize presidential duties over personal health. Chavez's prostate cancer was reportedly discovered in January of 2011, at which point his prognosis was five years. Since that initial diagnosis, Chavez has repeatedly postponed treatments or skipped them altogether in the interests of concealing his illness and protecting his political position.
The leaked report, which ABC says was given to the paper by "intelligence services" (much like a November leak to The Wall Street Journal), is dated Jan. 12 and reviews a medical examination Chavez underwent Dec. 30. According to the report, the South American president needs to undergo a painful, debilitating treatment that, while preventing him from working for more than a month, could extend his lifespan. If he defers the treatment, he will likely to die within the year. According to ABC, when presented with a similar conundrum in November, Chavez chose to stay in Caracas rather than travel to Russia for treatment -- out of fear that the political situation in Venezuela was not secure. We have no way to be completely certain that the report accurately represents Chavez's medical condition, but the tenor of the report matches a series of accounts given to Stratfor and other open sources.
Competition within the Chavista inner circle dominated 2011, as each of Chavez's closest associates sought to take best advantage of the turmoil that ensued when Chavez's bout of illness became public in June. The upcoming October elections have added urgency to this struggle. There is no clear successor to Chavez among the Chavista elite. However, Chavez in recent weeks appointed Diosdado Cabello as first vice president of the Venezuelan United Socialist Party and later named him President of the National Assembly. Clearly, a single faction has taken the lead. Cabello represents the pragmatic, militaristic wing of the Chavista elite. However, although powerful, Cabello is not particularly popular, and he is not likely to be a suitable replacement for Chavez in October.
The most believable political alternative to Chavez may actually come from the Venezuelan opposition. After years of disunity and infighting, the opposition is presenting its most credible challenge to Chavez since he came to office in 1999. Miranda Governor Henrique Capriles Radonski appears most likely to secure the backing of the opposition parties in the Feb. 12 primaries. Capriles has positioned himself as a man of the people, claiming he is the natural heir to Chavismo, but with a pro-business twist.
The most important thing to remember amid all this uncertainty is that the underlying processes driving Venezuela are not as dependent on Chavez as they might appear. The kind of change that truly shifts the nature of a country comes slowly. The attributes of Chavez's regime that are so criticized by opponents -- the networks of corruption, economic inefficiencies and low levels of international investment – are merely contemporary expressions of Venezuela's timeless patterns of patronage and influence.
Even if a prudent leader takes power in Chavez's wake, he will not likely make immediate changes to the system because the risk of destabilization is high. Capriles has made clear that he would make few major changes -- even saying he would maintain the controversial oil shipments to Cuba.
Assuming Chavez is as ill as this week's reports suggest, the next six months will likely be tumultuous. Nonetheless, there remains a good deal of room for compromise among Venezuela's power players, and a power transition over the next year will not necessarily translate to a severe destabilization of the country.

Petite randonnee en Europe: de Paris a Lisboa, em tres tempos...

Foi mais fácil do que aprender a dizer saperlipopete de trás para diante, no escuro, sem hesitar e com as mãos amarradas às costas...
Enfim, maneira de dizer...
Estou me referindo ao pequeno circuito que acabo de fazer por metade da Europa (OK, 2/5, apenas), a partir do dia 15 deste mês de janeiro de 2012, apenas como lazer prévio ao trabalho (ele não me pega tão cedo).
Comecei desembarcando, como programado, no Charles De Gaulle, aeroporto que já foi mais impressionante do que é agora, comparado a outros novos monstros na Ásia ou na América do Norte. Serviços franceses, ou seja, quase inexistentes as 7hs da manhã...
Imediatamente comprei um chip para o meu iPhone, que ninguém fica sem comunicação hoje em dia por falta de chip, ou de celular. Telefonei para casa para avisar que tinha chegado bem e, zut, antes que eu me desse conta, os 5 euros de crédito se acabaram num átimo. Tive de comprar mais 25 e depois mais 25 euros, para enfrentar as necessidades pessoais e familiares.
Depois recolhi o carro que esperava por mim, no guichê da Hertz: um Peugeot 3800, diesel, seis marchas, teto solar, todo computadorizado, só faltando falar, ainda que ele apite quando a gente faz alguma bobagem.
Razoável, mas no começo fiquei buscando freio de mão manual: não existe, ele mesmo se encarrega de apertar e soltar, penetrando no seu pensamento e detectando que você quer parar ou começar a andar. Espertinho esse carro...


Fiquei em Paris, no primeiro dia, para rever a capital em que já morei e detectar algumas possíveis mudanças. Tem sim: muito mais carros. Inacreditável massa de veículos para um domingo, talvez porque fosse o último dia da iluminação natalina e de final de ano. Toda a cidade engalanada, a Tour Eiffel iluminada de alto abaixo (ou vice-versa), luzes para todo lado, e carros para todo lado, também. O que eu pretendia que fosse um passeio de meia hora apenas para percorrer os trechos mais conhecidos, acabou levando uma hora e meia de trânsito a 3kms por hora. 
Sim, também desisti de comer em algum restaurante do centro, do Quartier Latin, pois não acharia vaga em lugar nenhum para estacionar o carro. Acabei comendo um sanduíche e fui para o hotelzinho que acabei achando do lado de La Défense, para ter um com estacionamento próprio sem que isso me custasse mais uma diária.
Hotel des Ammandiers, em frente ao Théatre do mesmo nome, na Avenue Pablo Picasso, de Nanterre, um bairro universitário, que já teve dias mais movimentados (em 1968, claro).


No dia seguinte, segunda 16, logo de manhã, passei no Banco do Brasil, Avenue Kleber, perto da praça de l'Étoile (Arco do Triunfo, aquela coisa alta, na qual os americanos sobem para ver Paris em perspectiva), peguei meus cartões de crédito, e fui direto para a Embaixada (Cours Albert Premier, perto da praça Alma, onde se come muito bem). Depositei duas malas grandes, para deixar o carro mais leve e viajar com pouca bagagem e fui imediatamente para a estrada, via Porte St Cloud.
Tomei, como estava previsto o caminho de Orleans e Bordeaux.
Orleans foi uma primeira entrada para revisitar essa cidade que já foi mais gloriosa, nos tempos da Jeanne d'Arc, aliás objeto de uma recente controvérsia entre o presidente petit Nicolas Sarkozy e o líder de extrema direita Jean-Marie Le Pen, cada um reivindicando seu direito a homenagear a virgem salvadora da França (pelo menos é o que dizem...).
Catedral de Orleans (em foto rápida de iPhone)
Um almoço rápido num restaurante não tipicamente francês (aliás chinês, mas foi o que achei aberto numa segunda-feira em que tudo fecha), e estrada de novo, sem parar, em direção ao Sudoeste (o sol que descamba à frente do carro é um terror para dirigir).
Felizmente o tempo estava frio mas seco, sem um traço de chuva nas estradas, sem qualquer ameaça de neve: ótimo para chegar a pontas de 180kms/h.
A Espanha apareceu já no começo da noite, direto a San Sebastian (mais ou menos 800kms de Paris), a primeira cidade importante no norte, país basco. Também quase tudo fechado, mais de 21hs: felizmente apareceu um lugarzinho para estacionar bem em frente do Melia Tryp Orly, Plaza Zaragoza, a dois passos de uma lanchonete, à base de tapas (as, não os) e cerveja: comi um "hamburguer" de ternera (era o mais razoável), uma cerveja, justamente, e fui direto para o Hotel, onde coloquei o carro na garagem. Preço mais do que razoável, comparado ao resto da Europa, e isso não sei por causa da crise, ou da época, praticamente vazia de turistas gastadores...
No dia seguinte, ou seja, terça-feira 17/01, sai como programado, mas com algumas visitas no caminho. Primeira parada: Bilbao, que eu já conhecia, mas sempre é bom rever velhos amigos.
Fui imediatamente ao Guggenheim da cidade, para ver se ele ainda estava lá, e como parece óbvio, não se mexeu, nem ficou mais escuro, desde minha primeira e única visita, alguns anos atrás. Impressionante, por fora, pois por dentro continua com pouca coisa, dependendo mais de exposições temporárias e de empréstimos de outros museus do que de coleções próprias.
Guggenheim de Bilbao (esse iPhone até que é razoável para fotos rápidas)
Burgos, logo mais abaixo, foi a próxima etapa, onde almocei muito bem, num restaurante do centro da cidade, por um preço modestíssimo para a excelência da comida (e do vinho, que não devia ter exagerado, mas exagerei). Tirei algumas fotos, cuja postagem fica reservada a outra oportunidade.
Deixei de entrar em Valladolid e Tordesillas, que já conhecia de visitas anteriores, mas entrei em Salamanca, já que ela tem fama de "estudiosa" (pelo menos os padrecos de antigamente anteciparam Adam Smith, no estudo de questões econômicas, ou pelo menos em detectar a inflação que acometeu a Espanha da espoliação americana, inundado por ouro e prata em quantidades inacreditáveis para os padrões da época). 
Salamanca tem a famosa casa das conchas, cuja foto tirei, mais uma vez:
Casa das Conchas (Salamanca)
A partir de Salamanca, pretendia dormir no parador de Zamora, que conhecia de viagem anterior, mas resolvi seguir adiante, já que eram apenas 18hs. E lá fui, pelo norte de Portugal, em lugar do centro, pois pretendia passar pelo Porto, onde não tinha estado ainda.
Montanha, frio, noite, estrada pequena, fui até Bragança, apenas, uma centena de quilômetros adentro de Portugal. Não posso reclamar do hotel, San Lazaro, o melhor da cidade, também por um preço razoável (e um jantar à base de spaghetti aos frutos do mar, com um bom vinho da região). Mas isso depois que me perdi três vezes na cidade, tendo chegado até o castelo.
Não acordei cedo, mas ainda assim cheguei no Porto para o almoço, que fiz à beira do mar, no restaurante Shi, em Matosinhos, norte da cidade, mais exatamente na foz do Douro (que vinha seguindo desde a Espanha, mas o danado se chamava Duero, então).
Pela primeira vez na viagem, pode-se dizer que fiz haute gastronomie: vieiras grelhadas, com foie gras, chutney de manga e alcachofra, de entrada, e lulas recheadas de camarão, como principal, tudo isso acompanhado por um bom vinho do Douro, tinto, Touriga, Castelo D'Alba (a 18 euros, acho que valeu). 
Já estava então a 2 mil kms de Paris, e satisfeito...
Mulheres de pescadores, desesperadas com o desaparecimento de seus maridos, tragados pelo mar (escultura na praia de Matosinhos, norte do Porto)
Continuei, ainda que borracho, pois tinha de chegar a Lisboa, para esperar a Carmen Lícia (e comprar um presente, antes dela chegar). A despeito do vinho, do sono, do sol sempre incomodando, fui descendo, entre a autoestrada e pedaços da nacional, parando em algumas cidades pelo caminho.
Coimbra foi uma etapa óbvia, mas eu já conhecia e me contentei com algumas fotos, aqui e ali. A universidade deve ter sido boa, antigamente, hoje me parece dentro dos padrões portugueses normais (e vocês entendam o que desejarem por isso). Preferi enquadrar o criador do reino de Portugal, um gajo que teve lá o seu valor...
Estátua de Dom Dinis, em frente à Universidade de Coimbra
Feito isso, ainda enfrentei o sono e o cansaço para ir dormir numa cidade que é o símbolo de Portugal: Batalha. Pois foi nas batalhas contra os mouros que o reino de Portugal se fez.
Catedral de Batalha (túmulos dos reis fundadores)
O hotel ficava bem perto do mosteiro, e tinha um banheiro que era um gelo, a despeito do quarto ser aquecido: estamos falando de um frio a zero grau, e a solução foi tomar banho no vapor quente, com torneira e chuveiro amplamente ligados a toda...
Nessa noite fui jantar num restaurante perto do hotel, chamado de Vinho em Qualquer Circunstância, abreviado para este último nome: comecei com um folhado com queijo de cabra e depois enfrentei (é o caso de se dizer) um bacalhau a Pipo, regado a um rosé da região, Casa do Valle. Não posso reclamar da comida, ainda que o preço tenha destoado dos últimos dias. Enfim, o prazer valeu a fatura.

No dia seguinte, refeito do banho no vapor, visitei rapidamente a catedral, túmulo de vários reis portugueses (os pais fundadores, algumas mães também) e enfrentei novamente a estrada, direto a Lisboa, onde primeiro fui fazer compras (presente para Carmen Licia, que desembarcava no dia 20, mas que fazia aniversário em 24 de janeiro), e depois fui para o Hotel Lutecia, perto da saída para o aeroporto.
Jantar à base de bacalhau e vinho do Alentejo; bom, condizente com as 4 estrelas do hotel.
Justamente, acordei as 5hs da manhã, para buscá-la na chegada do voo da TAP de Brasília.
Nem entramos em Lisboa, pois seguimos direto para Évora, via nova Ponte Vasco da Gama.
Manha fria, com trechos de bruma, ou neblina, vocês escolhem.
Évora é uma cidade murada, cuja parte histórica está toda cercada de muralha e portas. A universidade fica na parte nordeste da cidade, que visitei na manhã seguinte à minha chegada, dia 21, portanto.
Mas sobre essa etapa falarei depois.
Paulo Roberto de Almeida 


(feito em Saint Raphael, Côte d'Azur, em 25/01/2012)

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Judiciario (e Congresso): um novo juiz Lalau?

... ou vários deles?
A Justiça brasileira vive num país surreal: não conhece restrições orçamentárias, pode encomendar palácios milionários, inclusive para essa excrescência inútil que se chama "Justiça do Trabalho", entrega milhões ao escritório daquele supremo stalinista idiota que se chama Niemeyer (sem concorrência), e ainda reclama dos baixos salários e da falta de "ajuda" para seus almoços...
Juízes são assim naturalmente ladrões, ou só com a ajuda do Congresso?
Eu só queria saber...
Paulo Roberto de Almeida
=========

Congresso infla em R$ 200 milhões orçamento para obras do Judiciário

Valor autorizado para obras neste ano é mais do que o dobro do que foi autorizado no ano passado
Agência Estado
BRASÍLIA - O orçamento de quase meio bilhão de reais em obras do Poder Judiciário para 2012 foi inflado pelo Congresso, onde ganhou, por meio de emendas parlamentares, quase R$ 200 milhões a mais em autorizações de gastos para o ano. A lei aprovada contabiliza 208 projetos de obras, 177 delas a serem iniciadas durante o ano.
O valor autorizado para obras no Judiciário neste ano é mais do que o dobro do gastos autorizados no ano passado, mostra levantamento feito pela ONG Contas Abertas.
A obra que recebeu o maior reforço de verbas foi a construção da sede do Tribunal Regional do Trabalho da 5ª Região, em Salvador. A Justiça do Trabalho concentra mais de metade dos gastos com obras previstas para este ano.
A construção do edifício-sede do Tribunal Regional Federal em Brasília teve autorizados gastos de R$ 50 milhões no projeto feito pelo escritório Oscar Niemeyer.
O Supremo Tribunal Federal poderá gastar R$ 133,4 milhões em reformas de suas instalações, prevê a lei orçamentária.


===========
E se você achava que companheiros de marajanato ganhavam só o limite legal, anda muito enganado...



Edição do dia 24/01/2012
Jornal Nacional, 24/01/2012 21h28 - Atualizado em 24/01/2012 21h28

Desembargadores do TJ-RJ ganham supersalários de até R$ 600 mil

Salário-base é de R$ 24 mil, mas lista extensa de benefícios e vantagens multiplica ganhos dos desembargadores. Presidente do TJ nega ilegalidade.

A análise das folhas de pagamento do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro revelou que desembargadores ganham supersalários. Em um dos casos, o valor pago foi 25 vezes maior que o salário-base.
O Tribunal de Justiça do Rio tem 179 desembargadores. Cada um tem salário-base de R$ 24 mil por mês. É o teto estabelecido pela Constituição Federal. Mas este não é o valor que aparece no contracheque deles.
Em apenas um mês, em setembro de 2011, um único desembargador recebeu mais de R$ 642 mil. Não é um caso isolado. A folha de pagamentos, que o Tribunal é obrigado a divulgar por determinação do Conselho Nacional de Justiça, tem outros exemplos de supersalários.
Reportagem do jornal O Estado de São Paulo, desta terça-feira (24), mostra que, em dezembro de 2010, 11 desembargadores ganharam até R$ 50 mil, 94 receberam de R$ 50 mil a R$ 100 mil e 72 magistrados tiveram salário de mais de R$ 100 mil. Um deles ficou com R$ 511 mil no mês.
A explicação para essa multiplicação dos salários dos magistrados está em uma lista extensa de benefícios e vantagens. Esses direitos acabam representando um ganho bem maior no fim do mês e estão garantidos por lei, segundo o Tribunal de Justiça do Rio.
São sete tipos de auxilio, como por acúmulo de função, por substituir outro magistrado, auxílio-transporte e auxílio-alimentação.
Mas o que aumenta ainda mais os salários, segundo o que consta na folha de pagamento, são as chamadas vantagens eventuais. Entre elas, insalubridade, gratificações por serviços extras e o pagamento de remunerações atrasadas.
A lista das vantagens cresceu a partir de 2009, quando teve aprovação da Assembleia Legislativa e do governo do estado. Mas a Procuradoria Geral Da República considerou a ampliação inconstitucional. O processo está no Supremo Tribunal Federal, sem prazo para ser julgado.
O presidente do Tribunal de Justiça do Rio, Manoel Alberto Rebêlo dos Santos, afirma que não há ilegalidade no pagamento dos supersalários. “Quando você fala em R$ 600 mil, são casos excepcionais, Ou são desembargadores que se desvinculam do Tribunal por algum motivo ou são desembargadores do Quinto constitucional que o supremo entendeu que tem pagar essas vantagens a eles. Isso tudo é com base legal, não tem nada que não seja com base legal. Daí o meu interesse que o CNJ venha aqui para nos fiscalizar e serão recebidos como sempre foram, de braços abertos”, afirmou o presidente.
O Conselho Nacional de Justiça informou que o Tribunal de Justiça do Rio seria o terceiro do país a ser inspecionado. Mas as investigações do conselho estão paradas desde dezembro do ano passado. A suspensão foi determinada por uma liminar do ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal, enquanto o tribunal De São Paulo era investigado.
Na folha de pagamentos divulgada pelo Tribunal de Justiça do Rio, os nomes dos magistrados não são divulgados.

Burocratas do Banco Mundial sobre a Europa (otimistas)



Build on Strengths of Europe’s Growth Model While Pursuing Reforms, Says World Bank Report

Available in: FrançaisالعربيةDeutschрусскийEspañol
Press Release No:2012/240/ECA
Europe’s ‘convergence machine’ has helped hundreds of millions prosper

BRUSSELS, January 24, 2012 – The European growth model has been an engine for economic convergence during the past few decades and has delivered prosperity to hundreds of millions of people on the continent, says a new World Bank report “Golden Growth: Restoring the Lustre of the European Economic Model”, launched today in Brussels.

“Europe has to make adjustments to its economic model, not abandon it,” said Philippe Le Houerou, World Bank Vice President for Europe and Central Asia“Faced with adverse debt dynamics and unfavorable demographic trends, many Europeans are calling for a ‘new growth model’. It is good that there is no complacency in Europe.  But a loss of confidence can be dangerous. There are many attractive attributes of the European growth model that have led to a shared prosperity not seen before or elsewhere. These elements need to be nourished.”

The new report looks at long-term growth in Europe, paying special attention to the last two decades, and identifies what needs to be done to assure continued prosperity in the decades ahead. It assesses the six principal components of the European growth model: trade, finance, enterprise, innovation, labor, and government. Its main findings: most countries in Europe are doing well in trade and finance, many in enterprise and innovation, but few are doing well in labor and government. So Europe needs many changes to make governments and labor markets work better, fewer changes to foster innovation and productivity growth in enterprises, and fewer changes still to reform finance and trade. Stalled productivity, declining populations, and unsustainable fiscal imbalances have made many changes urgent.*

To revitalize the European growth model, the report makes three sets of recommendations: restart the convergence machine that has allowed poorer countries become high income economies; rebuild “brand Europe” that has helped the region, with one-tenth of the world’s population, account for a third of the global economic output; and reassess what it takes to remain the world's lifestyle superpower, with the highest quality of life on the planet.

Restarting the European “convergence machine”

Between 1950 and 1973, Western European incomes converged towards those in the United States. Then, until the early 1990s, the incomes of more than 100 million people in the poorer southern periphery—Greece, southern Italy, Portugal, and Spain—converged to those of advanced Europe.  Starting with the first association agreements with Hungary and Poland in 1994, another 100 million in Central and Eastern Europe were absorbed into the European Union.   Another 100 million in the candidate countries in Southeastern Europe are now benefiting from the same aspirations and similar institutions that have helped almost half a billion people achieve the highest standards of living. If European integration continues, the 75 million people in the Ukraine and other countries of the Eastern Partnership will profit in similar ways.
“One can say without exaggeration that Europe invented a ‘convergence machine’, taking in poor countries and helping them become high income economies,” said Indermit Gill, World Bank Chief Economist for Europe and Central Asia and one of the lead authors. “In East Asia and Latin America people worry about a ‘middle income trap’, because few countries have quickly grown from low to high income. Those that have done so during the last few decades were either fortunate—like the handful which found oil—or ferocious, like the East Asian tigers. But in Europe, more than a dozen poorer countries have reached high income. To do well in Europe, they just needed to be disciplined. This is what makes economic growth in Europe unique. Because trade and financial integration is an intrinsic feature of Europe’s integrated economy, it should not be difficult to restart the convergence machine.”
Trade and financial integration are two of the strongest attributes of the European economic model. According to the report, the adjustments needed to strengthen these components are: better management of financial flows, quicker expansion of the modern services trade, and greater mobility of workers. 

Rebuilding brand “Europe”

Europe is known for its combination of engineering and design. Since the mid 1990s, while Asia had a financial crisis and recovery and the United States had a technology boom and financial crisis, European enterprise has flourished. With few exceptions, every part of Europe has seen a growth in employment, productivity, and exports.   

But during the last decade, two growing shortfalls in productivity are threatening Europe’s global economic influence.   The first is that since the mid-1990s, labor productivity in Europe’s leading economies has fallen relative to the United States and Japan. The productivity gap between advanced Europe and the United States today is more than twice what it was in the mid-1990s. The second is that enterprises in southern Europe have become less productive.  To be competitive, productivity should have grown by about 3-4 percent each year during the 2000s. Instead, it fell by about 1 percent each year.

“To stay competitive on world markets, Europe will need to become more productive and more innovative,” said Martin Raiser, World Bank Country Director for Turkey and one of the lead authors. “Many countries in Europe are successful in this—countries like Switzerland, Slovak Republic and Sweden, and Estonia, Finland, and Germany. But workers in several countries have become less productive.  This has to change. There are countries in Europe that have shown how to solve such problems. When enterprises are given more economic freedom, they create jobs, make people more productive, and generate exports.”

According to the report, preserving Europe’s global brand will be somewhat more difficult than restarting convergence, but still well within the continent’s reach.  Trade and finance have to be made even more durable so that the continent becomes a single economy. Enterprises in the northern and EFTA economies—already among the most innovative in the world—have to be provided fuller access to markets in the rest of Europe. Governments in southern and Eastern Europe will have to improve the business climate, and the larger continental countries must give their enterprises more economic freedom if they are to compete with North America and East Asia. They must also learn from the US to better harness scientific discovery for commercial use and make their universities magnets for the best and brightest.
Remaining the lifestyle superpower

Europe has provided its citizens more income security and a better work-life balance. With real incomes a quarter short of that of the United States, Europe became a “lifestyle superpower”, with arguably the highest quality of life in human history.

“Superpowers spend a lot to project their influence and protect their way of life,” said Indermit Gill. “Europe spends more on social protection—pensions, unemployment insurance, and social welfare—than the rest of the world combined. European governments spend about 10 percent of GDP more than counterparts in other parts of the world, and almost all of the difference is social protection.  For many countries in Europe, this has become unaffordable. Combined with demographic pressures and weakened work incentives, this fiscal burden is now a drag on growth.”

According to the report, Europe will need to make big changes in how it organizes labor and government, because of pressing demographic trends and persistent budget deficits. With a rapidly aging population and falling fertility and without changes in employment, immigration, and pension policies, Europe will lose about one million workers each year for the next five decades and Europe’s labor force is projected to shrink from 325 million to 275 million. At the same time,Europeans have been reducing how much they work.  Today, Americans work an extra month compared with the Dutch, French, Germans, and Swedes, and work noticeably longer than less well-off Greeks, Spaniards, Hungarians, and Poles. Men in Poland, Turkey, Hungary, and France retire more than 8 years earlier than in the mid-1960s.  By 2007, French men expected to draw pensions for 15 more years than they did in 1965, Polish and Turkish men more than a dozen. This puts enormous pressure on public finances, already strained by the costs of servicing large public debt.

Europe will have to work on many fronts to deal with impending labor shortages: increasing the competition for jobs, improving labor mobility, fixing how work and welfare are facilitated, and rethinking immigration policies.  These changes will need a new social consensus.

“When done well, reforms to labor markets and social protection systems mean that Europeans can work shorter hours per week and fewer weeks per year,” said Indermit Gill. “But it is impossible to balance public accounts if people also work fewer years over their lives.”
Large and inefficient governments slow economic growth, and Europe’s governments will have to become more efficient or become smaller. A 10 percentage point increase in government size leads to a reduction in annual growth by 0.6 to 0.9 percentage points, or about a third of the long-term growth rate of advanced European economies. While fiscal consolidation and reduction of public debt should be the top priority during the next decade, controlling the healthcare and social security expenses related to aging will remain the policy imperative over the next 20 years. Western Europe has to improve its primary balance—adjusted for the business cycle—by about 6 percent of GDP within this decade to reduce public debt to 60 percent of GDP by 2030.  Adjustment needs are highest in the South and lowest in the North. In the EU’s new member states, with a lower public debt target of 40 percent of GDP, adjustment needs are about 4 percent of GDP.  Spending more than 10 percent of GDP on social protection may be risking underinvestment in activities that improve growth.

Contacts: 
In Brussels: Alexander Rowland, 0032 2 504 0992, arowland@worldbank.org
In Washington: Elena Karaban, (202) 473-9277, ekaraban@worldbank.org

Access the full report at: http://www.worldbank.org/goldengrowth
Visit us on Facebook: http://www.facebook.com/worldbank
Be updated via Twitter: http://www.twitter.com/worldbank
For our YouTube channel: http://www.youtube.com/worldbank