O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

Meu Twitter: https://twitter.com/PauloAlmeida53

Facebook: https://www.facebook.com/paulobooks

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Um Stalin sem Gulag, no Brasil: ainda bem...

Falta o bigode, mas a atitude e o estilo são os mesmos, sem falar do treinamento de inteligência com uma das mais duráveis ditaduras do mundo contemporâneo (e da qual ele se orgulha). Mas que se esclareça: Stalin, não porque ele não quisesse, mas por que ele não pode, e não pôde (se ouso restabelecer o uso do circunflexo, que neste caso me parece necessário).
O homem, que via a si mesmo como um Richelieu do cerrado central, o grão-vizir do Planalto, o déspota do poder despótico que teriam implantado os companheiros, se pudessem, se tivessem podido (bem que eles queriam, não tenho dúvida disso), esse homem é o chefe da quadrilha, o tirano que teríamos tido -- e não tivemos, ainda bem, pois seria igualzinho a um Pinochet tupiniquim, um Fidel Castro de fancaria -- esse homem vai, finalmente, a julgamento.
Talvez queira convocar (já está fazendo) as "massas" para protestar, caso seja condenado; acredito que deveria ser, a menos que alguns juízes do STF se comportem como poltrões, ou subservientes. Em todo caso, seria o último grasnar de um ganso de opereta, um candidato a líder fascista com os atributos que ele próprio acredita ser de esquerda (mas que, na verdade, cada vez mais se parece com o fascismo ordinário).
Estamos próximos de uma conclusão do caso mais criminoso que a República já enfrentou, a ameaça mais grave que tivemos de uma máfia no poder (ainda não está excluída, pois já vivemos em repúbliqueta sindical, em sistema corporativo), um peronismo de botequim, daqueles bem desclassificados.
A sociedade brasileira, na sua parte sã, precisa ver se consegue resistir ao abraço de afogado de um candidato a Stalin tropical. Os vendidos, e os comprados, são muitos, mas a maior parte da sociedade rejeita esse estilo truculento e tendencialmente totalitário de fazer política.
Paulo Roberto de Almeida

Editorial do Estado de S.Paulo, 13/06/2012

A partir de 1.º de agosto, o ex-presidente do PT, ex-ministro da Casa Civil e deputado cassado José Dirceu será julgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por formação de quadrilha e corrupção ativa. Pelo primeiro delito, poderá ser condenado a até três anos de prisão. Pelo segundo, a até 12. O então procurador-geral da República que o denunciou ao Supremo em 2005, Antonio Fernando de Souza, apontou Dirceu como “chefe da quadrilha” ou da “sofisticada organização criminosa” que produziu o mensalão, a compra sistemática de apoio de deputados federais ao governo Lula. A denúncia ao STF foi aceita por unanimidade. No ano passado, o atual procurador, Roberto Gurgel, ratificou o pedido de condenação de Dirceu e de 35 outros réus (dos 40 citados da primeira vez, 1 faleceu e outro fez acordo para ser excluído do processo; para 2 outros, um dos quais, Luiz Gushiken, colega de Dirceu no Ministério, Gurgel pediu a absolvição.
Dirceu alega inocência e se diz alvo histórico do “monopólio da mídia”. A imprensa desejaria vê-lo destruído não pelos seus atos no governo Lula, mas pelo que decerto ele considera ser o conjunto da sua obra como o maior líder revolucionário socialista do Brasil contemporâneo, uma espécie atípica de Che Guevara que não fez guerrilha, escapou de ser eliminado e chegou ao poder graças à democracia burguesa. O julgamento que o aguarda, disse dias atrás aos cerca de mil estudantes presentes ao 16.º Congresso Nacional da União da Juventude Socialista, ligada ao PC do B, no Rio, será a “batalha final”. Desde os tempos da militância estudantil, ele sempre se teve em alta conta. “Batalha final” é não só uma expressão encharcada de heroísmo, que pode ser usada da extrema direita à extrema esquerda, mas é consanguínea da “luta final” dos “famélicos da terra”, nas estrofes da Internacional, o célebre hino revolucionário francês de 1871.
Do alto de sua autoestima e na vestimenta de vítima que enverga, até que faria sentido ele propagar que o julgamento no STF representará o momento culminante do confronto de proporções épicas que nunca se furtou a travar em defesa de seus ideais. Mas a arena que ele tem em mente é outra - e outros também os combatentes. “Essa batalha deve ser travada nas ruas também”, conclamou, “se não a gente só vai ouvir uma voz pedindo a condenação, mesmo sem provas (a dos veículos de comunicação).” Em outras palavras, se a Justiça está sob pressão da mídia para condená-lo, que fique também sob pressão do que seria a vanguarda dos movimentos sociais para absolvê-lo. Se der certo, a voz do povo falou mais alto. Se não der, o veredicto da Corte está desde logo coberto de ilegitimidade, como se emanasse de um tribunal de exceção.
Em 2000, dois anos antes da primeira eleição de Lula, Dirceu conclamou o professorado paulista a “mais e mais mobilização, mais e mais greve, mais e mais movimento de rua”, porque eles - os tucanos como o governador Mário Covas - “têm de apanhar nas ruas e nas urnas”. Pouco depois, no dia 1.º de junho, o governador, já debilitado pelo câncer que o mataria no ano seguinte, foi covardemente agredido por manifestantes diante da Secretaria da Educação, no centro de São Paulo. Depois, Dirceu quis fazer crer que não incentivara o ataque: foi tudo “força de expressão”. Não há, portanto, motivo para surpresa quando ele torna a invocar “as ruas”. Na sua mentalidade ditatorial - em privado, desafetos petistas já o qualificaram de “stalinista irrecuperável” -, ele se esquece até do dito marxista de que a história se repete como farsa.
Como já se lembrou, o então presidente Collor conclamou a população a protestar contra a tentativa de destituí-lo. A população, especialmente os jovens, aproveitou para pedir o seu impeachment. Como também já se lembrou, hoje em dia os jovens nem sequer saem de casa em defesa de bandeiras mais nobres, a começar pelo repúdio à impunidade dos corruptos, que dirá para assediar o STF no caso do principal réu de um caso de corrupção comparável apenas, talvez, aos dos escândalos da República de Alagoas. Mas é óbvio que a tentativa rudimentar de intimidação repercutirá no tribunal. Se Dirceu não se deu conta disso é porque, como Lula já disse, ele está mesmo “desesperado”

terça-feira, 12 de junho de 2012

Argentina: na descida continua para a decadencia

Pode-se reconhecer que um país está em decadência quando os patrões não mandam mais em suas empresas, quando a República Sindical, que existe, de fato, decide sobre como devem ser conduzidos os negócios da empresa.
Assisti a esse filme na Inglaterra pré-Tatcher, onde os patrões do Times tampouco podiam decidir quantos gráficos iriam imprimir o jornal.
A Inglaterra se safou da decadência, mas foi difícil. A Argentina vai perseverar na decadência, e não se vê quem terá coragem de inverter o processo.
Ah sim: o Brasil vai pelo mesmo caminho...


Com greve de trabalhadores, jornal 'La Nación' não chega às bancas

Pela primeira vez em 142 anos, o jornal não circulou; os funcionários da gráfica pedem melhores salários e a readmissão de 30 colegas

O Estado de S. Paulo, 12 de junho de 2012

O jornal argentino La Nación não foi impresso nesta terça-feira, 12, pela primeira vez em 142 anos de história. O motivo foi uma greve dos trabalhadores das gráficas do jornal que, de acordo com fontes sindicais, pedem melhores salários e a readmissão de 30 funcionários.
Jornal não chegou às bancas nesta terça-feira - Reprodução
Reprodução
Jornal não chegou às bancas nesta terça-feira
Os operários não trabalharam e bloquearam, durante toda a noite de ontem, a entrada dos setores de impressão do jornal em protesto pela suspensão dos 30 trabalhadores, que ocorreu em meio a um conflito salarial. Durante o último fim de semana, os operários reduziram o ritmo da produção para protestar contra os baixos salários.
Segundo representantes da Federação Gráfica Bonaerense (da província de Buenos Aires), o La Nación suspendeu os 30 funcionários no domingo e contratou outros 20 trabalhadores, o que originou a greve. O veículo de comunicação denunciou que a paralisação impediu a distribuição do jornal para as bancas "pela primeira vez em 142 anos" e considerou a medida "intempestiva e ilegal".
"Estes atos repudiáveis e injustificados ocorrem no âmbito de uma negociação conjunta na qual a empresa tem feito todos os esforços para atender as demandas sindicais", acrescentou o jornal em uma nota publicada em sua página na internet. A nota também ressalta a "vontade permanente de diálogo" por parte da empresa.
Com informações da Efe

Coreia do Norte = Somalia? Nao! Muito pior...

Na Somália, pelo menos existem microempresários da pirataria, que podem se lançar em atividades privadas de alto rendimento, evitando assim a miséria geral da população.
Na Coreia do Norte, esse tipo de atividade de alto risco, totalmente capitalista, não é sequer permitida. Acho que os habitantes desse imenso campo de concentração que é a Coreia do Norte estão pior do que os somalis...


It's official: Dingo did take that baby

Shanghai Daily, June 13, 2012

Millions of North Korean children are not getting the food, medicine or health care they need to develop physically or mentally, leaving many stunted and malnourished, the United Nations said yesterday.

Nearly a third of children under age five show signs of stunting, particularly in rural areas, and chronic diarrhea due to a lack of clean water, sanitation and electricity has become the leading cause of death among children. 

Hospitals are spotless but bare; few have running water or power, and drugs and medicine are in short supply, the UN said in a detailed update on the humanitarian situation in North Korea.

"I've seen babies ... who should have been sitting up who were not sitting up, and can hardly hold a baby bottle," said Jerome Sauvage, the UN's Pyongyang-based resident coordinator for North Korea.

The UN has called for US$198 million in donations this year - mostly to help feed the hungry. 

Last month, North Korea's premier, Choe Yong Rim, urged farmers to do their part to alleviate food shortages, according to a report from the state-run Korean Central News Agency.

Worries of another drought have been raised by a reported shortfall of rain this spring, which will likely lead to a reduced harvest. 

"I have been working at the farm for more than 30 years, but I have never experienced this kind of severe drought," An Song Min, a farmer at the Tokhae Cooperative Farm in the Nampho area, said as he stood in parched fields where the dirt crumbled through his fingers.

North Korea does not produce enough food to feed its 24 million people, and relies on limited purchases of food from other countries as well as outside donations to make up the shortfall. 

About 16 million North Koreans - two-thirds of the country - depend on government rations, the UN report said. There are no signs the government will undertake the long-term structural reforms needed to spur economic growth, it said.

The land in the mountainous north is largely unsuitable for farming, and deforestation and outmoded agricultural techniques - as well as limited fuel and electricity - mean farms are vulnerable to natural disasters, including flooding, drought and harsh, cold winters, the UN report said. Provinces in the southern "cereal bowl" produce most of the country's grains, but the food does not always reach the far northeast. 

A crop assessment last October indicated that 3 million people would need outside food help this year.

Sauvage noted that North Korea, proud of its free health care system, runs spotlessly clean hospitals but with limited facilities. "The proportion of doctors to households is very high," Sauvage said. "Unfortunately, there's not a lot in the doctor's toolkit."

Governo maquia suas contas (como sempre...)


Governo inclui subsídios como despesa de capital

Editorial, O Estado de S.Paulo, 12 de junho de 2012
O Tesouro, ao apresentar suas contas, insistiu em dois pontos: as despesas com pessoal e encargos sociais diminuíram e os gastos de capital cresceram muito. As duas afirmações merecem exame cuidadoso, pois contam apenas meia-verdade.
Os dispêndios com a folha salarial, no documento do Tesouro Nacional, que se refere ao primeiro quadrimestre, revelam um crescimento de 1,7%, caindo porém de 4,59% do PIB, em 2011, para 4,35%, neste ano. Como o Tesouro não fornece sua estimativa do PIB, é difícil saber se foram levados em conta os resultados do PIB do primeiro trimestre, que mostraram um crescimento muito fraco do conjunto da economia. Um aumento de 1,7% da folha, levando em conta a inflação, é aceitável, porém o que se verifica é que no Judiciário e no Legislativo houve redução de 10,2%, mas no Executivo o aumento foi de 5,4%, muito acima da inflação. A conclusão evidente é que aí não chegou a haver um grande exemplo de austeridade.
O exame das despesas de capital é mais complexo, pois, na sua apresentação, o governo mistura despesas de custeio e capital, numa parte, e, em outra, num item chamado "outras despesas de custeio e capital" explicita quais são as de capital propriamente ditas (leia-se investimentos) para as quais se dispõe de mais informações.
No primeiro grupo, as despesas aumentaram R$ 17,2 bilhões em relação ao mesmo período de 2011 e aí se misturam custeio, financiamentos, subsídios e subvenções - esses dois últimos itens somando R$ 6,4 bilhões. Constam também as despesas com o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que aumentaram R$ 3,8 bilhões (50%) e podem ser consideradas investimentos, mas que acusam um grande atraso, especialmente no que se refere aos gastos com a infraestrutura.
Nas "outras despesas de custeio e capital", que somam R$ 67,4 bilhões, entram R$ 27 bilhões como despesas de capital, com um aumento de 28,4%. Mas o maior aumento é o do Ministério das Cidades, de 99,6%, que gastou R$ 279,8 milhões. No entanto, grande parte dessa quantia se refere a subsídios do programa Minha Casa,Minha Vida, um programa que funciona melhor porque está nas mãos de empresas privadas.
Ora, os outros subsídios, que visam a diminuir a taxa de juros, como no caso do BNDES e nos créditos para a agricultura, ficaram na lista de subsídios mesmo, sem disfarces. Nesse caso, o governo procurou potencializar de fato seus investimentos por não ter outros exemplos para mencionar.

Reagan em Berlim: "Derrube este muro, Mr Gorbachev"

Um dia realmente histórico este 12 de Junho de 1987.
Dois anos depois, não Gorbachev, mas o povo de Berlim oriental começou a derrubada do muro.
Mas é verdade que nada teria ocorrido se a URSS tivesse continuado no mesmo caminho da repressão.
O que ocorreu foi que Gorbachev não fez nada, e disse aos comunistas alemães para não fazerem nada.
Este foi o seu histórico papel: o de não fazer nada.
Mas isso não teria talvez ocorrido sem a provocação de Reagan...
Paulo Roberto de Almeida

Raze Berlin Wall, Reagan Urges Soviet



By GERALD M. BOYD
Special to the New York Times

RELATED HEADLINEReagan Calls on Gorbachev to Tear Down the Berlin WallOTHER HEADLINESU.S. Drops Its Case Against A Marine In Embassy Spying: Lack of Evidence Cited: New Retreat by Prosecution Leaves Unclear the Extent of Damage in Moscow
Goetz Jury Hears Gharge By Judge And Deliberates: The Panel Is Asked to Weigh 2 Contrasting Portraits -- Self-Defense at Issue
PTL Asks Court For Protection From Creditors
Clashes Continue In Center Of Seoul:Bystanders Cheer as Radicals Defy Barrages of Tear Gas
A Middle-Class Mandate: Thatcher Victory Shows a Changed Britain, As Voters Support Own Economic Interest
Rise in Producer Prices Eases
Workers and Police Clash Briefly As Pope Visits a Solidarity Center
In Land of Cricket, the Grand Slam Resounds
Presbyterians and Judaism
Bakassa Sentenced to Die
A Pact on Boarder Babies
WEST BERLIN, June 12 -- President Reagan sought today to undercut Europe's perception of Mikhail S. Gorbachev as a leader of peace, bluntly challenging the Soviet leader to tear down the Berlin wall.
Speaking 100 yards from the wall that was thrown up in 1961 to thwart an exodus to the West, Mr. Reagan made the wall a metaphor for ideological and economic differences separating East and West.
''There is one sign the Soviets can make that would be unmistakable, that would advance dramatically the cause of freedom and peace,'' the President said.
''Secretary General Gorbachev, if you seek peace - if you seek prosperity for the Soviet Union and Eastern Europe - if you seek liberalization: come here, to this gate. ''Mr. Gorbachev, open this gate. ''Mr. Gorbachev, tear down this wall.''
Mr. Reagan made the remarks with the Brandenburg Gate in East Berlin in the background. An East Berlin security post was in view.
The Berlin police estimated that 20,000 people had turned out to hear the President, but some observers thought the crowd was smaller than that.
The Soviet press agency Tass said that Mr. Reagan, by calling for destruction of the wall, had given an ''openly provocative, war-mongering speech'' reminiscent of the cold war.
Reagan Peers Into East Berlin
Before the speech, Mr. Reagan peered across the wall from a balcony of the old Reichstag building into East Berlin, where a patrol boat and a gray brick sentry post were visible. Later, when asked how he felt, he said, ''I think it's an ugly scar.''
Asked how he regarded a perception among some people in Europe that Mr. Gorbachev was more committed to peace, Mr. Reagan said, ''They just have to learn, don't they?''
Administration officials had portrayed the speech as a major policy statement. But the main new initiative was a call to the Soviet Union to assist in helping Berlin become an aviation hub of Central Europe by agreeing to make commercial air service more convenient.
Some Reagan advisers wanted an address with less polemics but lost to those who favored use of the opportunity to raise East-West differences and questions about Mr. Gorbachev's commitment to ending the nuclear arms race and his internal liberalization policies.
''In Europe, only one nation and those it controls refuse to join the community of freedom,'' Mr. Reagan said. ''Yet, in this age of redoubled economic growth of information and innovation, the Soviet Union faces a choice. It must make fundamental changes or it will become obsolete.''
Shield of Bulletproof Glass
Speaking with two panes of bulletproof glass shielding him from East Berlin, Mr. Reagan stressed a theme of freedom and peaceful reunification of Berlin.
That was a point made by President Kennedy in his ''Ich bin ein Berliner'' speech two years after the wall was built.
''Standing before the Brandenburg Gate, every man is a German, separated from his fellow men,'' Mr. Reagan said. ''Every man is a Berliner, forced to look upon a scar.''
Using this speech to portray Moscow as the villain in the arms race, Mr. Reagan said 10 years ago it had challenged the Western alliance with a ''grave new threat'' by deploying SS-20 nuclear missiles that could strike West European capitals. But, Mr. Reagan said, the alliance remained strong and had deployed Pershing 2 and cruise missiles, so the prospects for eliminating such nuclear weapons is ''within the reach of possibility.''
''While we pursue these arms reductions, I pledge to you that we will maintain the capacity to deter Soviet aggression at any level at which it might occur,'' he said.
Mr. Reagan, whose speech was broadcast to West European countries, said it was unclear whether Mr. Gorbachev's campaign of liberalization represented ''profound changes'' or ''token changes.''
The wall has been an attractive symbol to American Presidents, including Mr. Kennedy and Jimmy Carter.
Taking note of that pattern, Mr. Reagan said, ''We come to Berlin, we American presidents, because it is our duty to speak in this place of freedom.''
The trip, in which Mr. Reagan also took part in a ceremony celebrating Berlin's 750th anniversary, provided the President with a lift at the end of the economic summit meeting in Venice of the seven major industrialized democracies.
At the end of a second event in Berlin, at Tempelhof Airport, miniature parachutes rained down as symbols of the 1948-49 airlift that kept the city alive during a Soviet land blockade.
Greeted by Kohl
Chancellor Helmut Kohl of West Germany greeted the President and then flew aboard Air Force One to Bonn to receive him there.
Speaking before the President, Mr. Kohl said that the countries of the Soviet bloc's Warsaw Pact ''must abandon their conventional superiority and their aggressive military doctrine.''
Suggesting Berlin as a start for cooperation between East and West, Mr. Reagan urged international meetings, summer exchanges of youngsters from West Berlin and East Berlin, culture exchanges and sports events, including Olympic Games jointly in the two countries.
Several times, Mr. Reagan addressed addressed the Germans in their language. In one case, Mr. Reagan made a special appeal to East Berliners by saying, ''Es gibt nur ein Berlin,'' or ''There is only one Berlin.''
He began his remarks by quoting from a popular old song: ''I come here today because wherever I go, whatever I do: 'Ich hab' noch einen Koffer in Berlin,' or 'I still have a suitcase in Berlin.' ''
===========

Uma análise contemporânea:

OP-ED CONTRIBUTOR

Reagan at the Wall

  • FACEBOOK
  • TWITTER
  • GOOGLE+
  • EMAIL
  • SHARE
  • PRINT
  • REPRINTS
Providence, R.I.
Brian Stauffer, photograph from Associated Press
Opinion Twitter Logo.

Connect With Us on Twitter

For Op-Ed, follow@nytopinion and to hear from the editorial page editor, Andrew Rosenthal, follow @andyrNYT.
ON June 12, 1987, the cold war entered a terminal phase, in ways that few could have anticipated, and in fact, almost no one did — with the exception of a president down on his legendary luck.
If in 1984 Ronald Reagan had proclaimed that it was “morning again in America,” three years later the evening was coming fast for a presidency that had spent most of its energy. The Iran-contra scandal had damaged him, and in March 1987 only 42 percent of Americans approved of the job he was doing. Reagan’s diary reveals a president losing focus, with entries registering more enthusiasm for old videos than the crushing business of state. On May 23, 1987, a good day: “Ran a movie about Big Foot & to my surprise I was in it — a shot of me & Bonzo on a TV set.”
But the aging actor still had a trick or two up his sleeve. For months, a trip had been planned to Berlin, a city famous for its stages. John F. Kennedy had given one of the greatest speeches of his presidency there in 1963; it would be a challenge for Reagan to duplicate the excitement of that visit. Like him, the cold war seemed to be losing steam. But Reagan’s loyal aides pitched the idea of a major speech at the Brandenburg Gate, and the writers began to crank out drafts. A single line kept calling attention to itself: an appeal to tear down the Berlin Wall, which ran alongside the gate.
In a way, it was a no-brainer. No one had ever liked the wall, since its construction in 1961. But to express that antipathy in 1987, as tensions were winding down, was impolitic. An encouraging new leader of the Soviet Union, Mikhail S. Gorbachev, was bravely campaigning for perestroika (restructuring), glasnost (opening) and a third word we don’t remember as well, uskorenie (acceleration). Things were trending in the right direction in United States-Soviet relations. Most of Reagan’s foreign policy advisers opposed adding incendiary language.
There were other complications as well. The Brandenburg Gate offered an impressive backdrop, but it was so close to East Berlin that the Secret Service feared the president could be exposed to Communist snipers. Yet building a protective barrier would erect a wall around him at the same time that he was calling for the wall to be torn down. Worse, it would deny TV audiences a chance to see the wall. An ingenious solution was found — a glass partition that gave a clear view of the wall, and the gate.
But to those attuned to nuance, the gate posed its own problems.
It was not much of a gate, and for most of its history, it was illegal for anyone who was not a member of the Prussian royal family to walk through its central passage. A huge ceremonial structure, it borrowed features from the Acropolis, in tribute to the long fascination ancient Greece exerted upon the German imagination (a fascination that in no way extends to the current German-Greek relationship). For many Germans, however, its ghosts did not conjure Aegean democracy or Beethoven, but helmet-tipped Prussians and goose-stepping Nazis. The Reagan team might have been sensitive on that point, after the controversy caused by his visit to a Nazi cemetery on his previous trip to Germany.
One of Reagan’s gifts, however, was not to care about the wisps of history, or the contrary advice of his advisers. He insisted that the line be included, and so, midway through the speech, the president said, “Mr. Gorbachev, open this gate! Mr. Gorbachev, tear down this wall!” The lines were delivered crisply. It is unusual for a president to use the second-person imperative — it’s one of the reasons we remember J.F.K.’s invocation to “ask not.” Near the end, Reagan spotted a bit of graffiti spray-painted on the wall, and read it aloud: “This wall will fall. Beliefs become reality.”
Shortly after, he flew back to Washington. His diary entry for June 12 does not overwhelm with its acuity (“I was surprised that we traveled in bright sunshine for about 8 of the 8 1/2 hour flight. It didn’t get dark until a little less than an hour out and yet it was after 3 A.M. back where we left”). But something had changed in the atmosphere. A gate had opened. And two years later, it was exactly as he predicted. The wall fell — not because Mr. Gorbachev tore it down, but because he did nothing at all.
To this day, Reagan attracts fierce partisans, eager to claim he “won” the cold war, and this speech is often cited in that argument. The claim feels forced, given that the U.S.S.R. outlasted his presidency by two years. But on this day, Reagan’s inner actor proved shrewder than most who would have counseled realpolitik. His theatrical turn on Berlin’s greatest stage stated a great moral truth, the way the best theater does, and proved the accuracy of Mr. Gorbachev’s third concept, uskorenie — acceleration.
Mr. Gorbachev deserves some of the credit, and in fact, the vast majority of young Germans in 1989 felt gratitude to him, not to Ronald Reagan. No one deserves more credit than the young graffiti-painters who protested against the wall for 28 years, and finally liberated themselves. But surely some recognition should go to a president who had the good sense to ignore the advice he was given, and read the writing on the wall.
Ted Widmer, who was a speechwriter for President Bill Clinton, is the director of the John Carter Brown Library at Brown University and the author of “Ark of the Liberties: America and the World.”

Apple: sempre renovando os sistemas...

Je suis preneur, como diriam os franceses...
(desculpem a inserção publicitária, mas se trata apenas de um registro).


Apple annonce IOS 6, avec Google en ligne de mire

Le Monde.fr | 

La première keynote de la WWDC (World Wide Developper Conference) sans Steve Jobs, qui s'est tenue lundi 11 à San Francisco, n'a pas réservé de grande surprise, comme aurait pu le faire un nouveau modèle de son iconique iPhone. Tim Cook, qui officiait à la place du charismatique patron de la firme à la pomme, s'est tout d'abord félicité du succès de l'App Store qui permet de télécharger des programmes sur soniPhone ou son iPad. Plus de 400 millions de comptes ont été ouverts avec des cartes de crédit et 30 milliards d'applications ont été téléchargées, selon l'entreprise.

Comme prévu, Apple a annoncé le renouvellement de sa gamme d'ordinateurs, dont les processeurs seront plus rapides et la mémoire plus étendue. Le fabricant a également présenté un ordinateur portable doté d'un écran à la résolution record (2880 X 1800 pixels), avec une mémoire, un processeur et une batterie dopés. Cet appareil sera enfin équipé d'une prise HDMI, pour le relier à une télévision par exemple. Tout cela avec une épaisseur inférieure à celle d'un doigt. Le prix sera élevé : le modèle le plus puissant sera vendu 3 700 dollars.
Avec ce nouveau produit, Apple espère continuer à séduire d'anciens utilisateurs de PC. Plus de 66 millions de machines fonctionnent désormais sur son système d'exploitation Mac OS X, trois fois plus qu'il y a trois ans. Et les consommateurs adoptent rapidement ses nouvelles versions. Plus de 40 % d'entre eux ont acheté la dernière en 9 mois - il a fallu 27 mois pour que Windows 7 atteigne ce niveau, a souligné Apple.
OFFENSIVE CONTRE ANDROID ET GOOGLE
L'entreprise californienne a dévoilé la nouvelle mouture de son système d'exploitation, baptisée "Montain Lion", qui sera disponible le mois prochain pour 19,99 dollars. Elle propose une synchronisation améliorée avec iCloud : calendrier, documents, notes, listes de choses à se rappeler et les conversations via des messages avec ses amis que l'on peut enrichir de photos ou de vidéos. Un centre de notifications permet de regrouper tous les messages qui apparaissent sur l'écran. Le système intègre aussi la reconnaissance vocale et une nouvelle version de Safari, le navigateur d'Apple, et la fonction air play pour visionner l'écran de son ordinateur sur sa télé.
La physionomie de Lion se rapproche d'iOs, le système d'exploitation destiné aux appareils mobiles de la marque (tablettes et smartphones). Plus de 365 millions d'iPad, iPhone ou iPod touch ont été vendus depuis leur lancement, et les trois quarts utilisent la dernière version d'IOS. "Ce qui est loin d'être le cas pour les machines fonctionnant sur Android", s'est amusé à souligner Tim Cook. Selon Apple, 47 % des photos échangées sur Twitter proviennent de machines iOS, qui compterait 75 % d'utilisateurs satisfaits, contre moins de la moitié pour les utilisateurs d'Android de Google, a affirmé Apple.
La firme a dévoilé la nouvelle version d'IOs, IOs 6, qui offre 200 améliorations dont une meilleure intégration de Facebook et de Siri. Le système de reconnaissance vocale sera proposée dans de nouveaux langages dont le coréen, l'espagnol et le chinois. Siri fonctionnera aussi sur la dernière version de l'iPad. IOs 6 offrira aussi une nouvelle version de Map, l'application de cartographie avec GPS intégré. Il abandonne celle qui était fournie jusqu'à présent par Google, plus que jamais son principal concurrent sur mobiles et tablettes.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Economias abertas e fechadas: um debate esquizofrenico...

Parece que agora a Estonia já não conta mais, pelo menos não para efeitos de comparação entre o Brasil e esse pequeno país báltico, que caberia, aparentemente, dentro de Campinas, a pátria dos keynesianos de botequim...
Acabo de receber este comentário de um Anônimo reincidente, que insiste em se expressar telegraficamente, o que impede saber o que ele pensa, de verdade, sobre o tamanho das economias e suas políticas econômicas.



Anônimo deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Coitada da Estonia: do tamanho de Campinas...": 
engraçadinho, tamanho faz diferença sim. Pegue qualquer livro-texto de economia, qualquer revista relevante de economia, você verá inúmeros exemplos de "pequena economia aberta"....mas nunca verá exemplo de "grande economia aberta". E a diferença não se restringe ao fato de que uma economia grande é capaz de afetar os preços dos produtos que exporta ou importa. Quem pensa como economista austríaco só pode mesmo pensar como economista de "pequena economia aberta". 



Ao que parece, como para Engels, quantidade numa certa quantidade (bem, vocês entendem) acaba virando qualidade, ou vice-versa, vocês escolhem...
Então ficamos assim: não existem exemplos de grandes economias abertas. Só pequenas.
Mas o que faço de certos casos: a Albania, por exemplo, dos tempos do Enver Hodja, era uma pequena economia totalmente fechada.
E a economia cubana, que diminui a olhos vistos? Era aberta e está ficando fechada? Ou se abre para os dólares e o petróleo de Hugo Chávez?


Mas será mesmo que não existem grandes economias abertas? Nenhum exemplo?
Puxa vida, essa é surpresa para mim.
Os Estados Unidos devem ser uma miragem, e no seu lugar, naquele pedaço do planeta, deve haver um grande buraco branco, como naquelas antigas cartas geográficas que diziam: "terrae incognitae", ou seja, terras desconhecidas.
Ou então, para o nosso campineiro não estoniano, se trata de uma grande economia FECHADA.
Tão fechada que tem o maior déficit comercial do mundo. Isso que é fechamento (inepto, ao que parece).
Mais ainda: essa economia desafia as leis da oferta e da procura. 
Os EUA, como grande economia fechada, conseguem determinar, por exemplo, os preços do petróleo.
Não sei como é que os americanos reclamam tanto da gasolina a 4 dólares o galão. Se eles determinam os preços, por que não colocam o preço a 1 dólar o galão?


Outra surpresa: eu era austríaco e não sabia.
Preciso ir correndo numa biblioteca ou numa livraria e comprar livros sobre os economistas austríacos. Vocês sabem: é chato ser uma coisa e não saber o que pensam os coisos dessa coisa que se chama economia austríaca. E confesso que não sei: não sou especialista em economia austríaca, não sou sequer economista. Só pertenço a essa tribo de irredutíveis ideólogos que são os sociólogos, esses que, em lugar de produzirem riqueza como maná dos céus, que são os economistas desenvolvimentistas da UniCamp, só produzem déficit público, junto com os advogados e os juízes do trabalho.
Puxa vida, como sou grato ao comentarista Anônimo.
Está resolvendo um grave conflito de minha personalidade esquizofrênica. Eu, que nem gosto de sachertorte, sou austríaco em segunda encarnação.
Vou pedir meu passaporte europeu, e comprar aquelas calças curtas ridículas dos austríacos...
Paulo Roberto de Almeida 

Brasil-Argentina: de volta ao mercantilismo

A noção de que comércio bilateral precisa ser equilibrado é tão mercantilista, mas tão mercantilista, que parece que o Brasil e a Argentina voltaram ao século XVII, quando ainda nem existiam enquanto países. Deve ser isso: os países não existem, e os burocratas fazem o que bem entendem com os seus empresários, obrigando-os a se submeterem a suas ordens, que desprezam totalmente o desempenho, o mérito, a competitividade construídos pelas próprias empresas. No limite, isso se chama fascismo econômico: empresários privados tendo de seguir ordens e desejos de burocratas estatais.
As pessoas nem percebem que estão sendo perfeitamente fascistas...
Assim segue o mundo do fascismo introjetado...
Paulo Roberto de Almeida

11 DE JUNHO DE 2012 - 8H46 

Mercosul: Brasil quer equilibrar comércio com Argentina


As barreiras comerciais impostas pelo governo de Cristina Kirchner para proteger a indústria argentina, que provocaram fortes críticas de autoridades e empresários brasileiros, começam a gerar um novo rumo na relação comercial entre os vizinhos. Se até agora a resposta brasileira tem sido retaliar pontualmente produtos argentinos, que esperam semanas por autorização de ingresso na fronteira, negociações recentes indicam maior disposição em equilibrar o comércio com o país.


Nos últimos meses, o governo argentino tem buscado frear o ritmo das importações e conter a saída de moeda estrangeira do país, que ameaça a balança de pagamentos. Com isso, adotou medidas de controle de capital e mais barreiras comerciais que levaram o país novamente à mesa de negociação com os vizinhos.
 
Na última sexta-feira (08), em Buenos Aires, o governo argentino anunciou que o Brasil se comprometeu a importar, a partir de julho, camarões e cítricos argentinos, produtos que, segundo a secretária de comércio exterior do país, Beatriz Paglieri, tradicionalmente tiveram problemas para ingressar no Brasil. Outra pauta de negociação foi o acesso de medicamentos argentinos ao mercado brasileiro. Representantes das agências de vigilância sanitária de ambos os países devem se reunir nas próximas semanas.

“O que as duas instituições vão analisar é uma maior integração destes mercados para ver onde podemos ter maior cooperação. O Brasil tem lei de genéricos e a Argentina está começando a se organizar para entrar neste mercado”, explicou aos correspondentes brasileiros em Buenos Aires o secretário-executivo do ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Alessandro Teixeira.

Em consonância com os esforços para aumentar o fluxo de importações provenientes da Argentina, a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) defende o aumento do apoio ao país vizinho: “Equilibrar o comércio é difícil, mas não é uma missão impossível. Podemos comprar mais da Argentina, importando menos de outros países.”, afirmou ao Ópera Mundi o diretor-adjunto de Relações Internacionais da Fiesp, Thomaz Zanotto.

Segundo ele, “a posição da Fiesp é clara e baseada em fatos concretos”: “A Argentina é um dos maiores clientes de produtos brasileiros, comprou 20 bilhões de dólares de manufaturados no ano passado, mas se encontra em uma situação financeira muito parecida com a do Brasil da década de 1980, e é de interesse do Brasil ajudá-los a superar esta fase”, afirma ele, ponderando sobre a necessidade de apoiar o país na maximização do superávit de sua balança comercial e aumento da captação de dólares.

Em um estudo divulgado em maio, a Fiesp também constatou que 24% dos empresários brasileiros optam por importações oriundas de outros países por desconhecerem fornecedores argentinos nos setores de alimentos, bebidas, autopeças, farmacêuticos, químicos e máquinas. O levantamento foi realizado com 221 empresas importadoras de 38 produtos identificados pelo governo argentino como “prioritários” para o aumento do comércio com o Brasil.

Além da realização de rodadas de negócios já iniciadas entre potenciais fornecedores argentinos e empresários brasileiros, Zanotto diz que a Fiesp está levantando a potencialidade de maior comércio de itens argentinos de alto valor, como navios, produtos petroquímicos e combustíveis. Como possibilidade mais remota, menciona a ideia de que ambos os países passem a realizar a troca comercial em moedas locais em vez de dólares.

Queixas

Apesar dos sucessivos recordes anuais no fluxo de comércio entre os países, que somou 39,6 bilhões de dólares em 2011, o Brasil segue tendo superávits consecutivos sobre a Argentina, que aumentou em 1,7 bilhões seu déficit na balança bilateral em relação a 2010, quando registrou uma diferença de 4,1 bilhões de dólares. 

Apesar da queda no fluxo comercial provocada pelo aumento do controle argentino às importações no início do ano e a baixa do ritmo de crescimento de ambas as economias em um contexto global de crise, o Brasil obteve um novo recorde de exportações no primeiro quadrimestre, somando 74,6 bilhões de dólares. Entre os principais compradores no período, a Argentina aparece como terceiro, superada somente pela China e pelos Estados Unidos.

Dentre as queixas de exportadores brasileiros às medidas protecionistas argentinas, estão a demora na liberação de produtos na fronteira, que muitas vezes superam o prazo de 60 dias determinado pela OMC (Organização Mundial do Comércio) e a necessidade de uma autorização da Receita Federal do país para cada importação desejada por empresários argentinos.

O governo brasileiro, por sua vez, recorre a licenças não automáticas para produtos argentinos como vinhos, batatas congeladas e frutas para pressionar o governo de Cristina Kirchner a pôr um fim às barreiras comerciais. O problema já afeta produções de ambos os lados da fronteira, tanto no setor de alimentos, passando por sapatos, eletrodomésticos, automóveis e atingindo até máquinas e bens de capital.

Casamento

Ao anunciar o compromisso na melhora do fluxo comercial, após a reunião bilateral em Buenos Aires, Teixeira afirmou esperar reciprocidade argentina no cumprimento dos prazos de liberação dos produtos parados na fronteira. No entanto, definiu a relação com a Argentina como um “casamento” e afirmou que países com trocas comerciais intensas “sempre têm problemas”.

“Nossas exportações de valor agregado vêm para a Argentina, independente da época e do governo que aqui esteja. Isso é muito claro, independente de quem é o governo do Brasil e da Argentina, estas relações existem, existirão e serão fortes”, garantiu, enfatizando a importância da integração produtiva e concluindo que a melhora da economia argentina beneficiará os negócios brasileiros.

Segundo o secretário, apesar de questionamentos sobre a falta de “dureza” do governo, o foco de atenção e a postura nas relações com a Argentina vêm mudando, devido ao aumento de investimentos brasileiros no país. “No ano passado, a Argentina atraiu cerca de sete bilhões de dólares de investimento e pelo menos 35% a 40% disso são brasileiros. Do ponto de vista de relacionamento, já não somos um mero vendedor para a Argentina, somos um dos principais investidores”, afirma.

OMC

As declarações mútuas para solucionar os entraves entre os sócios estratégicos, no entanto, se restringe aos países membros do Mercosul. Diversos países de fora do bloco mostraram menos paciência com o protecionismo argentino e apresentaram, no fim de março, um documento à OMC no qual exigiam que a Argentina cumprisse as regras do comércio internacional.

Um dos pontos de repúdio dos países que assinaram a queixa, entre eles Estados Unidos e membros da União Européia, remetia a um controle não oficial segundo o qual os empresários devem exportar o mesmo valor importado. Com a lógica de que cada dólar que sai deve voltar para o país é a mesma que levou o governo argentino a controlar a compra da moeda norte-americana no país: evitar a fuga de divisas.

Diretor da consultora econômica Analytica, Ricardo Delgado, classifica seu país como um “fugitivo em série de capital”. Segundo ele, o dólar é um dos totens da política econômica argentina e a recomposição das reservas financeiras na moeda, geradas pelas medidas governamentais, pode ser o início de uma flexibilização das restrições sobre as importações.

“O governo sabe que neste mundo de semelhante inter-relação produtiva entre os países, não é possível manter permanentemente esta política de compensação de dólares importados e exportados”, afirmou ao Ópera Mundi, em relação ao recrudescimento das barreiras comerciais impostas pela Argentina, que se agravaram nos últimos meses. “A intensificação das medidas são claramente um sistema de transição. Não se pode pensar a política externa de um país a partir disso”, garante.

Segundo Delgado, no entanto, os problemas comerciais estruturais na relação bilateral se devem a assimetrias entre ambas as economias e escalas de produção diferentes, levando a um quadro de difícil solução. Outro fator apontado por ele são os diversos programas de subsídios que tornam a indústria brasileira mais competitiva. “Isso é uma coisa que o Mercosul não resolveu e não resolverá nunca”, diz.

Apesar disso, Delgado considera necessárias algumas precauções tomadas pelo governo argentino. “O país não podia continuar em um ritmo de crescimento anual de 40% das importações e de 20% de exportações, porque geraria uma crise de dólares. Então taticamente este cuidado está bom”, afirma, antes de esclarecer que o processo de restrições às importações poderia ser feito de maneira mais criteriosa com sócios estratégicos como o Brasil.

Fonte: Ópera Mundi

Coitada da Estonia: do tamanho de Campinas...

Um Anônimo, sábio o suficiente para permanecer anônimo, me manda o seguinte comentário a propósito deste post meu (que aliás, já tinha sido objeto de um exchange anterior sobre o mesmo assunto, pois o ilustre desconhecido achava que a Estonia tinha quebrado por que foi neoliberal demais, sem explicar como, por que, e em que condições o neoliberalismo estoniano conseguiu produzir tamanho estrago na economia daquele país, uma queda de 20% do PIB em 2009).
Agora ele escreve isto, em outro post meu, referenciado: 

Anônimo deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Coitada da Estonia: ultraliberal e crescendo...": 
A Estônia eh do tamanho de Campinas. 

Pois bem, comento novamente (PRA):

Como diriam os ingleses: so what?
E daí? Qual a diferença isso faz?


Faz alguma diferença para a inteligência do nosso anônimo que ele tenha 1,5 metro de altura, 1,90 ou 2,20 metros?
Faz alguma diferença para a consistência (ou falta de) de seus argumentos que ele calce 38, 41 ou 43?
Faz diferença que ele pese modestos 55 quilos, 85 ou 120 quilos?
So what?


Qual é o problema da Estonia ser do tamanho de Campinas?
Suponho que ele esteja dizendo isso pelo tamanho da população.
E se a população "campineira" da Estonia tiver uma renda per capita três vezes superior à da população "estoniana" de Campinas?
Será que isto faz alguma diferença para o nosso anônimo comentarista preocupado com o tamanho da Estônia?
Será que as pessoas e os dirigentes da Estônia pensam pequeno, de forma medíocre, apenas porque o país é pequeno? Será que as políticas macro e micro da Estonia são tão pequenas que precisamos de uma lupa para enxergá-las?
Mas, então isso vale também para Campinas, de onde talvez venha nosso anônimo comentarista, e será que é por isso que a cidade não vai para a frente, já que todo mundo ali pensa pequeno, do tamanho da Estônia, ou seja, sem importância nenhuma no plano mundial?
Será por isso que Campinas tem a maior concentração de keynesianos do Brasil, a maior densidade demográfica de "desenvolvimentistas" de todo o planeta?
Será que foi por isso que assassinaram um prefeito da cidade?
Não posso crer.


Acho que tamanho não é documento, como diz um velho ditado.
Tamanho, de qualquer coisa, não define a qualidade de nada, absolutamente e rigorosamente de nada.
Se fosse válido o argumento, então os EUA , a China e Índia seriam a maior maravilha do mundo, e o Lietchenstein, Mônaco, Dinamarca e Luxemburgo umas porcarias comparáveis à Somália, ou a Etiópia, que, aliás, não é lá tão pequena assim.
Se tamanho fosse documento em matéria de políticas econômicas, só países grandes teriam boas políticas econômicas, e os pequenos poderiam se contentar com meros improvisos, política feita "nas coxas", de respostas puramente setoriais (como aliás fazem alguns, por aqui).


Onde o nosso comentarista pretendeu chegar com esse desprezo pelo tamanho da Estonia?
Será que quis dizer: deixa prá lá, eles são tão pequenos que nunca poderão servir de referência econômica para um país tão grande como o Brasil?
Portanto, já estamos sabendo: não precisamos do neoliberalismo da pequena Estonia, que não nos serve para nada. Podemos viver muito melhor com o nosso keynesianismo tupiniquim, nosso desenvolvimentismo campineiro, nosso estatismo gigantesco, pois assim estamos muito melhor...


O nosso comentárista acha que tamanho define a qualidade das políticas econômicas.
Acho que ele precisa ler Keynes novamente.
O velho mestre de Cambridge não seria tão primário a esse ponto, tão indigente intelectualmente que se colocasse no papel, ele, o representante de uma ilha de meros 35 milhões de habitantes, dar conselhos a um gigante continental como os EUA, que na sua época já tinham 100 milhões de habitantes.
Como Keynes ousaria fazer isso? Aplicar políticas de uma mísera ilha, "que Deus na Mancha ancorou", num país das dimensões gigantescas, como os EUA?
Ora vejam, olhe o seu tamanho, diria Roosevelt.  Ponha-se no seu lugar, ô seu nânico...
Recolha-se à sua insignificância...
Paulo Roberto de Almeida 

O custo da diplomacia da generosidade: Haiti

Sem comentarios:
Rubens Valente
Folha de S.Paulo, 11/06/2012

O que começou como uma operação emergencial de seis meses, com um custo previsto de R$ 150 milhões, completou no início deste mês oito anos de duração, a um preço de quase R$ 2 bilhões. A operação militar do Brasil no Haiti, iniciada em 1º de junho de 2004 como parte do plano do governo Lula para obter um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU, consumiu até agora mais de seis vezes o que foi gasto pelo governo federal com a Força Nacional brasileira entre 2006 e 2012. Além disso, equivale a cerca de dois anos de gastos do principal programa de segurança pública da União, o Pronasci.
O valor de R$ 1,97 bilhão, já descontada a inflação do período, foi obtido pela Folha por meio da Lei de Acesso à Informação junto ao Ministério da Defesa. A conta total é ainda maior, pois o ministério alegou não dispor de informações sobre auxílios, indenizações e outros benefícios previstos numa lei, criada após a entrada do Brasil no Haiti, que trata da remuneração de militares que atuam em missões internacionais de paz. Mais de 16 mil militares brasileiros estiveram no país desde 2004.
Segundo o levantamento, uma boa parte do dinheiro gasto pelo Brasil no Haiti foi dirigida à modernização de equipamentos. O Brasil adquiriu veículos (R$ 162,3 milhões), explosivos e munições (R$ 24,3 milhões), armamentos (R$ 22 milhões) e embarcações e equipamentos para navios (R$ 18,1 milhões). Uma parte dos gastos do Brasil no Haiti é reembolsada pela ONU, responsável pela missão de paz. Até outubro de 2010, foram R$ R$ 328 milhões, ou apenas 25% do total (o ministério não repassou números atualizados).
Em nota, o ministério afirmou à Folha que os gastos estimulam a indústria militar brasileira. “A aquisição de material moderno para equipar os militares brasileiros permite, além da eficiência no emprego da tropa, fomentar a indústria de defesa brasileira e projetar o Brasil internacionalmente.” Um dos generais que lideraram a missão no Haiti disse, sob garantia de não ser identificado, que o Brasil “já devia ter pensado em sair” do país caribenho. O oficial reconhece que o Brasil não vai retirar suas tropas “tão cedo” e por uma razão política: a missão é usada como cartão de visitas do Brasil no exterior, como um exemplo de sucesso.