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sexta-feira, 24 de maio de 2013

Frase da semana: Odebrecht, by Mansueto

Transcrevendo, apenas.
Acho que a realidade produtiva do Brasil é muito pior, mas muito mais pior (como diria alguem, que vcs sabem quem é) do que o indiretamente dito (gentilmente) por este líder empresarial que também ocorre ser um dos grandes financiadores da malta de bárbaros que assalta o Brasil, aliás com a ativa colaboração dos mesmos, que são também corruptores de maiores. 
Como diria Lenin, os capitalistas fornecem a corda, etc...
Paulo Roberto de Almeida


Frase da Semana: Marcelo Odebrecht


Alguém me enviou e achei fantástico o resumo da Conferência Internacional Itaú BBA+ do dia 25 de abril de 2013, em São Paulo. Em especial, gostei muito do seguinte ponto do discurso do empresário Marcelo Odebrecht, presidente da Odebrecht S.A.:
De forma geral, as oportunidades no Brasil, segundo o executivo, são maiores para quem “está mais perto da mãe natureza”. Para ele, quanto mais avançado na cadeia produtiva industrial estiver o negócio, e quanto mais tradable for o produto, maiores são as dificuldades.
“Como país, somos caros e tendemos a permanecer caros nos próximos anos”, avaliou, ressalvando que os serviços são favorecidos por não sofrerem o mesmo nível de competição internacional. A ordem do jogo agora é aumentar a produtividade.
Antes que alguém venha me chamar de pessimista, quem falou isso não fui eu, mas sim o presidente de um dos grupos empresariais mais fortes do Brasil e com livre acesso ao  ex-presidente Lula e à Presidente da República.

Populismo petrolifero da era Lula levou a desastres na Petrobras

Recebido de correspondentes, como sendo informação que circula entre funcionários e pessoas trabalhando com a Petrobras.
Paulo Roberto de Almeida

A nova presidente da Petrobras decidiu comprar uma briga daquelas, em véspera de ano eleitoral. Ela quer cancelar todos os contratos de patrocínio da estatal e já provoca uma gritaria entre políticos da base aliada. Dias atrás, a presidente da Petrobras, Graça Foster, fez uma conferência com investidores e foi de uma sinceridade atroz. Reduziu de 3,1 milhões para 2,5 milhões barris/dia a meta de produção da empresa para 2016. “Os números não
eram realistas.”
Além disso, cancelou projetos de várias refinarias e manteve apenas a Abreu e Lima, em Pernambuco, que custará nove vezes mais do que o previsto – o orçamento foi de R$ 4,75 bilhões para R$ 42 bilhões. Graça já havia demarcado seu território, ao demitir diretores que haviam sido indicados politicamente, inclusive pelo próprio PT.
Agora, ela decidiu comprar uma nova briga, segundo informa a coluna do jornalista Ilimar Franco, no jornal O Globo, na nota “Fim da farra”:

- A presidente da Petrobras, Graça Foster, decidiu segurar e rever todos os patrocínios concedidos pela empresa. Sua posição atinge eventos, congressos, publicações, filmes, projetos culturais e conferências setoriais e temáticas
promovidas pelo governo federal e que tinham patrocínio da estatal. Os marqueteiros petistas estão em polvorosa e, atônitos e irritados, perguntam: "Quem essa Graça Foster pensa que é? A Dilma da Dilma?" Graça tem o respaldo da presidente Dilma Rousseff, mas seu estilo tem gerado críticas no PT. Seu antecessor, José Sergio Gabrielli, é amigo pessoal do presidente Lula. Além disso, ao criticar as “metas irreais” da era Gabrielli, *ela também critica, indiretamente, a era Lula*. A conferência de Graça Foster com investidores ensejou o artigo 
O custo Lula”, 
publicado pelo jornalista Carlos Alberto Sardenberg. Leia:

- Há menos de três anos, em 17 de setembro de 2009, o então presidente Lula apresentou-se triunfante em uma entrevista ao jornal Valor Econômico. Entre outras coisas, contou sem meias palavras, que a Petrobrás não queria
construir refinarias e ainda apresentara um plano pífio de investimentos em 2008. “Convoquei o conselho” da empresa, contou Lula. Resultado: não uma, mas quatro refinarias no plano de investimentos, além de previsões
fantásticas para a produção de óleo.
Em 25 de junho último, a Petrobrás informa oficialmente aos investidores que, das quatro, apenas uma refinaria, Abreu e Lima, de Pernambuco, continua no plano com data para terminar. E ainda assim, com atraso, aumento de custo e sem o dinheiro e óleo da PDVSA de Hugo Chávez. Todas as metas de produção foram reduzidas. As anteriores eras “irrealistas”, disse a presidente da companhia, Graça Foster, acrescentando que faria uma revisão de processos e métodos. Entre outros equívocos, revelou que equipamentos eram comprados antes dos projetos estarem prontos e aprovados, o que é um verdadeiro absurdo.
Nada se disse ainda sobre os custos disso tudo para a Petrobrás. Graça Foster informou que a refinaria de Pernambuco começará a funcionar em novembro de 2014, com 14 meses de atraso em relação à meta anterior, e
custará US$ 17 bilhões, três bi a mais. Na verdade, as metas agora revistas já haviam sido alteradas. O equívoco, visto desde o princípio, é muito maior.
Quando anunciada por Lula, a refinaria custaria US$ 4 bilhões e ficaria pronta antes de 2010. Como uma empresa com importância da Petrobrás pode cometer um erro de planejamento desse tamanho? A resposta é simples: a estatal não tinha projeto algum para isso, Lula decidiu, mandou fazer e a diretoria da estatal improvisou umas plantas. Anunciaram e os presidentes fizeram várias inaugurações.
O nome disso é populismo. E custo Lula. Sim, porque o resultado é um prejuízo para os acionistas da Petrobrás, do governo e do setor privado, de responsabilidade do ex-presidente irresponsável e da diretoria que topou a
montagem desse cenário de mentiras.
Tem mais na conta. Na mesma entrevista, Lula disse que mandou o Banco do Brasil comprar o Votorantim, porque este tinha uma boa carteira de financiamento de carros usados e era preciso incentivar esse setor. O BB comprou, salvou o Votorantim e engoliu um prejuízo de mais de bilhão de reais, pois a inadimplência ultrapassou todos os padrões. Ou seja, um péssimo negócio, conforme muita gente alertava. Mas como o próprio Lula explicou:
“Quando fui comprar 50% do Votorantim, tive que me lixar para a especulação”.
Quem escapou de prejuízo maior foi a Vale. Na mesma entrevista, Lula confirmou que estava, digamos, convencendo a Vale a investir em siderúrgicas e fábricas de latas de alumínio. Quando os jornalistas comentam que a empresa talvez não topasse esses investimentos por causa do custo, Lula argumentou que a empresa privada tem seu primeiro compromisso com o nacionalismo.
A Vale topou muita coisa vinda de Lula, inclusive a troca do presidente da companhia, mas se tivesse feito as siderúrgicas estaria quebrada ou perto disso. Idem para o alumínio, cuja produção exige muita energia elétrica, que
continua sendo a mais cara do mundo. Ou seja, não era momento, nem havia condições de fazer refinarias e siderúrgicas. Os técnicos estavam certos. Lula,prá variar, estava errado.
As empresas privadas foram se virando, mas as estatais se curvaram. 
Ressalva: o BNDES, apesar das pressões de Brasília, não emprestou dinheiro para a PDVSA colocar na refinaria de Pernambuco. Ponto para seu corpo técnico. Quantos outros projetos e metas do governo Lula são equivocados? As obras de transposição do rio São Francisco estão igualmente atrasadas e muito mais caras. O projeto do trem bala começou custando R$ 10 bilhões e já passa dos 35 bi. Assim como se fez a revisão dos planos da Petrobrás, é urgente uma análise de todas as demais grandes obras. Mas há um outro ponto, político. A presidente Dilma estava no governo Lula, em posições de mando na área da Petrobrás. Graça Foster era da diretoria da estatal. Não é possível imaginar que Graça Foster tenha feito essa incrível autocrítica sem autorização de Dilma.
Ora, será que as duas só tomaram consciência dos problemas agora? Ou sabiam perfeitamente dos erros então cometidos, mas tiveram que calar diante da força e do autoritarismo de Lula?
De todo modo, o custo Lula está aparecendo mais cedo do que se imaginava. Inclusive na política.
Foster terá que contar agora com muito respaldo de Dilma, para não ser atingida, em breve, pelo fogo amigo.

Peso do Governo asfixia progressivamente o Brasil - salarios do setor publico (IBGE)

Só em países de monarquia absoluta, de despotismo aberto, de ditaduras estatais consolidadas, o setor público consegue extrair tantos recursos da sociedade, sem devolver nada em troca, e ainda fazer de conta que está promovendo o bem público.
O Brasil vai pagar caro por permitir que marajás do Estado desviem tal volume de recursos da sociedade em seu benefício exclusivo.
Os empresários, que são os que pagam a conta (sem mencionar o fato de que é toda a sociedade, na verdade, que sustenta o exagero), ainda vão se arrepender por sustentar um Estado perdulário e no final anti-econômico.
Paulo Roberto de Almeida


Administração pública segue pagando maiores salários, diz IBGE

O salário médio no setor público em 2011 foi de R$ 2.478,21, contra R$ 1.592,19 em entidades empresariais e R$ 1.691,09 em entidades sem fins lucrativos

24 de maio de 2013 | 10h 17
Vinicius Neder, da Agência Estado
RIO - A administração pública segue pagando os melhores salários do País, informou nesta sexta-feira o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo dados de 2011 do Cadastro Central de Empresas (Cempre), o salário médio no setor público em 2011 foi de R$ 2.478,21, contra R$ 1.592,19 em entidades empresariais e R$ 1.691,09 em entidades sem fins lucrativos. Pelos dados do Cempre, a média salarial de 2011 ficou em R$ 1.792,61.
Pela ótica dos setores da economia, as empresas de eletricidade e gás pagam os melhores salários. Em 2011, esse setor pagou salário médio de R$ 5.567,73. Em segundo lugar vem o sistema financeiro (R$ 4.213,65), seguido dos organismos internacionais, que pagaram, na média, salário R$ 3.725,85 em 2011.
Os piores salários estão em hotéis e restaurantes, em atividades administrativas e na agricultura. Quem paga pior é o setor de alojamento e alimentação, com média de R$ 858,92 em 2011. Empresas que atuam em atividades administrativas e serviços complementares pagaram R$ 1.110,16 em 2011, enquanto a agricultura tinha salário médio de R$ 1.129,84.
Pelos dados do IBGE, o Brasil tem 5,129 milhões de empresas e outras organizações formais ativas. Desse total, 89,9% são empresas - classificadas como "entidades empresariais" -, 9,7% são entidades sem fins lucrativos e apenas 0,4% são da administração pública.
Apesar da pequena fatia no total de firmas, a administração pública respondeu por 18,1% do total do pessoal ocupado, que em 2011 foi de 52,173 milhões de trabalhadores. As entidades empresariais responderam por 75,5% do pessoal ocupado e as entidades sem fins lucrativos, por 6,4%.

Menu de insetos: que tal a nova gastronomia comecar pelo restaurante da FAO?

Como a FAO propôs, acho que o restaurante para seus funcionários, na gastronômica Roma, deveria começar a fazer o teste drive, servindo insetos no almoço.
Se eles gostarem, depois podem oferecer o cardápio em bases voluntárias para outros restaurantes...
Paulo Roberto de Almeida


quarta-feira, 22 de maio de 2013


José Graziano da Silva, diretor da FAO, elogiou proposta
A organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) propôs reformar a gastronomia mundial para reduzir a poluição. 

Segundo a proposta tratar-se-ia de comer insetos como besouros. gafanhotos e formigas em vez de carne bovina e porcina, porque o gado é tido esdruxulamente de “aquecedor do planeta”. 

Num relatório de 200 páginas divulgado em Roma, a FAO defendeu que comer insetos beneficia o meio ambiente enquanto o gado consome vegetais e ração demais. 

O diretor do organismo, o brasileiro José Graziano da Silva, ex-ministro extraordinário de Segurança Alimentar e Combate à Fome no gabinete do presidente Lula e ex-responsável do Programa Fome Zero, disse que para combater a fome no mundo grilos e formigas são “essenciais”.

Mas, acrescentou, deveriam ser “mais integrados com as políticas de segurança alimentar e com o uso da terra”, obviamente com reforma agrária e ambientalismo. 

O trabalho foi realizado com a colaboração da Universidade de Wageningen, na Holanda.

Ele foi apresentado em Roma durante a Conferência Internacional sobre as florestas para a segurança alimentar e nutrição, informou a Folha de S.Paulo.

O documento elogia os insetos por se alimentarem de “resíduos, lixo humano, compostagem e chorume animal”. 

“Os insetos estão em todo lugar e se reproduzem rapidamente”, elogia a FAO, acrescentando que eles deixam “pequena pegada ambiental”. 

O Programa de Insetos Comestíveis agora lançado também examina o potencial alimentar de aranhas e escorpiões, embora não sejam considerados insetos.

Projeto parece horrorizar até os promotores
A FAO reconhece que muitas pessoas que “podem não gostar da ideia de consumir insetos podem já tê-los ingerido em algum momento na vida, já que muitos são engolidos inadvertidamente”.

Mas isso é um acidente repugnante.

Entretanto, para os militantes do ambientalismo radical propostas como esta preanunciam o futuro. 

Governo brasileiro: arrogancia e mandonismo no comando supremo

Quem é a nossa presidente?

Mansueto Almeida
O jornal Valor Econômico desta sexta-feira traz um matéria interessante sobre o estilo de comando da nossa presidente Dilma Rousseff. Vale a pena ler a matéria que está muito interessante e vai ao encontro do se escuta nas conversas de bar em Brasília. Quero apenas destacar quatro parágrafos da matéria:
O estilo “mandão” de Dilma era conhecido desde que se tornou ministra das Minas e Energia do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Outros traços marcantes apareceram ou se tornaram mais visíveis quando chegou à Presidência. “Eu sou a presidenta, eu posso”, passou a ser frase rotineira em conversas com assessores próximos. Alguns pensavam, mas não diziam: “Pode, mas será que deve?”.
…….
Ela está cercada de pessoas medíocres, que não a questionam. Todo mundo morre de medo dela. Ela não tem humildade para escutar os outros. Não dá para ter 39 ministérios, 39 subordinados. Em uma empresa, esse modelo não funcionaria”, disse um alto executivo de um banco de investimento. A imagem de pessoas centralizadoras hoje está muito associada a empresas de donos, fundadores de grandes grupos de primeira geração. “Fui muito centralizador, mas esse modelo não funciona mais. Tem que delegar e ouvir mais”, disse um grande empresário do setor de infraestrutura e energia“.
……..
“O processo de governo é muito ruim”, diz um ministro que tem uma pilha de projetos sendo “espancados” na Casa Civil. Os empresários criticam os ministros e os ministros, com raras exceções, criticam a Casa Civil da ministra Gleisi Hoffmann, habitada, segundo eles, por técnicos jovens, inexperientes e, às vezes, arrogantes. Não é raro um deles ligar para um ministro de Estado a fim de tomar satisfações sobre algum projeto”
…..
Na equipe econômica chama-se as escolhas de Dilma de “estilingadas”, decisões que, depois de tomadas, batem num muro e voltam. Só um ano e meio depois de estar no comando do governo ela se convenceu de que o Estado brasileiro não está em condições de investir e admitiu fazer as concessões. Ainda assim, tabelou por baixo o lucro das empresas, no caso das rodovias. Voltou atrás, quando percebeu que não daria certo.”
Acho que os trechos acima dão uma boa ideia da gestão centralizadora do governo. O que me impressiona é por que a presidente só conheceu os limites da maquina pública para fazer investimento depois de um ano e meio do governo, se ela já era ministra da casa civil. Espero que a presidenta continua identificando as falhas do seu governo e adotando essa postura pragmática de voltar atrás e mudar.
O problema é que agora, com o clima eleitoral nas ruas, ninguém espera mudança alguma até  eleições. Assim, essa tarefa será do próximo presidente quem quer que seja ele ou ela.

Governo promove o caos nas contas publicas - Miriam Leitao

Novelo das dívidas

MIRIAM LEITÃO

O GLOBO - 23/05/2013

O governo Dilma foi além da imaginação na criatividade fiscal. Com dívidas que viram créditos, papéis que saem de uma estatal para outra, gastos que não entram na conta e antecipações de receita, foi feito um novelo nas contas públicas que para desenrolar dará um trabalhão. As dívidas de Itaipu já viraram R$ 8 bilhões de receitas e agora darão mais dinheiro ao governo.

A conta será paga por Itaipu até 2023. Mas vai ser considerada, através das operações mandrakes de sempre, receita que entra nos cofres aqui e agora. O atual governo está se apropriando de dinheiro que entraria nos cofres públicos de mais dois mandatos presidenciais.

Itaipu não tem como pagar antecipadamente a dívida. Para que a engenharia financeira funcione, o Tesouro terá que emitir dívida, mas, desta vez, não poderá ser feito o truque de impedir que os títulos sejam considerados dívida porque essa receita de Itaipu constava na contabilidade. O risco é que os alquimistas podem inventar algo.

De tudo que faz parte desse novelo, o mais difícil será desenrolar os débitos invisíveis como os R$ 400 bilhões emitidos para se transferir ao BNDES. Teoricamente, um dia o banco vai pagar, só que o Tesouro capta a curto prazo e empresta a longo prazo e a um custo menor do que está pagando. A conta não fecha. Esses ativos que o governo tem a receber não têm liquidez imediata como os títulos do governo americano que estão nas nossas reservas cambiais. É por isso que o indicador da dívida líquida é cada vez menos levado a sério. Os olhos são sobre a dívida bruta que, por sinal, está em alta.

Essa é só mais uma das mágicas contábeis. O economista Felipe Salto, da Tendências Consultoria, lembra outros casos emblemáticos. O principal deles foi a capitalização da Petrobras, em 2010, que em um único mês injetou R$ 35 bilhões nas planilhas do governo e aumentou em um ponto percentual o resultado primário do ano. O governo emitiu R$ 75 bilhões em dívidas, transferiu esses recursos para a Petrobras, que pagou de volta ao governo para ter acesso aos barris do pré-sal. A receita foi contabilizada como resultado primário, mas toda a despesa com os títulos, não.

O economista da Tendências ressalta que mais de dois terços do superávit primário, hoje, é realizado sem nenhum esforço fiscal da Fazenda. Para este ano, a meta é de R$ 155 bilhões de superávit, mas R$ 65 bilhões podem ser abatidos como investimentos do PAC e outros R$ 30 bilhões entram nos cofres como pagamento de dividendos do BNDES, Caixa e Banco do Brasil.

- Com manobras contábeis, o governo já começa o ano com mais de dois terços do primário realizado. O PAC é integralmente abatido porque contabiliza até financiamento imobiliário como investimento. O mesmo acontece com as desonerações. Os dividendos pagos pelos bancos públicos aumentam pelas transferências e capitalizações feitas pelo próprio Tesouro - explicou.

No ano passado, o malabarismo fiscal fez a Caixa Econômica virar sócia de frigorífico, fabricante de autopeças e de bens de capital. O BNDESPar transferiu essas ações para Caixa, como parte do aumento de capital da CEF. Só se soube da operação porque empresas de capital aberto como JBS, Romi e Mangels precisam informar ao mercado qualquer mudança na sua composição acionária.

Ontem o governo anunciou um contingenciamento menor do que o do ano passado. Mas o Orçamento é cada vez mais uma peça de ficção. As desonerações são descontadas da conta para se fazer o superávit, o que quer dizer que o governo registra como tendo recebido um dinheiro do qual abriu mão. Tudo é deliberadamente confuso. Faz parte do show dos alquimistas.

A Revolucao energetica americana - Foreign Affairs

America's Energy Opportunity


Uma lagrima (intelectual) para... Kenneth Waltz

Kenneth Waltz and His Legacy

Alianca do Pacifico; nem observador o Brasil pretende ser; complexo de vira-latas?

Pos é, assim diria o Nelson Rodrigues, tão mal lembrado nos últimos tempos...
Paulo Roberto de Almeida

Aliança do Pacífico terá mais sete países observadores e visto comum para turistas

23/05/2013 - 22h53
Leandra Felipe
Correspondente da Agência Brasil/EBC
Bogotá - Ao encerrar na noite de hoje (23) a 7ª Cúpula da Aliança do Pacífico, em Cáli, na Colômbia - bloco econômico, criado em 2011, formado pelo Chile, pela Colômbia, pelo México e Peru - os presidentes dos quatro países assinaram o "acordo marco" em que são definidas todas as regras e objetivos do bloco.
Eles também aprovaram a entrada de mais sete países como observadores: Equador, El Salvador, França, Portugal, Paraguai e República Dominicana e ainda a criação de um visto turístico para promover o turismo regional.
"Se estabeleceu o visto para que os cidadãos de outras nacionalidades possam visitar, sem restrições, os território dos países que fazem parte deste bloco", disse à imprensa o presidente anfitrião, Juan Manuel Santos, ao lado dos colegas do México, Enrique Peña Nieto; do Chile, Sebastián Piñera e do Peru, Ollanta Humala.
Foi firmado ainda um acordo de transparência fiscal entre os países para combater a sonegação de impostos. A medida será importante porque, cerca de 90% dos produtos produzidos pelos quatro países-membros poderão ser comercializados sem nenhuma tarifa. Os acordos deverão entrar em vigência a partir de 30 de junho.
Os presidentes também assinaram um documento com regras que definindo os que países da região devem cumprir para fazer parte do bloco. O primeiro pedido em estudo é o da Costa Rica, que já firmou um tratado de livre comércio com a Colômbia. 
Agência Brasil

Brasil-EUA: irracionalidade vs racionalidade da organizacao laboral -Carlos Alberto Sardenberg

Crescer e proteger

Carlos Alberto Sardenberg
O Globo, 23/03/2013

“Ninguém aqui em Chicago pode trabalhar por menos de US$ 4,50 por hora”, conta o garçom de um bom restaurante, um rapaz de menos de 30 anos. Feitas as contas, considerando jornada de 40 horas por semana, dá US$ 800/mês.
“Mas gente ganha mais, dá para fazer mais de 300 dólares em um dia de bom movimento”, explica o rapaz. É a gorjeta, claro. O rendimento variável é o que vale e depende não das horas de trabalho, mas do movimento e da capacidade de atendimento do garçom.
A gorjeta, pelos costumes americanos, varia de 10% a 20%, e vai direto para o bolso do garçom, no dia mesmo de trabalho. Afinal, acrescenta o rapaz, “a gente trabalha para o freguês, não para o restaurante”. Mas, considerando que a gorjeta está incluída na conta, junto com comida e bebidas, como calculam e como pagam por dia (ou por noite)?
O garçom traz então os boletos, as contas pagas por cada mesa que atendeu naquela noite. Já está tudo grampeado e calculado.
Ele mostra e explica: “Eu vendi hoje 2.060 dólares, a gorjeta foi de uns 350 (cerca de 17%). Aí eu pago uma parte para o ajudante e outra para o pessoal do bar. Vou levar limpos uns 250 dólares”.
Repararam os verbos? “Eu vendi... eu pago...”
O restaurante, a empresa, paga na base do mínimo, a cada duas semanas. E só. Ou seja, é o trabalhador, nesse setor, que precisa cuidar de sua previdência e seu plano de saúde.
Claro que em outros setores da economia, em fábricas, por exemplo, ou em empresas maiores, o sistema é diferente, com salários semanais fixos maiores que a parte variável. Mas em boa parte do setor de serviços (incluindo comércio), a variável é maior.
Assim, esse caso dos restaurantes é um bom exemplo das vantagens e desvantagens de uma legislação trabalhista bastante flexível e na qual vale mais o combinado entre as partes.
Para o restaurante, a empresa, a vantagem é a redução do custo fixo. Gasta pouco com a folha de salários, ao contrário, por exemplo, de um restaurante no Brasil, cujo dono paga salário fixo e todos os demais itens (FGTS, INSS, 13º, adicionais diversos e por aí vai).
Nos EUA, quando o movimento cai, o prejuízo se distribui entre empresa e empregados, pois os dois lados passam a “vender” menos.
No Brasil e em muitos outros países, europeus, por exemplo, caindo o movimento, aumenta proporcionalmente o custo do restaurante , já que não é possível passar parte dos garçons para um sistema de trabalho apenas nos fins de semana.
Não raro, cria-se um impasse: o restaurante (ou a empresa) só consegue se manter funcionando no prejuízo, dado o baixo faturamento combinado com custos fixos elevados. No fim, a casa fecha e não se protegeram os empregos.
Nos EUA, para o garçom, a vantagem é receber diariamente e conforme a qualidade reconhecida de seu serviço. Para o público, a regra é um incentivo ao bom atendimento. Diferente, por exemplo, do sistema dominante no Brasil, no qual o caixa do restaurante recolhe toda as gorjetas e distribui por igual no final do mês.
(Aliás, o Congresso está discutindo uma legislação que obriga os restaurantes a repassar pelo menos 80% da gorjeta para os garçons e cozinheiros. Devia ser 100%, não é mesmo?).
Por outro lado, nos EUA, havendo uma crise, a empresa tem ampla possibilidade de cortar pessoal e reduzir os pagamentos. A taxa de desemprego praticamente dobrou de 2008 para 2009, nos momentos mais difíceis da crise financeira que quase paralisou a toda a economia .
E os salários também caem rapidamente, pois são basicamente negociados e não garantidos em lei.
Nos países que têm ampla e meticulosa legislação trabalhista, o ajuste — com desemprego e redução do nível médio de salários — sempre acaba acontecendo, mas demora mais e é mais custoso, como está acontecendo na maior parte dos países europeus.
Pelo outro lado, a recuperação econômica é sempre mais rápida nos Estados Unidos. Começa a melhorar e os empregos começam a voltar. Mas o desemprego cai antes de subirem os salários. Neste momento, por exemplo, a taxa de desemprego, que chegou a passar dos 10%, está na casa dos 7%. Já o salário médio, descontada a inflação, é praticamente o mesmo de 2009.
Em compensação, todo o sistema permite que as empresas reduzam custos e se esforcem para ganhar produtividade, que é, de novo, o que acontece. A produção por trabalhador/hora cresce 1,5% ao ano, desde que se iniciou a recuperação. E isso é a chave do crescimento.
No Brasil, onde o emprego formal é superprotegido, a produtividade está em queda e o custo unitário do trabalho em alta. Resultado: empresas menos competitivas. As que podem, reduzem a produção, mas mantêm a os trabalhadores, na expectativa de retomada da atividade. Se a retomada demora e essa expectativa enfraquece, o ajuste — corte de custos e de empregos — vem, então, mais forte.
Difícil combinar crescimento e proteção.

Carlos Alberto Sardenberg é jornalista.

quinta-feira, 23 de maio de 2013

Uma lagrima para... Georges Moustaki (muito ouvi suas cançoes)


Cantor francês Georges Moustaki morre aos 79 anos

Músico e poeta se tornou mundialmente conhecido no final dos anos 60 com temas como 'Milord', na voz de Edith Piaf, e 'Le Métèque'

Le Monde, 23 de maio de 2013 | 14h 54, EFE
O cantor francês de origem grega Georges Moustaki morreu nesta quinta-feira, 23, em Nice, no litoral mediterrâneo da França, aos 79 anos de idade, informou sua família.
O cantor Georges Moustaki  - AP
AP
O cantor Georges Moustaki
O cantor, nascido em Alexandria e autor deMilord e de Le Métèque, havia deixado os palco em 2011 por causa de uma doença pulmonar. No entanto, a causa da morte de Moustaki ainda não foi confirmada.
"Tive uma vida apaixonante. Espero que seja assim até o final", declarou o cantor em 2011, quando explicou à imprensa que tinha uma doença pulmonar incurável, a qual o deixou "definitivamente incapaz de cantar".
Contemporâneo de uma geração de artistas da chamada "chanson française", como seu mestre Georges Brassens, Jacques Brel e Serges Gainsbourg, Moustaki compôs letras interpretadas por Edith Piaf, que foi sua amante, Yves Montand, Barbara e Serge Reggiani.
Nascido com o nome de Joseph Mustacchi em 1934, o sedutor e revolucionário músico e poeta se tornou mundialmente conhecido no final dos anos 60 com temas como Milord, na voz de Edith Piaf, Le FacteurLa Mer m'a DonnéMa Solitude Le Temps de Vivre.

Voltando ao seculo 17, com os Amish (menonitas da Pensilvania)

A caminho de Baltimore, onde vim participar de um encontro da Economic and Business History Society (com um pequeno paper de revisão bibliográfica sobre a historiografia econômica brasileira), paramos no condado de Lancaster, Pensilvânia, onde Carmen Lícia organizou uma visita a alguns sítios históricos e atuais da comunidade Amish isto é, os menonitas (anabatistas, emigrados da Europa para os EUA séculos atrás), e que ainda conservam hábitos, costumes e tecnologia próprias da era pré-Revolução Industrial. Ou seja, eles não usam nada moderno, com exceção de máquinas de costura (Singer, manuais, ou pedalais) e máquinas de lavar impulsionadas a gás.
Aliás, não existe nenhuma, repito, nenhuma eletricidade numa residência Amish, apenas coisas movidas a querosene ou a gás, ou então tração humana, animal, força da natureza (como bombas acionadas por rodas d'água).
Enfim, não tem iPad, iPhone ou coisas do gênero para a juventude Amish (a menos que inventem um Facebook movido a gás).
A foto abaixo foi tirada por uma família oriental que também visita a Amish Village (uma espécie de condensação turística do que eles têm), onde tinha um simpático pavão, carregando sua enorme plumagem (deve ser um incômodo para dormir ou fazer amor), que é uma das maravilhas da seleção natural (e que eles devem achar que foi criado por deus).
A comida é sem graça, mas de boa qualidade, e eles são muito simpáticos e prestativos. Adoram vender quilts e outras manufaturas para os turistas, e tem quilts de 900 dólares: capitalistas esses Amish.
Paulo Roberto de Almeida