O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

Meu Twitter: https://twitter.com/PauloAlmeida53

Facebook: https://www.facebook.com/paulobooks

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Argentina: no caminho da Venezuela - Nicolás Cachanosky

Mises Daily, October 25, 2013

Earlier this month, Argentina's leading conservative paper, La Naciónpublished an unsigned editorialcomparing the economies of Argentina and Venezuela. The editorial concluded that as economic freedom declines in Argentina, and as Argentina adopts more of what Chavez called “twenty-first century socialism,” it is becoming increasingly similar to Venezuela. Is this true? Will Argentina suffer the same fate as Venezuela where poverty is increasing and toilet paper can be a luxury?
The similarities of regulations and economic problems facing both countries are indeed striking in spite of obvious differences in the two countries. Yet, when people are confronted with the similarities, it is common to hear replies like “but Argentina is not Venezuela, we have more infrastructure and resources.”
Institutional changes, however, define the long-run destiny of a country, not its short-run prosperity.
Imagine that Cuba and North Korea became, overnight, the two most free-market, limited-government countries in the world. The two countries would have immediately gained civil liberties and economic freedom, but they would still have to accumulate wealth and to develop their economies. The institutional change affects the political situation immediately, but a new economy requires time to take shape. For example, as China opened parts of its economy to international markets, the country started to grow, and we are now seeing the effects of decades of relative economic liberalization. It is true that many areas in China continue to lack significant freedoms, but it would be a much different China today had it refused to change its institutions decades ago.
The same occurs if one of the wealthiest and developed countries in the world were to adopt Cuban or North Korean institutions overnight. The wealth and capital does not vanish in 24 hours. The country would shift from capital accumulation to capital consumption and it might take years or even decades to drain the coffers of previous accumulated wealth. In the meantime, the government has the resources to play the game of Bolivarian (i.e., Venezuelan) populist socialism and enjoy the wealth, highways, electrical infrastructure, and communication networks that were the result of the more free-market institutional realities of the past.
Eventually, though, highways start to deteriorate from the lack of maintenance (or trains crash in the station killing dozens of passengers), the energy sector starts to waver, energy imports become unavoidable, and the communication network becomes obsolete. In other words, economic populism is financed with resources accumulated by non-populist institutions.
According to the Fraser Institute’s Economic Freedom of the World project, Argentina ranked 34th-best in the year 2000. By 2011, however, Argentina fell to 137, next to countries like Ecuador, Mali, China, Nepal, Gabon, and Mozambique. There is no doubt that Argentina enjoys a higher rate of development and wealth than those other countries. But, can we still be sure that this will be the situation 20 or 30 years from now? The Argentinean president is known for having said that she would like Argentina to be a country like Germany, but the path to becoming like Switzerland or Germany involves adopting Swiss and German-type institutions, which Argentina is not doing.
The adoption of Venezuelan institutions in Argentina, came along with high growth rates. These growth rates, however, are misleading:
First, economic growth, properly speaking, is not an increase in “production,” but an increase in “production capacity.” The growth in observed GDP after a big crisis is economic recovery, not economic growth properly understood.
Second, you can increase your production capacity by investing in the wrong economic activities. Heavy price regulation, as takes place in Argentina (now accompanied by high rates of inflation), misdirects resource allocation by affecting relative prices. We might be able to see and even touch the new investment, but such capital is the result of a monetary illusion. The economic concept of capital does not depend on the tangibility or size of the investment (i.e, on its physical properties), but on its economic value. When the time comes for relative prices to adjust to reflect real consumer preferences, and the market value of capital goods drops, capital is consumed or destroyed in economic terms even if the physical qualities of capital goods remains unchanged.
Third, production can increase not because investment increases, but because people are consuming invested capital, as is the case when there is an increase in the rate that machinery and infrastructure wear out.
I’m not saying that there is no genuine growth in Argentina, but it remains a fact that a nontrivial share of the Argentinean GDP growth can be explained by: (1) recovery, (2) misdirection of investment, and (3) capital consumption. If that weren’t the case, employment creation wouldn’t have stagnated and the country’s infrastructure should be shining rather than falling into pieces.
Most economists and policy analysts seem to have a superficial reading of economic variables. If an economy is healthy, then economic variables look good, GDP grows, and inflation is low. But the fact that we observe good economic indicators does not imply that the economy is healthy. There’s a reason why a doctor asks for tests from a patient that appears well. Feeling well doesn’t mean there might not be a disease that shows no obvious symptoms at the moment. The economist who refuses to have a closer look and see why GDP grows is like a doctor who refuses to have a closer look at his patient. The Argentinian patient has caught the Bolivarian disease, but the most painful symptoms have yet to surface.
NOTE: This is a translated and expanded version of an original piece published in Economía Para Todos (Economics for Everyone).
Note: The views expressed in Daily Articles on Mises.org are not necessarily those of the Mises Institute.

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Xiii! A situacao economica ta' piorando, e quem diz sao o FMI e a OCDE - Mansueto Almeida

Mineracao: ganancia dos governos diminui investimentos


Mineração já não é um 'negócio da China' para os governos

O projeto de reforma de mineração do Brasil, que elevaria os impostos do setor, já levou a uma queda no investimento Photo: Bloomberg News
Bloomberg, 22/10/2013


O boom das commodities pode ter acabado, mas isso não impede que políticos em todo o mundo tentem extrair mais receita das companhias de mineração.
Nos últimos anos, governos que vão da Austrália ao México lançaram iniciativas para aumentar sua participação nos lucros do setor, de forma a aproveitar o impulso que o aumento da demanda chinesa por metais deu às mineradoras globais.
Agora, no entanto, as perspectivas para a economia da China nublaram. O Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos, está se preparando para encerrar um programa de estímulo que ajudou a gerar investimentos para o setor e as companhias de mineração estão com pouco dinheiro em caixa. Isso significa que as autoridades precisam encontrar um equilíbrio entre perder as receitas provenientes dos recursos naturais e afugentar os investidores.
"Os governos estão três anos atrás da curva da indústria", diz Harry Robinson, consultor especializado em mineração da consultoria McKinsey & Co. "Estamos hoje em um período em que vamos registrar margens mais baixas de forma estável."
Os preços do ouro, cobre, minério de ferro e outros metais têm tido dificuldade para se estabilizar despois do auge atingido em 2011. As mineradoras globais pagaram preços muito altos por ativos durante o boom que depois se traduziram em baixas contábeis e perdas multibilionárias. As empresas responderam com redução de custos, venda de ativos não essenciais e concentração de gastos de capital em seus projetos mais promissores.
Mas os tempos estão especialmente difíceis para as chamadas mineradoras juniores, empresas mais novas que muitas vezes negociam suas ações em Toronto e Londres para levantar capital para projetos de exploração, na esperança de encontrar jazidas que as enriqueçam. Essas empresas levantaram 889,2 milhões de dólares canadenses (US$ 863,1 milhões) na bolsa TSX Venture de Toronto até agosto, menos da metade dos 1,9 bilhão de dólares canadenses captados um ano antes. No mesmo período de 2011, elas arrecadaram quase 5 bilhões de dólares canadenses.
"Para nós, é mais fácil investir na internet ou em telefonia celular, porque o capital inicial é menor do que na mineração ", diz Siegberto Schenk, sócio da Gávea Angels, um grupo de investimento com sede no Rio de Janeiro. A empresa está considerando investir entre US$ 1,5 bilhão e US$ 3 bilhões em um projeto para procurar minerais de terras raras ou ouro, mas está preocupada com um projeto de lei no Brasil que elevaria os royalties do governo.
"Depois dessas regras que estão propondo, acho que a mineração será [um negócio] só para os grandes participantes", diz.
Vários países africanos estão considerando a aplicação de impostos extraordinários. E a Austrália introduziu um imposto sobre os lucros da mineração no ano passado que Mark Cutifani, diretor-presidente da Anglo American PLC, acusou, em um discurso recente, de ser parcialmente responsável pelo engavetamento de 70% dos projetos que as mineradoras tinham em fase de planejamento três anos atrás.
No desenvolvimento de
regiões como a América Latina, a classe média em expansão está exigindo uma melhor aplicação da legislação ambiental e mais gastos sociais por parte dos governos e empresas de mineração, diz Robert Johnston, diretor de recursos naturais da consultoria de risco Eurasia Group.
O governo mexicano alega que perdeu a bonança que o boom dos preços das commodities gerou para as mineradoras e propôs um imposto adicional de 7,5% sobre o lucro do setor, além da cobrança de 0,5% sobre o lucro da venda de ouro, prata e platina. Metade da arrecadação iria para programas de desenvolvimento nas áreas de mineração.
Sergio Almazán, diretor do grupo mexicano da indústria da mineração Camimex, diz que os novos impostos poderiam levar os investimentos a cair a menos da metade nos próximos anos.
No Brasil, o projeto de lei da presidente Dilma Rousseff dobraria, aproximadamente, os royalties que os Estados e municípios recebem sobre o faturamento das mineradoras. Ele também tornaria o governo federal responsável por encontrar depósitos minerais e criaria uma agência para leiloar blocos de mineração e cobrar tarifas dos licitantes vencedores, adotando um modelo semelhante ao processo usado pela ANP, a agência reguladora do petróleo.
Isso provocou cenas inusitadas em Brasília, onde centenas de geólogos, temerosos de que a revisão da mineração os deixará sem emprego ao provocar uma seca de investimento, tomaram as ruas para protestar.
Os críticos do projeto dizem que o negócio de mineração tende a ter margens de lucro mais baixas do que o setor de energia, com um alto risco para o investimento. Para cada 1.000 locais com potencial para extração de minerais, apenas cerca de 100 chegam a ser perfurados e apenas um se torna uma mina.
Pedro Jacobi, ex-gerente da Rio Tinto que agora dirige várias mineradoras juniores no norte do Brasil, diz que o processo de licitação para licenças de exploração vai prejudicar as pequenas empresas, cujo principal ativo é a informação que possuem, mas têm dificuldade para competir com mineradoras globais bem financiadas como a Vale SA.
"Todo mundo no Brasil, até mesmo a concorrência, vai saber quando você solicitar os direitos sobre uma certa área de ouro, prata ou minério de ferro, e eles poderão ir lá e concorrer com você no leilão", diz Jacobi. "Agora, imagine se eu sou uma empresa júnior e vou concorrer com a Vale. Eu nunca vou ganhar."
Os defensores do projeto de lei asseguram que ele busca desencorajar os especuladores que, no sistema atual, podem facilmente solicitar direitos de mineração sem desenvolver os projetos.
O México também está propondo impor tarifas punitivas sobre empresas que deixam concessões inativas por dois anos consecutivos, alegando que impede o desenvolvimento e significa perda de receita para o governo.
Há evidências de que as empresas começaram a reduzir a exploração no Brasil, onde já há obstáculos significativos na obtenção de licenças ambientais. O Instituto Brasileiro da Mineração estimou que o atraso de quatro anos do governo em introduzir o projeto de lei do setor levou as empresas a adiarem aproximadamente US$ 20 bilhões em investimentos.
A Geologia e Sondagens SA, empresa que presta serviços de perfuração e exploração, prevê que sua receita vai cair pela metade este ano em comparação a 2012. "A falta de definição sobre a reforma na mineração está impactando projetos de exploração de maneira drástica", diz seu presidente, João Luiz Carvalho.
(Colaboraram Anthony Harrup, na Cidade do México, e Alex MacDonald, em Londres.)

Congressistas continuam a aprovar leis inconstitucionais

Na verdade, o problema maior não está em que a lei contraria os privilégios absurdos da Zona Franca de Manaus, que por si só é uma excrescência maior na esquizofrenia da economia nacional, e um absurdo irracional no plano fiscal, tributário, de política comercial e industrial.
O problema está em que a lei é discriminatória entre artistas nacionais e estrangeiros e por isso contraria disposições fundamentais de nosso regime comercial multilateral, podendo ser questionado na OMC, por ir contra artigos relevantes do GATT.
Inacreditável como o Itamaraty, e a própria Presidência da República, deixam seguir adiante um projeto que é flagrantemente ilegal e inconstitucional.
Parece que no Brasil já não se questiona mais as ilegalidades cometidas pelos principais poderes da República, congresso e presidência reunidos, consultorias jurídicas etc.
Esse aspecto da Zona Franca é risível e deveria ser descartado por ser outro absurdo.
Paulo Roberto de Almeida 
Governador do Amazonas questiona constitucionalidade da PEC da Música
Notícias STF, Quarta-feira, 23 de outubro de 2013
O governador do Amazonas ajuizou no Supremo Tribunal Federal (STF) a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 5058, com pedido de liminar, contra a Emenda Constitucional 75/2013, que concede imunidade tributária a CDs e DVDs produzidos no Brasil que tenham obras de autores ou intérpretes brasileiros. Conforme sustenta o autor da ação, a emenda viola os artigos 40 e 92 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT), que garantem diferenciação tributária a produtos fabricados na Zona Franca de Manaus até 2023.
O governador alega que a Zona Franca, criada para estimular o crescimento econômico regional, poderá sofrer prejuízos que, na prática, representarão uma desestabilização do modelo destinado à redução de desigualdades sociais e regionais. Argumenta, também, que a chamada PEC da Música viola princípios e dispositivos que resguardam a Zona Franca de Manaus, e poderá provocar a saída da região das indústrias fonográficas, causando grave desequilíbrio regional que se pretendeu evitar com a garantia constitucional da isenção tributária à região.
“Tendo em vista a importância deste segmento econômico na região, em termos de empregos gerados, riqueza posta em circulação e arrecadação para o estado, não seria exagero dizer que a eventual saída das indústrias fonográficas da região provocaria um grave abalo ao crédito social dado ao modelo econômico da Zona Franca de Manaus, que comprovadamente é o único já implementado na região que vem assegurando desenvolvimento aliado à preservação do meio ambiente, sem o qual inevitavelmente seria necessário buscar alternativas econômicas de maior potencial degradador”, argumenta o governador.
Segundo a ADI 5058, a ampliação da imunidade tributária para fora da área da Zona Franca significa eliminar os fatores de compensação comparativa das indústrias do segmento audiovisual que empregam um grande número de trabalhadores na região. O governador sustenta que a imunidade prevista na Emenda Constitucional 75/2013 poderá causar a extinção das indústrias fonográficas do Estado do Amazonas, pois, com o fim dos benefícios fiscais, necessários em razão dos altos custos logísticos, levariam à “migração para outras regiões com melhores condições de infraestrutura e maior proximidade aos principais mercados consumidores do país”.
De acordo com os autos, uma interpretação mais ampla da nova norma constitucional, sobre o que são considerados “suportes materiais” das obras, poderá estender a imunidade tributária para aparelhos como computadores, celulares, reprodutores de áudio e outros equipamentos eletrônicos multifuncionais “que sabidamente podem servir como suportes físicos de registros para fonogramas e videofonogramas musicais, mas que não são materiais de caráter acessório ao produto artístico-musical ou que pouco agregaria em termos de valor ou utilidade ao veículo tido como disseminador da obra musical”.
Pedidos
A ADI pede, em caráter principal, que seja declarada a inconstitucionalidade integral da Emenda Constitucional 75. Subsidiariamente, caso o STF entenda pela improcedência do pedido principal, o governador pede que, durante a vigência do artigo 40 do ADCT, a imunidade tributária introduzida pela emenda se aplique apenas às operações envolvendo obras musicais e seus suportes físicos ou digitais que ocorram na área compreendida pela Zona franca de Manaus.
Também pede que a expressão “suportes materiais (...) que os contenham” seja aplicada apenas a materiais ou instrumentos que sejam destinados exclusivamente à função de elemento de suporte e acessório ao registro fonográfico ou videográfico, “excluindo-se em especial os eletro-eletrônicos e bens de informática”.
O relator da ADI 5058 é o ministro Teori Zavascki.
PR/AD
Processos relacionados
ADI 5058


<< Voltar

Pre-sal: a maldicao brasileira do petroleo - Leandro Roque, Bernardo Santoro

A maldição do petróleo continua a atormentar o Brasil

Instituto Ludwig Von Mises Brasil, terça-feira, 22 de outubro de 2013

Quando o governo Lula anunciou, com a fanfarra que lhe era habitual, a existência de petróleo na camada pré-sal do litoral brasileiro, ainda em 2006, a exultação foi enorme.  Quando, em 2008, a Petrobras extraiu pela primeira vez petróleo do pré-sal, a promessa era a de que todos os problemas do Brasil já estavam solucionados.  Bastava apenas extrair o petróleo lá das profundezas, e todos os problemas da educação e da saúde seriam miraculosamente resolvidos com o dinheiro que seria obtido com a exportação deste petróleo.
No entanto, não era necessário ser nenhum especialista em geologia para entender que a aposta era arriscada.  Bastava apenas entender o básico de economia.  A extração de petróleo da camada pré-sal não é uma operação qualquer.  Não é tão simples quanto a tradicional extração de petróleo da camada de pós-sal.  Veja a figura abaixo.

Uma coisa é extrair petróleo a 2.000 metros de profundidade, sem grandes obstáculos.  Outra coisa, completamente distinta, é extrair petróleo a 6.000 metros de profundidade, tendo de superar duas camadas (camada de pós-sal e camada de sal) para se chegar ao pré-sal.  Esta operação é tecnicamente cara.  Logo, só é economicamente viável se o preço do barril de petróleo estiver acima de um determinado valor.
E é aí que começa a encrenca.
Quando a euforia do pré-sal estava em seu apogeu, em meados de 2008, o preço do petróleo também estava em níveis recordes, chegando a bater em US$145 o barril, o que de fato tornava economicamente viável a exploração do pré-sal.  Logo, sob este aspecto, havia algum sentido político em se fazer demagogia e proselitismo a respeito dos supostos milagres que a extração do petróleo do pré-sal traria ao país. 
O problema é que esta alta do petróleo não se sustentou.  No final de 2008, o preço do barril desabou de US$145 para US$35 e, desde 2011, vem oscilando entre US$80 e US$100. Veja a evolução no gráfico abaixo.

Segundo estimativas otimistas, o início da produção do pré-sal brasileiro pode levar de 5 a 10 anos, a depender da geologia do local e dos investimentos feitos.  E o pico da produção pode levar 15 anos para ser atingido.  É tempo demais para um empreendimento tão caro e de preço final tão volátil. 
Essa total suscetibilidade aos preços futuros do barril de petróleo cria uma enorme incerteza ao empreendimento do pré-sal.  Por exemplo, qualquer descoberta de novas jazidas em qualquer parte do mundo, ou até mesmo a confirmação de novas fontes de energia, poderá derrubar o preço do petróleo, tornando ainda mais inviável o pré-sal.
No momento, a maior ameaça para os prosélitos do pré-sal vem dos EUA, onde surgiu um novo fenômeno que pode colocar tudo a perder: o gás de xisto.  Esta nova fonte de energia está fazendo com que o custo da energia venha caindo vigorosamente nos EUA.  No momento, em decorrência de um pesado lobby de gigantes industriais como Dow, Alcoa, Celanese e Nucor, a exportação de gás de xisto foi proibida pelo governo americano, o que vem garantindo energia abundante e barata a essas empresas dentro dos EUA e impedindo que o preço da energia caia ao redor do mundo.  No entanto, caso um futuro governo americano libere a exportação do gás de xisto, o pré-sal pode se tornar imediatamente inviável.
Segundo estimativas da Administração de Informação sobre Energia (EIA — Energy Information Administration), a reserva americana de gás de xisto é de 2,7 trilhões de metros cúbicos, o que seria suficiente para abastecer o mercado americano por mais de 100 anos.  No entanto, a produção de gás de xisto vem sofrendo pesadas restrições impostas por poderosos grupos ambientalistas, pois, segundo eles, a tecnologia utilizada na extração — popularmente chamada de fracking, que é um sistema de fratura hidráulica que consiste na injeção de grandes volumes de água a profundidades superiores a três quilômetros para liberar gás — apresenta risco de contaminação de fontes de água potável.
Além do gás de xisto, é preciso considerar que sempre há a possibilidade de o governo americano liberar a extração de petróleo na reserva selvagem de ANWR, no Alasca, o que garantiria mais 10 bilhões de barris de petróleo, o suficiente para alimentar os EUA por dois anos.
Não bastassem todas essas "ameaças", há também o fato de que os estados americanos de Colorado, Utah e Wyoming possuem as maiores reservas de xisto petrolífero do mundo, capazes de produzir, segundo estimativas da United States Geologic Survey, mais de 1,5 trilhão de barris.  No momento, a produção ainda é inviável, justamente por causa do atual preço do petróleo, considerado ainda baixo.  Vale enfatizar que as empresas são um tanto reticentes a este tipo de investimento por causa de uma desventura ocorrida no passado: durante a crise do petróleo da década de 1970, as petrolíferas imaginaram que os preços ficariam altos em definitivo (naquela época, US$70 o barril), e investiram somas consideráveis na extração deste xisto petrolífero.  No entanto, o preço do petróleo convencional caiu na década de 1980, e vários destes investimentos se tornaram inviáveis.  No dia 2 de maio de 1982, dia que ficou conhecido como o Domingo Negro, a Exxon cancelou um projeto de US$5 bilhões de dólares no Colorado por causa da queda do preço do petróleo, demitindo mais de 2.000 trabalhadores.  Em decorrência dos prejuízos da década de 1980, essas empresas se tornaram relutantes a fazer novos investimentos desse tipo.
Todos esses fatores concorrem para gerar incertezas quanto ao preço futuro do petróleo.
Nas atuais condições, para que a extração de petróleo do pré-sal brasileiro seja economicamente viável, ou o preço do barril de petróleo no mercado internacional teria de disparar ou a empresa exploradora teria de usufruir grandes benefícios tributários.  Fora isso, sempre há a terceira opção: entregar a exploração a empresas estatais, que não operam de acordo com o sistema de lucros e prejuízos e, consequentemente, não têm de se preocupar com o preço do petróleo.  Elas podem simplesmente espetar a conta nos pagadores de impostos.
Ao que tudo indica, as petrolíferas de fato pensam assim, e uma boa comprovação pôde ser testemunhada ontem, dia 21 de outubro, no leilão do campo de Libra realizado pelo governo brasileiro.  Propagandeado como a maior reserva de petróleo do Brasil e a maior área para exploração de petróleo no mundo, cujo potencial poderia se aproximar dos 12 bilhões de barris, o governo brasileiro esperava atrair pelo menos 40 empresas para o leilão de Libra.  Quantas realmente se candidataram?  Apenas quatro: duas estatais chinesas (CNPC e CNOOC), uma empresa francesa (Total) e a anglo-holandesa Shell.  As quatro formaram um único consórcio, o que significa que não houve nenhuma concorrência no leilão.  Gigantes do setor, como Chevron, Exxon Mobil, BHP Billiton, Statoil, BP e Repsol não se interessaram.
Como presente de grego, essas quatro empresas vencedoras terão a Petrobras como sócia compulsória e majoritária.
Toda a lambança começou com o regime de exploração escolhido pelo governo.  Havia duas opções: o regime de concessão — que é o utilizado desde 1997, e que ajudou a elevar sobremaneira o volume de petróleo produzido no Brasil —, e o regime de partilha, um monstrengo inventado por motivos puramente ideológicos.
Nenhum destes dois modelos representa uma privatização genuína.  Ambos são uma parceria público-privada, que nada mais é do que um arranjo corporativista no qual estado e grandes empresas se aliam para, sob o manto de estarem realizando serviços, extorquir os cidadãos e dividir entre si o butim, dando em troca algo que lembra um pouco, com muita boa vontade, uma prestação de serviço.  No entanto, o regime escolhido pelo governo, o de partilha, é o pior dentre os dois.
Em uma PPP tradicional — que continua sendo adotado nas áreas de petróleo existentes no pós-sal —, todos os gastos e todos os riscos da produção, bem como a propriedade dos hidrocarbonetos, são do consórcio que obteve a concessão.  Em troca, o consórcio paga ao Tesouro impostos e participações especiais sobre o valor da produção, além de pagar royalties aos estados e municípios onde a atividade é realizada. 
No arranjo adotado, que foi o "regime de partilha", o dono do petróleo é o Tesouro.  Neste arranjo, o estado fica com uma parcela da produção física em cada campo de petróleo.  O consórcio paga um bônus à União ao assinar o contrato e, se encontrar petróleo, será remunerado com uma parcela deste petróleo que seja suficiente para cobrir seus custos e garantir algum ganho.  Todo o resto do petróleo ficará para a União (daí o nome de "partilha").  Além disso, todas as decisões de investimento serão, em última instância, autorizadas ou negadas pela Petrobras, que também usufruirá uma participação mínima obrigatória de 30% entre as empresas componentes do consórcio — no caso de Libra, ela terá 40%.  
Como que para comprovar a irracionalidade da coisa, o modelo de partilha obriga a Petrobras a desembolsar R$6 bilhões, que correspondem a 40% do bônus de assinatura do contrato.  Dado que o senhor Mantega veio a público jurar que a Petrobras tem essa quantia, podemos então ter a certeza absoluta de que ela não tem, e terá de pegar com o Tesouro ou com o BNDES (leia-se: de nós).  No modelo de concessão, a Petrobras e o governo não teriam de pagar nada. 
Por último, a cereja do bolo: o governo obrigará as plataformas a terem um "elevado conteúdo de fabricação nacional", um privilégio nacional-desenvolvimentista que servirá para as indústrias fornecedoras aumentarem seus preços e encarecer ainda mais o processo produtivo.
Sabendo de tudo isso, é realmente de se estranhar que tenha havido um interesse quase nulo das petrolíferas privadas?  Quem iria se sujeitar a um marco regulatório tão arbitrário e politicamente subjetivo quanto este?  Dado que a Petrobras detém 40% de participação no consórcio, e é hoje a empresa mais endividada do mundo, por acaso seria algum exagero prever que todos esses direitos assegurados ao governo brasileiro é que irão ditar os investimentos e as decisões de desenvolvimento?  Como afinal será o critério para decidir qual será o volume de petróleo suficiente para cobrir os custos da produção e suficiente para garantir algum ganho às empresas? 
Não é nada surpreendente que as grandes e experientes petrolíferas privadas nem sequer tenham se apresentado para participar dessa presepada, deixando a encrenca para as estatais chinesas. 
O que está acontecendo, portanto, é um agigantamento do estado no setor petrolífero.  E isso está sendo vendido ao público como "privatização".  Realmente, é desesperadora a situação do debate econômico no Brasil.
Solução
Os problemas de um setor petrolífero nas mãos do estado são óbvios demais: ele gera muito dinheiro para políticos, burocratas, sindicatos e demais apaniguados.  Isso é tentador.  A teoria diz que toda e qualquer gerência governamental sobre uma atividade econômica sempre estará subordinada a ineficiências criadas por conchavos políticos, a esquemas de propina em licitações, a loteamentos de cargos para apadrinhados políticos e a monumentais desvios de verba.  No setor petrolífero, Venezuela, Nigéria e todos os países do Oriente Médio comprovam essa teoria.
Um setor ser gerido pelo governo significa apenas que ele opera sem precisar se sujeitar ao mecanismo de lucros e prejuízos. Todos os déficits operacionais serão cobertos pelo Tesouro, que vai utilizar o dinheiro confiscado via impostos dos desafortunados cidadãos. Um empreendimento estatal não precisa de incentivos, pois não sofre concorrência financeira — seus fundos, oriundos do Tesouro, em tese são infinitos.  O interesse do consumidor é a última variável a ser considerada.

No setor petrolífero brasileiro, o dinheiro é retirado do subsolo e despejado no buraco sem fundo da burocracia, da corrupção, dos privilégios e das mamatas.  Todos os governos estaduais e todos os políticos do país querem uma fatia deste dinheiro para subsidiar suas burocracias e programas estatais preferidos.  Consequentemente, em todos os setores em que esse dinheiro é gasto, ele é desperdiçado.  Como é economicamente impossível o governo produzir algo de real valor, ele na prática apenas consome os ativos e a riqueza do país.
Caso o setor petrolífero estivesse sob o controle de empresas privadas, todo o dinheiro retirado do subsolo seria de propriedade destas empresas e de seus acionistas.  Sim, haveria impostos sobre esse dinheiro.  Mas a maior parte dele ainda iria para mãos privadas.  É assim nos EUA e em vários países da Europa.  Tal arranjo mantém o dinheiro longe das mãos do governo e dos demais parasitas, e garante que a produção e a distribuição sempre ocorrerão estritamente de acordo com interesses de mercado, e não de acordo com conveniências políticas.
Sendo assim, qual a maneira efetiva de se desestatizar o setor petrolífero do Brasil?  Legalizando a concorrência.  Para isso, bastaria o estado se retirar do setor petrolífero, deixando a Petrobras à sorte de seus próprios funcionários, que agora não contariam com nenhum monopólio, nenhuma proteção e nenhuma subvenção.  O estado não venderia nada para ninguém.  Apenas sairia de cena, aboliria a ANP e nada faria para impedir a chegada concorrência estrangeira.  
A Petrobras é do povo?  Então, nada mais coerente do que colocar este mantra em prática: após a retirada do governo do setor petrolífero, cada brasileiro receberia uma ação da Petrobras que estava em posse do governo.  E só.  Ato contínuo, cada brasileiro decidirá o que fazer com esta ação.  Se quiser vendê-la, que fique à vontade.  Se quiser mantê-la, boa sorte.  Se quiser comprar ações das outras empresas petrolíferas que agora estarão livres para vir operar aqui, sem os onerosos fardos da regulamentação da ANP, que o faça.  Se a maioria dos acionistas brasileiros quiser vender suas ações para investidores estrangeiros, quem irá questionar a divina voz do povo?  Se o povo é sábio o bastante para votar, então certamente também é sábio o bastante para gerenciar as ações da Petrobras. 
O objetivo supremo é fazer com que o dinheiro do petróleo vá para as mãos do povo, e não para o bolso de políticos e burocratas.  É assim que acontece em outros países, principalmente nos EUA, onde não há autossuficiência e a gasolina é bem mais barata que a nossa.
Conclusão
É claro que isso nunca será feito.  Isso significaria capitalismo genuíno.  Significaria cidadãos privados participando ativamente da riqueza gerada pela indústria petrolífera, e se beneficiando dela — algo proibido em arranjos socialistas como o que vigora no Brasil. 
Sem o estado participando ativamente do setor petrolífero, não mais seria possível ocorrer as manipulações, as indicações políticas e os jogos de favorecimento a companheiros no alto comando da Petrobras. 
Mas nenhum governo de nenhum partido fará esse tipo de reforma.  Imaginar que políticos irão voluntariamente abrir mão dos privilégios gerados pela Petrobras é tão lógico quanto imaginar que cupins irão voluntariamente abdicar da madeira.  O governo é naturalmente formado por insaciáveis praticantes da espoliação pública.  Tais pessoas não apenas querem utilizar o dinheiro do petróleo para financiar seus próprios projetos eleitoreiros, como também querem ter o governo subsidiando esses seus buracos sem fundo.  Só nos resta aguentar.

Leandro Roque é o editor e tradutor do site do Instituto Ludwig von Mises Brasil.

================
Ainda sobre o leilão de Libra
BERNARDO SANTORO*

A banda “Nirvana” tinha uma música chamada “Lítio”. Não tem a ver com a Bolívia mas é tão depressiva quanto as políticas desse país.
O assunto relativo ao leilão dos campos de libra já foi magistralmente esgotado pelo artigo definitivo de Leandro Roque no IMB, que recomendo vivamente, onde o autor demonstra que o petróleo do pré-sal só é viável se o preço do barril estiver muito alto e que o modelo de partilha adotado vai sangrar os cofres públicos nacionais.
Mas cabe comentar, rapidamente, o dia seguinte desse leilão e a incrível reação da oposição política brasileira ao tema, que se recusa a tomar um papel de vanguarda racional em qualquer discussão nacional.

O candidato supostamente liberal, Aécio Neves, declarou, de maneira jocosa que houve uma privatização do campo de Libra, como se privatizar fosse ruim, e que nós precisamos reestatizar a Petrobras, entregar a Petrobras novamente aos brasileiros e aos seus interesses”.
Uma boa medida da irracionalidade de um discurso é quando o PSOL o apoia. O Dep. Ivan Valente, do PSOL-SP, declarou, na mesma medida, que “o que foi feito ontem foi um crime contra a soberania nacional. É privatização sim, e é a maior de todas, maior que a da Telebrás e da Vale“.
É com psolistas que Aécio Neves pretende marchar em 2014?
Como esclareceu o Presidente do IL em seu blog ontem, Dilma está certa ao dizer que não houve privatização. Uma privatização de verdade é conduzida de modo em que os efeitos benéficos do livre-mercado se faça presente na atividade econômica. Nada disso aconteceu no evento desta semana.
Senão vejamos: a Petrobras, e o governo, ainda são os sócios majoritários da exploração, o que significa que essa exploração vai atender a interesses políticos do governo, e não econômicos da população. Não haverá concorrência na exploração do campo, que foi entregue de maneira monopolística ao consórcio vencedor. Haverá a extrema regulação de quantidade e preço de petróleo extraído, sob a supervisão da ANP. E ainda temos uma estranha participação do governo chinês na exploração, o que significa que também vamos ter de atender interesses políticos do governo chinês.
A única parte lúcida do discurso de Aécio Neves ontem foi que o pagamento de 15 bilhões de reais feitos pelo consórcio ao governo ainda vai servir para fechar as contas dessa administração perdulária e descumpridora da Lei de Responsabilidade Fiscal, a qual vive driblando com truques contábeis e mercadológicos como este que vimos na segunda.
E enquanto isso vamos imitando o modelo boliviano sobre o lítio. A Bolívia tem 50% das reservas mundiais de lítio, que é um ótimo metal para uso em baterias, o que seria uma imensa riqueza no momento em que os carros elétricos estão se popularizando. A Bolívia impede de todos os meios a exploração do elemento em escala industrial, o que está levando países avançado a descobrir novos materiais para substituí-lo. Em breve a Bolívia estará em cima de um monte de “riquezas” que não valerão um tostão.
Que isso não aconteça com o sub-explorado petróleo brasileiro. (alguém falou em gás de xisto aí?)

*DIRETOR DO INSTITUTO LIBERAL

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Combustiveis renovaveis, energia para dar e vender, sobretudo beber - US Naval (petite) history

LITTLE KNOWN TIDBIT OF NAVAL HISTORY

The U. S. S. Constitution (Old Ironsides), as a combat vessel, carried 48,600 gallons of fresh water for her crew of 475 officers and men. This was sufficient to last six months of sustained operations at sea. She carried no evaporators (i.e. fresh water distillers).

However, let it be noted that according to her ship's log, "On July 27, 1798, the U.S.S. Constitution sailed from Boston with a full complement of 475 officers and men, 48,600 gallons of fresh water, 7,400 cannon shot, 11,600 pounds of black powder and 79,400 gallons of rum."

Her mission: "To destroy and harass English shipping."

Making Jamaica on 6 October, she took on 826 pounds of flour and 68,300 gallons of rum.

Then she headed for the Azores , arriving there 12 November. She provisioned with 550 pounds of beef and 64,300 gallons of Portuguese wine.

On 18 November, she set sail for England . In the ensuing days she defeated five British men-of-war and captured and scuttled 12 English merchant ships, salvaging only the rum aboard each.

By 26 January, her powder and shot were exhausted. Nevertheless, although unarmed she made a night raid up the Firth of Clyde in Scotland . Her landing party captured a whisky distillery and transferred 40,000 gallons of single malt Scotch aboard by dawn. Then she headed home.

The U. S. S. Constitution arrived in Boston on 20 February 1799, with no cannon shot, no food, no powder, no rum, no wine, no whisky, and 38,600 gallons of water .

O Itamaraty, as ideologias, os partidarismos, e os diplomatas - Questoes de candidatos

As questões colocadas por este candidato à carreira não têm nada a ver com a preparação substantiva para o concurso de ingresso, e sim com preocupações ex-post, na medida em que ele ouviu falar, leu, sobre os constrangimentos causados pelos posicionamentos sectários de certos conselheiros presidenciais, interferindo na política externa.
A mensagem, enviada em formato de comentário a um dos posts deste blog, foi a seguinte:

Anônimo deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Embaixador Roberto Abdenur e a diplomacia brasilei...": 

Caríssimo Sr. Paulo Roberto Almeida

Busquei conhecer a carreira - com especial cuidado para não incorrer em falsos romantismos -, e acabei por identificar substanciais (e reais) afinidades, que me inclinaram à realização de compenetrados estudos para o CACD.

Não é nenhum segredo, porém, que diante da conhecida dificuldade do certame, a motivação e atitude para ingressar na casa devem ser mesmo "férreas", não havendo, ou ao menos não devendo haver, espaço para nada que possa diminuir a determinação.

No entanto, ainda que eu mantenha uma postura proativa e focada no objetivo, um único fator (mas que fator!) cisma em fazer "murchar" a expectativa vocacional, e, como indissociável consequência, o empenho na aprovação.

Trata-se da tal contaminação ideológica que o MRE vem sendo alvo nos últimos anos e que, segundo o Embaixador Roberto Abdenur, no artigo acima, já inclusive interfere na inserção externa. 

Enfim, professor, a grande (e acredito, relevante) dúvida que me assola é seguinte: 

Hoje, um diplomata que não é simpático à ideologias de esquerda, e que, noutra ponta, poderia até ganhar o subjetivo e impreciso rótulo de 'conservador', consegue progredir na carreira? Consegue manter o emprego? A sanidade física e mental?

Ou o repetido cânone "diplomatas servem ao estado e não a governos" foi definitivamente enterrado? 

Na estimada opinião do professor, tais circunstâncias tem o condão de impedir a vocação?
Ou deve-se encarar esse triste momento como ponto fora da curva, que haverá, mais cedo ou mais tarde, de dobrar-se à tradicional continuidade da política externa brasileira?

Agradeço antecipadamente quaisquer ponderações e reflexões.


Com os melhores cumprimentos,
[Fulano de Tal]

Eliminei o nome do remetente, para não lhe causar constrangimentos, e passo a comentar também, com diversos constrangimentos, uma vez que sou diplomata e já assisti a essa "contaminação ideológica" -- foi a expressão usada por ele -- alguns aspectos desse comentário.

Eu diria ao candidato em causa que ele não deve temer pela sua carreira, pois essas coisas são passageiras, e podem passar, sem deixar traços, mas também podem continuar, o que é uma possibilidade, num Brasil cada vez mais partidarizado e dividido.
Mas mesmo nesse caso, ou seja, de uma deterioração ainda maior dos serviços diplomáticos por indevida "contaminação ideológica", minha única recomendação seria a de manter um perfil baixo.
Diplomata, em geral, salvo os muito afoitos, não tem ideologia. Todos eles se comportam profissionalmente e tratam os assuntos de forma perfeitamente técnica, sem ceder às paixões políticas do momento. Sempre tem aqueles que aderem de modo entusiasmado às novas tendências políticas, seja por crença sincera nas novas verdades partidárias, ou por simples oportunismo carreirista, e também tem aqueles que por liberalismo visceral, ou anarquismo literal, resistem aos novos tempos, se o ZeitGeist discrepa muito do que se espera de um serviço diplomático "normal". Difícil avaliar o que quer dizer tudo isso, pois as percepções e sensibilidade políticas são um pouco como preferências gastronômicas ou futebolísticas: cada um tem as suas.
Sobre essa divisão entre Estado e governo, pode, ou não, funcionar, pois sempre tem aqueles que o Estado é uma abstração e ele só existe de fato quando encarnado em algum governo.
Não acredito e já escrevi muito a respeito, inclusive as "Dez Novas Regras de Diplomacia", que estão em meu site.
Os muito oportunistas dirão que a população já aprovou a política externa do governo (e do partido) nas eleições, e que por isso os diplomatas precisam "vestir a camisa" do governo.
Pode ser, mas continuo não acreditando nisso.
Em todo caso, o Itamaraty é um grande lugar para se trabalhar.
Partidários e oportunistas são poucos, e acabam passando.
Paulo Roberto de Almeida 

Policy Analysis in Brazil - a book by Jeni Vaitsman, José Mendes Ribeiro and Lenaura Lobato (editors)

Um livro com o qual tive a possibilidade de colaborar, respondendo questões e revisando o capítulo sobre think tanks.
Paulo Roberto de Almeida

Policy analysis in Brazil
Jeni Vaitsman, José Mendes Ribeiro and Lenaura Lobato (editors)
London: Policy Press, 2013

Presentation:
Policy analysis in Brazil is part of the International Library of Policy Analysis and is the first book
to paint a comprehensive panorama of policy analysis activities in Brazil. Highlighting the unique
features of the Brazilian example, it brings together 18 studies by leading Brazilian social
scientists on policy analysis as a widespread activity pursued in a variety of policy fields and
through different methods by governmental and non-governmental institutions and actors. It
shows how policy analysis emerged as part of Brazilian state-building from the 1930s onwards.
With the democratisation process of the late 1980s, policy analysis began to include innovative
elements of social participation in public management. This unique book offers key insights into
the practice of this field and is indispensable reading for scholars, policy makers and students of
the social sciences interested in learning how policy analysis developed and functions in Brazil.

Contents
1.Policy analysis in Brazil: the state of the art - Jeni Vaitsman, José
Mendes Ribeiro and Lenaura Lobato (editors)

PART I: STYLES AND METHODS OF POLICY ANALYSIS IN BRAZIL
2. Professionalisation of policy analysis in Brazil
Jeni Vaitsman, Lenaura Lobato and Gabriela R. B. Andrade
3.Policy Analysis Styles in Brazil
Christina Andrews 
4.Modernization of the state and bureaucratic capacity-building in the Brazilian Federal Government
Celina Souza

PART II: POLICY ANALYSIS BY GOVERNMENTS AND THE LEGISLATIVE
5.Policy analysis and governance innovations in the federal government
José Mendes Ribeiro and Aline Inglez Dias
6.Policy monitoring and evaluation systems: recent advances in Brazil’s federal public administration
Romulo Paes-Sousa and Aline Hellman
7. Privatization and policy decision making in Brazil
Licinio Velasco and Armando Castelar Pinheiro
8. Production of policy-related information and knowledge in Brazil: the state government agencies
Cristina de Almeida Filgueiras and Carlos Alberto Rocha
9. Policy analysis at the municipal level of government
Marta Farah
10. The role of the Brazilian legislature in the public policy decision making process
Fabiano Guilherme M. Santos

PART III: PARTIES, COUNCILS, INTEREST GROUPS AND ADVOCACY-BASED POLICY ANALYSIS
11. Brazil’s National Social Assistance Policy Council (CNAS) and the policy community supporting social assistance as a right
Soraya Vargas Cortes 
12. Brazilian response to the HIV/AIDS epidemic: integrating prevention and treatment
Elize Massard da Fonseca and Francisco I. Bastos
13. Media and policy analysis in Brazil: the process of policy production, reception and analysis through the media 
Fernando Lattman-Weltman
14. Parties and public policy: programmatic formulation and political processing of constitutional amendments
Paulo Fábio Dantas Neto
15. Business associations and public policy analysis
Renato Raul Boschi
16.Policy analysis in non-governmental organisations and the implementation of pro-diversity policies
João Bosco Hora Góis

PART IV: ACADEMIC AND RESEARCH INSTITUTES-BASED POLICY ANALYSIS.
17. Expert community and sectoral policy: the Brazilian Sanitary Reform
Nilson do Rosário Costa
18. Brazilian think-tanks: between the past and the future
Tatiana Teixeira
19. Policy analysis by academic institutions in Rio de Janeiro state
Cristiane Batista
20. Postgraduate instruction and policy analysis training in Brazil
Eliane Hollanda and Sandra Siqueira

Brazil economy: special 2013 survey by OECD - summary

Economic Survey of Brazil 2013




OECD Economic Surveys: Brazil 2013
Click to Read
Overview (Portuguese version)

Speech in English and in Portuguese by OECD Secretary-General Angel Gurría
Brazil has moved up the ranks of the world’s largest economies while achieving much more inclusive growth than in the past. Stable and predictable macroeconomic policies underpinned these gains. More recently, demand has been supported by macroeconomic stimulus, which has encouraged the expansion of the non-tradable sector, while manufacturing is suffering from declining competitiveness, and supply-side constraints appear to be biting. Inflation has remained high and has been allowed to drift momentarily above the tolerance band, and monetary policy credibility risked being undermined by political statements about the future trajectory of interest rates. The central bank started a tightening cycle in April of 2013. The fiscal rule has also been undermined, as the inflexible fiscal target ‑ defined in terms of a primary surplus – has required unusual but legal measures to account for cyclical weakness and meet the target, reducing clarity. Fiscal challenges in the longer term are rising as the population will start to age fast in a decade from now and pension expenditures are already rising.
The global crisis has brought shortcomings in productivity and cost competitiveness to the fore. Supply-side constraints, which are increasingly impeding growth, include pressing infrastructure bottlenecks and a high tax burden, exacerbated by an onerous and fragmented tax system. A tight labour market and continuing skill shortages have resulted in strong wage increases. Although credit is rising at a substantial pace, investment financing at longer maturities continues to be scarce. Further development of long-term credit markets is hampered by a lack of private participation, owing to a uneven playing field caused by strong financial support to the national development bank which dominates long-term lending. Brazil’s participation in international trade and its integration into global production chains is below what would be expected in an economy as large and sophisticated as Brazil’s, and domestic producers continue to be shielded from foreign competition.
Substantial progress has been made in the sustainable use of natural resources. Energy generation relies strongly on renewable sources. Ethanol is a key ingredient of this strategy, but the pricing decisions of the majority government-owned oil company have resulted in petrol prices below import costs, undermining the ethanol industry. Carbon emissions have declined and deforestation has slowed, although its current pace still implies the destruction of forests of the size of Belgium (or the Brazilian state of Alagoas) every 5‑6 years.
Successful policies to spread the benefits of economic growth more widely have substantially reduced poverty and income inequality. Wider access to education have allowed more Brazilians to move into an expanding number of better paid jobs. However, the quality of education has not kept pace with the impressive expansion of the system. There are severe shortages in physical school infrastructure. A still-large number of students drop out from secondary education, and the vocational education sector is small, although increasing. Transfer payments have also relieved poverty and enhanced incentives to invest in human capital. Social expenditures have been heavily focused on pension payments, although conditional cash transfers have proven an effective tool to address poverty and inequality. The tax system, by contrast, is characterised by a low degree of progressivity which limits its redistributive impact.
 
Click on link to Access Data
How to obtain this publication
 The complete edition of the Economic Survey of Brazil is available from:
Additional information
For further information please contact the Brazil Desk at the OECD Economics Department ateco.survey@oecd.org.
The Secretariat’s draft report was prepared for the Committee by Jens Arnold and João Jalles under the supervision of Pierre Beynet. Research assistance was provided by Anne Legendre and secretarial assistance by Sylvie Ricordeau.