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quinta-feira, 17 de abril de 2014

Inflacao: governo companheiro encomenda uma taxa robusta - Alexandre Schwartsman

Intenção e gesto

Embora ateu, sou fascinado pela literatura bíblica, como, imagino, alguns dos 18 heróis já devem ter percebido. Li recentemente um estudo sensacional a respeito, mais precisamente sobre a evolução da interpretação das Escrituras, “How to Read the Bible”, de James L. Kugel, e aprendi que, de acordo com a visão tradicional, cada palavra da Bíblia seria carregada de significado. Eventuais inconsistências seriam, portanto, apenas fruto das dificuldades de interpretação, pois a palavra divina não admitiria falhas.

Entendimento semelhante têm os economistas que, oito vezes por ano, uma semana após a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) em que o Banco Central decide sobre a taxa de juros básica (Selic), se acotovelam para ler a ata da reunião em busca de pistas acerca das próximas decisões, assim como suas prováveis consequências.

Cada palavra é sopesada, assim como adições ou subtrações em relação às versões anteriores do documento, ou mesmo a ordem dos parágrafos. Nada é por acaso e cada vírgula pode indicar o rumo futuro das taxas de juros.

Isto dito, a exegese da última ata deixou poucas dúvidas acerca das intenções do BC. A eliminação da referência à “continuidade” do processo de ajuste monetário, a introdução do termo “neste momento” para qualificar a decisão de elevar mais uma vez a taxa de juros, assim como a menção a uma “política monetária vigilante” (não mais “especialmente vigilante”) oferecem indicações claras que o BC deseja parar o aperto monetário.

Por outro lado, a evolução da inflação não condiz com este anseio. Na véspera da divulgação da ata soubemos que a inflação atingiu 0,92% em março e 6,15% nos últimos 12 meses, taxa perigosamente próxima à máxima permitida pelo sistema de metas (6,5%), que, a propósito, deve ser ultrapassada com folga nos próximos meses.

Não faltou, é claro, quem procurasse reduzir a relevância do número desastroso. Condições climáticas fizeram com que os preços dos alimentos “in natura” saltassem no mês, contaminando o índice de inflação. Como, porém, este processo seria temporário, não caberia ao BC reagir nem à população ficar alarmada com os desenvolvimentos recentes.

Ata do BC dá sinais claros de que alta dos juros vai parar, mas inflação não condiz com este anseio

Trata-se de já conhecida conversa para boi dormir. Sim, preços de alimentos subiram muito por causa da seca, mas quem faz este argumento deixa convenientemente de lado o virtual congelamento dos preços administrados pelo governo, como energia, combustíveis, passagens de ônibus, que têm atuado do lado contrário (em março, por exemplo, caíram 0,02%, acumulando alta de apenas 3,4% nos últimos 12 meses).

De fato, se desconsiderarmos tanto o impacto dos alimentos consumidos em casa como o das tarifas públicas chegaríamos à conclusão de que o conjunto dos demais preços aumentou nada menos do que 0,88% no mês, valor apenas levemente inferior ao registrado pelo IPCA “cheio”. Mais grave, esta medida, “limpa” de ambos efeitos, mostra inflação de 7,36% nos últimos 12 meses, bastante superior à registrada pelo IPCA.

Diga-se, aliás, que esta conclusão também é válida para as demais medidas de inflação que tentam justamente eliminar eventuais efeitos de preços muito voláteis ou sujeitos à intervenção governamental (os chamados “núcleos de inflação”).

A aceleração inflacionária não resulta, pois, de preços de alimentos nem tem caráter temporário. Pelo contrário, vai muito além dos alimentos (a inflação de serviços supera 9%) e é disseminada (no mês passado 72% dos itens não alimentícios do IPCA subiram de preço).

Neste contexto, o BC até pode fingir que não tem nada a ver com o problema e parar o ciclo de aperto monetário com a Selic nos atuais 11% (ou mesmo em 11,25%).

Não vai, porém, escapar de ter que voltar ao tema uma vez passadas as eleições. Problemas não desaparecem porque sua solução é adiada; apenas voltam vitaminados a requerer doses muito maiores de sacrifícios.

Fonte: Folha de S. Paulo, 16/04/2014

Politica comercial companheira, 2: Brasil perde espacos no comercio internacional - Editorial Estadao

O Brasil perde espaço no comércio internacional

17 de abril de 2014 
Editorial O Estado de S.Paulo
Com um déficit na balança comercial de US$ 6 bilhões, até 11 de abril, e uma evolução das exportações de apenas 1%, neste ano, pelo critério de média por dia útil, é frágil o comércio exterior do Brasil. A fraqueza fica explícita nas previsões da Organização Mundial do Comércio (OMC), divulgadas segunda-feira, que apontam para uma recuperação das exportações e das importações no mundo.
Em 2013, o crescimento do comércio global foi de apenas 2,1% em relação a 2012, com as exportações alcançando US$ 18,8 trilhões, mas as previsões da OMC indicam um avanço de 4,7%, neste ano. No ano passado, a China foi o principal país exportador com US$ 2,2 trilhões e uma participação de 11,8% no comércio mundial, enquanto o Brasil, com vendas externas de US$ 242 bilhões, ocupou o 21.º lugar, com peso de 1,3%. Entre os maiores importadores, a liderança é dos Estados Unidos, seguida por China e Alemanha - e o Brasil está no 20.º lugar, importando US$ 250 bilhões, com peso de 1,3% na importação global.
Os números da OMC são algo diferente dos números oficiais do País. Entre 2011 e 2013, segundo a OMC, as exportações brasileiras declinaram US$ 13,8 bilhões, enquanto as importações cresceram quase US$ 13,4 bilhões. Pelos números oficiais divulgados no País, as exportações caíram US$ 8 bilhões ou 0,4% do Produto Interno Bruto (PIB).
A recuperação do comércio global, neste ano, dependerá tanto do ritmo da atividade nos Estados Unidos, que é promissor, como da União Europeia, que é lento, além da China. O comércio não recuperou a vitalidade que tinha antes da crise de 2008, registrando, em 2013, volume de trocas 17% menor. A recuperação será insuficiente para compensar a queda dos últimos 5 anos.
O diretor-geral da OMC, o brasileiro Roberto Azevêdo, argumenta que o aumento das importações do País tem um aspecto positivo. "Se o País importa substancialmente mais, tende a indicar que a economia está bem, o consumidor está comprando, a indústria está importando bens intermediários."
Mas esse é apenas um lado da realidade, pois a corrente comercial do Brasil - ou seja, a soma de importações e exportações - ficou estagnada entre 2011 e 2013. E não há indícios de que venha a se recuperar neste ano. O Brasil está, de fato, perdendo espaço no comércio internacional, por causa de custos e de ineficiências do governo Dilma.

Politica comercial companheira: renuncia a soberania nacional - Editorial Estadao

O Brasil preso à Casa Rosada

17 de abril de 2014 | 2h 08
Editorial O Estado de S.Paulo
O Brasil é oficialmente governado pela presidente Dilma Rousseff e sua capital é Brasília, mas as decisões mais importantes da diplomacia comercial brasileira vêm sendo tomadas na Casa Rosada, em Buenos Aires, capital da República Argentina. Se o governo argentino se recusa a negociar seriamente e de forma razoável um acordo comercial com a União Europeia, o acordo fica emperrado e as autoridades brasileiras aceitam e se conformam. Pelo menos até agora tem sido esse o procedimento-padrão. É o mesmo seguido, regularmente, quando a presidente argentina decide impor mais uma barreira comercial ao Brasil ou prorrogar o acordo automotivo e reformar suas regras. As autoridades brasileiras ainda se expõem, no mínimo, ao ridículo, com a mesma subserviência, ao apoiar abertamente a Casa Rosada em suas disputas com as vítimas inconformadas do calote declarado em 2001.
No mês passado o novo ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Mauro Borges, voltou de Buenos Aires com uma exibição de otimismo quanto à negociação entre Mercosul e União Europeia.
Segundo ele, no começo de abril o governo argentino apresentaria uma lista suficiente de ofertas para permitir o avanço das conversações com os europeus. Brasil, Paraguai e Uruguai já haviam apresentado suas listas e só esperavam a proposta argentina, já muito atrasada, para planejar os próximos passos.
Na semana passada, em Montevidéu, mais uma vez a Casa Rosada prejudicou o jogo, com uma proposta bem inferior às de seus vizinhos e, obviamente, inadequada. Ficaram fora da lista vários produtos classificados como "sensíveis", como autopeças, químicos, eletrônicos e bens de capital. Além disso, o governo argentino defende um prazo de 15 anos para redução das tarifas sobre os produtos europeus e carência de 7 anos. Os outros membros do Mercosul pedem até 12 anos para o ajuste das tarifas e os europeus, 10.
A meta combinada entre as partes é uma redução tarifária para produtos correspondentes a 90% do comércio entre Mercosul e União Europeia. Brasil, Paraguai e Uruguai chegaram perto disso, mas a proposta argentina reduz a média das ofertas para cerca de 80%. O Brasil ainda pode melhorar sua oferta, mas a negociação é conjunta e a disposição argentina é fundamental para o resultado. Além do mais, a troca inicial de ofertas é apenas o começo da discussão mais substancial e mais consequente. Aberta essa fase, as partes ainda terão muitos detalhes para acertar.
Será importante retomar logo as negociações, para haver algum avanço ainda este ano. Se houver nova demora, a troca dos comissários europeus, em setembro, e as eleições no Brasil prejudicarão os trabalhos. Qualquer perda de tempo, nesta altura, pode ser desastrosa, porque várias outras negociações muito importantes estão progredindo, incluída a de um acordo entre União Europeia e Estados Unidos. A cada dia aumenta a desvantagem do Brasil e do Mercosul num mundo onde se multiplicam os acordos comerciais.
O governo brasileiro, afirma-se reservadamente em Brasília, está pronto para pressionar o argentino, se um entendimento entre os parceiros do Mercosul for impossível até a metade de maio. Esse tipo de ameaça, ou de promessa, já circulou em outras ocasiões, mas a Casa Rosada sempre se manteve como o principal centro de decisões da diplomacia do Mercosul.
A desastrosa política da presidente Cristina Kirchner já impôs à Argentina a perda de US$ 6 bilhões em exportações de carne nos últimos quatro anos, segundo a Fundação Mediterrânea, um centro de estudos econômicos. Em 2012 e 2013 o país ficou fora da lista dos 10 maiores exportadores de carne. Isso é só um exemplo - mas muito significativo - do custo da política econômica. Parte da conta dessa política vem sendo paga pelo Brasil, prejudicado pelo protecionismo do segundo maior sócio do Mercosul.
Custos até maiores já resultaram de erros cometidos em Brasília, como a opção terceiro-mundista do governo Lula, até agora preservada, e a insistência em sujeitar os interesses brasileiros a um Mercosul desmoralizado, mas ainda sujeito ao requisito de ação conjunta de uma união aduaneira.

1964: Editorial do Correio da Manha, de 31 de marco: Basta!

Muita gente, especialmente entre os mais jovens, pensa que o "golpe militar" de 31 de março de 1964 foi dado por um bando de perversos militares de direita, mancomunados e a serviço do imperialismo americano. Trata-se de tese simplista, simplória, totalmente equivocada, mas ainda presente num recente documentário sobre "O Dia que Durou 21 Anos", no qual a única coisa correta é a transcrição dos telegramas do embaixador americano Lincoln Gordon, que diga-se de passagem correspondia às preocupações paranoicas do governo americano quanto à possibilidade de uma tomada de poder pelos comunistas no Brasil. Não era possível, mas parecia [plausível a partir da movimentação dos comunistas naqueles dias. Não é possível compreender o golpe militar sem a intentona de 1935, sem a conversão de Cuba ao marxismo-leninismo em 1961 e sem o episódio dos mísseis soviéticos em Cuba em 1962.Tampouco é possível entender as torturas e a repressão no Brasil, cuja intensidade se situa no período 1969-1973, sem levar em consideração os atentados esparsos e depois as ações de guerrilha mais coordenadas empreendidas por brasileiros sob estímulo e com suporte total dos comunistas cubanos.Quem não compreender esse contexto, estará pronunciando palavras vazias sobre 1964 e o regime militar.Uma coisa é certa: mesmo sem "conspiração americana", os militares teriam feito algo, pois a sociedade pedia um basta ao clima que se vivia em 1964. Basta ler o editorial abaixo.Paulo Roberto de Almeida
Editorial do jornal Correio da Manhã, edição de 31 de março de 1964

BASTA!

Até que ponto o Presidente da República abusará da paciência da Nação? Até que ponto pretende tomar para si por meio de decretos-leis, a função do Poder Legislativo? Até que ponto contribuirá para preservar o clima de intranquilidade e insegurança que se verifica presentemente na classe produtora? Até quando deseja levar ao desespero, por meio da inflação e do aumento do custo de vida, a classe média e a classe operária? Até que ponto quer desagregar as forças armadas por meio da indisciplina que se torna cada vez mais incontrolável?

Não é possível continuar neste caos em todos os sentidos e em todos os setores. Tanto no lado administrativo como no lado econômico e financeiro. Basta de farsa. Basta da guerra psicológica que o próprio Governo desencadeou com o objetivo de convulsionar o país e levar avante a sua política continuísta. Basta de demagogia para que, realmente, se possam fazer as reformas de base.

Quase todas as medidas tomadas pelo Sr. João Goulart, nestes últimos tempos, com grande estardalhaço, mas inexeqüíveis, não têm outra finalidade senão a de enganar a boa-fé do povo, que, aliás, não se enganará. Não é tolerável esta situação calamitosa provocada artificialmente pelo Governo que estabeleceu a desordem generalizada, desordem esta que cresce em ritmo acelerado e ameaça sufocar todas as forças vivas do país. Não contente de intranqüilizar o campo, com o decreto da SUPRA, agitando igualmente os proprietários e os camponeses, de disvirtuar a finalidade dos sindicatos, cuja missão é a das reivindicações de classe, agora estende a sua ação deformadora às forças armadas, destruindo de cima a baixo a hierarquia e a disciplina, o que põe em perigo o regime e a segurança nacional. A opinião pública recusa uma política de natureza equívoca que se volta contra as instituições, cuja guarda deveria caber ao próprio Governo Federal.

Queremos o respeito à Constituição. Queremos as reformas de base voltadas pelo Congresso. Queremos a intocabilidade das liberdades democráticas. Queremos a realização das eleições em 1965. Se o Sr. João Goulart não tem a capacidade para exercer a Presidência da República e resolver os problemas da Nação dentro da legalidade constitucional não lhe resta outra saída senão entregar o Governo ao seu legítimo sucessor. É admissível que o Sr. João Goulart termine o seu mandato de acordo com a Constituição. Este grande sacrifício de tolerá-lo até 1966 seria compensador para a democracia. Mas para isto, o Sr. João Goulart terá de desistir de sua política atual que está perturbando uma nação em desenvolvimento, e ameaçando de levá-la à guerra civil.

A Nação não admite nem golpe nem contragolpe. Quer consolidar o processo democrático para a concretização das reformas essenciais de sua estrutura econômica. Mas não admite que seja o próprio Executivo, por interesses inconfessáveis, quem desencadeie a luta contra o Congresso, censure o rádio, ameace a imprensa e, com ela, todos os meios de manifestações do pensamento, abrindo o caminho à ditadura. Os Poderes Legislativo e Judiciário, as Classes Armadas, as forças democráticas devem estar alertas e vigilantes e prontos para combater todos aqueles que atentarem contra o regime.

O Brasil já sofreu demasiado com o Governo atual. Agora, basta!

Venezuela: revolucao bolivariana nao vai sobreviver ao ridiculo

A revolução perecerá sob o peso do seu próprio surrealismo patético.
Paulo Roberto de Almeida 

Maduro quer ministério para “defesa mundial” da Venezuela

O Globo, 16/04/2014
Pasta de Comunicação Internacional será a 32ª do Gabinete chavista
O Gabinete de Nicolás Maduro já conta com 31 ministérios e, se depender do presidente venezuelano, pode ganhar mais um no rastro da repercussão dos dois meses de manifestações contra o governo. Em entrevista exclusiva ao jornal local “Últimas Noticias”, Maduro anunciou que planeja criar o Ministério para a Comunicação Internacional, “dedicado exclusivamente à defesa mundial da Venezuela” num contexto de “guerra comunicacional” contra o país.
— Atingimos todos os objetivos planejados, mas é necessário admitir que, do ponto de vista midiático, todos esses meios de comunicação e representantes da oposição que saíram pelo mundo pedindo uma intervenção contra a Venezuela fizeram muitos danos ao país — disse Maduro, para quem a criação do novo ministério é uma “necessidade dos tempos”.
O 32º ministério do governo Maduro será mais um órgão num aparato criticado por opositores devido ao seu tamanho. Além dos ministérios, há seis vice-Presidências e impressionantes 111 vice-ministérios. Um dos mais polêmicos deste contingente, criado pelo presidente em outubro do ano passado, é o Vice-Ministério da Suprema Felicidade.
O presidente venezuelano inclusive já tem um nome para o Ministério para a Comunicação Internacional: o embaixador do país na Organização dos Estados Americanos (OEA), Roy Chaderton, deverá ser o titular da pasta. Chaderton comandou a mobilização na OEA para aprovar, em votação, que uma reunião do Conselho Permanente sobre a situação da Venezuela fosse feita a portas fechadas — impedindo assim a participação da deputada opositora María Corina Machado. Na época, o embaixador considerou que seria “uma aberração” se a OEA desse a palavra a alguém que “apoia a desestabilização da Venezuela”.
As rusgas entre o chavismo e a imprensa nacional e estrangeira não são novidade. Com a atual crise na Venezuela, Maduro tem reforçado as acusações de que o país tem sido vítima de um ataque midiático internacional, da mesma forma que constantemente denuncia supostas tentativas de golpe de Estado. Ao mesmo tempo, Maduro marcou presença recentemente em veículos de comunicação de fora da Venezuela para dar a visão chavista dos fatos, com entrevistas para a emissora americana CNN e o jornal britânico “Guardian”, além de publicar um artigo de opinião no “New York Times”.
Provocação antes de reunião
Dentro da Venezuela, um dos expedientes mais frequentes do governo para ocupar espaço na mídia é o uso de cadeias nacionais de rádio e televisão, prática inclusive criticada pelos representantes da coalizão opositora Mesa de Unidade Democrática (MUD) na primeira reunião de diálogo com o governo, na semana passada. Ontem, aproveitando o primeiro aniversário de seu mandato presidencial, Maduro voltou a comandar uma cadeia nacional e, mesmo em meio ao diálogo, provocou a oposição.
— Vocês imaginam o que aconteceria se eles tivessem ganhado as eleições? Haveria uma guerra, uma matança no país. — disse Maduro, que venceu em 2013 com uma vantagem de menos de 300 mil votos. —A permanência de Nicolás Maduro na Presidência é a maior garantia de estabilidade do país.
A transmissão foi iniciada horas antes do segundo encontro entre representantes do governo e da MUD, previsto para ontem à noite. Uma pesquisa divulgada ontem pelo instituto Hinterlaces mostrou que 90% dos venezuelanos apoiam o diálogo. No entanto, diminuiu para 54% os que disseram crer que o contato pode ajudar a resolver os problemas da Venezuela.
De acordo com o Itamaraty — o Brasil media o diálogo junto com Equador e Colômbia —, a segunda etapa do diálogo inclui negociações sobre dois temas: presos e uma eventual lei de anistia; e a criação de uma comissão da verdade. Estes assuntos estavam na agenda desejada pela MUD para o diálogo com o governo. A coalizão defende a anistia de manifestantes detidos, assim como a soltura de nomes da oposição como Leopoldo López, líder do partido Vontade Popular e acusado de incitar a violência em protestos, e os prefeitos Enzo Scarano e Daniel Ceballos, na cadeia por não destruírem barricadas montadas por opositores em suas cidades.

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Publicidade infantil: o Estado brasileiro consolida sua vocacao fascista

O Estado, obviamente, é uma entidade impessoal. São pessoas de mentalidade fascista e de instintos anticapitalistas que impulsionam esses ataques contra a liberdade individual.
Paulo Roberto de Almeida 

Governo atinge publicidade infantil

Veja, 17/04/2014
Resolução de conselho ligado à Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República acaba com a publicidade infantil no Brasil
O Senado aprovou nesta quarta-feira, 16, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) um projeto de lei complementar com novas regras para a criação de municípios no País. A proposta é fruto de um acordo da base aliada com o governo para que não fosse derrubado o veto presidencial a um projeto semelhante, aprovado em novembro do ano passado, mas que iria gerar um custo maior aos cofres públicos.
Desde o dia 4 deste mês, o Brasil integra ao lado de Suécia, Noruega e da província de Quebec, no Canadá, uma restrita lista de países que proíbem a publicidade direcionada ao público infantil. Nesse caso, a comparação com nações ricas é mais motivo de preocupação do que de notoriedade. A imposição contra o livre exercício da propaganda é de autoria do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda), subordinado à Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República. O órgão determinou nove critérios considerados abusivos na comunicação mercadológica dirigida à criança. O texto, aprovado em assembleia realizada em março e publicado no Diário Oficial da União, proíbe, por exemplo, a veiculação de campanhas com músicas cantadas por crianças, uso de bonecos e excesso de cores, desenho animado, entre outros detalhes que inviabilizam qualquer produção – deixando espaço apenas para campanhas institucionais de utilidade pública. O mercado reagiu estarrecido à resolução: nove entidades representativas assinaram um documento no qual declaram não reconhecer a legitimidade da resolução. “O Poder Legislativo, exercido pelo Congresso Nacional, é o único foro com legitimidade constitucional para legislar sobre publicidade comercial”, diz a nota.
A resolução se sobrepõe a um já estruturado arcabouço autorregulatório que estabelece os limites do exercício da publicidade no Brasil. O sistema de fiscalização capitaneado pelo Conar e auxiliado por artigos do Código de Defesa do Consumidor e do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que versam sobre abusos da comunicação publicitária direcionada a menores de 12 anos, é considerado um dos mais sólidos do mundo. Além disso, em 2009, as principais empresas do ramo alimentício que atuam no país assinaram acordo nos mesmos moldes de um pacto internacional, o EU-Pledge, para restringir a publicidade de alimentos com alto teor de sódio, gordura e açúcar direcionada às crianças.
Diante disso, causou espanto uma determinação radical, elaborada por um conselho composto por entidades como a Central Única dos Trabalhadores (CUT), Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Fundação Abrinq, Confederação Nacional de Trabalhadores na Agricultura (Contag), entre outras. Faz parte também do quadro de eleitos para integrar o Conanda o Instituto Alana, a principal defensora do fim da publicidade infantil no país. A ONG é mantida pela pedagoga Ana Lúcia Villela, maior herdeira individual do Itau-Unibanco, que tem fortuna estimada em 1,1 bilhão de dólares, segundo a revista Forbes. A preocupação com a relação entre criança e consumo foi objeto de sua tese de mestrado e embasa, desde 2006, um projeto que visa minimizar o impacto do consumismo na infância.
A intenção dos defensores da proibição é que a resolução ajude a balizar a fiscalização em torno dos abusos, previstos, segundo eles, de forma pouco específica na legislação. “A criança por estar em uma fase peculiar de desenvolvimento psíquico e mental não tem condição de responder igual aos adultos às propagandas e por isso ficam expostas a subterfúgios que a convencem a consumir”, diz a diretora do Instituto Alana, Isabella Henriques.
O mercado publicitário aguarda as primeiras movimentações restritivas para se posicionar juridicamente diante do que classificam como resolução inconstitucional. De acordo com a Associação Brasileira de Anunciantes (ABA), o público infantil abocanha cerca de 0,5% do mercado publicitário e as inserções que falam diretamente com as crianças representam 0,1% do total de anúncios na TV aberta na faixa em que os menores de 12 anos são 50% da audiência.
“A preocupação não é apenas com o prejuízo financeiro que a resolução causa, mas principalmente com a censura que ela representa. O exercício da comunicação brasileira não pode ficar à mercê de pequenos grupos”, diz o vice-presidente da Associação Brasileira de Anunciantes, Rafael Teixeira.
Reclamações
É insignificante o volume de reclamações que chegam ao Conar a respeito de abusos cometidos em campanhas voltadas ao público infantil. Em 2013, do total de 340 denúncias recebidas pelo órgão, apenas 22 se referiam a exageros cometidos contra menores de 12 anos, das quais dez foram aceitas pelo conselho – que recomendou o cancelamento das peças publicitárias ou, em casos mais brandos, alterações pontuais.
O volume investido em publicidade direcionada a esse público também é ínfimo quando comparado ao mercado como um todo. O setor de brinquedos, um dos maiores anunciantes, é o 19º no ranking de segmentos da economia que mais anunciam. De acordo com levantamento do Ibope Media, de janeiro a dezembro do ano passado, os fabricantes e importadores de brinquedos investiram 910 milhões de reais em publicidade – 1% do aporte em mídia feito no país no ano que é de 112,6 bilhões de reais.
Mesmo na TV paga, que concentra a maior parte de investimentos em publicidade infantil, por concentrar a maior audiência desse público, as crianças representaram o último target na lista de intenções de investimentos por parte dos anunciantes em 2013, com 23% do planejamento de receitas, segundo o Mídia Dados, levantamento anual do setor de TV paga elaborado pela Associação Brasileira de Televisão por Assinatura (ABTA).
Redoma
Restringir a publicidade infantil não assegura que as crianças fiquem imunes aos apelos consumistas da sociedade em que vivem. Segundo pesquisa realizada pela Pós-Gradução em Comunicação e Práticas de Consumo da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), o programa de televisão mais visto por crianças entre 8 e 10 anos da classe C é a novela das nove da TV Globo, seguido pelos jogos de futebol exibidos pela emissora nas noites de quarta-feira. Em terceiro e quarto lugar, respectivamente, estão os filmes e o reality show Big Brother Brasil. Atrações, portanto, voltadas ao público adulto e permeadas por propagandas dos mais diferentes produtos e com apelo inadequado a pouca idade. “A influência da publicidade é menor do que as muitas outras que circundam as crianças, como a família e dos amigos. A chave para protegê-las está na educação e no diálogo com os pais, que devem mostrar o que é melhor para elas através de exemplos”, diz a pesquisadora Fernanda Cintra de Paula, da ESPM.
Para a diretora da Alana, a luta é que a publicidade de produtos e serviços infantis seja direcionada aos pais que, por sua vez, teriam o discernimento de escolher o melhor para seus filhos. O argumento é que marcas têm feito parte de ações educacionais dentro das escolas. A resolução do Conanda proíbe qualquer divulgação de produtos ou serviços no ambiente escolar. Um dos casos emblemáticos é um vídeo do sucesso estrondoso do YouTube Galinha Pintadinha, que inclui patrocínio de uma marca de sabonetes em clipe de música que ensina as crianças a lavar as mãos.
O cartunista Maurício de Sousa foi às redes sociais nesta sexta-feira protestar contra a resolução. Em sua página no Instagram, ele publicou a foto de uma menina chamada Verônica segurando um cartaz com a seguinte mensagem: “Eu tenho direito de assistir publicidade infantil. A televisão não é só para os adultos. Alguém sabe quais produtos infantis lançaram por esses dias?”. Maurício foi achincalhado e, horas depois, tirou a publicação da rede social. A foto de Verônica com o cartaz foi substituída por uma dele seguida de uma legenda em que explicou a atitude. “Há mais de 40 anos, minha empresa faz, sim, publicidade de produtos que levam a marca dos meus personagens. Sempre de maneira responsável e criteriosa, porque nossa preocupação constante é o respeito à criança. Penso que é justamente por isso que meus personagens são tão queridos há mais de quatro gerações. Assim, a fim de evitar mal-entendidos, optei por deletar a imagem que postei mais cedo.”
Câmara – A discussão sobre a proibição da publicidade infantil é antiga no Brasil. Uma série de projetos de lei tramitaram no Congresso nos últimos anos, o mais recente de autoria do deputado Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR). O texto apresentado em 2001 foi aprovado na Comissão de Ciência e Tecnologia da Câmara em setembro do ano passado. A matéria deverá ser apreciada pela Comissão de Constituição e Justiça da Casa e, se aprovada, ir à plenário para votação.
O deputado Milton Monti (PR-SP), que lidera uma frente na Câmara contra a proibição da publicidade infantil, afirmou que irá protocolar um decreto legislativo para anular a resolução do Conanda. “O Estado não pode ser o tutor da sociedade, isso é um grande equívoco. No fundo, medidas como essa são uma tentativa de atingir os veículos de comunicação e especialmente a liberdade editorial”.

Dois males companheiros: gastos publicos crescentes e intervencionismodo governo na economia -Rodrigo Constantino

Gasto público e intervencionismo: os dois grandes vilõesRodrigo Constantino, 14/04/2014

Dois artigos publicados hoje no GLOBO, um em cima do outro, resumem bem o quadro lamentável de nossa economia. Um deles, de Fabio Giambiagi, mostra como o gasto público crescente tem sido o grande vilão do Brasil. O problema, como o economista reconhece, é que a origem disso está na cultura nacional:
É preciso repensar o Estado brasileiro. Um dos problemas é que a demanda por mais gasto público é parte da cultura nacional. Quase todos os brasileiros são contra a “gastança”, mas muita gente acha natural se aposentar perto dos 50 anos, ter um amigo que “arrumou um cargo no Governo” ou ter um primo “encostado no INSS”. É necessário que esse tema entre na agenda nacional. O ponto de partida é criticar esse processo. Para isso, nossa oposição faria bem em lembrar a velha frase do ex-ministro Gustavo Capanema, de que “pouco importa que a oposição não tenha fundamento ou seja injusta; importante mesmo é que ela ponha o Governo em apuros”. Está na hora de alguém questionar seriamente esse processo contínuo de aumento do gasto público.
O outro, de Raul Velloso, fala do intervencionismo estatal na economia, mostrando como o governo Dilma desconfia do sistema de preços, fundamental para o bom funcionamento econômico. Esse já foi tema de coluna de Maílson da Nóbrega na Veja recentemente, e merece toda a atenção. Um governo arrogante que ignora a importância dos preços livres vai conseguir apenas prejudicar nosso desenvolvimento. Diz Velloso:
O fato é que as autoridades não parecem acreditar nas sinalizações que o sistema de preços proporciona, contrariando séculos de experiência e a consolidação do mercado como a melhor solução para reger as relações econômicas de qualquer país. Por isso, ou pela mera busca de ganhos eleitorais, as recentes intervenções no domínio econômico podem conduzir o Brasil a uma situação de permanente baixo crescimento. A verdade é que a política econômica praticada nos últimos tempos perdeu funcionalidade, fixando-se em tentar resolver problemas por ela mesma criados.
Em resumo, gastos públicos crescentes e excesso de intervenção estatal na economia são dois dos principais vilões nacionais. Infelizmente, o PT tem boa dose de culpa, mas não conseguiria causar tanto estrago se não contasse com o apoio da mentalidade predominante no país, que enxerga o governo como um messias salvador da Pátria. É hora de mudar essa cultura; e também de trocar de governo.
Rodrigo Constantino

quarta-feira, 16 de abril de 2014

A felicidade se encontra em coisas simples, como a leitura, por exemplo - Paulo Roberto de Almeida

Reflexão sobre a felicidade a partir de coisas simples...

Paulo Roberto de Almeida

“Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina”
Cora Coralina, poeta de Goiás (1889-1985)

Tomei conhecimento tardiamente da frase acima de Cora Coralina e, quando dela me “apossei”, constatei que outros milhares de leitores, um tribo imensa de curiosos, professores e candidatos a poetas já a tinham incorporado em centenas de outras citações, provavelmente esparsas e incompletas. O Google “devolveu” 107 mil resultados para uma busca com essas palavras entre aspas, o que descontando as inúmeras repetições consolida, ainda assim, vasto repositório de citações de uma frase simples e no entanto imensamente poética e cativante.
Creio, como muitos outros antes de mim, que a felicidade pode estar justamente nesse ato de ensino-aprendizado, que de fato me parece uma dupla atividade, nos dois sentidos captados pela poeta de Goiás velho. Sempre aprendemos algo tentando ensinar alguma coisa a outras pessoas, pois a própria atividade docente constitui um aprendizado constante. Eu pelo menos estou sempre lendo algo para melhorar minhas aulas, trazendo novos materiais em classe, enviando artigos aos alunos, esforçando-me para que eles consigam superar o volume forçosamente limitado daquilo que é humanamente possível transmitir em sala de aula.
Eu me permitiria acrescentar à singela constatação da poeta goiana uma outra fonte de felicidade, que aliás está implícita no seu sentido do ensino: o hábito da leitura. Aproveito para transcrever uma outra frase, de um escritor e dramaturgo conhecido, autor reputado popular, ainda que personalidade sabidamente complicada:
“Eu não tenho o hábito da leitura. Eu tenho a paixão da leitura. O livro sempre foi para mim uma fonte de encantamento. Eu leio com prazer e com alegria”. Ariano Suassuna.
Creio poder dizer que eu não tenho apenas a paixão da leitura. Talvez minha atitude esteja mais próxima da obsessão, da compulsão, um verdadeiro delirium tremens na fixação do texto escrito, qualquer que seja ele, do mais simples ao mais elaborado. Quando digo obsessão, não pretendo de forma alguma referir-me a algo doentio, fora de controle, pois sou absolutamente calmo e controlado em minhas visitas a livrarias e bibliotecas: contemplo com calma cada lombada ou capa e apenas ocasionalmente retiro um livro para consultar seu interior. Não me deixo dominar pelos livros e de forma alguma sou um bibliófilo ou mesmo um colecionador de livros. Na verdade, não consigo me enquadrar em nenhuma categoria dessas que supostamente compõem o mundo dos amantes de livros.
Para começar, não tenho nenhum respeito pelos livros, nenhuma devoção especial, nenhum cuidado em manuseá-los ou guardá-los (muito mal, por sinal, pois acabo me perdendo na selva de livros que constitui minha caótica biblioteca, se é que ela merece mesmo esse título). Os livros, para mim, são objetos de uso, de consumo, de manuseio indiferente, eles só valem pelo seu conteúdo, como instrumentos de aquisição de um saber, que este sim, eu reputo indispensável a uma vida merecedora de ser vivida.
Não hesitaria um só instante em trocar todos os meus livros por versões eletrônicas, se e quando esse formato se revelar mais cômodo e mais interessante ao manuseio e leitura. Não hesito em sacrificar um livro se devo lê-lo em condições inadequadas, pois o que vale é o que podemos capturar em seu interior, não sua aparência externa ou sua conservação impecável. Ou seja, não sou um colecionador de livros, sou um “colhedor” de leituras, um agricultor da página impressa, um cultivador do texto editado, eventualmente também um semeador de conhecimento a partir dessas leituras contínuas.
De fato, o que me permite ser professor, resenhista de livros (tudo menos profissional, já que só resenho os livros que desejo) e, talvez até, um escrevinhador contumaz, antes que de sucesso, é esse hábito arraigado da leitura ininterrupta, em toda e qualquer circunstância, para grande desespero de familiares e outros “convivas”. Estou sempre lendo, algumas vezes até quando dirijo carro – o que, sinceramente, não recomendo –, mas ainda não encontrei um livro impermeável à água para leitura na ducha (na banheira seria mais fácil, mas não tenho paciência para esse tipo de prática).
Creio que a felicidade pode ser encontrada nesse tipo de coisas simples: um bom livro, uma boa música, um ambiente acolhedor, um sofá confortável, o que, confesso, raramente acontece comigo. Acabo lendo na mesa do computador, segurando o livro com a perna e teclando de modo desajeitado ao anotar coisas para registro escrito do que li. Aliás, as duas mesas de trabalho que existem em meu escritório, já não comportam mais nenhum livro: as pilhas se acumulam dos dois lados do teclado, e a outra mesa já está alta de jornais, revistas e livros, muitos livros, que também se esparramam pelo chão, como as batatinhas daquele poema infantil.
Leitor anárquico que sou, tenho livros em processo de leitura espalhados pelos diversos cômodos da casa, um pouco em todas as partes, novamente para desespero dos familiares. Não creio que  venha a mudar agora esses maus hábitos. O que me deixa mesmo pensativo é a dúvida sobre quantos anos ainda terei pela frente para “liquidar” tod os os livros (meus e de outras procedências), que aguardam leitura. Preciso de mais 80 ou 100...
       

Brasília, 1838: 19 novembro 2007