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domingo, 19 de outubro de 2014

31 razoes para nao votar errado, como certo diplomata - Paulo Roberto de Almeida


O maior diplomata brasileiro apresenta razões menores para suportar uma causa duvidosa 
Paulo Roberto de Almeida

Encontrei, num dos inúmeros sites que trabalham apaixonadamente pela causa companheira, uma postagem em defesa do voto na candidata do continuísmo, cuja introdução enaltece as qualidades daquele que foi Secretário-Geral do Itamaraty nos primeiros sete anos do governo Lula (deixando o governo para continuar servindo o regime em outras posição). Nela ele é chamado de “maior diplomata brasileiro”, o que pode até ser verdade – pelo menos nesse regime – mas não tenho condições de corroborar essa afirmação comparativamente: deve ter outros que concorrem à mesma distinção (ver a introdução neste link: http://www.ocafezinho.com/2014/10/15/maior-diplomata-brasileiro-enumera-razoes-para-votar-em-dilma/).
Mas isso não vem muito ao caso agora, pois logo após esse panegírico inaugural, vem transcrita uma lista, elaborada pelo dito maior diplomata brasileiro, contendo nada menos do que 31 razões que esse estupendo diplomata acredita que somente a sua candidata seria capaz de atender, para fazer do Brasil um país mais desenvolvidos, mais soberano, mais próspero, mais importante no mundo.
Como eu considero que a maior parte dessas razões são ridiculamente generalistas, ou seja, podem ser cumpridas por qualquer dirigente que tenha bom senso e uma boa equipe ministerial, vou separar, portanto, aquelas que não apresentam nenhuma “vinculação genética” com a candidata governista, daquelas que só ela, ou sua equipe partidária, seria capaz de perpetrar, e submetê-las, então a breves comentários de minha parte.
Ainda assim cabem observações sobre todas as supostas razões de sua lista. Resultou, dessa separação, que metade das razões são de propostas que poderiam ser cumpridas por QUALQUER presidente sensato, sendo que a outra metade, apresentada como contendo razões suscetíveis de serem preenchidas apenas pela candidata oficialista, demanda uma avaliação crítica, feita na lista B. Vejamos como se apresentaria a nova listagem dividida em duas partes, mas com seus números originais.

Lista A: obrigações ou propostas que QUALQUER presidente sensato seria capaz de cumprir (na redação dada pelo maior diplomata brasileiro), sobre as quais algumas pequenas coisas ainda podem ser ditas (por um diplomata menor):

01. para aumentar o emprego, que é a maior preocupação de cada brasileiro, com carteira assinada; [caberia registrar que empregos produtivos são geralmente criados pela iniciativa privada, uma vez que governos não criam riqueza, apenas distribuem a riqueza criada pela sociedade]

02. para controlar a inflação sem prejuízo do desenvolvimento; [parece que a candidata não foi muito feliz em nenhum dos dois objetivos: a inflação só fez elevar-se, em seu governo, passando inclusive do teto, e o crescimento desceu de elevador, para o subsolo do PIB]

03. para aumentar o salário mínimo de que depende a enorme maioria dos brasileiros; [salario mínimo costuma provocar desemprego, ou pelo menos diminuir a empregabilidade daquela fração da PEA que não possui qualificação técnica]

04. para garantir as conquistas dos trabalhadores em termos de horário, férias, licença maternidade, previdência social, aposentadoria; [meritório, mas os países mais regulados nesses aspectos podem igualmente apresentar alto desemprego se a produtividade não acompanha o nível de requerimentos legais]

06. para eliminar a pobreza e a indigência no Brasil; [bem, os companheiros vem tentando fazê-lo desde 2003 e não é seguro que consigam esse objetivo no horizonte previsível]

07. para reduzir cada vez mais a mortalidade infantil; [parece que isso já vem sendo feito desde o ancien régime, e vai continuar, em governos sensatos]

08. para aumentar a expectativa de vida de todos os brasileiros; [parece que esse processo não depende tanto de mandatos presidenciais, e sim de condições sistêmicas que vem ocorrendo naturalmente desde muito tempo; não pode portanto ser apresentado como favor governamental]

09. para eliminar o analfabetismo inclusive funcional; [se poderia começar pela própria candidata, que parece apresentar sérios problemas com as palavras]

10. para ampliar cada vez mais o número de vagas nas escolas técnicas e nas universidades; [que bom]

11. para fortalecer a cultura brasileira em todos os seus aspectos; [cultura patrocinada por burocratas costuma ser da pior espécie; por que não deixar a sociedade livre para se expressar espontaneamente?]

13. para reduzir a violência e o número de homicídios; [no ritmo atual, vai exigir um mandato de 100 anos... e contando]

18. para defender os direitos humanos de todos os brasileiros e combater toda a discriminação, preconceito e violência que tenha como origem a raça, a orientação sexual, o gênero, o nível de renda, a crença religiosa e a origem regional; [a mania de separar as pessoas por raça e todos os outros quesitos listados acaba criando uma sociedade fragmentada em direitos exclusivos de certas categorias, ao passo que o cidadão comum se sente desamparado]

19. para demarcar as terras indígenas e eliminar o desmatamento ilegal; [os indígenas já são os maiores latifundiários os país; os antropólogos politicamente corretos do partido companheiro e do governo idem pretende deixá-los eternamente numa redoma protetora?]

24. para construir mais ferrovias, mais rodovias, mais portos e aeroportos; [cabe continuar tentando, mas pela experiência acumulada até aqui em matéria de obras públicas, a fatura sempre vai ser três vezes maior do que o planejado, senão mais, e ainda tem os 3% do partido companheiro]

25. para expandir o transporte urbano público e gratuito; [só um dirigente maluco, ou que pretende repassar a conta para todos os brasileiros, inclusive os que não usam transporte público, poderia prometer uma irracionalidade econômica como o transporte gratuito]

26. para fazer a reforma agrária, fortalecer a agricultura familiar e expandir a produção e a exportação agrícola; [parece que os companheiros não gostam do agronegócio]
  
Lista B: obrigações ou propostas que o maior diplomata brasileira acredita que só a sua candidata seria capaz de cumprir (na redação dada por ele), mas sobre as quais permanecem fundadas dúvidas (daí os comentários adicionais do diplomata menor, aqui DM: ):

05. para expandir o programa Minha Casa, Minha Vida que atende a aspiração fundamental da casa própria;
            DM: O programa constitui uma enorme propaganda governamental, com subsídios pouco transparentes, num esquema que diminui a capacidade dos mercados de ajustar a oferta da construção civil à demanda existente; só não ocorreu ainda uma bolha imobiliária porque o governo é incompetente até para licenciar o número de casas potencialmente no programa.

12. para dobrar o investimento público em ciência e tecnologia;
            DM: Impossível fazê-lo, a despeito das intenções; caberia, sim, aperfeiçoar o ambiente produtivo para estimular mais investimento privado em inovação.

14. para fazer a reforma política, com ampla participação popular, eliminar a influência do poder econômico e criar uma verdadeira democracia;
            DM: Quando alguém começa a falar em “verdadeira democracia” deve ser porque já tem problemas com a democracia sem adjetivos ou condições; a reforma política dos companheiros representaria uma deformação legal tendente a assegurar-lhes o reforço de sua hegemonia e monopólio sobre o poder.

15. para lutar de forma legal contra a corrupção, punindo tanto os corruptos como os corruptores;
            DM:  Deve ser uma grande piada!

16. para democratizar os meios de comunicação e garantir a possibilidade e a liberdade de expressão para todos os brasileiros;
            DM: A palavra “democratizar’, como no vocabulário orwelliano, significa exatamente o contrário; trata-se de uma velha obsessão companheira com o controle do que chamam de “mídia”.

17. para ampliar radicalmente as oportunidades de mulheres, negros e pobres em todas as esferas da sociedade e do Estado;
            DM: O que os companheiros mais fizeram foi fragmentar a sociedade em categorias especiais, criando várias tribos que reivindicam “direitos” específicos.

20. para reduzir as desigualdades entre as regiões do Brasil;
            DM: Outra tarefa impossível, ou muito difícil de ser feita pelo governo, por qualquer governo; normalmente, as regiões são adquirindo suas dinâmicas ricardianas e se desenvolvem naturalmente de acordo com processos únicos e exclusivos; a pretensão de moldar regiões e estruturas econômicas é própria de engenheiros sociais, ou de regimes autoritários vocacionados para o estatismo e o intervencionismo, duas doenças tipicamente companheiras.

21. para fortalecer a soberania do Brasil;
            DM: Pura retórica vazia, como sempre foi feita; na prática, os companheiros alienaram a soberania brasileira para regimes bolivarianos e em benefício de Cuba.

22. para promover a integração e a cooperação com os vizinhos da América do Sul e da África;
            DM: Qualquer governo poderia fazer isso, mas no caso dos companheiros virou uma tal de diplomacia míope orientada para o chamado Sul, uma obsessão geográfico-ideológica que consiste em andar com uma perna só.

23. para defender a paz, a auto determinação, a não intervenção, e a solução pacífica de controvérsias como os princípios fundamentais da ação internacional do Brasil;
            DM: Mais retórica vazia, que na prática não se aplica; intervenção nos assuntos internos de outros países é o mais foi praticado durante todos os anos de diplomacia companheira, a exemplo de Honduras, Paraguai e outros casos.

27. para alcançar a autonomia energética;
            DM: Objetivo ilusório; um país aberto ao comércio e aos investimentos vai diversificar sua matriz energética de maneira mais eficiente do que excesso de intervenção governamental no setor, como aliás ocorreu com etanol, com biodiesel, petróleo, gás, nuclear, todos eles em total desequilíbrio em relação aos dados do mercado atualmente; o Brasil exibe um custo da energia dos mais elevados.

28. para reconstruir a indústria brasileira;
            DM: Bem, até agora o que ocorreu foi uma destruição pouco reconstrutora; duvidoso que se consiga fazer coisa melhor; aqui existe apenas um artigo de fé.

29. para tornar o sistema tributário mais justo e menos concentrador de riqueza;
            DM: Mas, se era essa a intenção, por que nada se fez em 12 anos; nesse período, a carga fiscal aumentou 4 pontos do PIB e só uma quarta parte disso foi para as chamadas camadas mais modestas; o resto foi para quem já é rico.

30. para reduzir as taxas de juros e democratizar o credito;
            DM: Os juros estão mais altos agora do que no início do governo, e os consumidores muito mais endividados.

31. para realizar uma Olimpíada ainda melhor do que a Copa.
            DM: Deve ser outra piada...

Paulo Roberto de Almeida
Hartford, 18 de outubro de 2014.

sábado, 18 de outubro de 2014

Politica Externa: e agora, vamos alinhar com quem, pessoal?

A indigência "subinteliquitual" de certos veículos e pessoas é tamanha que eles só concebem uma política externa alinhada com alguém. 
Supōe-se então que eles preferem a manutenção do alinhamento criminoso com uma ditadura abjeta como Cuba, certo?
Por que eles não dizem isso claramente e submetem ao voto do povo brasileiro?
Paulo Roberto de Almeida


Republica Mafiosa do Brasil: o pais dos petralhas (e ainda querem continuar roubando...)

Ovos, galinhas e ladrões

Nelson Motta

Quem chegou antes: empresários achacados por agentes públicos sob ameaças de grandes prejuízos ou os que subornaram para assaltar o Estado?

Com a explosão do escândalo da Petrobras e os depoimentos dos delatores premiados, tudo indica que, como nunca na História deste país, não veremos só políticos e banqueiros, mas os mais poderosos empreiteiros do Brasil, no banco dos réus, e talvez na cadeia. E o desmoronamento de uma organização criminosa formada por um cartel de empreiteiras numa ponta e partidos políticos na outra, com montanhas de dinheiro público no meio. Uma tsunami que provocará uma inevitável reforma política e eleitoral.

A extorsão e o suborno são o ovo e a galinha da corrupção brasileira. Quem chegou primeiro: os empresários achacados por agentes públicos sob ameaças de grandes prejuízos ou os que subornaram políticos e funcionários para assaltar o Estado? Além de eventuais prisões ou multas, se essas dez empreiteiras do cartel forem excluídas de concorrências públicas, que é o minimo que se pode esperar, o país vai parar. A coisa está feia para eles, mas principalmente para nós, que vamos pagar a conta que já estávamos pagando sem saber. O governo não sabia de nada.

Parece tema de um seriado. As diretorias da Petrobras eram ocupadas por partidos políticos como as quadrilhas de mafiosos ocupam territórios, para arrecadar dinheiro e se manterem no poder. Um cartel de empreiteiras dividia obras, fraudava concorrências, inflava orçamentos e pagava comissões aos partidos e a seus operadores. O doleiro Youssef era o banco central da engrenagem, fazendo o meio de campo entre a quadrilha e o cartel, distribuindo e lavando o dinheiro das comissões sujas. É tudo claro como lama. Mas quem eram os chefões ?

E pior: se fizeram isso na Petrobras, na maior empresa, a mais fiscalizada, o que não terão feito, estão fazendo, nos Correios, na Eletrobras e em estatais menores?

Como na explosão de uma bomba atômica, não se sabe ainda quantos morrerão no primeiro choque, quantos serão vítimas das radiações e quantos sofrerão terríveis mutações. A Lava-Jato será como um jato de lava vulcânica radioativa para lavar a alma de oposicionistas e governistas de bem, que querem um país mais limpo e produtivo.

A frase da semana: Paulo Francis sobre Marx

A frase é muito antiga, mas ainda não conhecia.
Marxistas, marquissistas, pelo menos sorriam...

Marx escrevendo sobre dinheiro é como padre falando sobre sexo.

Paulo Francis

Eleicoes 2014: em vez de debates, troca de acusacoes, mar de lama petista

É mais uma prova de que Dilma não tem projeto, não tem planos, não tem rumo. A única coisa que ela e seu marqueteiro João Goebbels Santana fazem é atacar o candidato oposicionista. Isso não é campanha. É central de baixarias.


Quem bate, perde", é o famoso mantra atribuído ao publicitário Duda Mendonça, o mesmo que convenceu o ex-presidente Lula a apostar na linha "paz e amor" na vitoriosa campanha de 2002. Será?

Dos 22 atuais diferentes filmes de 30 segundos da campanha de Dilma Rousseff (PT), 19 contêm ataques a Aécio Neves (PSDB), mostra uma contagem simples feita pela Folha. No rádio, das 19 inserções, 13 são de ataque.


Do lado oposto, a disposição para a briga também parece grande. Dos 18 pequenos filmes para a TV dos tucanos, 8 contêm ataques à Dilma. E das 11 inserções de rádio, 5 são de investidas contra ela.

Só não é possível dizer com segurança quem bate mais porque o PT não divulga a frequência de veiculação de cada um de seus filmes.

O debate da última quinta do SBT, UOL e Jovem Pan foi outra amostra da beligerância. Com acusações mútuas durante quase todo o evento, não parece exagero dizer que foi um dos mais agressivos debates da história das eleições presidenciais.

Para o cientista político Rui Tavares Maluf, por trás da troca de farpas há um arriscado cálculo político. Principalmente por parte da petista.

"Como a disputa está muito equilibrada e o eleitorado petista já é muito cativo, a lógica de Dilma é posso até não subir [batendo], mas tirando voto dele, consigo ganhar. E do lado do Aécio, a postura é bateu, levou'".

O risco de Dilma, segundo Maluf, está em sua maior dificuldade de expressão. "Aécio parece mais à vontade no debate, mais sólido. Então suas respostas podem parecer mais consistentes", diz.

Ainda assim, o aumento da temperatura seria melhor para a petista por causa do conteúdo das acusações.

Como o repertório de ataques contra Dilma já foi muito explorado desde o primeiro turno (denúncias na Petrobras, mensalão, aparelhamento do Estado), a repetição desses temas por parte de Aécio não gera mais surpresa no eleitorado.

Já as acusações contra Aécio (reforma de um aeroporto para uso privado, nepotismo no governo de Minas, recusa de fazer um teste de bafômetro e favorecimento às rádios da família) são menos conhecidas. O potencial para sensibilizar eleitores pouco convictos, portanto, seria maior.

O caso do bafômetro foi pesquisado pela campanha de Dilma antes da decisão de divulgar o assunto. Cerca de 90% dos eleitores diziam desconhecer que Aécio teria uma vez sido barrado numa blitz e se recusado a fazer o teste para comprovar se estava ou não alcoolizado.

Os tucanos têm avaliação parecida. Para um assessor da campanha do PSDB, o objetivo do PT ao fazer ataques a Aécio é ampliar a rejeição do presidenciável e tirar dele os votos dos "neoacistas" –pessoas que votaram em outros candidatos e agora migraram por rejeitar Dilma.

O marqueteiro Nelson Biondi, que atuou na campanha de reeleição de Geraldo Alckmin (PSDB) em São Paulo, diz que método adotado por Dilma tem sido o de desconstrução pessoal do rival.

Na sua avaliação, esse caminho tem sido utilizado por causa da extrema divisão do eleitorado. Ele lembra que a expectativa de voto e a rejeição de Dilma são bastante consolidadas. Com isso, é baixa a probabilidade de ela perder votos mesmo parecendo mais agressiva.

É uma situação diferente da de Aécio, que herdou parte dos eleitores que originalmente preferiam Marina Silva (PSB) e que, portanto, não o conhece muito bem.

Chico Malfitani, marqueteiro que fez a campanha do senador Eduardo Suplicy (PT-SP), também acha que a razão do aumento da temperatura é o acirramento da disputa. Para ele, isso tem chamado mais a atenção por causa da autoria das acusações. "A diferença é que desta vez os ataques não partem de terceiros, como em eleições passadas". (Folha Poder).

Eleicoes 2014: fatura liquidada para a candidatura oposicionista?

Assim parece: enquanto Aécio Neves se apresenta confiante e propositivo, a candidata oficiosa e continuista parece se perder apenas em acusações de tipo pessoal. Nem programa de governo ela apresentou, já que seu partido totalitário quer certas coisas que a candidata sabe serem inaceitáveis pela sociedade brasileira.
Paulo Roberto de Almeida 

Eleições 2014

Aécio: 'Dilma errou a mão em uma campanha sem limites'

Depois de se encontrar com Marina em São Paulo, tucano foi à Bahia

Laryssa Borges, de Salvador
O candidato do PSDB à Presidência da República, Aécio Neves, durante campanha em Salvador, nesta sexta-feira (17)

O candidato do PSDB à Presidência da República, Aécio Neves, durante campanha em Salvador, nesta sexta-feira (17)(Igo Estrela/Divulgação)

Depois de ver expostos assuntos de sua vida pessoal em plena campanha política, o candidato tucano à Presidência da República, Aécio Neves, deu ordem para sua campanha mapear cada pronto fraco seu para poder se preparar para responder ao que classifica como “pancadaria” da equipe da adversária Dilma Rousseff (PT). Temas controversos, como sua recusa em fazer o teste do bafômetro, foram discutidos pelo bunker tucano, que acredita que não há mais espaço para recuo na temperatura da disputa presidencial. O próprio Aécio admite que Dilma “perdeu a mão” ao colocar ataques como centro de sua estratégia, mas a orientação a auxiliares do candidato é a de que o clima de guerra de acusações entre PT e PSDB deve ser potencializado nos próximos debates presidenciais, na TV Record, no domingo, e na TV Globo, na próxima quinta-feira.

“É uma campanha sem limite. A candidata já se apresenta como derrotada porque o nível que ela permitiu que a campanha tomasse é algo inédito. Não é nem só ela [que errou a mão], mas a campanha dela como um todo. Acho que ela perdeu a mão, ela não está permitindo ao Brasil conhecer as propostas que ela tem”, disse o tucano após participar de atos políticos em Salvador.

Ao contrário da bem-sucedida desconstrução de Marina Silva (PSB) promovida pelo PT no primeiro turno, Aécio acredita não ter o “queixo de vidro” da pessebista e afirma estar preparado para qualquer nível de agressão. “Como eles acham que acertaram na tática da desconstrução da Marina, acham que comigo podem vir pelo mesmo caminho. Sou o candidato de um sentimento, de um movimento nacional e ele é a minha força. Isso vale mais do que qualquer ataque, ofensa ou calúnia”, declarou.

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A Marina do segundo turno: com Aécio e sem coque

Nos últimos dias, Aécio reuniu em São Paulo aliados em Estados considerados estratégicos para dar orientações sobre como rebater ataques e onda de boatos, além de como desconstruir a tese de que apenas a reeleição da presidente-candidata Dilma Rousseff seria capaz de manter benefícios sociais, como os programas Bolsa Família e Minha Casa, Minha Vida. Após amargar a terceira colocação entre os eleitores da Bahia, o quarto colégio eleitoral do País com 9,5 milhões de eleitores, o tucano elencou um time de aliados para cabalar votos em pelo menos 32 cidades estratégicas no Estado e desconstruir a boataria petista.

“Sem fulanizar em assuntos, existe hoje arsenal muito consistente de informações para desmontar as armações que o PT vem tentando fazer. Ele está preparado para pancadaria. Não adianta apanhar sem reagir. É uma campanha de enfrentamento”, afirmou o aliado e prefeito de Salvador,  Antonio Carlos Magalhães Neto (DEM).

O prefeito de Salvador está entre seus principais cabos eleitorais na região, além de o candidato derrotado ao governo do Estado, Paulo Souto (DEM) e o candidato derrotado ao Senado, Geddel Vieira Lima (PSDB). A despeito de o próprio Aécio considerar a união PMDB-DEM na Bahia como uma de suas alianças estratégica e de o time ter sido atropelado pelo petista Rui Costa logo no primeiro turno, a proposta agora é para que Aécio consiga entre 35% e 37,5% dos votos dos baianos, diminuindo o amplo favoritismo de Dilma Rousseff.

Nesta sexta-feira, ao lado de aliados políticos, Aécio Neves cumpriu parte da agenda em Salvador, onde percorreu trecho do centro histórico da cidade ao lado de militantes e fez um comício no Pelourinho, próximo da casa do escritor Jorge Amado. Em forte tom emocional, o tucano disse que, se eleito, pretende trabalhar pela diminuição da desigualdade social e mais uma vez atacou o PT pelo nível da campanha presidencial. “Nossa proposta não se contentará com a administração diária da pobreza. Vamos tomar medidas para a superação definitiva da pobreza no Brasil, fazendo o país crescer”, declarou. “Os nossos adversários não têm limite. Não fazem o jogo da boa política. Temos que estar prontos e preparados para o bom combate. A cada mentira, a cada infâmia e a cada calúnia falarei dez verdades sobre eles para que possamos mudar definitivamente esse país”, disse ele no comício.

“Serei parceiro dos baianos e farei com que essa terra avance, até para que isso sirva de exemplo àqueles que acreditam que não devem agir de forma republicana. Estamos a pouquíssimos dias da libertação do Brasil. Vamos permitir que o Brasil volte a ser de todos os brasileiros, e não mais de um grupo político que se apoderou do poder e trata como se fosse sua própria propriedade”, completou o candidato.

Petrobras – Depois de ter utilizado o esquema de corrupção na Petrobras como arma política prioritária para atacar a adversária Dilma Rousseff, Aécio também defendeu nesta sexta-feira investigação sobre o recebimento de propina pelo ex-deputado e ex-presidente do PSDB Sérgio Guerra para impedir o funcionamento de uma CPI para investigar a estatal. O envolvimento do cacique tucano, morto no início do ano, foi apontado pelo ex-diretor de Refino e Abastecimento Paulo Roberto Costa, que fez um acordo de delação premiada com a Justiça. É a primeira vez que um político do PSDB é citado como integrante do esquema.

“[Defendo] mesmo tratamento para todos. Temos que pedir que as investigações avancem e sejam feitas. Se alguém tiver responsabilidade, independentemente de partido político ao qual esteja filiado ou sem partido político, deve responder sobre seus atos”, disse. Para ele, quando a candidata Dilma Rousseff citou a suspeita contra Guerra no debate desta quinta-feira, no SBT, ela acabou por dar crédito às revelações que antes desqualificava. Costa também colocou no rol de corruptos políticos do PT, PMDB e PP. “Pela primeira vez, ela agora parece confirmar ou crer nos depoimentos do Paulo Roberto Costa. Não vimos nenhuma atitude dela em relação a pessoas muito próximas a ela que foram citadas como receptoras desse ‘propinoduto’ que se criou na Petrobras”, afirmou.

Paraíba - Em dois rápidos comícios na Paraíba, em Campina Grande e em João Pessoa, Aécio agradeceu os votos do eleitorado paraibano que lhe rendeu o melhor desempenho no Nordeste. "Eu aprendi muito cedo que em Minas Gerais temos um Nordeste em nosso território, que é o Vale do Jequitinhonha. Por isso, quero ser o melhor presidente que o Nordeste já teve", disse em palanque montado no centro de João Pessoa. Ao seu lado estava o candidato tucano ao governo, Cassio Cunha Lima, e o senador Cícero Lucena Filho (PSDB). 

O início do comício em Campina Grande atrasou mais de duas horas e quase que o jatinho que levava o candidato tucano não consegue pousar no aeroporto da cidade, que fecha às 20h. 

Rouco e quase sem voz, Aécio falou por menos de dez minutos em cada cidade. "Estou pronto para derrotar o PT e iniciar um novo ciclo de desenvolvimento nesse país", encerrou.


Monteiro Lobato e a ciencia para as criancas - Ciencia Hoje

Ciência com Monteiro Lobato

Histórias infantis menos conhecidas do autor brasileiro tratam de temas que podem ser excelentes recursos no ensino de disciplinas científicas.
Por: Vera Rita da Costa
Ciência Hoje, 17/10/2014
Ciência com Monteiro Lobato
Em diversos livros, Monteiro Lobato fornece aos leitores os princípios básicos da química, física, geologia e noções do surgimento da vida e de evolução – importantes para quem trabalha na área de educação em ciências. (montagem: Alicia Ivanissevich)
Responda essa pergunta: você já leu Monteiro Lobato? Mas responda com sinceridade e observe bem a pergunta: não se trata apenas de saber se você conhece a obra de Monteiro Lobato (1882-1948). Se considerássemos apenas isso, já saberíamos a resposta. Ela seria sim, pois não há obra da literatura infantil brasileira mais explorada pela mídia.
O Sítio do picapau amarelo foi adaptado para a TV inúmeras vezes. Desde a década de 1960, já foi transmitido, como série televisiva, pela extinta TV Tupi, TV Cultura, TV Bandeirantes e Rede Globo. E, ainda hoje, pode-se assistir ao programa por essa última emissora ou, como desenho animado, em canais pagos, como o Cartoon Network.
Portanto, não há dúvidas de que todo mundo conhece – ou pensa conhecer – o Sitio do picapau amarelo e seu autor. O fato, no entanto, é que aquilo que se conhece da obra de Monteiro Lobato ‘via TV’ é apenas um fragmento. Justamente aquele que foi selecionado e adaptado segundo os pressupostos da ‘linguagem televisiva’ ou, ainda, com base na ideia preconcebida do que seria do interesse do público, em especial das crianças.
No Sítio que conhecemos pela TV, e mais recentemente por meio das séries de histórias em quadrinhos que também foram lançadas, quase nada entra do conteúdo científico que Monteiro Lobato incluía em suas histórias
Muita coisa legal e importante de Monteiro Lobato ficou, assim, de fora das adaptações de sua obra. Entre elas, a ciência. No Sítio que conhecemos pela TV, e mais recentemente por meio das séries de histórias em quadrinhos que também foram lançadas, quase nada entra do conteúdo científico que Monteiro Lobato incluía em suas histórias.
Talvez você não saiba, mas o autor era fascinado por ciência e considerava que a disseminação da informação científica e o próprio ensino de ciências seriam ótimos caminhos para o avanço e o desenvolvimento da sociedade brasileira.
Suas histórias infantis contêm muita ciência e podem, justamente por isso, ser excelentes recursos no ensino, em atividades que aliem ciência e literatura. Podem, também, auxiliar na formação de professores das séries iniciais do ensino básico, que se queixam de formação insuficiente nessa disciplina.

Instrução e diversão garantidas

Para isso, no entanto, seria necessário conhecer melhor sua obra. É preciso esquecer as versões ‘pasteurizadas’ do Sitio do picapau amarelo, nas quais se deu mais destaque aos aspectos do folclore brasileiro e das aventuras imaginativas dos personagens, em especial da boneca Emília, e debruçar-se sobre as versões originais. Mais ainda: procurar ler os livros infantis menos conhecidos de Monteiro Lobato e usá-los com as crianças.
Se você fizer isso, vai se deliciar e aprender e ensinar muita ciência. É garantido.
Para quem gosta de ciências naturais, História das invenções, O poço do Visconde e Serões de Dona Benta são fascinantes.
Visconde de Sabugosa
O Visconde de Sabugosa é o personagem que, ao longo da obra de Lobato, vai encarnando a figura do cientista. (imagem: portaldoprofessor.mec.gov.br)
Em História das invenções, o autor conta, pela boca do personagem Dona Benta, a história do mundo, desde o surgimento do universo até a invenção da boneca Emília e do próprio Visconde de Sabugosa, o personagem que ao longo da obra de Lobato vai encarnando a figura do cientista.
Nesse livro, em especial, o escritor introduz os princípios elementares que sustentam a teoria científica sobre o surgimento e a evolução da vida na Terra; descreve o surgimento da espécie humana e o modo de vida dos hominídeos; fala da importância da invenção da agricultura e do valor da criatividade e adaptabilidade humanas. Detalha, especialmente, como surgiram e evoluíram os artefatos humanos, apresentando-os como extensões dos órgãos e das capacidades humanas.
Você já pensou sobre isso? Que uma moradia, como um alto edifício, nada mais é do que uma extensão de nossa pele que tem a função de nos abrigar? Ou, ainda, que os óculos, o telescópio, o microscópio, as câmeras fotográficas e todos os demais artefatos óticos são extensões do olho humano, assim como todos os utensílios manuais, entre eles as armas, são prolongamentos de nossas mãos, e as rodas, a canoa, os barcos a vela e a vapor, os balões e os aviões, bem como todos os meios de transporte, são extensões de nossos pés ou adaptações culturais que nos tornam mais eficientes no desempenho de nossas funções biológicas? Em última instância, já refletiu sobre o fato de que todas as invenções são extensões do cérebro humano, ou seja, de nossa capacidade imaginativa?

Temas variados

Pois bem, Monteiro Lobato pensou sobre isso e transmite essa ideia às crianças leitoras de História das invenções, fundamentando-a com informações sobre o processo de evolução biológica e cultural da humanidade, de uma forma completamente inovadora e deliciosa, relacionando-as e entrelaçando-as. Fornece, assim, nesse livro, de forma muito atrativa e lúdica, aulas básicas (e essenciais) de astronomia, biologia e antropologia às crianças. Além disso, as instiga a pensar, em uma abordagem da ciência que os professores dessa disciplina deveriam conhecer melhor e buscar imitar, pois tornariam as aulas muito mais interessantes.
O mesmo acontece em Serões de Dona Benta, quando o autor introduz os leitores nos princípios básicos da química e da física, ou em O poço do Visconde, quando ele apresenta a geologia. Também acontece em Viagem ao céu, Emília no país da gramática, Geografia de Dona Benta, Reforma da natureza e Aritmética da Emília, apenas para citar as obras mais diretamente interessantes para quem está na área de educação em ciências.
Se quiser usar Monteiro Lobato para ensinar ciências deve, no entanto, ter cuidado: não se esqueça de que a obra literária desse autor data de mais de 50 anos atrás e de que há nela algumas ideias e informações que já se encontram ultrapassadas e que precisam ser ampliadas e discutidas
Se você se interessar por ler Monteiro Lobato e quiser usá-lo para ensinar ciências deve, no entanto, ter cuidado e seguir uma recomendação: não se esqueça de que a obra literária desse autor data de mais de 50 anos atrás e de que há nela, portanto, algumas ideias e informações que já se encontram ultrapassadas e que precisam ser ampliadas e discutidas.
Para se evitar aprendizagens equivocadas, é necessário, portanto, considerar essas ideias, abordando-as e tomando-as também como recursos de reflexão e de aprendizagem.
Mas, se você fizer isso, perceberá que algumas das ideias presentes na obra de Monteiro Lobato, que inadvertidamente poderiam ser consideradas ‘erradas’, refletem, de fato, ideias de senso comum e concepções alternativas ainda mantidas entre nós e, em especial, entre nossos alunos. São ideias, portanto, com as quais estamos constantemente lidando e que é melhor tê-las como aliadas da aprendizagem, discutindo-as em aula, do que como inimigas ocultas, a minar o trabalho proposto.
Como já discutimos aqui, é preciso lembrar que a construção da ciência (e do conhecimento de modo geral) é um processo contínuo de elaboração e reelaboração de ideias, conceitos e teorias, que se sucedem e se aprimoram ao longo do tempo. Por isso, para ensinar ciência adequadamente, não podemos deixar de abordar os caminhos tortuosos que muitas vezes se percorrem ao praticá-la, revelando a história de sua construção e reconstrução permanentes.
Mais que isso, depois de ler Monteiro Lobato, só resta um conselho para ensinar bem ciência: é preciso fazê-lo de modo claro e prazeroso. Como diz Pedrinho à Dona Benta: a ciência de que se gosta não é necessariamente aquela que está nos livros de ciência, complicada e difícil. É aquela “falada”, “contada”, “clarinha como água do pote”, que contempla “explicações de tudo quanto a gente não sabe, pensa que sabe, ou sabe mal e mal”.


Vera Rita da Costa
Ciência Hoje/ SP

Totalitarismo: espiritos autoritarios necessitam controlar todas asinformacoes - Ipea

Política

Diretor do Ipea pede exoneração após órgão se negar a divulgar estudo sobre desigualdade

A análise social dos dados da Pnad é feita anualmente logo após a divulgação da pesquisa; neste ano, Ipea afirmou que fará a análise só depois das eleições

Herton Araújo, diretor do Ipea
Herton Araújo, diretor do Ipea que pediu exoneração nesta sexta (Ipea/Reprodução)
Veja.com, 17/10/2014
Uma decisão inédita tomada pela direção do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), de proibir a publicação de estudos realizados pelos pesquisadores envolvendo dados públicos divulgados entre julho e o fim das eleições presidenciais, deu origem a mais uma crise interna. O diretor de estudos e políticas sociais do Ipea, Herton Araújo, colocou seu cargo à disposição por discordar da definição da cúpula do Instituto e, nesta sexta-feira, pediu sua exoneração.
Disposto a publicar um estudo técnico com dados sobre miséria social no Brasil a partir da mais recente Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), divulgada há três semanas, Araújo trouxe o assunto à reunião da diretoria colegiada do Ipea, realizada no dia 9 deste mês. Ele não conseguiu. A decisão do Ipea foi mantida: estudos somente serão divulgados a partir do dia 27 de outubro, após a realização do segundo turno eleitoral. Segundo nota do Ipea "o Sr. Araújo procurou convencer os demais membros do colegiado a rever a decisão, restando vencido".
Não se trata do primeiro estudo preso nas gavetas do Ipea. O site de VEJA revelou, em setembro, que o Instituto havia engavetado outro levantamento, desta vez, feito com base nos dados das declarações de Imposto de Renda de brasileiros, e que mostrava que a concentração de renda havia aumentado no Brasil entre 2006 e 2012. A tese, curiosamente, contraria o discurso recorrente dos governos petistas. 
A credibilidade do Instituto foi colocada em risco em outra ocasião em 2014. Levantamento divulgado em março deste ano mostrava que 65% dos brasileiros concordariam total ou parcialmente com a ideia de que mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas. O dado correto, divulgado posteriormente, era de 26%. 
O incidente ocorrido no Ipea se soma a outros deslizes em órgãos de pesquisa, em teoria, técnicos, que sofreram algum tipo de ingerência durante o governo do PT. Confira alguns casos:

Cinco institutos que 'pisaram na bola' 

1 de 5

IBGE

Presidente do IBGE, Wasmália Bivar
A corda no pescoço da presidente do IBGE, Wasmália Bivar, ficou ainda mais apertada após o desgaste gerado pela correção de dados Pnad de 2013, na semana passada. Um erro no cálculo do peso de sete regiões (Ceará, Pernambuco, Bahia, Minas Gerais, São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul) na amostragem resultou em indicadores incorretos. Para o instituto, uma falha "grave". Para a ministra do Planejamento, Miriram Belchior, um "choque". Já Para a presidente Dilma, um erro "banal". O índice Gini, por exemplo, que mede a desigualdade no país, foi revisado de 0,498 para 0,495; em 2012 havia sido de 0,496. Ou seja, em vez de indicar leve alta, o resultado caiu 0,001 ponto porcentual, o que, segundo economistas, ainda reforça um cenário de estagnação da distribuição de riqueza. Ana Magni, diretora-executiva do sindicato de funcionários do IBGE (Assibge-SN), disse ao site de VEJA que os deslizes foram provocados pela pressão elevada sobre um quadro de funcionários reduzido. Ela lembra que, em 1990, o instituto contava com 14 mil colaboradores efetivos - o equivalente ao quadro atual do instituto nacional de estatísticas do México -, e que hoje esse número não alcança 6 mil. Outro agravante é que 70% deste total deve se aposentar nos próximos anos, já que têm mais de 26 anos de casa. "É um problema estrutural e generalizado, que tem uma repercussão muito dramática sobre o grande volume de dados que produzimos na sociedade. Nosso receio é de que, estrangulando mais as condições de trabalho, o cenário piore", afirmou. 

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Eleicoes 2014: pesquisa da Sensus coloca Aecio com 13 pontos na frente

Bye-bye companheiros neobolcheviques? Não sei dizer, mas tudo indica que vamos ter de administrar uma série crise de abstinência...
Como no caso desses alcoolatras compulsivos, os companheiros não conseguem viver sem as tetas do Estado. Antes até que sobreviviam, mas depois de 12 anos de lambanças, estão mal acostumados...
Eles já devem ter uma desculpa pronta:
"A despeito de todos os benefícios concedidos por nós, a população preferiu o candidato adversário, o representante da direita reacionária, do neoliberalismo, o homem que vai fazer o Brasil recuar para a submissão ao império e às regras do Consenso de Washington, total alinhamento com o capitalo financeiro internacional, blá, blá, blá. Isso porque, vamos ser sinceros aqui minha gente, a nossa candidata foi muito ruim na campanha, não soube explicar bem ao povo onde estavam os seus verdadeiros interesses, blá, blá, blá."
Enfim, mais ou menos isso, não é?
Acho que vou ficar com uma frase do Aécio: Já deu PT!
E uma outra que eu mesmo adaptei a partir de uma famosa publicidade de presunto: Nem a pau Juvenal!
Pois é minha gente, todo mundo deve ter um petista amigo para consolar.
Sejam generosos, não tripudiem...
Paulo Roberto de Almeida

Brasil/Eleições 2014
ISTOÉ/Sensus  N° Edição:  2343 |  17.Out.14
Aécio está 13 pontos à frente de Dilma
Pesquisa ISTOÉ/Sensus mostra o candidato tucano com 56,4% das intenções de voto e a petista com 43,6%

Pesquisa ISTOÉ/Sensus realizada entre a terça-feira 14 e a sexta-feira 17 mostra a consolidação da liderança de Aécio Neves (PSDB) sobre a petista Dilma Rousseff no segundo turno da sucessão presidencial. De acordo com o levantamento, o tucano soma 56,4% dos votos válidos, contra 43,6% da presidenta. Uma diferença de 12,8 pontos percentuais, que representa cerca de 19,5 milhões de votos. Se fossem considerados os votos totais, Aécio teria 49,7%; Dilma, 38,4%; e 12% dos eleitores ainda se manifestam indecisos ou dispostos a votar em branco. A pesquisa indica que nessa reta final da disputa os dois candidatos já são bastante conhecidos pelos eleitores. O índice de conhecimento de Dilma é de 94,4% e de Aécio, de 93,3%. “Com os candidatos mais conhecidos, a tendência é a de que o voto fique mais consolidado”, afirma Ricardo Guedes, diretor do Instituto Sensus. O levantamento, que ouviu 2.000 eleitores de 24 Estados, revela também a liderança de Aécio Neves quando não é apresentado ao eleitor nenhum candidato. Trata-se da chamada resposta espontânea. Nesse quesito, o tucano foi citado por 48,7% dos entrevistados e a petista, que governa o País desde janeiro de 2011, por 37,8%.

Realizada em 136 municípios, a pesquisa ISTOÉ/Sensus também constatou que a campanha petista não conseguiu reduzir o índice de rejeição à candidata Dilma Rousseff. Quase metade do eleitorado, 45,4%, afirma que não admite votar na presidenta de maneira alguma. Com relação ao tucano, segundo o levantamento, a rejeição é de 29,9%. “Isso significa que a margem de crescimento da candidata Dilma é menor do que a de Aécio”, avalia Guedes. Os números mostram, segundo a pesquisa, uma forte migração para o senador tucano dos votos que foram dados a Marina Silva (PSB) no primeiro turno. “Hoje estamos juntos em torno de um programa para mudar o Brasil”, disse Marina na sexta-feira 17, ao se encontrar com Aécio em evento público na zona oeste de São Paulo.

Desde 1989, quando o Brasil voltou a eleger diretamente o presidente da República, é a primeira vez que um candidato que terminou o primeiro turno em segundo lugar começa a última etapa da disputa na liderança. A pesquisa Istoé/Sensus divulgada no sábado 11 já apontava esse movimento, quando revelou que Aécio estava com 52,4% das intenções de voto. Na última semana, os levantamentos que são feitos diariamente pelo comando das duas campanhas também mostraram a liderança de Aécio. É com base nessas consultas que tanto o PT como o PSDB planejam a última semana de campanha. E tudo indica que o tom será cada vez mais quente. No PT há uma divisão. Um grupo sustenta que a campanha deve aumentar o tom dos ataques contra Aécio e outro avalia que a presidenta deva imprimir um ritmo mais propositivo à campanha. O mais provável, no entanto, é que a campanha de Dilma continue a jogar pesado contra o tucano. Segundo Humberto Costa, líder do PT no Senado, o partido vai insistir na tese de que é necessário “desconstruir a candidatura tucana”. “Não basta ficar defendendo nosso governo”, disse o senador na sexta-feira 17. Claro, trata-se de um indicativo de que a campanha de Dilma vai continuar usando do terrorismo eleitoral. “Se deu certo contra Marina, deverá dar certo contra Aécio”, afirmou Costa.

No QG dos tucanos, a ordem é não deixar nada sem resposta e continuar mostrando ao eleitor os inúmeros casos de corrupção que marcam as gestões petistas, particularmente os quatro anos do governo de Dilma. “Não podemos nos colocar como vítimas. O que precisamos é mostrar nossas propostas, mas em nenhum momento deixar de nos defender com veemência das armações feitas pelos adversários”, disse um dos coordenadores da campanha de Aécio Neves. “Marina tentou apenas fazer a campanha propositiva e acabou atropelada pela máquina de calúnias do PT.” Nessa última semana de campanha, Aécio vai intensificar a agenda em Minas e no Nordeste, principalmente na Bahia, em Pernambuco e no Ceará. Não está descartada a possibilidade de que os nomes de novos ministros venham a ser divulgados pelo candidato.

A escola de Chicago, e algumas frases de Milton Friedman - Rubem Freitas Novaes

Excelente palestra esta de Rubem Freitas Novaes sobre a Escola de Chicago em Economia e seus principais expoentes, que acrescentou diversos elementos que eu já conhecia sobre as contribuições dos economistas do Departament of Economics da The University of Chicago através deste livro de Johan Van Overtveldt: The Chicago School: How the University of Chicago Assembled the Thinkers Who Revolutionized Economics and Business
Aliás, acho que comprei esse livro na própria cidade de Chicago, na Powell's da Lincoln Avenue, por um preço chicagoano...
Recomendo a leitura completa da palestra, da qual transcrevo apenas a introdução mais abaixo, não sem antes selecionar algumas frases memoráveis de Milton Friedman, que já fazem parte das grandes citações da civilização contemporânea.
Paulo Roberto de Almeida

MILTON FRIEDMAN:
-“Não existe almoço grátis”.
- “Nada é mais permanente que um programa temporário de governo”.
- “Se você coloca o governo federal para administrar o Saara, em 5 anos haverá escassez de areia”.
- “Uma sociedade que coloca a igualdade acima da liberdade acabará sem as duas”.
- “Só nas transações privadas, onde o olho do dono está presente, se atenta para os custos e para os benefícios dos recursos movimentados. Quando os recursos vêm de terceiros e são destinados a terceiros, como é o caso de recursos gerenciados pelo governo, não se cuida adequadamente nem dos custos nem dos benefícios envolvidos”.



A Escola de Chicago através de seus expoentes

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por Rubem de Freitas Novaes*

Registro minha homenagem póstuma ao mestre liberal e amigo Og Francisco Leme, que me iluminou os caminhos para Hyde Park, Chicago.

I – INTRODUÇÃO
Sem favor algum, pode-se dizer que a Escola de Chicago não foi superada em produção acadêmica e prestígio por nenhuma outra Escola de Economia no século que passou. É verdade que Cambridge sobressaiu-se até a segunda guerra mundial, por conta da influência exercida por Lord Keynes, principalmente. Mas, a partir da segunda metade do século XX, foi Chicago que dominou a profissão, o que pode ser constatado pelo impressionante número de professores laureados com o Prêmio Nobel e pelo expressivo volume de citações de seus maiores mestres na literatura técnica e política nas últimas décadas.
Cabe notar que o prêmio Nobel em economia começou a ser concedido em 1969. Nestes 45 anos que se passaram, nada menos que 30 economistas de alguma forma associados a Chicago (professores, ex professores e ex alunos) foram contemplados com a homenagem. Harvard, a segunda colocada no ranking de laureados, está bem distante de Chicago, quando tratamos de professores exercendo a cátedra no momento da premiação. Nas citações na literatura, por outro lado, Milton Friedman e Von Hayek, ex professores de Chicago, só ficam atrás de Karl Marx, Adam Smith e John Maynard Keynes, o que os coloca entre os cinco economistas mais influentes da História.
A Universidade de Chicago foi criada, sob os auspícios de John D. Rockefeller, em 1892. Antes houve uma outra Universidade de Chicago, administrada pela Igreja Batista, que faliu. Os batistas da cidade procuraram então o mais rico dos batistas para financiar um novo projeto, agora em bases mais profissionais. Rockefeller, desejoso de criar algo positivo para sua imagem, acatou a sugestão e convenceu-se de que o ambiente mais calmo da cidade de Chicago fazia dela local mais apropriado que Nova Iorque para um grande projeto educacional (Al Capone ainda não havia nascido, ressalte-se). Doou assim 600 mil dólares sob as condições de que a presidência ficasse com William Harper, reputado professor e administrador, e de que os batistas locais investissem 400 mil dólares suplementares bem como conseguissem terreno apropriado para o campus. Marshall Field, comerciante riquíssimo, doou o terreno, Harper aceitou o desafio e os batistas locais arrecadaram o dinheiro. Assim, estava criada The University of Chicago (com o artigo), em Hyde Park, onde se encontra até hoje.
Até a década de 30 não havia lá um pensamento relativamente homogêneo, traços de união que pudessem caracterizar uma Escola de Economia. Não era nítida uma metodologia dominante, nem uma visão comum de abordagem do fato econômico. E, no terreno ideológico, coexistiam, no Departamento Econômico, liberais, intervencionistas empedernidos e até socialistas convictos, lembrando que Oskar Lange, professor da Escola, veio a ser ministro no governo comunista polonês do pós guerra. A partir dos anos 40, no entanto, a influência de Frank Knight, Theodore Schultz e Jacob Viner foi dominante e algumas características comuns a quase todos os professores passaram a marcar a Escola. Destas características, eu destacaria:
- Defesa da economia de mercado e desconfiança em relação a intervenções do governo.
- Uso da Teoria Neoclássica fundada na lei da escassez, na racionalidade da ação humana e na análise marginalista.
- Utilização do instrumental econômico para a análise de diversos aspectos da vida.
- Ênfase no teste empírico de hipóteses.
- Importância da moeda na macroeconomia.
Em termos do desenvolvimento da Teoria Econômica, a Escola de Chicago teve particular destaque nas áreas de: capital humano, econometria, contrarrevolução monetarista, economia internacional, sociologia e economia, direito e economia, expectativas racionais, hipótese do mercado financeiro eficiente, mechanism design, entre outras.
Muitos se indagam sobre as razões de tanto sucesso. É certo que Chicago sempre primou pela competitividade, pelo trabalho duro e pela meritocracia, mas há outros elementos, apontados por quem conhece diversos ambientes universitários, que fazem a diferença. Um é o sistema de workshops, onde estudantes mais avançados rumo ao doutorado e professores submetem suas ideias e pesquisas à dura crítica dos seus companheiros. O outro ponto destacado é o estilo de vida praticado. A Universidade fica distante do centro da cidade, onde existem as distrações. De um lado do bairro onde se situa, fica o Lago Michigan, com seu vento quase sempre gelado. Do outro lado, não muito distante, fica um bairro pobre e perigoso. Espremidos numa faixa estreita, alunos e professores comem, bebem e dormem Economia 24 horas por dia. Ou seja, é imersão total, mesmo para os professores, não encontrável, por exemplo, na vida charmosa da Costa Leste ou da Califórnia.
Nesta palestra tentarei dar uma amostra do que foi e é a Escola de Chicago, pinçando alguns nomes que, na minha opinião, mais contribuíram para a teoria e prática da Ciência Econômica bem como para o prestígio da Escola. Ao falar destes expoentes e de sua obra, muita coisa será deixada de lado. Sinto especialmente deixar de fora os nomes de Theodore Schultz, Ronald Coase, Robert Fogel, Robert Mundell e James Heckman, todos premiados com o Nobel. Mas, ao falar de Frank Knight, Friedrich Von Hayek, George Stigler, Milton Friedman, Gary Becker e Robert Lucas penso estar na companhia dos melhores entre os melhores, la crème de la crème.

Continue a ler neste link: http://ordemlivre.org/posts/a-escola-de-chicago-atraves-de-seus-expoentes

*O autor nasceu no Rio de Janeiro, em 22 de agosto de 1945. É economista formado na UFRJ com mestrado e doutorado na Universidade de Chicago. Foi professor da EPGE/FGV-Rio, Chefe do Departamento Econômico da Confederação Nacional da Indústria, Assessor Especial da Secretaria de Planejamento da Presidência da República, Presidente do SEBRAE e Diretor do BNDES. No setor privado, exerceu atividades de consultoria e ocupou diversos cargos executivos em instituições financeiras.
** Palestra proferida perante o Conselho Técnico da CNC, em 16/09/2014