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segunda-feira, 25 de abril de 2022

Debate sobre livros em Petrópolis, 30/04, "Matrioska de Chita"(poemas), de Cassiana Cardoso, e Os Magadaes, de Luiz de Miranda (novela) - resenha PRA


Neste sábado, 30/04, às 19h30, um encontro literário em Petrópolis com dois autores de romances originais. Não conheço os haicais e outros poemas da Cassiana Lima Cardoso, mas tenho vontade de ler seu livro.

Conheço, e muito bem, Luiz Miranda, meu colega dos tempos da Bélgica, durante a ditadura militar, e o romance que ele fez é ambientado justamente na Bélgica, onde vivemos e convivemos naqueles anos 1970, de terrorismo, repressão e crises econômicas.

Fiz uma resenha de seu livro, que reproduzo abaixo.

3809. “O Balzac da ferrugem na terra dos belgicanos”, Brasília, 3 dezembro 2020, 5 p. Resenha do livro de Luiz de Miranda: Os Magadaes (Rio de Janeiro: Letra Capital, 2020, 120 p.; ISBN: 978-65-87594-19-4). Publicado no Estado da ArteO Estado de S. Paulo (19/12/2020; link: https://estadodaarte.estadao.com.br/magadaes-pra-ea/). Relação de Publicados n. 1478. 


O Balzac da ferrugem na terra dos belgicanos

  

Paulo Roberto de Almeida 

 


  Luiz de Miranda:

Os Magadaes 

(Rio de Janeiro: Letra Capital, 2020, 120 p.; ISBN: 978-65-87594-19-4; formato epub, 1 MB; ISBN: 978-65-990166-3-9)

 

Títulos podem ser crípticos, tanto o do livro quanto o desta resenha. Magadaes são personagens de um conto de Oscar Wilde, “A protected country”, que nascem velhos e se tornam jovens paulatinamente, morrendo quando se tornam crianças, como naquele filme americano Benjamin Button, mas este derivado de um conto de Scott Fitzgerald. Volto ao romance em seguida, assim que terminar de desvendar o título da resenha. O Balzac da ferrugem é o próprio autor do romance, Luiz de Miranda, com quem partilhamos anos felizes na Bélgica, em meados dos anos 1970, enquanto eu dava continuidade a meus estudos de ciências sociais na Universidade de Bruxelas, e ele, já formado, fazia uma tese de doutorado sobre a corrosão, daí a ferrugem, a inimiga mortal das estruturas metálicas e de seus guardiães. “Belgicanos” era como um técnico do Corinthians, Vicente Matheus, chamava os terríveis futebolistas da pequena Bélgica, gigantes selvagens no gramado, como deveriam ser as tribos daqueles dos quais eles descendiam em tempos pré-medievais.

Pois eu e Luiz de Miranda fomos contemporâneos na ULB, ele já com família – a doce e linda Leila, a quem é dedicado o livro, junto com Conrad Detrez, in memoriam, jornalista francófono –, eu leve, livre e solto, andando pela Europa em apoio às campanhas do Front Brésilien d’Information, naqueles anos de chumbo da ditadura militar no Brasil. Como eu era um pobre estudante sem dinheiro, almocei ou jantei várias vezes no apartamento de Luiz e Leila, pois ele tinha uma boa bolsa de doutoramento, e eu tinha de dar um duro lavando pratos, cortando grama ou posando na Académie des Beaux Arts para enfrentar as despesas do dia a dia. Como quase todos os universitários dessa época, em exílio da ditadura ou não, éramos contra o regime, e passávamos boa parte do tempo livre buscando informações sobre o Brasil, curtindo as músicas de Chico Buarque, e formulando hipóteses sobre o final da ditadura militar. 

Como refletido em diversas passagens do romance, eram os tempos da guerra do Vietnã, de tribunal Bertrand Russell sobre os crimes de guerra das tropas americanas, de protestos contra as ditaduras militares latino-americanas, primeiro a do Brasil, depois a do general Pinochet, no Chile e, logo em seguida, a dos militares argentinos, que foram os mais “eficientes” na eliminação dos adversários. Conrad Detrez tinha apoiado os movimentos de esquerda no Brasil e no Chile, e também nos ajudava na transposição para o francês dos textos contra as ditaduras no continente. Mas o que nos atraía, fora dos estudos, eram os passeios pela Bélgica, um pequeno país, que daria para atravessar de carro em pouco tempo, mas que também poderia ser conhecido de bicicleta, como aliás eu fiz, no “plat pays” com certa facilidade, mas com maior esforço nas montanhas das Ardenas, as densas florestas do sudeste da Bélgica que tinham assistido a uma das últimas grandes batalhas da frente ocidental na Segunda Guerra Mundial, quando a Wehrmacht tentou obstar o avanço das tropas americanas em território alemão.

Pois é justamente nas Ardenas belgas que é ambientada a maior parte desta obra de Luiz de Miranda, depois que dois curtos contos dão início ao pequeno livro de 120 páginas, cuja capa tem a reprodução de um curioso quadro do Baron Léon Fredéric, Le Ruisseau (1890), com original no Museu Real de Belas Artes de Bruxelas, que retrata centenas de Magadaes, infantis, nus, banhando-se nas águas frescas de um riacho. O primeiro conto, Genealogia, começa com a viagem da frota de Martim Afonso de Souza que, em 1530, resolve deixar um armeiro, Pero Gonçalves, nas praias da Bahia, a partir de quem começa uma família inacreditável dos mais diferentes personagem que povoaram, anonimamente, ou com certo destaque, as terras e a história do Brasil, passando pela colônia, independência, guerra do Paraguai, coluna Prestes, revolução de 1930 e outros episódios, até a morte do último descendente, 460 anos depois, um traficante do morro do Borel, morto nas mãos da polícia em 1991. O segundo conto, ainda mais curto, Dia da Preguiça, duas páginas e meia de considerações filosófico-religiosas, do tempo relativo de Einstein à reencarnação em pessoas de destaque na sociedade (nenhum mendigo), até terminar com um disco voador pousando displicentemente à beira da estrada. 

A história dos Magadaes, mesmo, começa com um “prefácio à guisa de explicação” no qual o autor tenta nos engabelar dizendo que a história parece fantástica, mas que “é, por incrível que pareça, verdadeira” (p. 19). Ele apela, todavia, para a complacência dos leitores, argumentando que o “artista” é “um eterno fingidor e incompetente contador de casos, porém entusiasta e relativamente honesto” (idem). A história que ele vai contar lhe foi relatada como sendo verdadeira pelo Dr. Dumont, antigo diretor do Asilo dos Lilases, situado em canto recuado das Ardenas belgas, e que abrigou durante várias estações, num tempo situado na primeira metade dos anos 1970, todos os velhinhos protagonistas desta história fantástica, que tenta provar a veracidade da fantástica lenda dos Magadaes (que no entanto nunca aparecem, sendo bem mais apenas uma alegoria). O último capítulo, “Bruxelas, 2016”, dois anos depois da morte do mesmo Dr. Dumont, já coloca o autor num mundo diferente daquele que ele havia frequentado em sua juventude de doutorando: a União Soviética desmoronou, a China da revolução cultural, capitalizou-se, o Vietnã vive em paz com os Estados Unidos e os países da Leste Europeu se incorporaram à União Europeia, que ele descreve como “capitalista, neoliberal, arrogante, direitista, rachada em países de extrema direita, racistas, ao ponto de negar um prato de comida aos refugiados sírios que marcharam mais de duzentos quilômetros, a pé, com seus velhos e coxos” (p. 117). Ao visitar novamente o Asilo dos Lilases constata que ele já tinha desaparecido, substituído por uma plantação de beterrabas. 

Vamos agora ao que interessa, o núcleo dessa história diferente, mas eu não vou desvendar toda a trama, para não impedir ninguém de deliciar-se em sua própria leitura, de um romance que combina bastante Balzac, com seu realismo descritivo, um pouco de Erico Veríssimo, um de nossos melhores escritores psicológicos, e talvez, quem sabe?, Cortazar, com certa tendência a descrever o fantástico com ares de normalidade. Tem tudo isso, numa escrita primorosa de bem cuidada, com palavras e expressões que revelam uma intimidade enorme com a boa literatura, e uma meticulosidade na expressão que deve ser derivada da postura profissional do autor, um “caçador de corrosões”, aqui na alma dos personagens. 

Desde o primeiro capítulo, estamos numa descrição minuciosa da encantadora mansão do Asilo, situado no vale do rio Semois, cuja linguagem é Balzac puro, com toda a graça que uma descrição retirada do Père Goriot, ou de várias outras novelas da Comédie Humaine, pode ser capaz de servir de fotografia em palavras para nos transmitir o charme vetusto daquela nobre construção do final do século XVIII. Vale transcrever o cenário dessa história, começando pela própria história do imóvel que veio a ser o Asilo: 

Antes de se tornar o que é hoje, a mansão conheceu em seus dias juvenis momentos bem mais felizes. Com efeito, Le Site aux-lilás era conhecido até em França, quando propriedade da família Poussin-de-Tassigny. De linhagem nobre, essa família organizava caçadas para as quais nobres franceses não hesitavam em aceitar o convite do marquês e, principalmente, da belíssima marquesa. Era um casal distinto e elegante, e o senhor marquês era tão exímio na caça ao javali quanto a marquesa o era na caça aos prazeres. 

Como todas as mansões nobres daquela época, o asilo ainda contém um pátio central retangular e perimetrado por colunas que sustentam graciosos arcos trabalhados. No centro do pátio, há uma estátua de Diana, a caçadora, sobre uma fonte de bronze, onde se lê com alguma dificuldade a data de 1782. A mansão possui cerca de dezoito dormitórios, três salões, duas cozinhas e as demais dependências usuais como banheiro, quartos para a criadagem, estábulo e até mesmo um pequena estufa onde Joseph, o jardineiro, apesar da idade, conhece as plantas por nomes por ele batizadas.

Site aux-Lilas foi comprado por uma quantia irrisória ao último descendente da família Poussin-de-Tassigny, o barão Emile Charles Louis Poussin-de-Tassigny, pela Sociedade de Montepios Esperança de Nova Vida. (pp. 21-22)

 

Junto com a descrição das peças habitadas por cada um dos residentes no asilo, o autor vai falando de cada um deles, com suas peculiaridades, e com uma decoração ou móveis eventualmente combinando com seus habitantes, como a grande biblioteca do Dr. Dumont, o médico que ficava tomando notas do comportamento de cada um de seus co-moradores. Havia o velho Homero, um revolucionário do entre guerras, cujo anti-imperialismo visceral se manifestava num projeto pouco secreto de aprender a língua dos vietnamitas para lutar contra os americanos nos campos de batalha do Vietnã. Havia a velha Nicole, que vai justamente ficar jovem ao final da história, e mais o “alquimista” Theo, cujo projeto mais relevante era o de produzir rosas azuis, e ainda o velho Jules, que tinha feito fortuna com diamantes extraídos da colônia do Congo Belga, na região do Alto Katanga (que nunca se entendeu com Homero, por razões obviamente ideológicas). Mais adiante na história, que não ouso revelar em sua integridade para não roubar essa satisfação aos leitores, se fala do velho Nestor, “antigo sacristão, até então completamente casto”, que será desviado de sua longeva virgindade pela devassa Nicole, cujos detalhes cabe pudicamente resguardar. Havia ainda, no asilo, outros velhinhos, “em adiantado estado de senilidade”, no número máximo de vinte pessoas, tal como limitado pela Sociedade Esperança de Nova Vida, mas que não participam do enredo e dos principais episódios relatados no cativante texto de Luiz de Miranda. 

O lado balzaquiano da história está presente em todas as descrições dos principais “atores” da história, dos insetos e animais da natureza ao redor do asilo, dos personagens que eventual entram e saem do relato. O lado “Erico Veríssimo” da escrita passa, em parte, pelo perfil psicológico dos personagens, suas motivações pessoais, a maneira pela qual cada um deles participa do enredo, pelas surpresas que se acumulam de um capítulo a outro, dezenove no total, ademais do último, que sai dos anos 1970 e termina em Bruxelas, em 2016. Mas, antes do capítulo XIX, que é o desfecho da toda a história dos residentes do asilo, figura em menos de duas páginas, um capítulo, não numerado, que remete a “Bruxelas 2012”, que é quando o autor volta à Bélgica e tem um último encontro com o Dr. Dumont, sua fonte principal para quase todos os episódios, já com 92 anos, numa casa alugada em Arlon. Sem revelar o desenlace da estranha história, que pende para o lado do escritor Julio Cortazar, e suas liberdades mágicas de novelista, vale transcrever algumas passagens sobre o depoimento do principal “arquivo vivo” sobre o outrora florido asilo dos lilases, deixando Luiz de Miranda de relatar o que teria sido o destino ulterior dos poucos sobreviventes rejuvenescidos por uma dessas diabruras de romancista: 

Estava [o Dr. Dumont] em péssimo estado físico, magro, calvo, com enorme dificuldade de ouvir e praticamente cego. Mas sua memória parecia estar absolutamente em forma. (...) E não foi, sem uma profunda emoção, que encontrei o Dr. Dumont sentado numa cadeira de rodas, portando óculos escuros. E o que ele me relatou foi deveras impressionante. (...) 

O Dr. Dumont pediu-me que me aproximasse mais de seus olhos para fitar-me com atenção. Creio que viu algo de bom, pois logo em seguida serviu-se de uma chávena de chá e ordenou que eu me sentasse à sua frente, com a condição de não tomar nota de nada. Apenas o escutasse. Fiz o que me pediu, à exceção do gravador de meu celular que registrou toda a conversa. Mesmo com a consciência um pouco pesada, não poderia fiar apenas na minha memória. (pp. 111-12)

 

E o que o Dr. Dumont relatou, durante todas as estações vibrantes do asilo nos distantes anos 1970, até seu incêndio trágico no desenlace da história? Isso está no capítulo XIX, que deixo aos leitores descobrir, depois da breve informação sobre os escombros do asilo e sobre o que adveio aos seus residentes sobreviventes, levados a uma espécie de Jardim das Maravilhas, ocupado por muitos Magadaes. Quanto ao Dr. Dumont, morreu “em profunda solidão, em novembro de 2014, dois anos após nosso derradeiro encontro” (p. 117).

A essa altura, o Asilo dos Lilases já tinha sido convertido em campo de beterrabas. Mas Luiz de Miranda sabe terminar sua história com todos os ingredientes balzaquianos e dos demais autores que imagina lhe tenham sido fontes de inspiração na confecção dessa bela e estranha história dos Magadaes. Eu o sigo, mas seletivamente: 

Estava prestes a chegar ao Asilo dos Lilases. Mas o que lá encontrei foi um campo de beterrabas, alinhado para a próxima colheita. (...)

Uma certa nostalgia invadiu minha alma, ainda mais do que podia imaginar... (...) [L]evantei-me e fui caminhando entre as paqueretes azuis e florzinhas brancas que foram ganhando rostos e dançando. Meu cérebro só percebia cores fantasmagóricas avermelhadas, raios azuis e sons inaudíveis. (...) Eu suava frio, coração em disparada e subitamente uma estranha calmaria jamais sentida invadiu meu ser e me deu uma paz interior jamais sentida. Entrei no carro e retornei a Bruxelas. (pp.. 118-19)

 

Deixo a história completa para ser saboreada pelos leitores curiosos, como foi por mim saboreada, levando-me novamente aos melhores anos de minha vida estudiosa, nos distantes anos 1970 em minha segunda pátria, o país de todos os meus diplomas superiores, a Bélgica de Bruxelas, do “plat pays” e das Ardenas. Vale ler Luiz de Miranda.

 

PS.: Na edição eletrônica deste livro, pode-se ouvir os dois trechos musicais inseridos no capítulo XIX – segunda parte da suíte de Ravel, “Daphnis et Chloé” – e no capítulo final, “Bruxelas 2016”, a suíte de Rimsky Korsakov, “A lenda da cidade invisível de Kitezh”. 

 

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 3809, 3 de dezembro de 2020

 

Livro sobre Assédio Institucional no Brasil: lançamento do livro, 2-5 maio 2022, Câmara dos Deputados

Participei com um capítulo deste livro: 

4051. “Assédio institucional no Itamaraty: breve abordagem e depoimento pessoal”, Brasília, 21 dezembro 2021, 25 p. Ensaio preparado como colaboração a livro a ser editado pela Afipea, sob coordenação de José Celso Cardoso. Publicado in: José Celso Cardoso Jr., Frederico A. Barbosa da Silva, Monique Florencio de Aguiar, Tatiana Lemos Sandim (orgs.), Assédio Institucional do Brasil: Avanço do Autoritarismo e Desconstrução do Estado. Brasília: Afipea-Sindical; João Pessoa: Editora da Universidade Estadual da Paraíba, 2022, capítulo 9, p. 389-427. Relação de Publicados n. 1448.










domingo, 24 de abril de 2022

Eleições na França, Canal MyNews - Entrevista com jornalistas Jamil Chade (Genebra) e Caio Blinder (EUA), Paulo Roberto de Almeida

 Mais uma entrevista, num dia particularmente importante para a política mundial, para as relações internacionais e sobretudo para a Ucrânia.


1447. “Eleições na França, Canal MyNews”, Brasília, 24/04/2022, 17hs. Entrevista com jornalistas Jamil Chade (Genebra) e Caio Blinder (EUA) sobre a vitória de Macron no 2do turno das eleições presidenciais e as consequências da ascensão da extrema-direta no cenário francês, europeu e mundial. Disponível no canal YouTube do MyNews (link: https://www.youtube.com/watch?v=YMJiIcg8lXY; 52:25). Sem original, notas ou texto.



Dia do Diplomata: entrevista na Roda de Conversa, TV Pai Eterno - Prof. Rafael Manzi, Paulo Roberto de Almeida

Uma entrevista recente no dia do diplomata; sem notas, apenas vídeo.

1446. “Dia do Diplomata: entrevista na Roda de Conversa, TV Pai Eterno”, Brasília, 20 abril 2022, 2 blocos de 18 e de 19 mns, na companhia do Professor Rafael Manzi, na TV Pai Eterno; 

1ro bloco, link: https://youtu.be/mkPkr_rU8Xc

2do. Bloco, link: https://youtu.be/IQUuW6TuyoE

Sem original, notas ou texto.


 

Moi, le Baron: quelle honneur!

 

De onde menos se espera, acaba vindo tudo…

Fui promovido, não sei bem por quem na Intelis, que é uma agência supostamente de INTELIGÊNCIA (mas os arapongas foram muito generosos comigo).

Aproveitando a promoção inesperada, preciso reivindicar férias, quinquênios atrasados e não gozados desde 1902, 13. (mas só a partir de 1962), e outras prebendas do cargo. Sim, quero de volta a minha biblioteca, incorporada de qualquer jeito ao acervo geral, além de pensão para filhas solteiras, o que couber à Inteligência dos arapongas e seu desgoverno atual.

O estagiário da INTELIS que fez o poster vai ficar muito INFELIZ de ser demitido...

Minha solidariedade...

A solução é política! E é urgente! - Carlos Alberto dos Santos Cruz

Um dos textos mais relevantes já concebidos e expressos na atual campanha presidencial (já iniciada), que visa oferecer uma resposta à atual polarização indesejada pela maioria dos brasileiros. Candidatos dignos, pensando no Brasil, não em si mesmos, assim como colunistas e editorialistas das grandes mídias do Brasil, deveriam, sim, tomar partido, mas PELA UNIÃO de todas as forças centristas em prol de uma postura única em defesa da democracia e da governança no país. As bases principais estão aqui delineadas.

Paulo Roberto de Almeida 


A solução é política! E é urgente!

Carlos Alberto dos Santos Cruz

O Estado de São Paulo e outros veículos de comunicação, 24/04/2022

As forças políticas de centro precisam mostrar capacidade de apresentar à sociedade brasileira pelo menos mais uma opção viável, equilibrada, para a próxima disputa presidencial. O Brasil não pode ficar com apenas duas candidaturas, extremamente polarizadas, que se alimentam mutuamente e que funcionam como cabos eleitorais recíprocos. O País precisa de mais opções. Não apresentá-las é desconsideração com a nossa população.

A disputa polarizada tende a ser uma briga de xingamentos e acusações, sem os debates que a sociedade precisa sobre os programas de governo e propostas de solução para os problemas nacionais. Uma disputa entre dois candidatos que não apresentam o que o Brasil precisa: objetivos claros, transparentes, certeza de execução com os compromissos assumidos e esperança no futuro.

Os riscos de mais quatro anos com o ex-presidente ou com o atual presidente, ambos com seus grupos já conhecidos, são bastante evidentes: campanha de baixo nível, rasteira; investimento no fanatismo e na manipulação da opinião pública por meio de uma avalanche de fake news cada vez mais profissionalizada e ousada; promoção do "salvador da pátria"; falta de combate à corrupção; e fanatismo que pode desaguar em violência, pelo menos localizada.

O Brasil precisa ser líder de práticas democráticas, de seriedade e de responsabilidade política e não de liderança de populismo latino-americano e até mesmo mundial.

A democracia precisa ser reforçada e aperfeiçoada com a união nacional e com o respeito às pessoas, às funções e às instituições. O País precisa ser unido e as divergências respeitadas para que possa enfrentar seus graves problemas. Para a solução dos problemas econômicos, da fome, da inflação, da redução da desigualdade social, do auxílio aos necessitados, é fundamental a total transparência e publicidade no orçamento e na aplicação dos recursos públicos, a integração dos órgãos de controle e a responsabilização. O populismo econômico, irresponsável, torna o futuro mais sombrio ainda.

Os conflitos entre poderes e os embates políticos precisam ter como resultado a apresentação de propostas de aperfeiçoamento institucional. Os conflitos sem resultados práticos positivos levam apenas à intoxicação social e à esquizofrenia política. O Brasil precisa resolver seus problemas, e isso não se faz em ambiente de conflito, de espetacularização, de show permanente. Isso rouba as energias da sociedade e capacidade produtiva de todos os brasileiros. Precisamos de harmonia, saúde, educação, segurança pública, Justiça, solidariedade etc.

Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário precisam responder aos anseios da população brasileira, tais como a responsabilização, a total transparência da administração pública e o combate à impunidade. No presidencialismo, o comportamento equilibrado do Executivo, sem populismo, é de influência marcante e fundamental para os aperfeiçoamentos necessários à prática política e à melhoria no funcionamento demais poderes e instituições.

A política não tem necessidade de ser obscura, regada a dinheiro público, e atender a privilégios e interesses pessoais. A classe política deve e pode se autovalorizar, para que seja vista de maneira mais positiva pela sociedade.

É por meio da política que os problemas são resolvidos. Para isso, a política precisa ser desvinculada ao máximo das benesses e dos vícios ligados aos recursos públicos, alguns deles escandalosos.

A eleição que se aproxima precisa significar uma oportunidade de possíveis mudanças, de maior seriedade nos compromissos assumidos pelos políticos e de exigências pela população. A eleição precisa significar esperança! Para isso, dois compromissos são fundamentais: o fim da reeleição para cargos executivos, que tantas falsas promessas, deformações de comportamento e prejuízos vêm causando ao Brasil; e o fim do foro privilegiado, para que todos sejam realmente iguais perante a lei e para romper laços que impedem a independência dos poderes, que é um dos princípios da democracia. Essas medidas são necessidades imediatas, independentemente das outras reformas e ações urgentes necessárias para reduzir a desigualdade social, melhorar a Educação, a Economia, a Saúde, a Justiça, a Segurança Pública etc.

O Brasil precisa sair da intoxicação ideológica e exigir compromisso e responsabilização legal às promessas não cumpridas em campanhas políticas. Precisa resolver seus problemas reais dentro dos princípios da democracia. As eleições estão aí para isso. Precisamos de novas caras na política e também de novas formas de exigir o cumprimento de promessas!

É hora da classe política mostrar alternativas para a sociedade brasileira. Pelo menos uma! Todas as forças políticas de centro precisam se unir e apresentar mais opções para os eleitores. Opções essas que tragam esperança de novo comportamento político, de futuro, de desenvolvimento com união e paz social. O Brasil não pode seguir no caminho indicado pela polarização. Há necessidade URGENTE de sair da armadilha do radicalismo.

Carlos Alberto dos Santos Cruz

Se Macron perder, a culpa caberá a Mélenchon, e será terrível para a França, para a UE, para a Ucrânia - Jean-Philip Struck (Deutsche Welle)

 POLÍTICAFRANÇA

França volta às urnas com Macron na liderança das pesquisas

há 5 horas

País repete disputa de 2017. De um lado, o pró-europeu Macron. Do outro, a nacionalista de extrema direita Marine Le Pen. Levantamentos indicam que presidente deve vencer, mas com vantagem menor do que cinco anos atrás. 

https://www.dw.com/pt-br/fran%C3%A7a-volta-%C3%A0s-urnas-com-macron-na-lideran%C3%A7a-das-pesquisas/a-61571313?maca=bra-GK_RSS_Chatbot_Mundo-31505-xml-media

A França volta às urnas neste domingo (24/04) para escolher quem vai ocupar a Presidência pelos próximos cinco anos: o atual ocupante do cargo, Emmanuel Macron, ou a veterana de disputas presidenciais Marine Le Pen. É uma repetição do duelo do segundo turno de 2017, que novamente coloca frente a frente dois projetos antagônicos: a visão cosmopolita pró-europeia do liberal Macron e o ultranacionalismo eurocético da extremista de direita Marine Le Pen.

Cinco anos atrás, tanto Macron quanto Le Pen sacudiram o mundo político ao chegarem ao segundo turno. Foi a primeira vez desde a fundação da 5ª República francesa, no final dos anos 1950, que a disputa ocorreu sem a presença de forças tradicionais da política do país: conservadores e socialistas.

O cenário se repete agora em 2022, mas agora Macron, 44 anos, já não pode se apresentar como uma novidade independente e renovadora. Como presidente, ele foi capaz de mostrar bons números na economia, mas também acumulou desgaste ao promover impopulares reformas pró-mercado.

Já Le Pen, 53 anos, está em sua terceira disputa presidencial. Nesta campanha, ela baixou o tom de parte da agenda xenófoba e extremista do seu grupo político, focando mais em aspectos socioeconômicos, algumas vezes se apropriando de bandeiras da esquerda. A estratégia ajudou a ampliar seu eleitorado, mas um segundo olhar revela que seu programa continua com os mesmos velhos elementos de extrema direita.

Os dois candidatos também transformaram a reta final da campanha num embate de duas diferentes visões de "anti". Le Pen agitou seu eleitorado para fazer do segundo turno um referendo "anti-Macron". Já o presidente fez apelos para barrar uma vitória da extrema direita de Le Pen.

O desgaste de Macron e a ampliação do eleitorado de Le Pen, somado à apatia de parte do eleitorado - especialmente o jovem - e a perspectiva de alta abstenção no segundo turno, levantaram o temor durante a campanha de que a França, a segunda maior economia da UE, acabe sendo palco de um novo terremoto político internacional, como ocorreu com a vitória de Donald Trump nos EUA, em 2016, e a aprovação do Brexit no Reino Unido, em 2015.

No entanto, as últimas pesquisas mostram que Macron deve ser reeleito - quebrando um ciclo de insucessos que vem afetando presidentes franceses desde 2002. Um levantamento divulgado na quinta-feira mostrou que ele deve vencer com 15 pontos de vantagem, com 57,5% dos votos, contra 42,5% de Le Pen. Outra pesquisa divulgada nesta semana apontou vantagem de 11 pontos para o atual presidente. O instituto brasileiro Atlas, por sua vez, indicou na sexta-feira uma vitória mais magra para Macron, com 6,6 pontos de vantagem.

No primeiro turno, Macron foi o mais votado dos 12 candidatos na disputa, obtendo 27,85% dos votos, seguido de Marine, com 23,15% dos votos e que só ficou pouco à frente do terceiro colocado, o independente de esquerda Jean-Luc Mélenchon (21,95%).

A ofensiva de Macron

Nas duas semanas de campanha do segundo turno, Marine Le Pen, do partido Reagrupamento Nacional (RN), foi ficando cada vez mais distante da liderança de Macron, do partido A República em Marcha. Os primeiros levantamentos logo após o primeiro turno apontavam uma disputa mais acirrada, com os dois rivais chegando a aparecer empatados tecnicamente.

Mas Macron conseguiu ampliar sua liderança, cedendo em alguns projetos de reforma impopulares. Ele, por exemplo, fez um pequeno recuo nos planos de aumentar a idade de aposentadoria. Ainda tratou de focar em temas que sua campanha vinha ignorando, como a perda do poder de compra e o meio ambiente, como forma de cultivar o eleitorado ecologista e a classe trabalhadora, tentando ainda se afastar da pecha de "presidente dos ricos".

Emmanuel Macron faz discurso em palanque
Emmanuel Macron multiplicou eventos de campanha no segundo turnoFoto: Ludovic Marin/AFP

O chefe de Estado também aumentou sua presença em eventos de campanha, depois de permanecer ausente em boa parte do primeiro turno por causa da guerra na Ucrânia. Ele fez várias visitas a redutos de Le Pen e a áreas periféricas nas quais Mélenchon se saiu bem no primeiro turno. Além disso, Macron se pintou como o único contraponto possível ao radicalismo de Le Pen, multiplicando críticas contra a rival e seu programa, tentando conscientizar os eleitores sobre os riscos de o país passar a ser governado pela extrema direita.

O ponto alto dessa última estratégia ocorreu no único debate do segundo turno, no qual Macron destrinchou os planos de Le Pen e adotou uma postura combativa, deixando Le Pen na defensiva. No embate, ele ainda explorou os laços da rival com a Rússia, incluindo um empréstimo milionário que o RN obteve de um banco russo em 2014 e advertiu que a proposta de Le Pen de proibir o uso do véu islâmico em público provocaria uma "guerra civil". Todas as pesquisas apontaram que Macron se saiu melhor do que a rival no debate.

Le Pen não diminui desvantagem, mas deve conseguir votação recorde

Herdeira de um clã político que há décadas assombra a França, Marine Le Pen exibiu nesta campanha o produto de um longo e intenso trabalho de suavização da sua imagem radical.

Ao longo da corrida, ela tentou oferecer uma versão de populismo acessível, focando especialmente em temas sociais, como diminuição de impostos e aumento de salários e aposentadorias. Em 2017, ela já havia dado os primeiros passos dessa estratégia, mas sua campanha continuava mais explicita no combate à imigração e na defesa de um "Frexit".

Desta vez, a linguagem usada nas agendas anti-imigração, anti-União Europeia, anti-Otan e anti-islã passaram a ser abordadas em vocabulário menos direto. Em vez de "Frexit", ela fala em "renegociar tratados" com a UE. A saída completa da Otan se tornou "saída do comando unificado da Otan", entre outros subterfúgios. "É um programa de saída da Europa, embora ela não o diga claramente", afirmou Macron antes do primeiro turno.

A campanha do segundo turno, de fato, acabou expondo um pouco da velha Marine Le Pen. No debate desta semana, ela foi confrontada por Macron sobre seu plano de proibir a exibição do véu islâmico e planos populistas de convocação de referendos para contornar a Assembleia Nacional e implementar projetos nativistas.

Marine Le Pen
Marine Le Pen aprofundou em 2022 sua estratégia de "desdiabolizar" o Reagrupamento NacionalFoto: Michel Spingler/AP Photo/picture alliance

Le Pen ainda tentou salvar algo do seu mau desempenho no debate, acusando Macron de ter agido de forma "arrogante" no duelo e afirmando que os "franceses [também] sofreram com essa arrogância e desprezo nos últimos cinco anos".

Mas a estratégia dupla de vitimização e suavização do discurso mostrou seus limites quando o segundo turno se aproximou. Nas duas semanas de campanha, Le Pen viu sua distância em relação a Macron aumentar, falhando em conquistar uma fatia decisiva dos indecisos e dos eleitores de Mélenchon.

Ainda assim, os levantamentos apontam que a candidata deve conquistar mais de 40% dos votos válidos - um recorde para a extrema direita francesa e um contraste e tanto com o massacre eleitoral sofrido pelo pai de Marine, Jean-Marie Le Pen no segundo turno de 2002. Nunca a direita radical chegou tão perto de conquistar o cargo mais alto da França.

O enfraquecimento da "frente republicana"

Assim como ocorreu em 2017, Macron, no papel de antagonista de Le Pen, conseguiu apoio de vários adversários moderados. Quase todos os principais candidatos derrotados no primeiro turno pediram apoio para o atual presidente. Os principais jornais da França também manifestaram apoio a Macron em editorais.

E, de novo, assim como ocorreu em 2017, houve uma notável exceção: Jean-Luc Mélenchon, o independente de esquerda que mais uma vez, por uma pequena margem, viu frustrados seus planos de chegar ao segundo turno.

Mélenchon repetiu sua estratégia de se limitar a pedir para que seus apoiadores não votem na extrema direita, sem endossar a candidatura de Macron. Na prática, deixando aberta a porta para que seus eleitores votem em branco/nulo ou não compareçam às urnas.

A nova recusa de Mélenchon em apoiar Macron e um crescente desinteresse dos jovens em votar - uma pesquisa apontou que 41% das pessoas na faixa dos 18 aos 24 anos não compareceram ao primeiro turno - demonstraram fissuras profundas na estratégia de "cordão sanitário" ou "frente republicana", quando praticamente todo o espectro político deixa as diferenças de lado e se une em torno de um moderado para derrotar uma força extremista.

Se em eleições passadas a presença de um radical no segundo turno era garantia de vitória certa para um moderado, desta vez o pleito demonstrou um cenário mais cinzento. Em 2002, o conservador Jacques Chirac derrotou no segundo turno o extremista Jean-Marie Le Pen por uma vantagem colossal de 64 pontos percentuais. Em 2017, Macron nunca se viu realmente ameaçado por Marine Le Pen e terminou vencendo com uma vantagem de 32 pontos.

Desta vez, a vantagem mais magra de Macron em pesquisas, a organização de protestos "Nem Macron, nem Le Pen" - como o que ocorreu na Sorbonne logo após o primeiro turno - e a sinalização da possibilidade de uma alta abstenção, demonstram que uma parte dos eleitores se cansou do ritual de votar no "menos ruim" - como definiu uma jovem estudante desiludida em entrevista à RFI. É uma posição que levantou críticas de alguns observadores, por servir, na prática, como uma complacência não intencional com a extrema direita.

Protesto
Protesto "Nem Macron, nem Le Pen" na Universidade Sorbonne. Apatia dos jovens acendeu alertas na FrançaFoto: picture alliance / abaca

Diante do risco de desinteresse de parte do eleitorado e o temor sobre os efeitos que uma surpresa no pleito possa causar na UE, os primeiros-ministros de Portugal, António Costa, da Espanha, Pedro Sánchez, e o chanceler federal alemão, Olaf Scholz, expressaram apoio público à reeleição de Macron, apontando para os riscos de uma Le Pen no Palácio do Eliseu. O ex-presidente Lula também divulgou mensagens de apoio a Macron.

O próprio presidente francês, mesmo numa situação mais confortável nos últimos dias após ampliar sua vantagem, advertiu na quinta-feira: "Nada está garantido".

Ainda que a "frente republicana" tenha perdido força, Macron ainda deve se beneficiar de um sentimento de rejeição da extrema direita entre uma parte decisiva do eleitorado. Segundo pesquisa Ipsos, 39% dos eleitores que pretendem votar em Macron neste domingo têm como principal motivação impedir uma vitória de Le Pen, e não necessariamente endossar o programa do presidente. Apenas 25% afirmaram compartilhar das ideias de Macron. No caso de Le Pen, 42% dos seus eleitores afirmaram concordar com seu programa.

Mesmo os desiludidos eleitores de Mélenchon começaram a se mover para apoiar Macron, num apoio que deve ser decisivo. Uma pesquisa apontou que 54% dos seus eleitores pretendem votar no atual presidente para barrar Le Pen. Outros 23% devem se abster ou optar pelo branco/nulo. Paradoxalmente, pelo menos 23% dos eleitores do esquerdista disseram que estariam dispostos a votar na extremista de direita Le Pen. De certa forma, o segundo turno acabou se transformando mais uma vez em um referendo sobre a possibilidade de um membro da família Le Pen finalmente assumir o poder.

As 15 constituições da França segundo o Conseil Constitutionnel

 

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