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segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

1910) Capitalismo monopolista de Estado no Brasil

Como bem lembra meu amigo Mauricio David, que me mandou a listinha abaixo, a atuação do BNDES sob a direção de Luciano Coutinho vem sendo a de acelerar e dinamizar o processo de concentração monopolista no Brasil, uma frase típica dos marxistas dos anos 1950.

A colusão Estado - grandes empresas no Brasil, por obra e graça do presidente do BNDES

Abril de 2008
Liberou R$ 2,6 bilhões para a compra da Brasil Telecom pela Oi. Com o dinheiro, os donos da Oi (grupos Andrade Gutierrez e La Fonte) compraram o controle da BrT e formaram a gigante das telecomunicações. No fim do ano passado, liberou mais R$ 4,4 bilhões para a Oi fazer investimentos.

Janeiro de 2009
Deu aporte de R$ 2,4 bilhões para a Votorantim comprar 28% do capital da Aracruz, criando a Fibria, a maior empresa de celulose do mundo.

Maio de 2009
Na fusão de Perdigão e Sadia, o BNDES investiu R$ 750 milhões para comprar 3% da nova companhia, a Brasil Foods, maior processadora de frangos do mundo.

Setembro de 2009
Apoiou a fusão realizada entre JBS e Bertin. Antes da operação, o banco estatal desembolsara R$ 3,8 bilhões, para comprar 27% da Bertin (R$ 2,4 bi, em 2008) e 13% da JBS (1,4 bi, em 2007).

No fim do ano passado, o BNDES anunciou que vai comprar US$ 2 bilhões em debêntures emitidas pelo JBS no exterior para comprar a empresa norte-americana do setor de aves Pilgrim’s Pride.

Janeiro de 2010
Facilitou a compra, pelo grupo Andrade Gutierrez, de 33% da Cemig, então nas mãos do BNDES devido à uma dívida que AES (antiga proprietária da fatia da Cemig) tinha com o banco. A AG ficou com a dívida e com a participação na distribuidora.

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PRA: Um comentário final. Deve-se registrar não apenas o uso de dinheiro público -- ou seja, o seu, o meu, o nosso dinheiro, posto que o BNDES recebeu aportes do Tesouro em mais de 100 bilhões de reais, e deve receber ainda mais em 2010 -- em favor de empresas que poderiam tranquilamente se abastecer no mercado, interno ou externo (mas talvez não às taxas de mãe para filho do generoso BNDES, o que é restrito a elas, não extensível ao conjunto dos empresários brasileiros), mas deve-se igualmente registrar o potencial de corrupção envolvido nesse tipo de negócio. É óbvio que as empresas assim premiadas podem, e o farão, certamente, não apenas contribuir para o caixa de campanha do partido hegemônico, como também podem contribuir para o caixa pessoal de certos personagens. Isto não é uma acusação, é apenas uma suposição, com base em tudo o que se conhece do mundo e especialmente da experiência brasileira nesse tipo de promiscuidade entre o capital e o poder...

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