O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

Meu Twitter: https://twitter.com/PauloAlmeida53

Facebook: https://www.facebook.com/paulobooks

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Cuba: minha primeira experiencia com o Facebook

Explico: não se trata de Cuba e o Facebook, uma conexão pelo menos bizarra, como vocês devem imaginar.
Mas é que Cuba foi o objeto de minha primeira postagem no FaceBook, em 2010, quando eu ainda resistia a esta ferramenta, e na verdade fiquei ausente por mais três anos depois dessa experiência isolada e pioneira.
Quando decidir testar o novo instrumento, resolvi fazer um comentário sobre o anúncio pelo governo ditatorial em torno das mudanças econômicas na ilha, que pareciam prenunciar uma revolução capitalista no regime castrista, em direção de um sistema de tipo chinês, ou pelo menos vietnamita.
Nada disso aconteceu, como se sabe, mas aproveito para postar aqui o texto que fiz em setembro de 2010, em plena campanha eleitoral no Brasil.
Quatro anos depois, Cuba não mudou muito, ou quase nada, e o Brasil, se mudou alguma coisa, foi para pior, talvez no caminho de Cuba (aliás, ainda não se discutia a sustentação financeira da ditatura pelos companheiros totalitários do partido hegemônico brasileiro.
Em todo caso, rever antigos textos é sempre inspirador...
Paulo Roberto de Almeida 

O desenvolvimento do capitalismo em Cuba

September 20, 2010 at 10:07am
O mesmo título, substituindo Cuba por Rússia, foi usado no único livro de Lênin que foi resultado de pesquisa semi-acadêmica. Ele lidou com estatísticas agrárias, industriais e alguns outros indicadores econômicos, e foi tudo. As teses estavam pré-determinadas, e o resultado final, antecipadamente, era anunciado como sendo o socialismo, como a única via de "salvação" da Rússia, para fora do "purgatório capitalista", construindo o "paraíso socialista".
Depois de outro livro pretensamente teórico -- Imperialismo, etapa superior do capitalismo -- no qual ele copiou desavergonhadamente Hobson e Rosa Luxemburgo, Lênin se entregou a tarefas mais práticas, passando a construir o seu socialismo, depois de seu putsch de novembro de 1917.
Enfim, deu no que deu: miséria humana, escravidão da classe trabalhadora, e o maior desastre social, econômico e humano já vivido pela nação russa. Demorou setenta anos para acabar, mas acabou.
Pois bem, agora é Cuba que ensaia o caminho de volta do socialismo, em direção ao capitalismo.
Já deveriam ter aprendido bem antes: se não cinquenta anos atrás, pelo menos 20 anos atrás, quando a URSS se desfazia.
Vou seguir o edificante exemplo cubano, que se prepara para jogar no olho da rua um milhão (eu disse UM MILHÃO) de trabalhadores estatais, que são redundantes. Para que vocês tenham um ideia do que isso significa, basta dizer que a população total da ilha é de 11,2 milhões de pessoas, com menos de 5 milhões de PEA (ativos), ou seja, uma proporção enorme de desempregados potenciais, mais de 20% jogados na fila de desemprego. Bem, em Cuba eles tem muita experiência de fila, assim que este não é o problema.
O problema é que antes se fazia fila para receber a magra ração do governo, e dorenavante não haverá mais fila pois cada um terá de se virar por si mesmo.
Antevejo um lampejo de capitalismo em Cuba, e com isso a plutocracia gerontocrática será colocada no olho da rua, por sua vez.
Já não era sem tempo...
Paulo Roberto de Almeida

Nenhum comentário: