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sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

Resoluções de Ano Novo: minhas promessas (críveis?) para 2015 - Paulo Roberto de Almeida


Resoluções de Ano Novo: minhas promessas (críveis?) para 2015
(sem garantia de cumprimento, porém...)

Paulo Roberto de Almeida

Assim como existem as avaliações e balanços que empreendemos todo final de ano, assim como também existem as previsões que fazemos para cada ano que se inicia – de modo profissional ou amador, segundo as vocações; eu, por exemplo, sempre insisto nas minhas previsões imprevidentes, que são justamente aquelas que não devem se realizar –, existe uma categoria literária muito usada nos veículos de entretenimento que são as promessas de ano novo. É o que vemos nos programas de entrevistas com personalidades famosas, ou nas colunas de assuntos mundanos, quando o animador ou o colunista se põe a imaginar, ou a idealizar, tudo de bom, de útil, de agradável, ou, no limite, o que de necessário será preciso empreender no novo ano que se inicia para que ele seja, se não perfeito, pelo menos um pouco melhor, ou diferente, daquele que acaba de terminar (ano miserável, incompleto, frustrante). É um fato que as promessas nunca se realizam por completo, ou que falhamos miseravelmente nas intenções proclamadas um ano antes, mas como somos humanos, nunca desistimos, nem desacreditamos, e continuamos apostando no que possa ocorrer de melhor, como essas apostas no jogo, ou a compra renovada de bilhetes de loteria, imaginando o que fazer, depois, com todo aquele dinheiro que poderia, ou deveria, pingar na nossa conta.
Promessas de ano novo são uma especulação contra o futuro, uma espécie de aposta na esperança, contra a dura realidade da vida diária, invariavelmente feita de muita correria para ficar no mesmo lugar, mas sempre achando que, por uma vez, vai ser diferente. Sempre é diferente, obviamente, mas não necessariamente para melhor, muito embora os políticos e líderes partidários que nos governam estejam sempre prometendo que haverá trabalho para todos, que a renda vai crescer, que os serviços públicos vão melhorar e que as tarifas vão ser corrigidas no mínimo necessário para assegurar a qualidade da prestação daquilo que já pagamos com todos os impostos, taxas e contribuições, mas que somos abrigados a contratar privadamente nos mercados de bens e serviços. O que será que explica essa crença ingênua que mantemos nas promessas dos políticos? Seriam elas equivalentes às que fazemos nós mesmos para nosso uso pessoal, e que falham miseravelmente em se realizar integralmente? Se for assim, melhor largar toda esperança, caros ingênuos irrecuperáveis...
Não obstante, vou tentar a sorte eu também, talvez pela primeira vez em muitos anos, uma vez que minhas previsões imprevidentes se referem, quase sempre, a fatos da vida política e da conjuntura econômica do país, não a itinerários de vida ou a recortes da vida pessoal. Sem ter o hábito deste tipo de exercício, vejamos o que a minha mente já ocupada por mil e uma obrigações programadas – na vida professional, nas atividades acadêmicas, ou nas ocupações pessoais – poderia imaginar como promessas válidas de serem proclamadas, e inscritas, no calendário deste ano da graça de 2015, no contexto do trabalho profissional, ou na minha agenda de atividades previstas para o ano.
Começo, como teria de ser, pela produção intelectual, a faceta de minhas atividades pessoais que mais me absorve como simples vivente, além e acima das demais ocupações de natureza mais prosaica, que são aquelas, em todo caso, que são responsáveis pelo meu sustento material e financeiro. Prometo iniciar, finalmente, e se possível terminar, aquele segundo volume de minha história da diplomacia econômica no Brasil, desta vez voltada mais para as relações econômicas internacionais do Brasil, circunscritas ao período da República Velha e à primeira era Vargas (mais exatamente até Bretton Woods). Há anos, praticamente desde que terminei, entre 1999 e 2001, o primeiro volume – atrevidamente intitulado Formação da Diplomacia Econômica no Brasil: as relações econômicas internacionais no Império –, venho prometendo a mim mesmo, e aos meus leitores, terminar e entregar esse segundo volume, provisoriamente intitulado A Ordem Internacional e o Progresso da Nação: as relações econômicas internacionais do Brasil na era republicana. A concepção será um pouco diferente do primeiro volume, menos aborrecidamente baseado nos relatórios anuais da Secretaria de Estado do Ministério das Relações Exteriores, e mais fundamentado na literatura já acumulada em torno da história econômica do Brasil, mas sempre bem apoiado nos dados primários das relações econômicas externas do país: em comércio, finanças, investimentos estrangeiros, importação de mão-de-obra (ou seja, não mais tráfico ou escravidão e sim imigração europeia e asiática), relações regionais, multilateralismo e organização institucional e extensão geográfica do ministério. Como obra de fôlego, essa também deve ocupar-me por meses e meses, talvez durante o ano inteiro, se conseguir terminar, não obstante o fato de que várias partes já se encontram escritas, outras pesquisadas, e várias outras já tenham sido mapeadas mentalmente, com base em leituras anteriores e no conhecimento adquirido ao longo de muitos anos de pesquisas.
Teria ainda dois pequenos – ou grandes, dependendo da disposição – livros para terminar, ambos já escritos, em grande medida, mas faltando completar algumas partes imaginadas ou projetadas, e revisar o que já está pronto: um seria a compilação, ainda para ser agregada de mais três ou quatro capítulos, de minha série sobre as Falácias Acadêmicas, uma espécie de manual politicamente incorreto de todos os equívocos, ou bobagens, repetidamente ensinadas por professores ingênuos (ou mal formados, senão simplesmente deformados pelo gramscismo de botequim que vigora em nossas mal designadas academias) e que são ministradas a um público cativo, geralmente crédulo, de alunos passivos, submetidos impunemente ao besteirol que conhecemos; o segundo pode ser a minha outra série de minitratados, bem mais um divertimento do que um trabalho sério, feito de considerações jocosas sobre situações de vida, ou até de quase vida, como pode ser, por exemplo, a reencarnação.
Tenho muitos outros projetos de trabalho, alguns sérios, outros de pura diversão (para não dizer de gozação), já que a vida no Brasil já é suficientemente preocupante para que ainda agreguemos aos dilemas dominantes (na economia, na política, na mera esfera da ética pública e da moral ambiente). Não sei o que vou fazer, além do que já foi programado nos parágrafos precedentes, pois o mais provável que ocorra, e o que mais temo, é que me chamem para participar de algum livro coletivo, me solicitem muitos pareceres para artigos submetidos a revistas de sou consultor editorial, me convidem para palestras ou contribuições a publicações diversas, ademais da minha já prometida colaboração ao boletim da Associação dos Diplomatas Brasileiros, sob a forma de mini-resenhas para a seção Prata da Casa, ou seja, dos livros publicados por diplomatas. Tudo isso vai desviar-me dos trabalhos mais séries, e tomar um precioso tempo que tento usar para leituras, reflexões e escritos de ocasião, geralmente objeto de postagens em meu blog Diplomatizzando (um mero divertissement, como sempre o classifico).
Terei tempo, disposição, condições de realizar tudo isso em 2015? Não tenho ideia, mas o ideal seria começar imediatamente, sem esperar essas acalmias que sempre imaginamos que possam ocorrer, sem que elas realmente aconteçam. Vou colocar os projetos em minha agenda eletrônica, para que luzes, trinados e alarmes disparem a cada semana, para lembrar-me o quão atrasado estou no cumprimento de todas essas promessas. Em todo caso, declarando assim, e tornando públicas, elas se tornam ainda mais constrangedoras, obrigando-me a avançar no programado, ainda que seja para não passar vergonha. Será? Vamos marcar rendez-vous para daqui a seis meses, em meados do ano, portanto, esperando que algo tenha sido adiantado até lá. Inch’Allah!

Savannah, Georgia, 1o. de janeiro de 2015

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