quarta-feira, 5 de maio de 2010

A caminho da Bandabras, ou Largobras, whatever...

Confirmando as piores expectativas daquela parte da cidadania que ainda pensa com a cabeça no lugar, o governo pretende criar, recriar, reativar (whatever) mais uma estatal, ele que já criou mais de 40 (talvez mais) nos últimos anos.
Supostamente, a nova companhia vai oferecer conexões a "preços módicos", ou seja, uma forma de fazer demagogia (sempre com o nosso dinheiro, claro).

Abaixo a matéria que confirma essas piores intenções, com este meu único comentário: vai custar caro, e vai pesar no seu bolso, caro contribuinte, mesmo que você não perceba e não se dê conta de nada, pois nesta terra de Vera Cruz (que era o seu nome, até ser descoberta pelo Nosso Guia) todos os impostos estão escondidos...

Telebrás confirma participação no Plano Nacional de Banda Larga
Do Portal G1, 5.05.2010:

A Telecomunicações Brasileiras S.A. (Telebrás) informou em comunicado nesta terça-feira (4) que “integrará o Programa Nacional de Banda Larga - PNBL”, de acordo com “decisão governamental, informada pelo Ministério das Comunicações”. Na prática, o anúncio significa a decisão do governo de reativar a estatal.
Ainda segundo o comunicado, a Telebrás ficará responsável por “implementar a rede privativa de comunicação da Administração Pública Federal; prestar apoio e suporte a políticas públicas de conexão à internet em banda larga para universidades, centros de pesquisa, escolas, hospitais, postos de atendimento, telecentros comunitários e outros pontos de interesse público; prover infraestrutura e redes de suporte a serviços de telecomunicações prestados por empresas privadas, Estados, Distrito Federal, Municípios e entidades sem fins lucrativos; e prestar serviço de conexão à internet em banda larga para usuários finais, apenas e tão somente em localidades onde inexista oferta adequada daqueles serviços”.

A ministra-chefe da Casa Civil, Erenice Guerra, havia marcado para as 18 horas desta terça-feira uma reunião com outros ministros para discutir o PNBL. A expectativa é de que o plano seja oficialmente anunciado na quarta-feira (5) pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O Plano Nacional de Banda Larga está sendo discutido no governo desde meados do ano passado. No final de 2009, o presidente Lula solicitou estudos mais detalhados para avaliar quanto custaria ao governo montar uma estatal para atender também ao consumidor final, com o objetivo de baixar o preço da banda larga.

Estimativas da Casa Civil apontam para um custo total do projeto de até R$ 15 bilhões, entre recursos próprios de prestadoras e de financiamentos públicos. Mas o formato do programa ainda não foi definido.

Em novembro do ano passado, o Ministério das Comunicações apresentou um programa para ser executado pelas teles, com financiamento privado e público, através de desoneração tributária e uso de recursos de fundos setoriais retidos nos cofres do Tesouro.

A meta do PNBL é chegar a 2014 com 90 milhões de acessos à internet em alta velocidade.

No início de abril, a Oi apresentou ao governo um plano de expansão da banda larga no país em que a empresa ofereceria serviços de internet rápida a preços que podem variar de R$ 15 a R$ 35 - mesmos valores sugeridos pelo governo federal.

Dias depois, a Casa Civil se manifestou, dizendo que a Telebrás deveria ser a “espinha dorsal” do PNBL, enquanto empresas privadas de telefonia deveriam atuar de forma complementar.

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Quem quiser apostar comigo quanto ao cumprimento das metas do governo -- "A meta do PNBL é chegar a 2014 com 90 milhões de acessos à internet em alta velocidade" -- eu continuo colocando em jogo a minha coleção completa das obras do Lênin, uma oferta imperdível...

5 comentários:

  1. Não sou lá de jogatina, professor, mas essa oferta está muito baixa pra mão que o senhor acredita ter...

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  2. Países como a Finlândia têm como prioridade o acesso à Internet pela população como forma de inclusão social, busca de oportunidades, etc. Porquê no Brasil isso seria 'demagogia'?

    Se o Sr. está preocupado com o bom uso dos nossos impostos, o foco deveria ser mudado para o pagamento de juros dos títulos do Tesouro (que chegam à metade da arrecadação da União, vide http://www.divida-auditoriacidada.org.br/)

    Impostos revertidos em benfeitorias públicas deveriam motivar elogios e não críticas.

    Se privatização é a solução dos males, espero que o Sr esteja contente em pagar a 2ª maior tarifa de celular do MUNDO - eu particularmente não estou.

    Felipe

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  3. Felipe,
    Você nao está bem informado sobre a realidade do setor.
    Paises ricos, que resolveram todos os problemas de saneamento basico, transportes coletivos, agua potavel, saude e educacao decentes, e ainda assim dispoem de recursos suficiente podem se dar ao luxo de até pagar sobremesa para cada um de seus habitantes. Imagino que você não tenha familiaridade com as contas públicas do Brasil, os niveis de investimento, e as contas da Finlandia...

    Você deveria propor ao governo o calote dos titulos da divida publica. Alguem obrigou o governo a tomar dinheiro emprestado?, dinheiro que sai do seu bolso, se você não sabe...
    Sendo generoso assim com o governo, você deveria emprestar mais dinheiro voluntariamente a ele, ou então atender o pedido de empréstimo de um amigo seu e depois não reclamar quando ele anunciar que infelizmente não vai poder lhe devolver o dinheiro (sem juros, claro, porque você é generoso).
    Benfeitorias públicas são saude, educação e outros bens públicos que só o governo pode prover, et encore...
    Se você não sabe a razão de porque telefone, acesso a internet e outras coisas do genero sao caros no Brasil, deveria se informar. Pesquise sobre o peso dos impostos públicos, a cartelização do setor e outras deformações introduzidas pelo Estado.
    Aprenda um pouco mais de economia e se informe sobre como funcionam as coisas, acredito que você faria comentarios de outro tipo, mais bem informados, em todo caso...
    Paulo Roberto de Almeida

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  4. Sobre os títulos da dívida, recomendo que o Sr procure os livros do John Perkins. Ele elucida bem como funciona o sistema de servidão imposto através de empréstimos impagáveis. Ele menciona inclusive como o Brasil quebrou com o empréstimo de recursos para a construção da usina de Itaipu (em 1982, creio eu)

    Com todo o respeito à sua carreira e sua experiência, mas percebo que nossa diferença aqui é que o Sr preza pelo cumprimento das regras da economia internacional; eu as questiono se são realmente válidas e benéficas.

    Neste ponto também recomendo o documentário "The Money Masters" facilmente encontrado no Youtube, que mostra como é criado o dinheiro - o dólar, 'âncora' de todas as outras moedas mundiais.

    Eu vejo que essa é a principal diferença entre a 'direita' e a 'esquerda' no Brasil. Um prega pelo cumprimento das regras do jogo, o outro as questionam. Coincidentemente, a tendência é que os mais prósperos sejam conservadores, e a base da pirâmide social anseie por mudanças, já que apenas trabalho (quando tem) e boa vontade não garantem o suprimento de suas necessidades básicas.

    Não sou fã de política, mas precisei sair do Brasil (e das garras da mídia de massa) pra ver que o nosso governo atual faz o melhor que pode. E os resultados têm sido muito melhores que os governos anteriores.

    Poderia me extender bem mais sobre minhas opiniões, mas aqui não é o lugar mais adequado.

    Agradeço pela sua resposta ao meu comentário e quero parabenizá-lo pelo blog que é excelente.

    Abraços,

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  5. Felipe,
    Grato pelas recomendações, que conheço, por obrigação, mas deixe-me que lhe diga que eu estou um pouco à frente dessas sínteses semi-jornalísticas e semi-econômicas, algo simplistas, de vulgarizadores americanos, preferindo literatura mais séria e mais consistente.
    Essa servidão voluntária através de "empréstimos impagáveis" é absolutamente ridícula, como se os banqueiros imperialistas obrigassem na ponta da baioneta os dirigentes do Terceiro Mundo a assinar contratos lesivos de empréstimos. Poupe-me do besteirol por favor.
    Money Masters é outro exemplo do gênero: o dólar não é o que é por perversidade e conspiração imperialista.
    Você constroi uma economia mundial e a sua moeda vai ser dominante: as simple as that.
    Ate um beduino do Sahara e um nômade do deserto de Gobi aceitariam uma nota de dólar: tente faze-lo com o euro...
    Uma análise isenta do atual governo certamente vai separar a preservação da estabilidade -- com base numa politica que eles negavam anteriormente -- e a deterioracao fiscal que vai ser a sua heranca maldita.
    Dados econômicos não tem preferencias politicas; elas sao o que sao...
    Paulo Roberto de Almeida

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