Deverá realizar-se em SP, na terceira semana de julho, mais um encontro da Associação Brasileira de Relações Internacionais. Na ocasião será eleita uma nova direção para a entidade.
Abaixo as propostas da chapa Autonomia e Excelência, que podem ser lidas neste blog:
Autonomia e Excelência
A nossa proposta para a ABRI
Posted on 01/07/2011
No próximo encontro da ABRI, será eleita a nova diretoria para o período 2011-2013. Nesse sentido, gostaríamos de lhes apresentar nossa chapa, constituída a partir de uma posição consensual entre sócios da ABRI, diversos programas de pós-graduação e cursos de graduação, em torno de dois princípios que devem sustentar o processo de construção da Associação e do campo das Relações Internacionais: a autonomia e a busca por excelência.
Compreendemos que com a criação da ABRI em setembro de 2005 demos um grande passo para a construção das Relações Internacionais no Brasil como um campo de conhecimento autônomo. Àquela altura, avaliava-se que, a despeito da grande expansão do campo, professores e pesquisadores vinculados aos programas de pós-graduação, cursos de graduação e centros de pesquisa careciam de um espaço autônomo de intercâmbio acadêmico-científico e de expressão de suas demandas institucionais e políticas. Entre 2005 e 2010, as perspectivas de expansão da área se confirmaram, desenhando um quadro composto, hoje, por cerca de 100 programas de graduação e 13 de pós-graduação (compreendendo 13 cursos de mestrado e 6 cursos de doutorado), sem contar os programas que possuem áreas de concentração ou linhas de pesquisa em Relações internacionais. Tais números confirmam a pujança da área em termos do crescente interesse pelas relações internacionais e de uma conseqüente demanda por formação profissional.
O crescimento da área confirma a necessidade de consolidação das RI como um campo de conhecimentos autônomo e da ABRI como um fórum independente de debates acadêmicos e de articulação de demandas institucionais, com vistas à consolidação de padrões de excelência consistentes com as demandas e responsabilidades que lhe são atinentes. Nesse sentido, acreditamos que a busca de autonomia e excelência que conduziu à criação da Associação deve ser reafirmada como princípio orientador das atividades e do posicionamento público da ABRI. Naturalmente, a afirmação e defesa da autonomia da área de Relações Internacionais e da ABRI não devem prejudicar nosso diálogo fraterno com outras áreas nem, tampouco nossa capacidade de articulação com outras associações irmãs no Brasil e no exterior. A construção das Relações Internacionais como campo de conhecimento autônomo e da ABRI como uma Associação independente supõe três movimentos combinados:
1. Autonomia: reconhecer a diversidade e estimular a pluralidade
O reconhecimento da diversidade do campo de estudos das RI, tanto no que respeita à variedade de orientações teórico-metodológicas de seus “programas” e projetos de pesquisa, quanto no que concerne à heterogeneidade de posicionamentos políticos de seus pesquisadores é uma condição para a construção de uma associação plural e democrática. A diversidade do campo não deve ser tomada como problema, senão como sinal de seu vigor intelectual. Nesse sentido, a ABRI deve, no melhor espírito republicano e consoante o princípio elementar da honestidade acadêmica, contribuir para fazer vicejar a diversidade e buscar descrevê-la e representá-la em suas atividades.
Acreditamos que, desde sua fundação, a ABRI desempenhou esse papel, incentivando a presença das mais diversas orientações em seus encontros e pautando seu posicionamento público na prática da consulta a pesquisadores e programas e na busca pelo entendimento. Assim, seguindo o caminho até aqui palmilhado, propomos:
(i) Incentivar e facilitar a criação de novos canais horizontais de consulta e articulação entre os programas de pós-graduação em Relações Internacionais e fortalecer os mecanismos já existentes. Nesse contexto, a ABRI, reconhecendo e respeitando a autonomia e a diversidade dos programas, deve facilitar e apoiar a construção do fórum de coordenadores de programas de pós-graduação em Relações Internacionais. Tal mecanismo é essencial para o posicionamento da associação não apenas diante das agências estatais, como também em face de entidades civis e, particularmente das associações científicas nacionais e estrangeiras;
(ii) incentivar o diálogo e a cooperação entre os cursos de graduação em Relações Internacionais através do apoio ao fórum de coordenadores de cursos de graduação, cuja primeira reunião, encontra-se prevista para o próximo encontro;
(iii) incentivar o intercâmbio de experiências e o fortalecimento de nossos periódicos através da criação do Fórum de editores de periódicos científicos;
tais fóruns deverão contribuir para:
(iv) qualificar e ampliar a participação da ABRI junto às agências de fomento e avaliação, particularmente a CAPES, o CNPq, e o INEP.
(v) fortalecer e aprofundar os laços com associações científicas brasileiras e estrangeiras com quem devemos trabalhar cooperativamente, observando, contudo as especificidades e autonomia do campo das Relações Internacionais e a independência de nossa Associação.
2. Excelência: fortalecer a graduação e a pós-graduação e contribuir para a formação científica e profissional
Ainda consoante o espírito da fundação da ABRI, acreditamos que a Associação deve contribuir para o fortalecimento de seus cursos de graduação e seus programas de pós-graduação. Nossa proposta pretende dar prosseguimento e aprofundar as ações que tiveram lugar nos últimos anos, através do incentivo ao debate de padrões de qualidade para nossas graduações, do estímulo à criação de canais horizontais de consulta, articulação e cooperação entre os programas de pós-graduação e cursos de graduação e, finalmente, de apoio à pesquisa e à produção acadêmica, nos limites que cabem à uma associação científica. Para tanto, acreditamos que a ABRI deve:
(vi) Executar no próximo período a decisão já tomada no âmbito da atual diretoria de criação de uma revista científica da associação;
(vii) Criar prêmios que reconheçam a excelência da produção científica no campo das Relações Internacionais, nos níveis da graduação (iniciação científica), mestrado (dissertações) e doutorado (teses)
(viii) criar oportunidades de debate acadêmico entre estudantes, professores e pesquisadores vinculados a programas de pós-graduação através da promoção de Seminários de pós-graduação e workshops doutorais;
(ix) facilitar e apoiar iniciativas de cooperação entre programas de pós-graduação com vistas à construção de projetos de ensino e pesquisa comuns;
(x) Fortalecer o Seminário Nacional de Graduação em Relações Internacionais – cuja 1a edição teve lugar em 2010 – como instância para a promoção de padrões de qualidade para os cursos de graduação e debate acerca da formação profissional no campo das RI;
(xi) Incentivar a cooperação entre os cursos de graduação através da promoção da pesquisa nacional de egressos e do intercâmbio de experiências de ensino e iniciação científica;
3. Autonomia, Excelência e independência: ampliar a presença da ABRI nos debates de temas da Política Internacional
A construção de um campo de conhecimento autônomo e de uma associação independente, supõe, finalmente, maior participação da ABRI e de seus associados nos debates públicos em torno dos problemas internacionais que afetam a sociedade brasileira. Para tanto, acreditamos que a ABRI deve dar os primeiros passos no sentido da constituição de arenas de discussão que permitam o diálogo entre a comunidade acadêmica, os profissionais de relações internacionais e os diversos atores sociais envolvidos nos processos de tomada de decisão acerca dos temas que compõem a agenda internacional do Brasil. Nessa direção propomos:
(xii) a criação de grupos de trabalho, no interior da Associação, para o debate de temas relevantes das Relações Internacionais do Brasil;
(xiii) a participação em, e eventual criação de, arenas interdisciplinares e inter-institucionais para o debate de temas relevantes das Relações Internacionais do Brasil;
(xiv) dar maior publicidade aos debates promovidos no interior da Associação ou pelos diversos programas da área acerca dos grandes temas da agenda internacional.
A construção de um campo de conhecimentos autônomo, de uma Associação independente e, finalmente de padrões de excelência consistentes com as responsabilidades impostas ao profissionais de relações internacionais e à nossa comunidade acadêmica, exige o aprofundamento e a ampliação das atividades da ABRI.
O seu apoio e participação são indispensáveis para esse projeto.
A chapa Autonomia & Excelência é formada por professores universitários de diversas instituições brasileiras e de diferentes tradições científico-acadêmicas da área. Na chapa está representada a diversidade regional da graduação e da pós-graduação em Relações Internacionais. O nosso time é formado por:
Diretoria Executiva:
Presidente – Paulo Lavigne Esteves – Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro – PUC-RIo;
Secretária-geral – Matilde de Souza – Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais – PUC-Minas;
Secretário-adjunto – Antônio Carlos Lessa, Universidade de Brasília – UnB;
Tesoureiro - Carlos Enrique Ruiz Ferreira, Universidade Estadual da Paraíba – UEPB;
Diretores:
Eduardo Viola, Universidade de Brasília – UnB;
Gunther Rudzit, Fundação Armando Álvares Penteado – FAAP;
Paulo José dos Reis Pereira, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP;
Carlos Arturi, Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS.
Conselho Fiscal:
Danny Zahreddine, Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais – PUC-Minas;
Francisco Gomes Filho – Universidade Federal de Roraima – UFRR.
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