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sábado, 27 de agosto de 2011

Ou o Brasil acaba com as "sauvas", ou as sauvas acabam com o Brasil

Reportagem especial da revista Veja resumida neste post do jornalista Reinaldo Azevedo.
Ainda aguardo a entrega do meu exemplar para ler na íntegra; mas a amostra já permite saber que tipo de governo temos hoje no Brasil. Não sei porque isto me lembra filmes da máfia dos anos 1930, ou então, como dito na capa, a série de filmes baseados nos livros de Mario Puzzo, sobre a saga dos Corleone. Acho que é muito pior: a máfia italiana fazia tudo aquilo afetando certo número de americanos (bebedores de álcool, jogadores, consumidores de drogas, etc), no caso do Brasil estamos falando de milhões afetados, na verdade todos nós.
APENAS UMA PERGUNTA, EM CAIXA ALTA, COMO SE DEVE: POR QUE A POLÍCIA FEDERAL, SEMPRE ATIVA EM DESMANTELAR QUADRILHAS, NÃO INVESTIGA O CAPO SUPREMO?
Paulo Roberto de Almeida

O GOVERNO PARALELO DE DIRCEU. E DILMA SABE DE TUDO!
Reinaldo Azevedo, 27/08/2011 09:01:27

Dá pra entender o estresse de ontem de José Dirceu. A reportagem de capa da revista VEJA revela que membros do primeiro escalão do governo, dirigentes de estatais e parlamentares - INCLUSIVE UM DA OPOSIÇÃO - se ajoelham aos pés do cassado, a quem ainda chamam de “ministro” e prestam reverências. É isto mesmo: o deputado defenestrado, o homem processado pelo STF e acusado de ser chefe de quadrilha é tratado por figurões de Brasília como um chefão — o Poderoso Chefão. Dirceu está bravo porque a reportagem é devastadora para a reputação da República e deveria ser também para ele e para aqueles que fazem a genuflexão. Vamos ver. Uma coisa é certa: a presidente Dilma sabe de tudo; tem plena consciência de que seu governo é assombrado e monitorado — às vezes com tinturas claras de conspiração — por um ficha-suja.

A reportagem de Daniel Pereira e Gustavo Ribeiro está entre as mais importantes e contundentes publicadas nos últimos anos pela imprensa brasileira. Ela desvenda o modo de funcionamento de uma parte importante do PT e os métodos a que essa gente recorre. E traz detalhes saborosos: podemos ver as imagens das “autoridades” que vão até o “gabinete” de Dirceu, montado no Naoum, um hotel de luxo de Brasília, onde se produz, nesse caso, o lixo moral da República. VEJA conseguiu penetrar no cafofo do Muammar Kadafi da institucionalidade brasileira. Eis alguns flagrantes.

(imagem Veja)
Dirceu chegando ao bunker. Pimentel e os senadores Walter Pinheiro, Delcídio Amaral e Lindbergh Farias: operação derruba-Palocci

Anotem alguins nomes cargos e dia do encontro:
- Fernando Pimentel, Ministro da Indústria e Comércio (8/6);
- José Sérgio Gabrielli, presidente da Petrobras (6/6);
- Walter Pinheiro, senador (PT-BA) - (7/6);
- Lindberg Farias, senador (PT-RJ) - (7/6);
- Delcídio Amaral, senador (PT-MS) - (7/6);
- Eduardo Braga, senador (PMDB-AM) - (8/6);
- Devanir Ribeiro, deputado (PT-SP) - (7/6);
- Candido Vaccarezza, líder do governo na Câmara (PT-SP) - (8/6);
- Eduardo Gomes, deputado (PSDB-TO) - (8/6);
- Eduardo Siqueira Campos, ex-senador (PSDB-TO) - (8/6)

Esses são alguns dos convivas de Dirceu, recebidos, atenção!, em apenas 3 dias — entre 6 e 8 de junho deste ano. Leiam a reportagem porque há eventos importantes nesse período. É o auge da crise que colheu Antonio Palocci. Ele caiu, é verdade, por seus próprios méritos — não conseguiu explicar de modo convincente o seu meteórico enriquecimento. Mas, agora, dá para saber que também havia a mão que balançava o berço. Uma parte da bancada de senadores do PT tentou redigir uma espécie de manifesto em defesa do ministro, mas encontrou uma forte resistência de um trio: Delcídio Amaral, Walter Pinheiro e Lindbergh Farias - os três que foram ao encontro de Dirceu no tarde no dia 7. À noite, Palocci pediu demissão.

Dirceu, então, mobilizou a turma para tentar emplacar o nome de Cândido Vaccarezza para a Casa Civil. O próprio deputado foi ao hotel no dia 8, às 11h07. Naquela manhã, às 8h58, Fernando Pimentel já havia comparecido para o beija-mão. A mobilização, no entanto, se revelou inútil. Dilma já havia decidido nomear Gleisi Hoffmann.

VEJA conversou com todos esses ilustres. Afinal de contas, qual era a sua agenda com Dirceu? Gabrielli, o presidente da Petrobras, naquele seu estilo “sou bruto mesmo, e daí?”, respondeu: “Sou amigo dele há muito tempo e não tenho de comentar isso”. Não teria não fosse a Petrobras uma empresa mista, gerida como estatal, e não exercesse ele um cargo que é, de fato, político. Não teria não fosse Zé Dirceu consultor de empresas de petróleo e gás. Dilma não tem a menor simpatia por ele, e Palocci já o havia colocado na marca do pênalti. Mais um pouco de interiores?

(imagem Veja)
Sérgio Gabrielli, Eduardo Braga e Devanir Ribeiro. Atenção! Este último é lulista...

Não está na lista de hóspedes. E a máfia
O governo paralelo de Dirceu ocupa um quarto no hotel Naoum. Seu nome não consta da lista de hóspedes. A razão é simples. Quem paga as diárias (R$ 500) é um escritório de advocacia chamado Tessele & Madalena, que também responde pelo salário de Alexandre Simas de Oliveira, um cabo da Aeronáutica que faz as vezes, assim, de ajudante de ordens do petista. Um dos sócios da empresa, Hélio Madalena, a exemplo de Oliveira, já foi assessor de Dirceu. O seu trabalho mais notável foi fazer lobby para que o Brasil desse asilo ao mafioso russo Boris Berenzovski. Essa gente sempre está em boa companhia. Foi de Madalena a idéia de instar a segurança do Hotel Naoum a acusar o repórter de VEJA de ter tentado invadir o quarto alugado pela empresa, mera manobra diversionista para tentar tirar o foco do descalabro: um deputado cassado, com os direitos políticos suspensos, acusado de chefiar uma quadrilha, montou um “governo paralelo”. A revista já está nas bancas. Leia a reportagem, fartamente ilustrada, na íntegra.

Abaixo, segue um quadro com todas as áreas de “atuação” do “consultor de empresas privadas” e “chefe de quadrilha”, segundo a Procuradoria Geral da República. Se Dilma não agir, será engolida. Poderia começar por demitir Pimentel e Gabrielli. Ou manda a presidente, ou manda José Dirceu.

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Addendum:

DESMONTANDO A FARSA QUE DIRCEU PREPAROU PARA ANIMAR A AL QAEDA ELETRÔNICA A SOLDO. OU: A DEMOCRACIA INVADE O BUNKER DO GOVERNO CLANDESTINO
Reinaldo Azevedo, 27/08/2011 19:13:05

José Dirceu, que a Procuradoria Geral da República acusa de ser “chefe de quadrilha”, comporta-se como José Dirceu ao compor uma história mal-ajambrada — que não guarda nem mesmo coerência interna — para tentar mudar o foco da questão. Acreditam em suas palavras os seus subordinados ideológicos, os trouxas e aqueles que fazem negócios com a banda podre do petismo. Enviam-me um link do Portal Terra em que se “informa” que Dirceu acusa VEJA de “invadir seu apartamento”. É uma mentira dentro de outra. Nem ele próprio teve essa cara-de-pau. A acusação fantasiosa é de “tentativa de invasão”. Quem redigiu o texto tentou ser mais “dirceuzista” do que Dirceu. Ah, sim: para o portal, a notícia está na acusação do “chefe de quadrilha” (segundo a Procuradoria), não no FATO COMPROVADO de ele receber a cúpula do governo num aparelho clandestino.

Dirceu é realmente um homem notável. Parece ter certa dificuldade para identificar um crime. Não por acaso, referindo-se, certa feita, ao mensalão, disparou: “Estou cada vez mais convencido da minha inocência…” Muito bem! No texto patético publicado em seu blog nesta sexta-feira, NUMA TENTATIVA DE INTIMIDAR A VEJA E DE SE PRECAVER DO QUE ELE JÁ SABIA QUE A REVISTA SABIA, afirma esse monumento da moralidade nacional que o repórter Gustavo Nogueira “tentou invadir” na quarta-feira o quarto em que ele se hospedava.

É mesmo? Na quarta?
Sabem quando foi registrado o Boletim de Ocorrência denunciado a suposta “tentativa de invasão”? SÓ NA NOITE DE QUINTA. Ou seja: foram necessárias, então, mais de 24 horas para que a segurança do hotel e José Dirceu acusassem o suposto crime. Que gente lenta, não é mesmo? Que gente lerda, não é? Lembra a piada da pessoa decorosa que dá 24 de prazo para que o outro lhe tire a mão da coxa…

Não percam o fio. A “tentativa de invasão” teria ocorrido em algum momento da quarta, Dirceu não dá a hora, mas o BO só foi lavrado na noite do dia seguinte. O que teria levado à decisão de criar a farsa? Dirceu confessa em seu texto. Na tarde de quinta-feira, o jornalista Daniel Pereira, de VEJA, encaminhou-lhe por e-mail algumas questões, a saber:
1 - Quando está em Brasília, o ex-ministro José Dirceu recebe agentes públicos — ministros, parlamentares, dirigentes de estatais — num hotel. Sobre o que conversam? Demandas empresariais? Votações no Congresso? Articulações políticas?
2 - Geralmente, de quem parte o convite para o encontro - do ex-ministro ou dos interlocutores?
3 - Com quais ministros do governo Dilma o ex-ministro José Dirceu conversou de forma reservada no hotel? Qual o assunto da conversa?

A farsa
Pronto! Dirceu percebeu que a casa tinha caído, que seu bunker — NÃO O SEU APARTAMENTO OU QUARTO — havia sido invadido pela democracia. As perguntas enviadas por Daniel Pereira evidenciavam, sim, que VEJA já sabia de tudo. Era preciso inventar rapidamente uma história; era preciso fornecer à Al Qaeda eletrônica, que presta serviços à banda podre do PT, uma versão, uma história, para espalhar na rede. Afinal, não foi sempre assim? “O mensalão nunca existiu”, lembram-se? Tratava-se apenas de “recursos não-contabilizados”.

Em se texto ridículo, ele afirma ter o direito de se encontrar com quem quiser. Claro que sim! Não duvido que tenha mantido colóquios com pessoas de muito mais baixa estirpe do que aquelas que foram lá se ajoelhar. Elas é que não podem e não devem manter encontros secretos com um declarado “consultor de empresas privadas”, que é só uma perífrase para a palavra “lobista”. Se os convivas de Dirceu fossem empresários, sindicalistas, gente sem qualquer cargo público, a coisa não teria o menor interesse. O Zé sentiu cheiro de carne queimada e resolveu investir numa fantasia cretina. Ora, tivesse mesmo havido o “crime” da reportagem da VEJA, que se acionasse a polícia imediatamente. Não! Dirceu só se lembrou de fazê-lo quando recebeu as perguntas enviadas pela reportagem.

Pessoas ouvidas
VEJA ouviu — reproduzi no post da manhã deste sábado imagens que o comprovam — os empregadinhos de Dirceu que foram lá fazer a genuflexão. Àquela altura, todos eles estavam numa troca frenética de telefonemas: “Ihhh, ferrou! A VEJA descobriu!” — como costuma acontecer, né? Era preciso dar alguma resposta. Como explicar que um ministro do Estado, um presidente de estatal, três senadores do PT, o líder do governo na Câmara, entre outros, tenham ido ao encontro de Dirceu, todos eles interessados na queda do então ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci? Era, obviamente, uma conspiração contra o próprio governo Dilma. E se criou a farsa da “tentativa de invasão”. Cumpre fazer uma nota à margem: ainda que tivesse havido, não há um só dado da reportagem que pudesse ser atribuído a ela.

Quem é o hóspede?
Há outras impropriedades no texto de Dirceu. Ele diz, por exemplo, que a reportagem de VEJA “tentou invadir o apartamento no qual costumeiramente me hospedo em um hotel de Brasília.” As palavras fazem sentido. Dirceu nem mesmo é “hóspede” porque quem paga a conta é o escritório de advocacia Tessele & Madalena. Aliás, como informa o BO, a empresa deixa à disposição do valente não um, mas dois quartos. Foi do advogado Helio Madalena, um dos sócios, apurou VEJA, a idéia de denunciar a “tentativa de invasão”. Não é a operação mais complexa em que já se meteu. Já se mobilizou, por exemplo, para que o Brasil concedesse asilo político ao mafioso russo Boris Berenzovski. Esses petistas, diga-se, lembram muito aquilo que, no velho Nordeste, se chamava “rapariga”: contam sempre um “senhor” que os ajuda. Por que um “consultor” de sucesso como Dirceu não pode pagar a conta dos apartamentos em que “costumeiramente” se hospeda, como ele mesmo diz?

Há mais: a história relatada no BO não bate com o que afirma Dirceu em seu post. As inconsistências, no entanto, são, em si irrelevantes. No fim das contas, é tudo parte do jogo. Essa é uma velha tática dessa gente: espalhar 10 versões ao mesmo tempo, todas elas contraditórias entre si, para que seus adversários percam tempo desmentindo a penca de mentiras, como se estivessem se justificando.

Quem tem se de justificar é José Dirceu!
Quem tem de se justificar é Fernando Pimentel!
Quem tem de se justificar é José Sérgio Gabrielli!
Quem tem de se justificar são todos aqueles que foram prestar serviços ao governo clandestino montado por José Dirceu e que serve de núcleo de conspiração contra o governo eleito, que é o Dilma Rousseff.

Dirceu não foi eleito por ninguém! Ao contrário: Dirceu é, diz a Procuradoria, um “chefe de quadrilha” cassado.

Quanto à Al Qaeda eletrônica, dizer o quê? A canalha vai ter de pedir aumento a quem lhe paga o salário. VEJA TEM OBRIGADO OS VAGABUNDOS A TRABALHAR TAMBÉM AOS SÁBADOS E DOMINGOS.

Por último: VEJA não invadiu lugar nenhum! Quem sabe um dia a ala profissional da Polícia Federal o faça. Afinal, a reportagem de capa, com efeito, não relata um caso de política, mas um caso de polícia.

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