Não tenho nenhuma ilusão de que essa conquista virá logo, sequer no médio prazo. Não tenho nenhuma ilusão de que os parlamentares brasileiros vão aderir a um sistema que corrige iniquidades eleitorais que há muito precisam ser extintas.
Não tenho nenhuma ilusão de que o sistema político-partidário ou que a legislação eleitoral caminhe no sentido da correção de suas atuais deformações, dos verdadeiros atentados à lógica, aos bons costumes e à moralidade. Creio que ele vai continuar corrupto, imoral e deformado durante muito tempo, talvez muito mais tempo do que possamos imaginar.
Isso não é motivo, porém, para deixar de lutar pelas boas causas.
Paulo Roberto de Almeida
O voto distrital aproxima o eleitor do seu representante no Congresso, melhora a fiscalização sobre os deputados e diminui a corrupção
O modelo brasileiro de votação para a Câmara dos Deputados faz duas vítimas a cada pleito: a lógica e o eleitor. A lógica, porque regras obtusas permitem, por exemplo, que votos dados a um candidato sejam usados para eleger outro.
O eleitor, porque a ineficiência do processo faz com que, semanas depois de ir às urnas, ele mal se lembre de em quem votou.
A fim de corrigir essas distorções, um grupo de empresários e estudantes de São Paulo está propondo a adoção do voto distrital no Brasil. O modelo parte da divisão do país em distritos (no caso do Brasil, 513 – o mesmo número de cadeiras na Câmara), que elegeriam, cada um, o seu representante.
Os organizadores do movimento “Eu voto distrital” prepararam uma série de
simulações sobre como seria o Brasil sob esse novo modelo. Uma delas revela que, se o sistema já estivesse em vigor em 2010, o partido que mais perderia com ele seria o PT – o que explica o fato de a sigla ser, desde já,
inimiga número 1 da proposta.
A edição de VEJA que chega às bancas neste sábado traz dez motivos pelos quais essa ideia merece o seu apoio. Entre eles estão o barateamento das campanhas, o fim do efeito Tiririca, o enfraquecimento das oligarquias e a diminuição da corrupção.
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