Ontem foi o primeiro grande dia do CACD 2012. Apenas cerca de 4% do mais de 6000 inscritos ultrapassarão esta etapa. Espero que todos os leitores deste blog, meus alunos e todos os demais candidatos tenham tido boa sorte na execução da prova.
Comentarei a prova por disciplina, depois apresentarei minha impressão geral. Gostaria de salientar que são apenas as minhas impressões de professor e orientador de candidatos, e não devem ser tomadas como afirmações absolutas. Após o gabarito e após o desenvolvimento do ranking, poderei mudar de opinião, ou não, como diria o glorioso Caetano.
A prova de português seguiu o padrão do CACD 2011, com muitas questões de interpretação e com peso relativo menor de sintaxe. Confirmou-se a tendência de mudança para aqueles que preferiam acreditar que a prova de 2011 havia sido um ponto fora da curva. Muito embora tenha sido uma prova trabalhosa, os candidatos que compreenderam a tendência e se prepararam adequadamente devem ter bom desempenho.
A prova de política internacional foi bastante coerente. As 11 questões foram abrangentes e trataram de atualidades, sempre concentradas naquilo de mais relevante para a política externa brasileira. MERCOSUL, UNASUL, BRICS, IBAS, BASIC, oriente médio e primavera árabe, comércio exterior, África, questão nuclear, teoria das relações internacionais. O que faltou? Nada, porque meio ambiente caiu em geografia! Por outro lado, havia itens de alto grau de dificuldade, cuja solução dependia do conhecimento de detalhes e de especificidades com relação aos temas. Esses detalhes serão a armadilha de muitos candidatos desprevenidos.
Geografia foi uma prova limitada pela pequena extensão, apenas quatro questões. Esse fator limita demais a abrangência da prova. Ainda assim, foi possível surpreender com questões que os candidatos esperavam em outras provas, como a de meio ambiente, esperada em PI, e a de limites e fronteiras, sempre esperada na prova de história do Brasil.
Inglês foi uma prova bem elaborada, acredito que bastante equilibrada. Sempre se deve considerar que o grau de dificuldade da prova está diretamente relacionado ao nível de cada candidato na língua, portanto não se podem fazer afirmações absolutas sobre esta prova.
A prova de direito teve grande ênfase em direito interno, o que alguns candidatos consideram surpreendente. Eu diria que não foi tão surpreendente assim, porque o mesmo ocorreu em concurso recente, mais especificamente em 2009. O grande mérito e, ao mesmo tempo, o grande problema de uma prova assim é que uma prova com esse estilo testa a ênfase dada pelos candidatos em relação a cada ponto do programa. Por isso afirmo repetidamente que se deve estar preparado pra tudo.
Economia confirmou a tendência recente de "desmatematização da prova". Mais teoria, menos matemática, mais raciocínio econômico, menos cálculo. Para uma prova de "noções", como ainda é definida, estava bastante bem elaborada.
História do Brasil teve pouca ênfase em HPEB, o que não foi surpreendente. Há pelo menos uma questão controversa, mas deixemos esse debate para os candidatos e para os recursos. De forma geral, foi uma prova bem elaborada.
História mundial pareceu a mim, e a todos os candidatos com quem conversei uma prova mais equilibrada do que a de 2011. Acredito que se deva ter atenção com a sensação de "falsa facilidade" desta prova, uma que é extensa, e muitas armadilhas esperam os candidatos em detalhes que são ignorados ou desconhecidos. Muito embora a prova estivesse mais equilibrada, acredito que deverá ser uma das responsáveis pela diminuição da média geral, juntamente com a prova de português.
Minha avaliação geral da prova pode ser sintetizada nos seguintes pontos:
1- acredito que deve ser mantido o padrão de desempenho do CACD 2011. Não esqueçamos que a prova, pela primeira vez, repetiu o número de questões por disciplina;
2- O grande número de questões de múltipla escolha deve ser o principal fator de contenção a nota de corte. Mais do que pontos perdidos, são os pontos não alcançados nessas questões que diminuem a média geral;
3- A nota de corte não deve ser muito mais elevada do que a nota do 200o colocado em 2011 (42,2), a não ser que haja grande número de anulações de questões. Se houver muitas anulações, sobe a média geral e sobe a nota de corte.
Espero ter contribuído para o debate. Nos próximos dias, voltarei a discutir esse tema com base no gabarito provisório e no desenvolvimento do ranking. Desejo boa sorte a todos e espero encontrá-los no curso de segunda fase!
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Comentário de um leitor, candidato, indignado, se ouso dizer, provavelmente com inteira razão:
Um processo seletivo discricionário e vergonhoso. Erros crassos que só evidenciam a incompetência do Cespe, totalmente incompatível com o grau de exigência da prova. A mera disposição da numeração dos itens em sua sequência lógica parece um desafio homérico para essa instituição que se quer exemplo de primazia na seleção dos "candidatos". Muitos dos quais serão aprovados sem a menor vocação para o cargo.
Dor de cotovelo? Talvez. Mas com páginas que trazem o nome do candidato impresso em frente e verso, questões mal formuladas, e funcionários sem competência para, sequer, transmitir informações coerentes quanto ao procedimento frente à palhaçada da "dança dos números" da última prova, só resta o ceticismo. Tanto melhor que o processo não se pretendesse "democrático".
No mais, desculpas pela indignação, se parece infundada, mas não pela sinceridade.
Saudações ao Professor.
Um comentário:
Um processo seletivo discricionário e vergonhoso. Erros crassos que só evidenciam a incompetência do Cespe, totalmente incompatível com o grau de exigência da prova. A mera disposição da numeração dos itens em sua sequência lógica parece um desafio homérico para essa instituição que se quer exemplo de primazia na seleção dos "candidatos". Muitos dos quais serão aprovados sem a menor vocação para o cargo.
Dor de cotovelo? Talvez. Mas com páginas que trazem o nome do candidato impresso em frente e verso, questões mal formuladas, e funcionários sem competência para, sequer, transmitir informações coerentes quanto ao procedimento frente à palhaçada da "dança dos números" da última prova, só resta o ceticismo. Tanto melhor que o processo não se pretendesse "democrático".
No mais, desculpas pela indignação, se parece infundada, mas não pela sinceridade.
Saudações ao Professor.
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