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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

domingo, 25 de março de 2012

Politica industrial esquizofrenica, politica economica improvisada


O governo -- ou o Ministro Mantega -- dá a impressão desses meninos confusos que, confrontados a fissuras na barragem, metem o dedo para impedir que a água jorre; logo depois tem uma nova fissura ali adiante, um outro buraco acolá, e o garoto corre de um lado a outro, tentando reparar o desgaste em relação ao qual ele -- governo -- não fez nada durante muito tempo.
O que significam esses "incentivos" a determinados setores industriais?
Nada mais do que areia nos olhos de certos industriais, para dar a impressão que o governo anda fazendo alguma coisa e, na verdade, o que ele dá com uma mão -- esses benefícios setoriais, e até para certos ramos ou indústrias, dos "espertos" que foram a Brasília chorar suas misérias, e da ares de interesse nacional o que é apenas interesse próprio --, o que ele dá com uma mão, dizia eu, ele retira com a outra, de toda a sociedade, daí a mesma reclamação dos empresários e analistas que a carga tributária na verdade não baixou, de fato aumentou, para todos, a começar para a chamada classe média de consumidores obrigados de produtos nacionais (já que o governo também pratica protecionismo barato, tosco, primitivo).
Esses "subsídios" a setores industriais -- que não são subsídios, obviamente, apenas o bode que o governo tira da sala de uns chorões selecionados -- apenas transferem renda do conjunto da população para uns poucos que já são ricos, e não resolvem, absolutamente, problemas estruturais da economia e da infraestrutura: impostos altos e irracionais, por cumulativos; burocracia infernal, começando por esse órgão fascista que é a Receita Federal e indo a outro fascista que é a Anvisa, e vários outros; infraestrutura miserável; custos elevados para qualquer serviço interno que se pensar (já que isento de concorrência com equivalentes estrangeiros); protecionismo rastaquera nas fronteiras; custo enorme da máquina do Estado, com todos os seus marajás e milhares de companheiros pendurados nele; enfim, o governo não faz nada, absolutamente nada do que é necessário, e só se ocupa de colocar o dedo em algumas fissuras.
O que é um "pacote" de medidas?
Mais um conjunto de medidas improvisadas, irracionais, que vão piorar ainda mais o meio do campo, já que criando regras especiais para A e B, enquanto deixam ao relento, e cobram mais de todas as demais letras do alfabeto, que somos todos nós; esses pacotes de governo, pensados às pressas (ops, mal pensados, se pensados), não resolvem nada e são apenas ridículos.
Medidas "ousadas"!!! Vocês já ouviram falar de alguma medida "ousada" deste governo ou do anterior?
Só as que transferem mais recursos da sociedade para o bando de rapineiros que nos governam.
Paulo Roberto de Almeida 

Incentivos do governo às empresas somam R$ 97,8 bilhões em seis anos

Lu Aiko Otta e Adriana Fernandes
O Estado de S. Paulo, 24 de março de 2012



A cifra é o dobro do que o governo pretende gastar no PAC ao longo deste ano 

BRASÍLIA - De 2007 a 2012, o governo baixou medidas que desoneraram as empresas em, no mínimo, R$ 97,8 bilhões, segundo levantamento da Receita Federal obtido peloEstado. A cifra é o dobro do que o governo pretende gastar no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) este ano e corresponde a quatro vezes a verba reservada para o programa Brasil sem Miséria, prioridade da presidente Dilma Rousseff. Ainda assim, a alta carga tributária foi a queixa mais comum entre os 28 pesos pesados da economia que estiveram com Dilma na quinta-feira.
As desonerações não foram adotadas como uma estratégia ou política de governo, mas foram reações aos efeitos da crise global que deprime a economia mundial desde meados de 2008 e afetou gravemente a competitividade da indústria brasileira. Porém, o avanço dos importados e a tendência de desindustrialização parecem imunes à atuação do governo.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, completa seis anos no cargo na terça-feira. Em suas primeiras entrevistas, ele já falava em desonerar a folha salarial das empresas, medida que foi novamente prometida esta semana, durante a reunião com a presidente Dilma. Também apontava o câmbio como um problema central, mas o dólar barato continua sendo a maior dor de cabeça do setor produtivo.
"O governo pode ter desonerado bastante, mas a carga tributária não caiu. Ao contrário, aumentou", diz o economista Mansueto Almeida. "O custo de produção continua alto e maluco."
Hiperatividade. Para Armando Castellar, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas, atuações pontuais como as feitas pelo governo têm efeito localizado e temporário. "O problema maior é a hiperatividade de medidas do governo", criticou. "O País precisa de um programa de médio e longo prazos que ataque os problemas estruturais de competitividade, como infraestrutura e carga tributária."
Em sua defesa, o governo argumenta que a situação estaria muito pior se o ministro não tivesse agido. É certo também que medidas adotadas pelo governo quase nada podem fazer para combater os efeitos da desaceleração da economia global e a avalanche dos industrializados asiáticos.
Porém, a própria Dilma está insatisfeita com o elenco de iniciativas adotadas até agora. Ela incumbiu Mantega de elaborar um novo pacote para anunciar na volta de sua viagem à Índia, nos dias 28 a 31 deste mês.
A área técnica da Fazenda recebeu a seguinte encomenda da presidente: medidas mais ousadas. Em vez de pontuais, elas precisarão ser gerais e mais profundas. A desoneração da folha, por exemplo, poderá ser geral para a indústria, e não localizada em meia dúzia de setores.

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