Pois bem, com todos esses apelos, enfrentamos algumas ditaduras militares, aliás desde o começo desta nossa República que já cumpriu121 anos, e depois ainda, revoltas militares nos anos 20 e nos anos 50, golpes militares nos anos 30 e 60, e uma ou duas ditaduras pretorianas.
Não, não corremos mais esse risco, mas sim o da instabilidade política, dos rancores revividos, graças à inabilidade dos companheiros, que cutucam os militares com uma vara que talvez não seja tão curta, mas é singularmente torta.
Torta, vesga, caolha, deformada, rústica, grosseira, como acontece com gente que nunca aprendeu nada na política e que ainda alimenta a fraude de que combateram pela democracia, quando queriam implantar uma ditadura estilo cubano, ou maoista, no Brasil.
Idiotas consumados, sem dúvida, mas o Brasil passaria bem sem uma nova crise militar, criada inteiramente pela estupidez de certos personagens da vida política atual e pela inabilidade dos atuais comandantes militares, mas não os militares, e sim os civis. Sim, esses comandantes fazem de tudo para alimentar uma crise que não deveria existir.
Em tempo: sou sim por manifestações livres de militares na aposentadoria sobre a vida política nacional. Não creio que eles devam se imiscuir em querelas típicas do meio militar -- doutrina, equipamentos, etc. -- embora possam, sim, expressar sua opinião sobre isso também. Mas creio que, como qualquer cidadão brasileiro, um militar aposentado tem todo o direito de expressar sua opinião sobre a vida política, até de xingar o governo e os seus ministros. Trata-se de um direito constitucional.
Já postei várias coisas sobre assuntos militares, e me permito agora retomar alguns dos posts, antes de colocar os últimos pontos sobre uma tempestade em copo de água...
Antes, porém, comentários adicionais sobre a presente crise:
O Brasil, ao que parece, está voltando mais
de meio século na história, a meados dos anos 1950, quando os militares, ainda
que servindo governos democráticos, se julgavam no direito de participar da
vida política, por boas e más razões.
Isso, obviamente, a critério de julgamentos
mais ponderados, e menos passionais, o que poderia ficar a cargo de
historiadores isentos. Como os nossos sejam talvez suspeitos, recomendo a tradução
de um dos livros do historiador brasilianista
John W. F. Dulles:
Unrest in
Brazil: Political-Military Crises, 1955-1961
(Austin: University of Texas
Press, 1975)
que nunca foi traduzido, ao que sei, no Brasil.
Pois bem, o atual governo dos companheiros
está trazendo de volta esse clima de manifestos e contra-manifestos contendo insatisfações
dos militares da ativa, que se escondem atrás dos companheiros de pijama para
não aparecerem de público.
O mais incrível é o governo se meter em
declarações dos clubes militares, associações civis tão “democráticas”, digamos
assim, quanto cooperativas de companheiros interessados em inclusão social (e
prebendas oficiais).
Transcrevo primeiro o material de base, que aliás, já tinha sido postado aqui:
QUARTA-FEIRA, 22 DE FEVEREIRO DE 2012
SÁBADO, 13 DE AGOSTO DE 2011
“ELES QUE VENHAM. POR AQUI NÃO PASSARÃO!”
Este é um alerta à Nação
brasileira, assinado por homens cuja existência foi marcada por servir à
Pátria, tendo como guia o seu juramento de por ela, se preciso for, dar a
própria vida. São homens que representam o Exército das gerações passadas e são
os responsáveis pelos fundamentos em que se alicerça o Exército do presente.
Em uníssono, reafirmamos
a validade do conteúdo do Manifesto publicado no site do Clube Militar, a
partir do dia 16 de fevereiro próximo passado, e dele retirado, segundo o
publicado em jornais de circulação nacional, por ordem do Ministro da Defesa, a
quem não reconhecemos qualquer tipo de autoridade ou legitimidade para fazê-lo.
O Clube Militar é uma
associação civil, não subordinada a quem quer que seja, a não ser a sua
Diretoria, eleita por seu quadro social, tendo mais de cento e vinte anos de
gloriosa existência. Anos de luta, determinação, conquistas, vitórias e de
participação efetiva em casos relevantes da História Pátria.
A fundação do Clube, em
si, constituiu-se em importante fato histórico, produzindo marcas sensíveis no
contexto nacional, ação empreendida por homens determinados, gerada entre os
episódios sócio-políticos e militares que marcaram o final do século XIX. Ao
longo do tempo, foi partícipe de ocorrências importantes como a Abolição da
Escravatura, a Proclamação da República, a questão do petróleo e a
Contra-revolução de 1964, apenas para citar alguns.
O Clube Militar não se
intimida e continuará atento e vigilante, propugnando comportamento ético para
nossos homens públicos, envolvidos em chocantes escândalos em série, defendendo
a dignidade dos militares, hoje ferida e constrangida com salários aviltados e
cortes orçamentários, estes últimos impedindo que tenhamos Forças Armadas
(FFAA) a altura da necessária Segurança Externa e do perfil
político-estratégico que o País já ostenta. FFAA que se mostram, em recente
pesquisa, como Instituição da mais alta confiabilidade do Povo brasileiro
(pesquisa da Escola de Direito da FGV-SP).
O Clube Militar, sem
sombra de dúvida, incorpora nossos valores, nossos ideais, e tem como um de
seus objetivos defender, sempre, os interesses maiores da Pátria.
Assim,
esta foi a finalidade precípua do manifesto supracitado que reconhece na
aprovação da “Comissão da Verdade” ato inconseqüente de revanchismo explícito e
de afronta à lei da Anistia com o beneplácito, inaceitável, do atual governo. Assinam,
abaixo, os Oficiais Generais por ordem de antiguidade e os Oficiais superiores
por ordem de adesão.
(nomes suprimidos)
OFICIAIS GENERAIS
OFICIAIS SUPERIORES
OFICIAIS SUBALTERNOS
==========
“Dirijo-me também aos
partidos de oposição e aos setores da sociedade que não estiveram conosco nesta
caminhada. Estendo minha mão a eles. De minha parte, não haverá discriminação,
privilégios ou compadrio. A partir da minha posse, serei presidenta de todos os
brasileiros e brasileiras, respeitando as diferenças de opinião, de crença e de
orientação política.”
No dia 31 de outubro de
2010, após ter confirmada a vitória na disputa presidencial, a Sra Dilma
Roussef proferiu um discurso, do qual destacamos o parágrafo acima transcrito.
Era uma proposta de conduzir os destinos da nação como uma verdadeira
estadista.
Logo no início do seu
mandato, os Clubes Militares transcreveram a mensagem que a então candidata
enviara aos militares da ativa e da reserva, pensionistas das Forças Armadas e
aos associados dos Clubes. Na mensagem a candidata assumia vários compromissos.
Ao transcrevê-la, os Clubes lhe davam um voto de confiança, na expectativa de
que os cumprisse.
Ao completar o primeiro
ano do mandato, paulatinamente vê-se a Presidente afastando-se das premissas por
ela mesma estipuladas. Parece que a preocupação em governar para uma parcela da
população sobrepuja-se ao desejo de atender aos interesses de todos os
brasileiros.
Especificamente na semana
próxima passada, e por três dias consecutivos, pode-se exemplificar a assertiva
acima citada.
Na quarta-feira, 8 de
fevereiro, a Ministra da Secretaria de Direitos Humanos concedeu uma entrevista
à repórter Júnia Gama, publicada no dia imediato no jornal Correio Braziliense,
na qual mais uma vez asseverava a possibilidade de as partes que se
considerassem ofendidas por fatos ocorridos nos governos militares pudessem
ingressar com ações na justiça, buscando a responsabilização criminal de
agentes
repressores, à semelhança
ao que ocorre em países vizinhos. Mais uma vez esta autoridade da República
sobrepunha sua opinião à recente decisão do STF, instado a opinar sobre a
validade da Lei da Anistia. E, a Presidente não veio a público para contradizer
a subordinada.
Dois dias depois tomou
posse como Ministra da Secretaria de Política para as Mulheres a Sra Eleonora
Menicucci. Em seu discurso a Ministra, em presença da Presidente, teceu
críticas exacerbadas aos governos militares e, se auto-elogiando, ressaltou o
fato de ter lutado pela democracia (sic), ao mesmo tempo em que homenageava os
companheiros que tombaram na refrega. A platéia aplaudiu a fala, incluindo a
Sra Presidente. Ora, todos sabemos que o grupo ao qual pertenceu a Sra Eleonora
conduziu suas ações no sentido de implantar, pela força, uma ditadura, nunca
tendo pretendido a democracia.
Para finalizar a semana,
o Partido dos Trabalhadores, ao qual a Presidente pertence, celebrou os seus 32
anos de criação. Na ocasião foram divulgadas as Resoluções Políticas tomadas
pelo Partido. Foi dado realce ao item que diz que o PT estará empenhado junto
com a sociedade no resgate de nossa memória da luta pela democracia (sic)
durante o período da ditadura militar. Pode-se afirmar que a assertiva é uma
falácia, posto que quando de sua criação o governo já promovera a abertura
política, incluindo a possibilidade de fundação de outros partidos políticos,
encerrando o bi-partidarismo.
Os Clubes Militares
expressam a preocupação com as manifestações de auxiliares da Presidente sem
que ela, como a mandatária maior da nação, venha a público expressar desacordo
com a posição assumida por eles e pelo partido ao qual é filiada e aguardam com
expectativa positiva a postura de Presidente de todos os brasileiros e não de
minorias sectárias ou de partidos políticos.
Rio de Janeiro, 16 de
fevereiro de 2012
PRA: Seguem comentários de jornalista conhecido sobre o mesmo assunto...
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