Agora começam meus comentários ao artigo indicado logo abaixo.
Paciência, pois ele é longo...
Paulo Roberto de Almeida
O futuro do
Mercosul em debate: um contraponto necessário
Paulo Roberto de Almeida
Diplomata, professor
Introdução explicativa a um texto de contra-argumentação
(PRA)
Tenho
por hábito não comentar ou contradizer artigos de terceiros, preferindo
escrever meus próprios artigos. Menos ainda sou levado, na minha produção que
conta (ou seja, ensaios e artigos acadêmicos), a rebater argumentos que
encontro equivocados, mas que, no entanto, se encontram amplamente disseminados
em meios acadêmicos ou até político-decisórios. Se o faço, é apenas
rapidamente, no quadro da postagem de materiais diversos em meu blog
(diplomatizzando.blogspot.com), quando formulo algumas observações rápidas,
iniciais ao conteúdo do post, falando das razões de minha discordância (ou
concordância) com os argumentos e análises que se seguem. Trata-se, no caso, de
simplesmente expressar minha opinião, positiva ou negativa, sobre o que vai depois
postado, ressaltando, portanto, a relevância da matéria, mesmo quando discordo
da interpretação ou da análise contidas no texto em questão. Mas isso é, como
sempre digo, apenas um divertissement,
podendo, no entanto, representar matéria à reflexão para alguns dos jovens
estudantes que por acaso frequentam meu blog.
Diferente
é a situação dos ensaios e outras matérias que se pretendem mais sérios, pois
os argumentos expostos requerem algo mais do que comentários ligeiros ou
superficiais, passando a exigir análises completas da problemática em causa.
Como disse, prefiro escrever meus próprios ensaios interpretativos a ter de
rebater argumentos de outros acadêmicos ou de tomadores de decisão. Mas também
é raro que eu me depare com algum artigo – analítico ou interpretativo – em
relação ao qual eu não consigo, por questões de lógica intrínseca ou
pertinência substantiva, concordar com alguma coisa, mesmo se discordando no
essencial ou em alguns aspectos da argumentação do autor sobre um ou outro
problema ali focado. Sempre existem alguns argumentos válidos.
Não
é certamente o caso do artigo do diplomata e “funcionário” do Mercosul Samuel
Pinheiro Guimarães, que vem logo abaixo transcrito, do qual eu me distancio a
cada parágrafo, a cada linha e, até diria, de cada conceito, ou seja,
integralmente. Trata-se de algo “extraordinário”, como ele próprio diria: uma
discordância total e absoluta, formal e fundamental, na essência e na maneira
de expor suas ideias e opiniões, sobre algo relevante para o Brasil e sua
política exterior. Isso é raro, e merece, portanto, algumas explicações antes
de adentrarmos no coração da matéria.
Se o
faço agora é porque o tema é suficientemente relevante para justificar o fato
de eu me decidir comentar um artigo que encontro particularmente equivocado,
como é o caso desse, que se tornou objeto central desta peça. Decidi assim
porque, o que vai exposto nesse artigo, aparece como a verdade oficial e a
exata expressão da verdade, o que não é o caso; e também porque as políticas
que ali são preconizadas podem se materializar em decisões políticas e
econômicas, o que me parece negativo do ponto de vista dos interesses maiores
brasileiros, domésticos ou exteriores. Apenas por isto – e também por que fui
instado a fazê-lo por um leitor habitual do blog – decidi empreender o penoso
exercício de ter de expor, e rebater, argumentos dos quais discordo in totum.
Ao
fazê-lo, tentarei separar estritamente o que é um fato, objetivo, portanto, do que é uma simples interpretação,
e o que representa uma mera opinião,
sejam meus ou do proponente original, desde já me desculpando, se por vezes, os
dois últimos elementos estão misturados ou mantém uma relação ambígua entre si.
Os dois objetivos deste exercício são: (a) esclarecer os mais jovens sobre
alguns fatos; (b) oferecer-lhe algumas
interpretações ou opiniões alternativas. O objetivo
maior, obviamente, é o de tentar apresentar uma versão da realidade que difere, em alguns casos radicalmente, da
que vem sendo oferecida aos estudantes e acadêmicos, em geral, como uma espécie
de novo “pensamento único” da atualidade (sem esquecer seus efeitos sobre
decisões).
Como já feito em ocasiões semelhantes, começarei pela transcrição
(SPG)
de cada um dos trechos que me parecem sujeitos a caução, ou contra-argumentação
(e eles são todos), acrescentando, logo a seguir (PRA), minhas próprias observações sobre eventuais fatos, comentando a interpretação, quando ela me parece
equivocada, finalizando com a exposição de minha própria opinião sobre a questão. Trata-se, essencialmente, de um debate de
ideias, uma vez que não disponho de qualquer poder ou influência sobre as
políticas que derivam dos argumentos e posições expostos no artigo do alto
funcionário diplomático brasileiro e personagem influente no Mercosul. Em
outras palavras, este texto consiste apenas num exercício intelectual, situado no
plano puramente acadêmico, não possuindo, portanto, nenhuma chance de se
materializar em posturas e propostas que apresentem incidência sobre a
realidade dos fatos de que trata o artigo em questão e das políticas que ele recomenda.
Ele é praticamente inútil, nesse sentido prático, mas talvez seja de alguma
utilidade intelectual para os jovens que buscam se instruir sobre temas
relevantes de nossa atualidade política, econômica e diplomática.
[CONTINUA...]
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