Nossa diplomacia nanica
Jolivaldo Freitas
Ruy Barbosa, o Águia de Haia, José Maria da
Silva Paranhos, o Barão de Rio Branco, o português Alexandre de Gusmão,
avô da diplomacia brasileira, estão, com absoluta certeza, revoltados
nas suas respectivas tumbas, com vergonha daquilo que a diplomacia
brasileira vem fazendo passar os brasileiros e os diplomatas de
carreira. Não somos, mas estamos nanicos. Como disse diplomata
israelense, revoltado com o fato da presidente Dilma ter criticado os
ataques retaliatórios de Israel aos palestinos do Hamas.
Mas o governo brasileiro não tomou vergonha e nem
aprendeu com o erro de abordagem e avaliação. Acaba de condenar os
ataques dos Estados Unidos e França contra o califado formado pelos
terroristas do Estado Islâmico, bem no momento em que eles decepavam a
cabeça de mais um jornalista. Na ONU, o Brasil se recusou a assinar
acordo para eliminar os desmatamentos até 2030.
São muitos os equívocos que vêm sendo colecionados
pela diplomacia petista desde os tempos primais de Lula. Por exemplo,
foi mais que deserta a afasia dos diplomatas face às retaliações do
governo castrista aos dissidentes políticos cubanos que fizeram greve de
fome. Para Lula eram ladrões de galinha.
Quando o planeta inteiro se mostrou indignado com a
violência perpetrada pelo governo sírio contra a população civil que
protestava contra o status quo, nossos diplomatas não esboçaram
indignação e tomaram a atitude de procrastinar uma ação de tom
humanitário ou mesmo iluminista. Insistiram na confabulação animosa com o
ditador Bashar AL-Assad. Fomos isolados e ridicularizados
internacionalmente.
É bom lembrarmos juntos que a diplomacia do PT tem
mesmo uma tendência de apoiar as ditaduras. Quantas vezes o iraniano
Mahmoud Ahmadinejad não foi paparicado. Lula chegou a ir para Teerã para
evitar ações que acabassem com o programa nuclear iraniano. Coisa que a
CIA, o MI6, a Abin e até a baiana do acarajé sabem que só vai dar em
bomba atômica.
Somos amigos do ditador Mugabe, lá do Zimbabue; de
José Eduardo dos Santos, de Angola; fomos de Hugo Chávez, da Venezuela, e
estamos com seu precursor Nicolas Maduro e todos os bolivarianos; com
as Farc, então! Lembre-se que presidente destituído de Honduras, Manuel
Zelaya, fez da nossa embaixada em Tegucigalpa seu escritório particular.
O governo da Bolívia expropriou uma instalação da Petrobras e nossos
diplomatas enfiaram a cebeça no chão. Os agricultores brasileiros que
atuam na área de fronteira vêm sendo expulsos pela Bolívia e não têm
apoio do nosso governo.
Por sua atitude, o Brasil vem sofrendo derrotas em
várias vertentes, como por exemplo quando defendeu o egípcio e
antissemita Farouk Hosni para dirigir a Unesco. Não teve nenhum apoio.
Dilma esteve na China e ignorou completamente o tema direitos humanos. E
tem amor pela Coreia do Norte. Somos terceiro-mundistas. Estados
Unidos, Alemanha, França e Inglaterra? somos contra.
Política externa é coisa de estado. Não dos companheiros. E como bem diria Ruy Barbosa ao neo-Itamaraty: “Sabe nada, inocente”.
* Jolivaldo Freitas é jornalista e escritor
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