Afirmei que ela não se devia tanto ao motivo inicialmente alegado pelo Itamaraty, de que ela já estava prevista desde muito tempo antes.
Ora se já estava prevista desde 2018, digamos assim, por que fazê-lo logo numa manhã de Segunda-Feira de Carnaval, atrapalhando a folia de todo mundo, especialmente dos jornalistas?
Por que não esperar a Quarta-Feira de Cinzas?
Muito mais conveniente, normal, não é mesmo?
Não teria criado esse estardalhaço todo, em detrimento do próprio Itamaraty, que ficou nos holofotes pelo motivo errado no momento errado.
Depois, se alegou, extraoficialmente, através do Twitter do chamado Robespirralho, o rapazola que atende pela assessoria internacional da PR (estão mal de assessoria, pois o texto lido em Davos pelo presidente deixou tremendamente a desejar, como todos comentaram), que teriam sido minhas críticas reiteradas à atual política externa, sem dizer exatamente quais foram essas críticas.
Ainda na mesma fonte do também chamado de Sorocabannon – devido às suas vinculações com esse personagem do "lunatic fringe" do governo Tump – outra "explicação" surgiu, a de que eu teria feito "ofensas pessoais" ao chanceler, sem que, mais uma vez, se demonstrasse cabalmente quais foram essas "ofensas".
Talvez se refiram à transcrição de matérias da imprensa que eu fiz em meu blog.
Ora, o Itamaraty possui um dos melhores serviços de clipping da mídia brasileira, recolhendo absolutamente tudo o que se publica de importante nos grandes veículos nacionais e internacionais sobre diplomacia, política externa brasileira, política internacional e economia mundial.
Seria eu culpado por reproduzir matérias que já estão à disposição de todos na mídia?
O principal motivo teria sido, em minha interpretação, o fato de eu tratar jocosamente do guru "filosófico" do atual governo, e um dos alegados patronos da ministrança do chanceler, chamando-o ironicamente de "sofista da Virgínia". Na Grécia antiga, como quase todos sabem, os sofistas eram, assim, uma espécie de baixo clero dos filósofos, na verdade uma versão fake, pois que dizendo mentiras sob aparência de argumentos razoáveis.
Vejamos, o que postou agora esse personagem bizarro, que eu considero de particularmente inepto em temas de relações internacionais:
Ele acaba de fazer uma demonstração prática do que significa ser sofista.
Preciso em primeiro lugar corrigir o sofista: não houve nenhum "debate". Eu tinha sido convidado, pelo pessoal do Brasil Paralelo, para uma entrevista, com o que concordei, como havia sido o caso em outubro de 2016. Pensei que seria uma entrevista, mas no momento de abrir o computador para me conectar, deparo-me, do outro lado da tela, com o tal sofista, o que para mim não representava nenhum problema.
Eu estava ali para emitir opiniões e argumentos sobre "Globalismo e globalização", que foram os dois temas sugeridos para a minha entrevista. Foi o que fiz, sem qualquer referência ao sofista em questão, pois desconhecia completamente que seria um "diálogo", aliás forçado pelos organizadores, o que me pareceu especialmente desonesto, sem qualquer aviso prévio.
Os interessados nesse episódio bizarro podem consultar os links abaixo indicados.
O fato é que eu dei o meu recado, com base em notas previamente preparadas, mas o sofista insistia em me atacar devido ao fato de que eu não aceitava, não aceitou, nunca aceitei, suas teorias conspiratórias em torno desse fantasma metafísico chamado globalismo, um conceito equivocado sobre uma coisa inexistente, mas que parece ter contaminado o atual chanceler. Ao contrário, o guru da Virgínia ficou o tempo todo tentando provar que se trata de algo real, citando conspirações de esquerdistas aliados a megabilionários, como o famoso George Soros, aliás invocado acima, como "São George Soros", o que simplesmente ridículo.
Ou seja, a minha total ignorância e desconhecimento em matéria de globalismo se deve ao fato de eu não aceitar a teoria maluca desses neo-Iluminatti, esses novos templários, desgarrados de um outro século, ainda buscando explicações implausíveis para o que eles não conseguem entender do processo de globalização.
O fato de eu sistematicamente tratar de maneira depreciativa – ainda que reconheça que, no passado, ele teve um papel importante na denúncia do Foro de S. Paulo, e na luta contra o marxismo vulgar, o gramscismo de fancaria de nossas academias – o sofista da Virgínia, reconhecido e aclamado como eleitor de ministros do atual governo pode ter sido motivo suficiente, ou talvez acessório, na decisão de minha exoneração.
De minha parte, creio fazer um serviço de "sanidade pública". Não é possível que a política externa, a diplomacia oficial, nossas relações internacionais, sejam influenciadas por essa personalidade bizarra, escatológica, manifestamente despreparada na matéria.
É preciso denunciar esse amadorismo, essa esquizofrenia, esse surrealismo em relações exteriores, que ameaçam a solidez de certos padrões diplomáticos mantidos ao longo de décadas, senão de séculos.
A diplomacia brasileira NÃO MERECE a companhia desse lunático como fonte inspiradora de suas ações, sobretudo numa luta ridícula, e totalmente inconsequente, contra esse tal de globalismo, ao qual o Itamaraty ainda não foi apresentado concretamente, a não ser por declarações suficientemente vagas para suscitar dúvidas entre todos os profissionais da área.
Termino por aqui, pois não é o caso de perder mais tempo com nulidades conceituais.
Abaixo, uma informação sobre as postagens anteriores referidas aqui.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 6 de março de 2019
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