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quarta-feira, 21 de outubro de 2020

À la Recherche du Globalisme Perdu - Paulo Proust de Almeida

 À la Recherche du Globalisme Perdu

Paulo Proust de Almeida


Eu não estou interessado em escrever nenhum “Idiot’s Guide to Globalism”, ou algum outro manual ainda mais simplório, do tipo “O Globalismo explicado às crianças”, sobretudo porque esse tipo de literatura serve exatamente a objetivos opostos, isto é, continuar a luta contra esse monstruoso ente metafísico que ameaça diretamente nossa soberania, a acreditar nos debeis mentais que desgovernam nossa diplomacia e entregam a política externa brasileira de mãos e pés atados ao Grande Mentecapto do Império setentrional. 

Como eu sou um globalista convencido — como deve ser qualquer diplomata bem constituído, com a cabeça no lugar e perfeitamente à vontade nos foros multilaterais (como por exemplo a OCDE, onde os debiloides contraditórios pretendem colocar o Brasil) —, eu apenas fico me interrogando onde é que esse bando brancaleônico, templário e terraplanista, de indigentes mentais antiglobalistas, vai buscar os fundamentos teóricos e sobretudo empíricos de seus argumentos estapafúrdios, sem pé nem cabeça.

Veja você, caro leitor, que não é um especialista no antiglobalismo — nem pode ser: ninguém se especializa em coisas que não existem —, se você pode me ajudar a descobrir onde, neste nosso planetinha redondo, eu poderia encontrar esse monstro metafísico tal como descrito por um desses debiloides que pretendem mandar no chanceler acidental e na política externa, como transcrevo aqui:

“O globalismo é a tentativa de instrumentalização político-ideológica da globalização com a finalidade de promover uma transferência do eixo do poder decisório das nações para um corpo difuso de burocratas cosmopolitas e apátridas, que respondem não um corpo de eleitores mas um restrito conjunto de agentes de influência com acesso privilegiado a esses burocratas, o que no limite significa a substituição das democracias eleitorais representativas  por um regime pouco transparente, no qual o poder decisório está concentrado nas mãos de alguns poucos privilegiados.”

Gostou, caro leitor? 

Se você encontrar esse novo avatar por aí, me diga por favor, para que eu possa sacar o meu Proust da algibeira e perpetrar mais um daqueles panfletos pró-globalistas nos quais tenho me especializado desde a publicação, dez anos atrás, de meu livro “Globalizando” (agora livremente disponível nas minhas ferramentas de comunicação social). Mas tome cuidado, leitor: não vá deparar nessas andanças com um desses templários de lança em riste, disposto a espetar um globalista assumido como eu próprio; esses dementes podem ser perigosos, pela sua fé cega e faca amolada. 

Deus não quer nenhum sacrifício expiatório. Como diria um desses poetas zombeteiros e vagamente anarquista:

“Mourir pour des idées, d’accord,

Mais de mort lente...”

(Georges Brassens)

Faites attention, donc.

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 21/10/2020

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